Nascente



NASCENTE


Clareia, manhã.
O sol vai esconder a clara estrela ardente.
Pérola de luz refletindo teus olhos.
A luz do dia a contemplar teu corpo sedento,
Tonto de prazer e desejos ardentes…



Serenna abriu os olhos. Em sua mente, ouvia a voz de Severus lhe chamando e respondeu-lhe mansamente.
- Está tudo bem? Senti uma emissão anormal de magia vinda de você e…
- Está tudo bem, Severus. Nós fizemos.
- Fizeram…
- A terceira parte do ritual…
- Serenna podia jurar que seu irmão sabia o quanto seu rosto queimava neste momento. Pela primeira vez, a “luz roxa” pareceu um incômodo, uma invasão.
- Me perdoe, não tive a intenção. – Snape respondeu ao seu pensamento.
- Tudo bem, eu é que devo me desculpar. É que… de repente me senti uma adolescente, tentando esconder algo que “não fiz de errado”...
- Mas você está feliz?
- Muito.
- É o que importa.
- Severus?
– ela chamou depois de alguns instantes de silêncio mental.
- Sim.
- Eu continuo amando você. Você é meu irmão, nada mudou.
- Eu sei. Também amo você. Até mais.


Ele se desligou de sua mente e ela abriu os olhos. O quarto ainda estava escuro, mas o teto mostrava o céu lá fora, onde uma estrela solitária ainda brilhava, como se sua permanência no céu fosse capaz de impedir o dia de raiar.
Olhou para o lado, para o homem que ainda dormia. Seu marido. Que coisa mais estranha, pensou. E sorriu.

***

Recordava-se vagamente do beijo que evoluíra para carícias mais íntimas, das roupas tiradas por mãos trêmulas e nervosas, do momento em que Sirius a fitara intensamente e perguntara se tinha certeza de que era mesmo o que queria, estar ligada a ele para sempre, pois ainda tinham uma chance de encontrar uma maneira de quebrar o voto.
- Mesmo que eu tenha que passar o resto da noite numa banheira gelada… ainda podemos parar. – ele comentou com seu jeito maroto que ela já conhecia bem, mas que dessa vez não a irritou, antes, a fez rir, enquanto balançava a cabeça em sinal negativo.
Sirius entendeu seu movimento como um pedido para parar e tentou se erguer, mas Serenna o abraçara com mais firmeza, evitando que se afastasse. Então, sentindo totalmente o peso do corpo dele sobre o seu, ela o beijou levemente e, os lábios roçando nos seus, repetiu as palavras do feitiço que declamara no Véu, ao fazer o voto de sangue.
Uma onda imensa de energia mágica os envolvera no momento em que consumaram sua união, semelhante àquela que vibrara em volta deles quando Sirius a beijara já fora do véu, mas Serenna não tinha como saber disso e Sirius não se preocupou em comentar.
Na verdade, nenhum dos dois pensou em nada coerente por algum tempo… e nem mesmo perceberam que, das molduras da sala, dois velhos muito satisfeitos testemunhavam com euforia e respeito a explosão mágica e dourada que marcara a consolidação de seu laço mágico inquebrantável.

***

A luz fraca da manhã começava a penetrar o quarto, através do teto mágico, e Serenna aproveitou os breves instantes para observar o rosto ao seu lado.
Sirius ainda dormia, uma expressão tranqüila e satisfeita, e ela conteve a vontade de tocar seu rosto. Descendo os olhos para seu tórax, percebeu as tatuagens antigas. Tocou-as bem de leve, com a ponta dos dedos, mas seu gesto sutil foi o suficiente para acordá-lo.
Sirius a fitou, seus olhos claros por um instante confusos, depois sorriu.
- Pensei que estivesse sonhando de novo…
- Não… eu estou aqui de verdade – ela respondeu num sussurro, como se falar mais alto fosse espantar o clima mágico que os envolvia.
- Então, acabo de descobrir que é assim que quero acordar todos os dias daqui para frente.
Ele se virou, abraçando-a e fazendo-a deitar-se novamente. Então, deu-lhe um longo beijo e depois ficou parado, olhando-a com um sorriso que lhe pareceu de um menino.
Ela sorriu, pensando que ele não parecia muito ser mais do que isso: um menino. A pesar das marcas no corpo, sinais de sua vida torturada… Sua exrpressão se turvou um pouco, e ele se preocupou:
- O que foi? Algo errado? – perguntou, movendo-se para o seu lado e apoiando-se num cotovelo.
- Não, não. – ela estendeu a mão, tocando as tatuagens – Pensei que você não as tivesse de verdade, mas parece que Cuarón acertou em pelo menos uma coisa que “criou”.
- Do que você está falando? – ele olhava para as próprias tatuagens sem entender – E quem é Cuarón? Algum bruxo do seu país?
- Não, não. Ele é mexicano. E não é bruxo, pelo menos, acho que não! – ela riu da idéia. - Já pensou? Se o diretor mais criticado pelas invencionices no filme fosse o único bruxo legítimo trabalhando na franquia? Isso seria uma bomba!
Vendo que ele continuava confuso, explicou:
- Alfonso Cuarón foi o mexicano que dirigiu o 3º filme da série Harry Potter… - ela fez uma pausa. Sabia do feitiço inibidor e não entendia bem porque não funcionava com ela, mas mesmo assim tomava cuidado – “O Prisioneiro”… O visual do personagem… as tatuagens… ele achou que seria interessante, usou tatuagens simbólicas de antigos prisioneiros, sinais de força e resistência, essas coisas… Mas muita gente achou que… bem… como você faria tatuagens em Azkaban?
- Algumas eu fiz antes… - ele apontou para alguns dos sinais. – Nunca fui exatamente um rapaz “comportado”… outras, eu fiz lá. Tínhamos acesso a pena e pergaminho, se tivéssemos força para escrever para alguém. Mas eu não tinha a quem escrever… para que? Então, escrevi em mim mesmo… transcrevi antigos símbolos e feitiços. Mesmo sem varinha, consegui formular feitiços de fixação. Mágica elementar, eu acho.
Seu olhar pareceu perdido numa tristeza antiga e Serenna desejou poder apagar a lembrança daqueles anos difíceis. Num impulso, beijou algumas das tatuagens em seu peito, como se isso fosse capaz de apagar os vestígios de dor que ainda existissem.
Sirius abraçou-a novamente, comovido ao perceber seu sentimento.
- Como pude viver tanto tempo longe de você, minha querida? – ele sussurrou em seu ouvido.
- É o que eu também me pergunto… - ela sorriu de forma travessa e depois comentou – Sabe, eu não sei os outros fãs, ou no caso, “as fãs”… mas sempre achei que as tatuagens davam um ar mais… sexy ao personagem… Claro, o Gary já era um poço de charme de qualquer jeito, isso era só mais um detalhe...
- O Gary? – ele franziu o cenho por alguns segundos, mas depois se lembrou e, fingindo-se zangado e enciumado, virou-se bruscamente, imobilizando-a – Você ainda acha que ele é mais charmoso que eu?
- Sirius! – ela reclamou.
- E então? – ele a questionou – Qual de nós você prefere? O original ou a cópia? Claro, ELE é a cópia…
- Não sei não… - ela brincou.
- Mulher… - seu tom ameaçador, parecendo um rosnado, a fez cair na gargalhada. - Acho que você merece um castigo…
- Não, por favor, não me castigue! Se bem que… - ela sorriu maliciosa – Que gênero de castigo você pretende?
- Não faça isso comigo… - ele repetiu a frase de muitas horas atrás, antes de beijá-la com paixão e fazê-la esquecer... ai, por Merlim, qual era mesmo o nome daquele ator?

=======================
(*) Nascente – música linda de Flávio Venturini, mas esse foi o melhor video que achei da música, que não tá muito legal.
http://www.youtube.com/watch?v=ig7Ionb35Sc&mode=related&search=

Gente, taí.
Juro, eu tentei ser um pouco mais detalhista… mas travou! (hehe, é sério, travou mesmo! )
Como disse antes, esse capítulo não boi betado.Qualquer coisa, me perdoem.
Ah! Não pensem que acabou! E nem que… bem, vamos curtir esse momento um pouco mais.
O resto da história, a gente vê depois.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.