único



Nunca mais...


Era Julho de 1998. A guerra havia destuído pessoas importartes, pessoas amadas, e até pessoas que não tinham nada com ela. Todos morreram com a esperança depositada em uma só pessoa, o único que poderia acabar com a guerra e vencer aquele que todos temem pronunciar o próprio nome. A guerra acabou. Ele venceu e Voldemort sucumbiu, mas a um alto preço...

- Srta. Granger. - Chamou a enfermeira docemente.

- Sim? - respondi, meio assustada.

- O Sr. Potter... ele... - ela parou um pouco, pensando no que iria dizer. - ele não está nada bem. Receamos que... que não passe de hoje.

Meu coração apertou dentro do peito. Não sei o porquê, mas não consegui chorar. Senti uma vontade louca de acordar. Sim, acordar daquele pesadelo. Só podia ser um pesadelo.

- Tem cer... - Não consegui continuar. As lágrimas finalmente cederam.

A enfermeira balançou a cabeça afirmando.

- O prof. Dumbledore pediu que eu levasse a Srta. e o Sr. Weasley até ele.

Desci da cama. Ela me guiou pelo hospital, e eu a seguia como um zumbi. Aquilo não podia estar certo. Harry venceu! Tudo ia ficar bem! Porque ele ia morrer se a ameaça de Voldemort já não pairava sobre todas as cabeças?

Paramos em frente a uma porta branca, no andar de risco do hospital. Rony me esperava ao lado da porta, e pelo seu estado, eu tinha certeza que estava sentindo o mesmo que eu. Não pensei duas vezese o abracei. E ele retribuiu o abraço, com o mesmo carinho, o mesmo amor e a mesma compaixão que eu estava sentindo por ele. Nos consolamos, chorando a perda de um amigo que não havia partido. Ainda.

- Podem entrar... - disse a enfermeira num sussurro, como se não quisesse quebrar a magia do momento.

Demos as mãos, e assim entramos no quarto.

Ele tinha exatamente a aparência que um quarto de hospital devia ter, apesar de não ser um hospital comum, era o St. Mungus. Havia algumas frascos de poções ao lado da cama, em uma mesinha, mas todos estavam vazios. Mais adiante, em outra mesa, se encontrava todo tipo de doce, cerveja amanteigada, cartões de melhoras e flores. No canto, uma coruja branca empoleirada na sua gaiola. Harry olhava pela janela pensativo...

- Harry... - chamei suavemente.

Ele desviou o olhar para nós. Estava só um pouco pálido. Não tinha bem uma aparência que um doente devia ter.

- Oi... - ele sorriu. Um sorriso sincero, de quem sabe das coisas e não teme o que está por vir.

Tentei esboçar um sorriso também, mas não consegui. Rony apertou minha mão. Mais lágrimas desceram dos meus olhos.

- Não chore Mione. - A voz de Harry saiu um pouco rouca, mas eu consegui distinguir o tom compreensivo das suas palavras. - Não precisa chorar. Eu não estou com medo. Na verdade finalmente compreendi o que Dumbledore me disse no nosso 1o ano: “Para a mente bem estruturada a morte é apenas uma grande aventura seguinte.” -ele fez uma pausa e suspirou. - Eu vivi muita coisa com vocês nos últimos anos; desde que entrei em Hogwarts. Coisas que até pessoas com o dobro da nossa idade nunca viveram. Aventuras que congelariam de medo os mais corajosos. E agora sei que estou pronto para minha última aventura. Só que nessa, eu irei sozinho.

Rony me soltou e andou até o Harry, e eu fiz o mesmo.

- Harry, - disse ele - mesmo que você vá, saiba que um dia, eu e Hermione também iremos. Você não vai ficar só. Há um vínculo entre nós três que ninguém vai quebrar.

E ele abraçou Harry, assim como eu. Não sei quanto tempo ficamos lá, abraçados, mas quando nos soltámos, ninguém mais chorava. Harry não iria só. Aquele sentimento tão forte que nos unia ia continuar com ele, para onde ele fosse.

Harry deu um último sorriso, e logo depois sua cabeça tombou levemente para o lado, sem vida. Sorri, um sorriso triste. Mumurei um “eu te amo”, quando as lágrimas voltaram a descer. Pensei nas coisas que nunca mais faríamos juntos, e no sofrimento que eu estava sentindo. Queria que ele não tivesse morrido, mas isso era um pensamento egoísta, que era só relacionado ao meu bem estar e ao fim do meu sofrimento. Talvez tivéssemos perdido um amigo na terra, mas ganhado um aliado no céu.

Desejei que Rony me abraçasse de novo, mas ele não o fez.

Harry foi embora sem eu dizer o quanto eu o amava, e o quanto a sua amizade era importante para mim. Sei que ele sabia, mas eu nunca falei. Não queria que acontecesse o mesmo com Rony, e uma semana depois eu lhe disse isso, e ele disse que sentia o mesmo por mim, talvez até de um jeito diferente, e me beijou.

Nunca devemos deixar de falar o que sentimos para as pessoas que amamos, pois mesmo que seja nosso desejo, eles não vão viver pra sempre ao nosso lado, e nunca saberemos o dia ou hora que isso vai acontecer, por que um dia isso vai acontecer, e pode ser que você nunca mais tenha a oportunidade de dizer.

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