Anatomia de um, ou melhor, de

Anatomia de um, ou melhor, de



Anatomia de um, ou melhor, de dois presentes


Na penumbra do quarto, o silêncio era absoluto. A chama de uma única vela projetava sombras imóveis no quarto quieto. E, embora igualmente imóvel, a ocupante da antiga e rebuscada cama de dossel interiormente estava inquieta.
A jovem mulher sentia tudo neste momento, menos o sentimento que seu nome inspirava.
Não. Serenna Snape, definitivamente, não dormia, nem se tranqüilizava.
As revelações da noite haviam confundido seu coração, um pouco mais do que já estava.
Sim, soubera que o laço de sangue selaria uma espécie de compromisso entre ela e Sirius, mas quando aceitou faze-lo, só conseguia pensar que era o que fora destinada a fazer desde a infância e que negar este fato seria responsabilizar-se por sua perda definitiva.
E este peso, ela não quisera carregar consigo.
Por meses, vinha se esforçando, estudando e praticando feitiços, azarações, poções, tudo que fosse necessário para tornar-se uma bruxa, verdadeiramente.
Pagara um preço alto por seu teimoso apego ao modo “trouxa vivendi”, negligenciando medidas de segurança e causando com isso o que considerava uma tragédia, por mais que Snape afirmasse ter sido falha dele – e não dela – não haver um feitiço nas portas de entrada que impedisse alguém de sair sem sua autorização. (1)
Por isso, não hesitara ante o plano de Lupin. Não queria ser a culpada por Sirius perder sua única chance de voltar.
Então, cortara seu pulso oferecendo seu sangue, declamara o feitiço e o selara com um beijo, sem pensar em nada além de que era o que deveria ser feito e ela a pessoa destinada a fazer….

E agora, isso! Entendia, por fim, porque os amigos agiam tão estranhamente quando ela e Sirius se encontravam. Era como se todos ficassem em suspenso, aguardando que ela se definisse pelo óbvio.
Tinha que reconhecer, Lady Marjorie estava com razão. Sirius poderia ter se imposto, exigindo a conclusão do ritual, mas ao invés disso tentava apenas se aproximar, enquanto ela continuava evitando-o sistematicamente.
Mas… do que tinha medo, afinal?
Relembrou seus relacionamentos passados e pensou que só não queria se arriscar. Afinal, nem conhecia o homem! Como poderia aceitar estar casada com ele?
- Se não deixá-lo se aproximar, como vai conhece-lo o suficiente para saber se vale a pena tentar? – uma vozinha insistente soou em sua mente.
- “Tá”… tudo bem. Vou tentar – pensou em resposta a si mesma. – Vou tentar conhecê-lo melhor. E, para começar, acho que vou ter que retribuir seu presente de Natal, seja lá o que for. Amigos fazem isso. E posso ser amiga de Sirius Black, como sou amiga de Remus ou Harry…
Ignorando a vozinha que voltava para lhe dizer que dificilmente Sirius aceitaria ser “apenas amigo”, jogou longe as cobertas e saltou da cama.

- Severus? – chamou mentalmente.
- Sim? Algum problema? – ele respondeu em sua mente, no mesmo instante, sinal de que ainda não dormira também.
- Não. Apenas… queria saber uma coisa… Porque você não me disse…
- Sobre o voto de sangue? Não achei necessário afligi-la.
- Sei que você não gosta dele, então…
- O que há entre mim e Black é apenas entre nós dois. Você não tem não tem nada a ver com isso, assim como não vou interferir em sua história com ele.
- Nem ajudar.
Ele não respondeu a isso.
Depois de alguns minutos, ela perguntou:
- Alguma sugestão de um presente de Natal?
- Uma poção mata-pulgas, talvez?
- Você não presta! – ela o xingou, rindo para si mesma ao imaginar sua expressão irônica ao pensar nisso, e sua risada ecoou pelo quarto – Hum… vou ter que pensar em alguma coisa, sozinha…
- Use o que sabe fazer, talvez fique mais fácil.
Enquanto pensava no que ele quisera dizer com isso, Snape lhe informou que fora chamado para uma emergência da Ordem, mas que voltaria logo.
Serenna se sobressaltou. Emergência em noites de Natal não costumava ser coisa à toa, sabia disso desde sua infância, tendo um pai bombeiro. Lembrou-se do ano anterior, das crianças desaparecidas e de como fora complicado resgatá-las … (2)
- Pode deixar, tomarei cuidado. Mando notícias assim que possível.

Quando a conexão mental se quebrou, ela deixou escapar um grande suspiro. Continuava na mesma, sem qualquer idéia do que poderia fazer.
Andou de um lado para ou outro pelo quarto, tentando pensar em algo, até que uma idéia lhe ocorreu. Usar o que sabia fazer! Claro, era tão simples! Mas precisaria voltar para casa!

****

Serenna apertou a tecla enter , sorrindo satisfeita. Após quase seis horas – metade delas viajando no tempo, graças ao seu próprio viratempo que finalmente aprendera a operar – o presente para seu “esposo” estava quase pronto.
Enquanto a impressora fazia seu trabalho, recordou divertida sua aventura em busca de um presente.

Usando seu pendente, voltara para dois dias antes do Natal, indo encontrar Tonks na saída de seu treino de capoeira, e pedindo-lhe alguns minutos para uma conversa muito importante.
Diante de uma cerveja amanteigada no Caldeirão Furado, ela expôs suas dúvidas para a auror, que a fitava entre a diversão e o espanto.
- Tonks, por favor! Preciso de uma sugestão, urgente!
- Sugestão? – Tonks piscou, incerta.
- Por Merlim, você não ouviu nada do que eu disse? – Serenna indagou, aflita. Depois, baixando os olhos, murmurou – eu sei que Sirius vai me dar um presente de Natal… Preciso retribuir de alguma forma… mas o que? Não quero dar bandeira e...
- Humm… - Tonks pareceu estranhar a preocupação dela, mas sugeriu com um sorriso – Que tal um kit canino?
- Kit canino? – Serenna a fitou assustada – Ah, não! Já chega o Severus com aquela história de poção!
- Poção? Que poção?
- Mata-pulgas!
As duas se encararam por alguns instantes, antes de caírem na gargalhada.
Quando conseguiram se controlar, ante o olhar curioso de alguns frequentadores do bar, Tonks explicou com expressão maliciosa:
- Olha, o Remus a-do-rou quando eu lhe dei um em nosso primeiro ano! Era um kit completo, com uma almofada em forma de osso e uma coleira em que mandei gravar: “Propriedade da Tonks
Serenna a fitou, olhos arregalados de espanto, o rosto vermelho:
- Tonks… - ela perguntou por fim – que parte de “não dar bandeira” você não entendeu?
- Não dar bandeira? O que significa isso?
Serenna revirou os olhos, sem acreditar no que ouvia. Não acreditava que a expressão fosse um puro “brasileirês”…
- Veja bem. Preciso dar um presente a um homem com quem compartilhei um ritual de sangue que ao que parece nos ligou num laço inquebrantável de casamento. Acontece que ainda não sei bem se devo… ou quero… consolidar formalmente este laço… e você vem me sugerir que dê a ele uma coleira? O que sugere que eu grave nela? “Propriedade de Serenna”? Se isso não significar “Almofadinhas, olha aqui seu osso”… não sei o que significaria!
Tonks voltou a rir, até seus olhos encherem-se de lágrimas.
- Às vezes, você é pior do que a Ana. Deve ser a convivência com o Ranhoso.
Serenna a fitou, muito séria, e Tonks ergueu as mãos, desculpando-se:
- Perdoe-me, eu não resisti. Mas, o que você quer dizer com “ainda não sei bem se quero”?
- Bom… - Serenna corou intensamente – Ainda é estranho saber que uma paixão imaginária, baseada em um sonho de infância, é alguém real, ali do lado. Principalmente porque sei que estamos ligados para sempre…
- O Remus me explicou essa parte, é um feitiço muito antigo. Menina, você teve muita coragem aceitando fazer isso, para começar! E meu primo será grato a você pelo resto da vida, mesmo que fique como está. Mas eu tenho certeza de que não é o que ele quer. Quer dizer, ele está amarradão em você, de verdade! Por ele, vocês acabavam de formalizar isso hoje mesmo!
Serenna se mexeu na cadeira, sem jeito. Esquecera-se da franqueza da amiga, e escutar de alguém próximo a Sirius a confirmação de sua suspeita não era nada fácil.
- Olha, eu… sei lá, eu mal conheço o cara! É como pular no escuro!
- Faça um “Lumus”, ora!
Serenna rolou os olhos mais uma vez, aturdida, mas Tonks continuou:
- Dê uma chance ao meu primo. Deixe-o chegar perto de você. Ele não morde…. – Tonks piscou, maliciosa – Mas aposto que se resolver fazer isso, você pode até gostar!
- Tonks! – a outra gritou, chocada. Depois balançou a cabeça. A quem queria enganar? Devia ser evidente até para uma criança o quanto a presença de Sirius a perturbava, o quanto seu olhar ou seu sorriso bastavam para ela se sentir derretendo.
Lembrou-se do dia em que ele a acompanhara como “seu marido”, a sensação da aparatação conjunta, o hálito dele em seu rosto, a vontade súbita de repetir aquele beijo…
- … mas algo trouxa talvez fosse legal.
- O que? – Serenna se assustou – Desculpe-me, o que disse?
- Tudo bem. – Tonks sorriu, pensando em como seria difícil não mencionar essa conversa ao primo – Eu dizia que algo trouxa, talvez alguma coisa sobre o que os trouxas pensam do padrinho de Harry, seria legal!
Serenna riu, satisfeita . Claro, agora sabia exatamente o que fazer, e como. Fora o que Snape quisera dizer, afinal.
Quando se despediu da auror, seguiu direto para o Lar de Elizabeth, que já estaria vazio a esta hora – ela e as crianças já teriam partido para casa de campo de Lady Marjorie.
Caminhando pelas ruas de Londres, envolvida com sua idéia, nem pensou em aparatar. Se tivesse feito isso, não teria passado por aquela pequena joalheria, e não teria visto algo tão interessante, que lhe dera uma nova e divertida idéia. Não seria exatamente o que Tonks sugerira, mas…

****

Agora, ali estava ela, sorrindo para si mesma, admirada com sua própria audácia.
A impressora deu sinal do fim do trabalho. Serenna recolheu as páginas impressas e recortou as “fotos”.
Pegou o velho álbum que guardara por tantos anos sem uso, usou alguns feitiços para dar uns toques especiais em seu visual e colar as imagens como se fossem fotos antigas e admirou o resultado de seu trabalho por algum tempo. Ficara perfeito. Só faltava serem fotos bruxas e se mexerem, mas esse era um feitiço mais complicado e ela não quis se arriscar.
Após a última “fotografia”, fixou seu “presente especial”, com um sorriso divertido.
Embalou o álbum em um belíssismo papel com figuras caninas, que a princípio achou meio infantis, mas depois pensou que seria divertido, e despachou o presente pela lareira, como Lady Marjorie lhe ensinara a fazer um pouco antes do jantar.
Sirius Black teria uma bela surpresa!

******

Enquanto Serenna volta para a casa de campo e se prepara para dormir na já alta madrugada de Natal, vamos por nossa vez “[i]pegar emprestado[/i]” seu viratempo particular e, como ela, voltar alguns dias ao mesmo cenário: o Caldeirão Furado.

Vamos encontrar um homem de cabelos semi-longos, negros, sentado em uma mesa solitária, os olhos claros fixos em um objeto à sua frente: uma caixinha toda entalhada e pintada com motivos florais e pequenos anjos. Notadamente, um objeto delicado e… feminino. Ou, pelo menos, destinado a impressionar um coração de mulher.
Três homens acabavam de entrar no bar, vindo pela passagem do Beco Diagonal. Com certeza, eram músicos, pois traziam seus instrumentos. Um deles, loiro, cabelos lisos caindo até os ombros, roupas “quase normais” – na visão de um trouxa, claro – levava um violão e sorriu, ao ver e reconhecer o homem sozinho na mesa do canto.
Falou algo à guisa de despedida para os dois amigos e foi direto até lá, sentando-se sem esperar convite do ocupante da mesa.
- “E aí, mano?” – cumprimentou-o em português, observando-o curioso.
- Oi, Murilo – o outro respondeu em tom desanimado, sem tirar os olhos do objeto, o que despertou ainda mais a curiosidade do recém-chegado.
- O que é isso? Algum objeto enfeitiçado?
- Sim, é uma caixa mágica. – Sirius Black olhou para o amigo pela primeira vez. – O que você está fazendo por aquí?
- Tivemos um ensaio – ele apontou para o violão – Cara, esse show vai ser demais!
Sirius olhou do amigo para o violão e de volta para o rosto loiro à sua frente, pensativo. Então, de repente, batendo em sua própria testa, exclamou algo que o outro não entendeu e disse:
- Claro! Como eu fui esquecer disso? Você é músico!
- Sim, eu sou. – o outro riu como um menino, mas ainda sem entender nada.
- Você é a pessoa ideal. É exatamente quem eu precisava ver!
- Sério? É para ficar lisonjeado ou preocupado com isso? – seu sorriso divertido fez o outro apenas balançar a cabeça e acenar com a mão, enquanto explicava, inclinando-se para a frente:
- Essa é uma caixinha mágica de música. Mas ainda está sem a música, eu preciso colocar a música nela. Mas não pode ser qualquer música. Tem que ser “A Música”!
A ênfase chamou a atenção de Murilo, que piscou várias vezes, até que finalmente, “caiu a ficha”.
- Ah! É um presente para… “você-sabe-quem”?
- Sim, isso mesmo. – Sirius sorriu a tranquilidade com que o outro – um trouxa - usava a expressão que tantos bruxos tiveram medo até de sussurrar por tantos anos.
Mas Murilo já se levantava e pegava o violão, chamando-o:
- Então, vamos lá para casa. Tenho tudo que vamos precisar. Mas… vamos de carro, cara! Esse negócio de aparatação conjunto é muito perigoso. Você pode quebrar meu violão.
A piscadinha marota foi acompanhada por uma gargalhada canina, e logo depois eles atravessavam a cidade no pequeno carro de Murilo.

Murilo tinha um pequeno estúdio em casa, e foi para lá que ele Sirius seguiram sem vacilar.
O cômodo não muito grande era cheio de aparelhagens trouxas que fariam os olhos de Arthur Weasley brilharem de antecipação. Ao fundo, uma porta dava acesso a uma sala que era vista através de uma ampla janela de vidro reforçado – uma sala de gravação.
Depois de acomodar-se numa confortável poltrona e apontar outra para o amigo fazer o mesmo, Murilo perguntou:
- O que você tem em mente? Uma música clássica, romântica, uma daquelas baladas melosas?
- Eu… não faço idéia – Sirius passou a mão pelos cabelos, fitando a caixinha que colocara na mesa ao lado. – Você já me falou muito sobre Serenna, mas… continuo não conhecendo muito dos gostos musicais dela, além das músicas dos Bee Gees…
- Já é um começo. – Murilo sorriu, tranquilizador – “How deep is your love” pode ser uma boa idéia. Se bem que… - ele sacudiu a cabeça.
- O que?
Murilo balançou a cabeça. Conhecia o gosto de Serenna, mas sabia que o amigo precisava de algo especial, que não fizesse Serenna se lembrar de outra coisa ou… outra pessoa.
Num lance de ironia, cantarolou:
- “Eu não sou cachorro não”…. – e ante o olhar espantado do outro, levantou os braços e disse – Esquece, eu estava só brincando. É que eu sei exatamente do que você precisa: de uma canção que seja só de vocês, que fale de um momento único para vocês dois. Mas vocês não tiveram muito disso ainda, não é?
- Não mesmo. A única coisa que tenho, além da saída do véu, é o sonho…
- Sonho? – Murilo puxou sua poltrona até mais perto – que sonho?
- Quando eu ainda estava em Hogwarts, sonhava com uma garota... com ela. Nós dançávamos e…
- Dançavam? – Murilo o interrompeu, afoito – Então, tinha música! Você pode cantar um trecho? Quem sabe é alguma que eu conheça.
Sirius o fitou por alguns momentos, depois balançou a cabeça.
- Era… não sei. Eu nunca ouvi aquela música fora do sonho…
- Uma frase que seja. Esforce-se, homem! – Murilo agora estava aflito, ansioso.
- Só sei que… nós repetíamos um para o outro o que parecia o verso final.
- e como era?
- Algo como estar sempre perto.
- Perto… perto… - Murilo pensava – Não dá para lembra de algo mais exato? Há zilhões de músicas românticas falando de ficar junto para sempre, essas coisas.
Ele já se sentara à frente do computador, abrindo “sites” de busca.
- Eu lembro que era uma mulher que cantava, e que tinha um coro.
- Mas não consegue cantar nem um pedacinho? Com uma dica dessas, nem Ronnie Von no “Qual é a música?”
- O que?
- Esquece. – Murilo balançou a cabeça, divertido, enquanto digitava freneticamente, ante o olhar desanimado de Sirius.
- O que está fazendo? - Ele perguntou, por fim
- Estou pesquisando letras de música com as expressões “sempre perto”.
- Não era “sempre perto”. Era “perto de você”.
Murilo parou o que estava fazendo e o fitou, como se não acreditasse no que ouvira.
- Você tem certeza disso? Não pode ser… - de novo, ele digitou, fixando a tela com atenção, e de repente abriu um sorriso imenso. – Venha cá, veja isso.
Sirius aproximou-se e olhou para a tela que o outro lhe apontava. Mesmo não estando familiarizado com tudo aquilo, sabia que aquela caixa lhe mostraria imagens como numa TV.
A princípio, identificou apenas o nome em destaque – youtube – mas Murilo apontou um espaço em forma de quadrado na tela, todo preto. Ele fez alguma coisa que Sirius não conseguiu identificar, e esse quadrado mudou. Uma imagem começou a se formar, enquanto os acordes iniciais de uma melodia se faziam ouvir. A princípio espantado, Sirius logo sorria, reconhecendo a música e a voz suave que a cantava.

- Why do birds suddenly appear
Every time you are near?
Just like me, they long to be
Close to you…


- É essa! – ele gritou.
- Eu sabia! – Murilo respondeu, igualmente entusiasmado. – Só podia ser!
- Por que? – Sirius indagou, curioso e apreensivo – Você sabe se ela…
- Se Sarah gosta desta música? – Murilo ainda a chamava assim, como a conhecera, afinal – Vou contar para você, ela ama esta música! Era uma de suas favoritas quando era ainda uma garotinha! Uma vez… - ele se interrompeu e olhou para Sirius, preocupado repentinamente.
- O que?
Murilo pensou, alisando o queixo, onde a barba loira começava a despontar. Será que deveria contar algo tão íntimo de sua tão querida amiga? Uma fantasia de sua juventude? Quase deixou para lá, mas vendo como o amigo ficara aflito, resolveu contar.
- É que… uma vez, fomos a uma festa, um desses bailes de debutantes, sabe?
Sirius não fazia idéia do que o outro falava, mas não disse, como medo de que ele se desviasse do assunto.
- Era o baile de uma amiga das garotas, aliás… era a namorada do Felipe, irmão de Sarah. As meninas estavam todas de verde, a cor favorita da aniversariante. Você tinha que ter visto, a Sarah era com certeza a mais bonita, tão novinha, parecia uma dessas princesinhas de contos de fadas…
- Verde? Você tem certeza?
- Claro que tenho! Dancei com ela, oras!
Sirius o olhou, entre entristecido e enciumado. Ainda não se acostumara com a idéia de que o outro conhecia muito bem sua Serenna. Mas Murilo apenas riu, recordando o baile.
- Essa foi uma das músicas tocadas, o conjunto – ele apontou para a tela que ainda mostrava os Carpenters cantando – era famoso na época. Só que eu logo notei que havia alguma coisa errada com a Sarah. Ela parecia distante, como se sonhasse, e de repente começou a chorar baixinho. Eu chamei seu nome, e ela me olhou como se nem me visse. Quando pareceu acordar daquele transe estranho, murmurou algo como “[i]Ele não era você[/i]” e saiu correndo pro jardim.
- Então é mesmo verdade que ela sonhava também.
- O que disse? – Murilo por fim entendeu – O sonho que você me disse ter com ela… era parecido com esse?
- Sim, ao que parece, sonhávamos um com o outro, mesmo tendo um oceano inteiro e um desvio de tempo a nos separar. Foi o que o Remus me contou, foi quando soube dos sonhos dela comigo, que ele resolveu arriscar o ritual para me tirar do véu. Mas não pensei que nossos sonhos fossem praticamente iguais.
- Caramba! Que coisa de doido! – Murilo coçou o queixo novamente e então disse, resoluto – Não pode ser outra, cara. Essa é “[i]A Música[/i]”! Vamos ao trabalho! O que precisa ser feito?
Sirius o fitou ainda por alguns instantes e depois, concordando, sacou sua varinha de pegou a caixinha. Era hora de começar a fazer alguns feitiços, ou seu presente para Serenna nunca ficaria pronto.

E quando Maggie chegou do trabalho, encontrou os dois envolvidos na difícil tarefa de transformar um video do Youtube em um feitiço para caixa de música.

***************
(1) – Sally Owens, “Harry Potter e o Retorno das Trevas”, cap. 33.
(2) – Idem, capítulo 25
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Gente, aqui está.
Claro, os presentes não estão descritos na íntegra... vocês vão ter que esperar mais um pouco...
(hehe... podem me chamar de malvada!)

ah, claro, o link do video que o Murilo mostrou pro Sirius:
http://www.youtube.com/watch?v=QUDshT19j8Q

A Maggie, vocês lembram dela, né? é somente citada lá na fic "O paciente inglês".

E quanto à saída do Snape para uma emergência na noite de Natal... isso é lá com a Belzinha...
(pequeno spoiler de "Harry Potter e o Segredo de Corvinal")

e qualquer errinho de edição conserto depois, que já passou da hora do almoço...

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