Sonho de um maroto



Why do birds suddenly appear
Every time you are near?
Just like me, they long to be
Close to you


A música doce soava como se fosse mágica. Mas o que não era mágico ali? Era um sonho mesmo, o melhor sonho que ele costumava ter.
Só não entendia porque, ao invés de sonhar com uma de suas colegas de escola, ou alguma garota que já conhecesse, era sempre aquela desconhecida. Desconhecida, mas bonita, muito bonita. A pele suavemente bronzeada como se vivesse sempre ao sol, os cabelos negros, longos, caindo em suas costas, sobre a seda verde de seu vestido...

Why do stars fall down from the sky
Every time you walk by?
Just like me, they long to be
Close to you


Eles dançavam, no grande salão principal de Hogwarts, estranhamente desprovido de suas mesas, enfeitado apenas pelas velas suspensas, o céu estrelado lá fora, reproduzido em seu teto encantado. Ele a fazia girar docemente, ao som da música, pensando em como poderia existir uma garota tão doce e bonita.

On the day that you were born
The angels got together
And decided to create a dream come true
So they sprinkled moon-dust
In your hair of gold
And starlight in your eyes of blue

That is why all the girls in town
Follow you all around
Just like me, they long to be
Close to you


Ele cantarolou os últimos versos em seu ouvido, percebendo que sua voz rouca fazia com que a menina se arrepiasse.
E ela respondeu, em voz trêmula, os grandes olhos negros brilhando de amor.
- Também quero estar sempre perto de você.
Ele sorria, cantando em seu coração a vitória de seu amor, e se inclinava para beijá-la...
- O que pensa que está fazendo, Black?
O rapaz como que petrificou-se. Em lugar da garota, via agora Snape, soltando-se de suas mãos e esquivando-se de seus lábios. Pior, usando o tal vestido verde.
-Ranhoso! O que está fazendo no meu sonho?
No instante seguinte, os dois rolavam pelo chão, trocando murros...

****

- Que barulheira é essa? – Tiago acordou, confuso e irritado por ter sido arrancado de seus doces sonhos com Lílian Evans.
- O Almofadinhas. Está sonhando e brigando com alguém... – Pedro Petigrew respondeu, depois de fazer Lumus com sua varinha.
Remus Lupin, que fora o primeiro a acordar, com o barulho que Sirius fizera ao cair da cama, já tentava desvencilhar o amigo do seu já quase destruído travesseiro. Mas Sirius berrava e xingava, enquanto socava e rasgava o pobre travesseiro de plumas, que voavam agora para todo lado.
- Seu... Ranhoso! – ele gritou mais uma vez.
- Só podia ser…- Thiago exclamou, indo ajudar Lupin em sua empreitada difícil.
Depois de alguns minutos, em que o amigo os encarava atordoado, eles riam de seu estado.
- O que foi isso? Sonhou de novo que estava dançando com o Ranhoso? – Pedro perguntou, correndo a se esconder atrás de Thiago, quando Sirius ameaçou jogar-lhe os restos do travesseiro estraçalhado.
- Eu... Ora, raios! Era ela, de novo, e ainda mais bonita que da outra vez. E, quando vou beijá-la, aparece o...
- Calma! – Lupin acudiu, escondendo um sorriso. – E sempre com o vestido verde? Talvez seja uma aluna da Sonserina que ainda não chegou, ou...
- Ou então você, meu caro Almofadinhas, tem tendências inconfessáveis até para seus melhores amigos...
- Ora, seu... – Sirius atirou-se sobre Thiago, e foi com muita dificuldade que Remus e um vacilante Pedro conseguiram separá-los.
Por toda aquela semana, Sirius pareceu querer matar os amigos, sempre que faziam algum gracejo por terem avistado o “colega” sonserino. E ao próprio, mais ainda. Alguma coisa lhe dizia que aquilo era coisa dele. Snape devia ter inventado alguma azaração nova, pra provocar pesadelos, e a estava testando nele. Era a única explicação. Mas seus amigos riam dele, ao dizer isso, e eles logo achavam algo melhor com que se ocupar.
E Sirius saiu da escola sem ter nunca chegado a descobrir quem era a “garota dos seus sonhos”. Nem porque Snape sempre transformava seus sonhos em pesadelos.

*****
=========

*****

Enquanto Ana e Harry conversavam, aguardando a chegada dos outros para mais uma reunião, Remus Lupin estava concentrado no estudo do Livro de Fausto. Aquele encantamento não era o que procuravam, mas lhe chamara a atenção por dizer respeito a algo que sempre parecera impossível. Mas as condições para ser realizado eram tão inusitadas quanto sua finalidade, por isso, ele temia acreditar que não passava apenas de uma brincadeira do seu sinistro autor.
Fechara novamente o livro, pensando ainda a respeito, quando uma observação de Harry lhe chamou atenção:
- Sabe? Acho que ele gostaria de estar aqui conosco, o Sirius. Ele gostaria de toda essa agitação. Não é, Remus?
- Claro! – Lupin respondeu, depois de alguns minutos de reflexão – E já nos teria deixado loucos, com sua impaciência. Principalmente por causa da ameaça sobre seus filhos, Harry. Foi assim também, quando...
Ele se perdeu em suas próprias lembranças, de uma época que apenas ele podia recordar, da qual nem Harry, nem Ana – mesmo tendo lido os livros da tal de JK Rowling – poderia saber. Mas foi justamente Ana quem o socorreu.
- Eu imagino como ele devia ser agitado, intenso nas coisas. Se os livros mostram-no como era realmente. Mas acredito que também seria difícil ele se acertar com Snape. – Ana encarou Lupin, curiosa – Afinal de contas, porque eles se odiavam tanto? O tal lance de atraí-lo para a passagem do salgueiro quando você estava transformado não foi a causa, acredito que já era conseqüência.
- Dumbledore me disse, certa vez, que era como foi entre mim e o Draco, antipatia instantânea, ódio recíproco desde o princípio – Harry disse.
- Sim, acho que foi isso mesmo. Hoje, talvez Snape tenha mudado o suficiente para tentar conviver num regime de “hostilidades suspensas”, mas não sei se Sirius conseguiria. Ele era muito... guiado pelas emoções.
- Passional, você quer dizer – Ana sorriu. – Mas a nossa amiga Sarah parece ter sido uma boa influência pro “Ranhoso”. Quem sabe não era isso que faltava ao Sirius? Uma “influência feminina”?
- O que me lembra – Harry retrucou – Remus, porque não tenho uma “madrinha”? Sirius nunca teve alguém? Uma namorada ou noiva...
Lupin olhou para os dois, surpreso com o rumo que a conversa tomou. E respondeu, no mesmo tom divertido de Ana.
- Ah! Ele nunca encontrou a “garota dos seus sonhos”! Por mais que tentasse.
- Você está me dizendo que ele era um ... namorador? – Ana perguntou, evitando usar o termo que lhe viera à mente. Não, não podia acreditar que as histórias que andara lendo sobre Sirius, baseadas em suposições de fãs do “personagem”, fossem verdadeiras.
- Não, não é isso. Teve algumas namoradas sim, como todo mundo. Mas nada sério. Ele perseguia um modelo que nunca encontrou de verdade, apenas em seus sonhos. - Lupin de repente começou a rir, deixando os dois aurores intrigados.
- Desculpem-me – ele disse – É que me lembrei de mais um motivo que o Sirius tinha para odiar o Snape. O sonho.
- Como assim? – Harry indagou, depois, uma onda de entendimento pareceu tê-lo invadido, finalmente – Então foi isso que aconteceu? Snape roubou a garota dele?
- Hein? – Lupin o olhou como se não entendesse, e depois balançou a cabeça, ainda rindo muito. – Não, não. É que o Sirius sonhava que dançava com a garota e então, quando ia beijá-la, era o Snape que estava na frente dele, num ridículo vestido verde. E eles lutavam, e o Sirius acordava, geralmente caindo da cama e acordando a todos no meio da noite. O Tiago não poupava a chance de zombar dele, e aí, virava uma confusão só.
- O Snape de vestido verde? Como no bicho-papão- Snape do Neville? – Ana perguntou, lembrando-se da cena mais divertida do filme "HP e o Prisioneiro de Azkaban".
Harry começou a rir, lembrando de como Neville sofrera ainda mais nas mãos do professor de poções depois daquilo. Lupin ficou sério, fitou-a por alguns instantes, depois concordou.
- Sabe que, na ocasião, isso até que me passou pela cabeça? Apesar das circunstâncias, eu cheguei a desejar que o Sirius estivesse ali, pra ver aquilo.
- Mas acho que o Neville não teria gostado de saber que compartilhava seu bicho-papão com o terrível Sirius Black, fugitivo perigoso de Azkaban... – Harry comentou, por um momento se lembrando com tristeza daquele ano tão difícil para ele, e também para seu padrinho.

Mas os demais estavam chegando, e foi justamente Snape quem entrou primeiro na sala. Os três o encararam por um momento, depois trocaram olhares cúmplices e caíram na risada, sem conseguir se conter.
- O que houve com vocês? – Snape indagou, em sua habitual voz seca e perigosamente baixa.
Os três se olharam novamente, tentando conter o riso, mas Ana murmurou sem querer:
- Vestido verde? Era verde, mesmo? Isso é realmente uma grande coincidência!
Os três reiniciaram a crise de riso, Snape fitando-os, levemente desconfiado do motivo de tanta risada, afinal, embora eles não soubessem disso, ele também vira o filme!

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tradução da música:

Porque os pássaros de repente aparecem toda vez que você está próximo?
Assim como eu eles desejam ficar perto de você

Porque as estrelas soltam-se do céu toda vez que você passa?
Assim como eu elas desejam ficar perto de você

No dia em que você nasceu os anjos se reuniram
Eles decidiram fazer um sonho tornar-se realidade
Então eles espalharam poeira lunar em seu cabelo
E colocaram o brilho de uma estrela em seu olho tão azul

É por isso que todas as garotas na cidade seguem você por toda parte
Assim como eu elas desejam ficar perto de você
Assim como eu elas desejam ficar perto de você
Assim como eu elas desejam ficar perto de você

Aah... Perto de você...
Aah... Perto de você...
Aah... Perto de você...
Aah... Perto de você...
Aah... Perto de você...
Aah... Perto de você...

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