2º Ano – Na equipe de Quadribo

2º Ano – Na equipe de Quadribo



2º Ano – Na equipe de Quadribol

Não agüento mais essa casa. Não agüento ver minha varinha jogada em cima da mesa, proibida de fazer qualquer magia. Não agüento meu pai e a bagunça dele que eu continuo a ter que arrumar, junto com minha mãe. Não agüento – e me custa admitir – de saudade dos meninos.
Às vezes eu penso que tudo podia ter sido um sonho ou coisa assim e eu nunca fui realmente aceita. Isso explicaria porque a carta da escola com os materiais do segundo ano ainda não chegou. Pelo menos eu posso mandar cartas para meus amigos, com a Elyon. Ao menos ELA não está morrendo de tédio.
Mamãe entende o fato de eu estar tão chateada, por que também não gostava de voltar de Hogwarts. Mas diz que eu estou fazendo uma tempestade, e que era muito pior na mansão Black.
Papai continua se comportando exatamente como antes. Como se eu e minha mãe mal existíssemos, apenas por breves instantes para limpar a sujeira que ele faz, ou quando ele precisa de alguém para ouvi-lo reclamar das contas. Acho que talvez eles se separem. Andam brigando muito ultimamente.
Droga, agora tem um barulho irritante do lado de fora da janela. O que mais pode dar err... É UMA CORUJA!

A coruja da escola chegou, que bom, que bom, que bom! Finalmente! Temos um novo professor de defesa contra as artes das trevas, alguns novos livros, e adivinhem? Eu posso ter uma vassoura.
Acho que minha mãe vai me dar uma, de tanto que eu tenho insistido desde que voltei, no mês passado. Espero que seja uma Comet 260. Sei que é um dos últimos lançamentos, mas sei também que a família, por parte da minha mãe, tem muito dinheiro, então o que custa para ela dar a sua filha um grande motivo de felicidade?
Vou falar com ela agora mesmo!
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Ah, estou tão feliz! Até que enfim eu tenho a minha tão desejada vassoura! Uma Comet 260! Espere só, o Albert vai morrer de inveja! Eu vou entrar para o time de quadribol, eu tenho que entrar! Na verdade acho que vou mandar uma carta para os garotos agora, temos que combinar um lugar para nos encontrarmos na estação, para não termos que ir de cabine em cabine para achar uns aos outros.
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Oi, Albert! E aí, beleza?

Estou escrevendo só para dizer: morra de inveja, eu tenho a vassoura mais legal que você jamais terá, e com certeza eu vou entrar no time este ano!
Aliás, aonde nós vamos nos encontrar na estação King Cross? Decida o lugar e mande a resposta pela Elyon – é bom não ser nenhuma brincadeira de mau gosto, ou eu mato você! – e avise os outros também.
Aqui está tudo muito chato, sem nenhuma novidade.

Contando os dias para o retorno,
Tonks.

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David

Estou com saudades, louca para voltar para a escola. Só para perguntar: o Albert combinou de se encontrar com você e os garotos em algum lugar no dia 1º de Setembro? É que eu não quero arriscar cair em nenhuma peça boba dele.
Ah, ganhei uma vassoura! Você tem que ver, é demais!

Abraços,
Tonks.

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E aí, Thomas?

Como vai?
Aqui, sem mais novidades, meu pai continua fazendo a minha mãe gritar como uma louca pela casa por causa da bagunça e tudo o mais. Como vão as férias? Ah, eu queria saber aonde você e os garotos vão se encontrar na plataforma no dia do embarque, para eu poder achar vocês!

Um abraço,
Tonks


Bem, é melhor não arriscar, não é? Conhecendo o Albert ele com certeza vai tentar me levar para o lugar errado e me fazer perder o trem, ou coisa assim.
Eu recebi varias cartas deles durante o verão. David está na Rússia com a família, por que o pai dele trabalha no departamento de Cooperação Internacional da Magia, ou coisa assim, e tinha negócios a resolver. Disse que é um país com uma história e cultura fascinante. O que, em outras palavras, quer dizer que eu morreria de tédio.
Thomas está acampando com o pai, a mãe, e a irmã mais nova dele que tem nove anos, que querem aproveitar ao máximo o tempo em que o filho está em casa. Ele contou que tem uma cachoeira bem perto do lugar onde eles estão e que é ótima para ir durante o dia, quando não tem nenhum animal por perto.
E o Albert, bem, o Albert eu não tenho certeza, por que ele sempre fala tudo em forma de piada e a gente nunca sabe se é sério. Ele inventou toda uma história sobre dementadores, dragões e gnomos malignos que atacaram sua casa, mas isso só prova que ele está com uma falta do que fazer grande o suficiente para ter tempo de parar para escrever tudo aquilo. Acho que ele está em casa passando as horas implicando com suas primas – ele disse que elas foram passar o verão lá. Acho que no mínimo ISSO deve ser verdade.
Cada dia que passa eu marco um quadrinho do calendário que há no meu quarto, marcando quanto tempo falta para voltar e poder usar minha varinha novamente. Espero que Snape já tenha esquecido o “incidente” das bombas. Talvez ele esteja mais simpático este ano.
Acabei de me dar conta que não terei mais aulas de vôo. As aulas com madame Hooch são apenas para o primeiro ano. Espero que eu seja boa o bastante para passar no teste da Corvinal, sem precisar de mais aulas. Além disso, eu passei as férias trancada aqui, sem poder treinar, mereço um desconto.
Mamãe está me chamando para jantar!
Tenho que ir!
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Último dia antes de voltar para Hogwarts. Malas arrumadas, Elyon na gaiola, a minha querida vassoura bem guardada, tudo absurdamente arrumado por minha mãe, com aquele feitiço ótimo que ela tem que faz tudo ficar organizadinho. É uma espécie de sacudida rápida com a varinha.
Estava pensando no dia de ontem. Eu estava dando uma volta na rua, conversando com uns amigos da minha antiga escola – trouxas, é claro – quando um deles começou a falar sobre sua cantora favorita, que eu não conheço por que, aparentemente ela só ficou conhecida neste último ano, e eu estava na escola. Mas enquanto ele mencionava sua aparência – cabelos negros e olhos azuis – eu comecei a me concentrar para tentar imaginá-la, mas de repente ele parou, os olhos arregalados, e disse “Tonks! Nossa, olha só para você!” e eu fiquei confusa, o que é que ele estava dizendo? Ele deve ter entendido pela minha expressão que eu não fazia idéia do que o deixara tão chocado. “Seu cabelo! Seus olhos! Isso é tão... estranho!” gritou ele. E então eu pude ver, no reflexo da vitrine de uma loja, o que era o problema.
Meus cabelos estavam negros. Meus olhos azuis. Eu quase desmaiei de susto. Eu já tinha visto meu cabelo mudar, mas agora até meus olhos estavam diferentes! E eles são trouxas, o que deixa tudo mais complicado. Como eu ia explicar para eles?
Isto está me incomodando até agora. Porque eu não cheguei a explicar nada. Quero dizer, todos eles estavam me olhando como se eu fosse uma aberração ou um animal de zoológico extremamente interessante. Então o que eu fiz foi balbuciar “Eu... eu acho... desculpe, eu tenho que ir!” e sair correndo. Nossa agora sim, minhas férias estão completas!
Quando cheguei em casa eu já estava voltando ao normal. Meu cabelo estava castanho – um pouco mais escuro que o normal – e os olhos voltando a ser negros. Mas infelizmente não havia ninguém em casa para que eu pudesse perguntar o que diabos estava acontecendo comigo.
Acho que estou ficando louca!

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Hogwarts! Até que enfim! Graças à Merlim! A vida é bela e eu sou feliz!
Estou de volta! Mal consigo conter minha alegria – tá bom, não consigo conter nem um pouco a alegria, mas quem pode me culpar? Este é o melhor lugar do mundo!
As aulas começam amanhã. Estou copiando aqui meu novo horário.
Peguei também o horário dos testes de quadribol que serão só daqui a duas semanas. Vou tentar treinar um pouco antes disso. Bem, vou contar da viagem.
Eu cheguei bem em cima da hora. Faltava apenas quinze minutos para o trem sair. Minha mãe nem entrou dessa vez, me deu um tchau ali fora mesmo. Eu atravessei a barreira correndo e então quando eu cheguei do outro lado...
BAM!
Eu caí estatelada no chão. Isso porque o super-gênio do Albert estava com a perna esticada bem na frente para derrubar o primeiro que passasse. O que até é um truque inteligente de se fazer nessa hora, porque só cai quem está correndo – como a boba aqui – e todos que chegam há essa hora estão correndo. Mas não foi nada legal fazerem isso COMIGO! Thomas e David também estavam lá e riram às gargalhadas.
Levantei toda mal humorada, juntei minha mala e a gaiola da Elyon, que piava feito louca, e saí andando, furiosa.
- Ô, mal educada! Não cumprimenta mais os amigos? – gritou o Albert correndo atrás de mim.
- Claro que sim – retruquei – Oi David! Oi Thomas! Ah, oi Rogério! – gritei para o garoto que acabava de atravessar a barreira. Albert cruzou os braços, se fazendo de ofendido.
- E eu?
- Desculpa, eu conheço você? – perguntei tentando parecer séria, mas já começando a rir. Aí ele riu também e eu não agüentei mais – Oi, Albert.
Depois disso a viagem foi bem tranqüila. Ele confessou que realmente queria tentar me enganar e por isso marcou o encontro do outro lado da estação – mas o David e o Thomas não sabiam do plano e já tinham me contado. Hahaha, um à zero para Tonks!
Nós procuramos uma cabine e um tempo depois a Lena e a Mandy entraram, perguntando se podiam sentar, que o resto do trem estava lotado. Elas se deram razoavelmente bem com os garotos embora de vez em quando eu visse a Mandy revirar os olhos, suspirando. Lena está mais extrovertida este ano e conversou bastante com todos. Se deu ainda melhor com David, talvez por ele ser mais educado e mais estudioso.
Quando a moça do carrinho de comida passou, Thomas e Albert tentaram fazer a gente comer uns feijõezinhos de cor meio cinza, meio amarelado. Simplesmente nojento! Mas como a gente se recusou eles deixaram o doce de lado e foram comer outra coisa. Então a garota esperta aqui pegou e colocou o feijãozinho dentro do último pedaço de bolo de caldeirão do Thomas, que comeu e ficou todo vermelho, engasgado. Todo mundo caiu na risada, e até ele riu depois que recuperou o fôlego!
Falei para eles sobre o meu cabelo que mudou nas férias e também os meus olhos. Só David (além das garotas) levou a coisa a sério e disse que vai pesquisar um pouco. Lena se ofereceu para ajudar.
Quando chegamos à escola não tardamos a encontrar algumas pessoas meio... indesejadas.
- Ah, oi Ninfadora – disse aquela voz irritante da Anna – Está feliz por voltar? Já escolheu qual será a próxima regra que você e seus amigos vândalos vão quebrar este ano? – Penélope deu risadinhas atrás dela.
Todos pararam de rir instantaneamente. Thomas e Albert fecharam os punhos, eu segurei firme minha varinha. Mandy e Lena pareciam estar prendendo a respiração, e apenas David disse, parecendo bem calmo:
- Não, estamos nos decidindo. Você acha que atacar uma loira metida pode ser considerado quebrar uma regra? – o sorriso saiu do rosto da Anna na hora.
- Ora, seu... – murmurou ela.
- Escute, você não tem mais nada para fazer? Tipo, alguma coisa importante como escolher a cor que vai pintar as unhas? – disse eu sarcástica.
- Hunf – bufou ela – vocês se acham mesmo o máximo – disse dando meia volta e saindo irritada.
- Não, nós somos o máximo! – gritou Albert para ela, de longe.
Então nós entramos felizes no Salão Principal, jantamos um banquete maravilhoso, assistimos à seleção dos novos alunos e agora estou aqui, no meu dormitório, totalmente feliz!
Acho que vou dormir, estou morrendo de sono.
Boa noite.
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Yes, yes, yes! Viva! U-hul! Parabéns para mim!
Vou explicar o que aconteceu:
Hoje é sábado. Dia do teste de quadribol – a propósito as primeiras semanas foram ótimas, obrigada – da casa da Corvinal. Acordei totalmente sem fome, como se meu estômago estivesse se revirando desconfortavelmente. Peguei minha vassoura – eu tinha conseguido treinar um pouco no fim de semana passado – e desci para o campo. Havia umas dez pessoas lá.
Thayla, a capitã do time, uma garota morena do sexto ano, me mandou sentar e esperar um minuto enquanto ela conversava com uma outra moça, de cabelos ruivos, que parecia ter a mesma idade. Vi que Albert também estava lá, e, infelizmente, Penélope. Sentei ao lado dele.
- Nervoso?
- Não. Um pouco – eu ri, ele estava meio pálido, parecia que ia vomitar. Não sei quem ele achava que estava enganando dizendo que não estava nervoso, mas com certeza não eu.
- Com licença – disse Thayla – Você é Ninf...?
- Tonks! – disse eu me levantando.
- Ótimo – ela sorriu – Bem, preciso saber em que posição você quer jogar.
Eu não tinha pensado nisso. Voava bem e gostava de voar, mas não tinha pensado em que posição eu jogaria. Dei de ombros.
- Artilheira. Batedora – ela ergueu as sobrancelhas.
- Bem, você precisa escolher uma posição. Façamos o seguinte – resolveu ela – Você faz os dois testes e vemos em qual se sai melhor – e se afastou a seguir.
Então ela se dirigiu a todos que estavam ali para testes.
- Muito bem. Pessoal! PESSOAL! Ótimo – ela sorriu – Temos aqui uma artilheira e eu, a apanhadora. Precisamos então de dois artilheiros, um goleiro e dois batedores para completar o time. Artilheiros primeiro! Vamos lá!
Eu me levantei, e mais alguns garotos e Penélope também. Primeiro ela pediu que todos dessem impulso e sobrevoasse o campo para ver “nossa destreza no vôo”. Então fizemos alguns passes e enfim ela chamou os goleiros. Disse que seria um teste conjunto, pois ao mesmo tempo em que ela nos veria fazendo gols, os veria defendendo.
O primeiro goleiro foi um garoto baixinho do terceiro ano. Fiz dois gols nele, e um rapaz que devia ser do quarto ou quinto ano fez dois também. Depois uma menina ruiva, que foi a pior. Levou sete gols no total, pobrezinha. Saiu do campo chorando, o que – se quer saber minha opinião – foi meio patético. Então um garoto que defendeu cinco gols e perdeu um – do cara do quinto ano, e Matt, aquele peste do mesmo ano que eu, com quem consegui marcar três gols.
Ela nos mandou descer e disse então que o goleiro escolhido foi Bill, o garoto de cabelos pretos que só perdeu um gol. Os artilheiros seriam eu – se eu concordasse – e Paul, o cara do quinto ano, loiro de olhos verdes. Só agora eu reparei que ele é mesmo muito bonito! Penélope saiu do campo, furiosa, falando um monte de desaforos e reclamando nos ouvidos de Anna que fora até lá ver como andavam os testes.
Fui bem no teste de batedora também, mas Albert foi – um pouquinho – melhor. Ele e um garoto chamado Eric foram escolhidos. Na verdade Eric foi escolhido porque eu disse que preferia ser artilheira, porque eu rebati um balaço a mais que ele, o que me botava na frente.
O time então ficou:
Thayla – apanhadora
Tonks (eu!!!) – artilheira
Paul – artilheiro
Haley – artilheira (a que já fazia parte do time)
Albert – batedor
Eric – batedor
Bill – goleiro.
Ainda estou nas nuvens! Voar é tão bom! No final dos treinos Thayla foi até mim e disse “Foi muito bem no teste. Nos dois. Costuma jogar nas férias?” e quando eu disse que nunca tinha jogado antes ela disse “Nossa, você tem muito talento!”. Bem assim. MUITO talento.
Então Paul foi apertar minha mão e disse “Parabéns, você é boa” e eu fiquei muito vermelha e derrubei minha vassoura no pé dele. Ele soltou uma exclamação de dor e eu tive que ficar lá dizendo “Desculpa, desculpa! Eu sou uma desastrada mesmo, foi mal! Desculpa tá?” e ele disse tudo bem, mas o chato do Albert viu tudo e riu de mim durante todo o caminho até o castelo, fazendo imitações ridículas de mim derrubando a vassoura e me desculpando.
Mas apesar de tudo, não faz mal. Nada vai estragar meu bom humor hoje! Por que afinal de contas: EU ESTOU NO TIME!!!!

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Estamos treinando muito, mesmo que nosso primeiro jogo seja só no próximo ano. Thayla quer que observemos as jogadas dos outros times para sabermos exatamente o que fazer com cada um. Grifinória – de novo – ganhou da Sonserina.
Preciso ir. Hoje é a festa de dia das bruxas!
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Assim como no ano passado, eu passei o natal aqui. Eu cheguei a comentar alguma coisa sobre o natal do ano passado? Bem, veja o que eu ganhei.
Mãe e Pai: um pacote com todos os doces que eu adoro e mais um livro sobre quadribol, intitulado “Quadribol através dos séculos”.
David: um bichinho de pelúcia muito fofo, de um animal que se chama pelúcio – que eu nunca vi, na verdade, mas disseram que a gente estuda em Trato de Criaturas Mágicas.
Thomas: um boné azul do time de quadribol dele, os Tornados.
Mandy: um tinteiro com tinta mágica, que fica mudando de cor o tempo todo.
Lena: uma camiseta onde está escrito: BAD WITCH muito linda, preta – eu normalmente gosto de coisas coloridas, mas essa é muito bonita por que as letras ficam mudando de rosa choque para roxo berrante.
Albert: um pacote de bombas de b** e um bilhete dizendo “Para a próxima festinha nas masmorras do Snape”.
Claro, como se eu fosse fazer aquela idiotice outra vez. Talvez eu jogue uma na cabeça dele quando ele estiver distraído... posso pensar no assunto. Agora não, pois tenho uma guerra de bolas de neve para vencer. Com licença.

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Primeiro jogo da temporada – pelo menos para o meu time.
Meu coração parece que vai sair pela garganta a qualquer momento, então eu acho melhor ficar de boca fechada. Treinamos muito, e esse é o jogo contra a Sonserina, então espero que a gente vá muito bem. Ai, estou tão nervosa.
Estamos no vestiário e todos ainda estão se trocando. Ainda faltam uns quinze minutos para o jogo, mas já consigo ouvir algumas pessoas descendo do castelo. Acho que vou vomitar!
O que eu tinha na cabeça para tentar entrar no time? Óbvio que eu não vou conseguir! Sou tão desastrada que sou capaz de derrubar a goles bem no meio do campo, ou atirar nas balizas do time adversário ou coisa assim.
Thayla começou a falar. Nem consigo ouvir o que ela esta dizendo por que além de totalmente apavorada, acho que também fiquei meio surda. Ela está gritando com alguém... quem é o panaca que não responde? Droga, será que ninguém... Ah, sou eu!

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VENCEMOS!
Legal, nossa primeira partida e é VITÓRIA!
Vou contar tudo, lance por lance, para ver se consigo extravasar um pouco toda essa animação.
Thayla me chamou atenção porque eu estava lá morrendo de nervosa, escrevendo enquanto ela falava. Então quando “a Srta. Tonks fez o favor de se juntar a nós” ela continuou falando sobre o jogo que as condições estavam boas, mas tínhamos que ter cuidado para o sol não atrapalhar nossa visão, e que Sonserina tinha treinado muito, mas ela tinha total confiança em nós e tudo o mais.
Ouvimos o irradiador – um garoto da Grifinória eu acho – começar a dizer os nomes dos jogadores da Sonserina. Então foi a nossa vez. Entramos e ele irradiou nossos nomes sob uma onda de aplausos – eu teria achado o máximo se não estivesse tão convicta de que ia morrer – e Thayla foi alguns passos à frente e apertou a mãos do capitão do outro time.
Madame Hooch disse “montem em suas vassouras” e apitou, soltando as bolas. Paul pegou a goles na hora e voou em direção às balizas, mas um dos batedores jogou um balaço na direção dele e ele teve que jogar para mim para desviar. Eu tinha o caminho livre e, de repente, eu não estava mais com medo. Afinal, eu estava voando. Voei para as balizas o mais rápido possível, passei para Haley, que passou de volta para mim, e... GOL! Eu fiz o primeiro gol! Foi muito legal! Todos aplaudiram, e eu ouvi o garoto com o alto-falante dizendo algo do tipo “E esta foi Tonks, Ninfadora Tonks, da Corvinal! Esta garota promete!”, e nem me importei por ele ter dito meu nome completo, não estava nem aí. Pude ver de relance os rostos invejosos de Anna e Penélope, sentadas nas arquibancadas.
- Tonks! – gritou Haley.
Eu virei o rosto muito rápido, ela tinha jogado a goles. Havia três jogadores sonserinos indo para cima dela, mas eu peguei a tempo. Fui novamente na direção das balizas, mas um balaço veio tão rápido que eu tive que dar uma volta no ar e perdi a bola, então o outro time pegou. Paul estava marcando o cara tão de perto que os joelhos estavam se batendo de vez em quando.
Albert jogou um balaço muito forte na direção deles, fazendo o outro largar a goles e Paul pegou-a, jogou para Haley que desviou de um, de outro e então...20 à 0 para a Corvinal!
Depois disso Sonserina começou a se recuperar. Eu jogava tão colada no artilheiro do outro time, para não dar a ele chance de marcar, que acabávamos nos encontrando toda hora. Ele olhou para mim, visivelmente furioso, eu sorri em forma de um desafio. A goles veio para mim novamente, desviei de dois balaços, um jogador veio em minha direção mas eu passei por baixo da vassoura dele, tornei a subir, só o goleiro a frente, joguei e marquei!
Fiz mais dois gols, Paul fez três (hahaha marquei mais que Paul no final) e Haley marcou cinco. Estávamos muito bem, mas Bill estava meio nervoso e já tinha deixado passar seis gols. Ainda assim isso era bom, porque ele agarrou bem mais bolas do que perdeu. Estava então 120 a 60.
Então eu ouvi “E Thayla vê o pomo!”. Meu coração quase parou. O time que pegava o pomo ganhava cento e cinqüenta pontos, e se ela não conseguisse estávamos fritos. Mas eu acho que a subestimei, por que a Sonserina não teve nem chance. O garoto disparou atrás dela, mas ela estava metros à frente. O pomo contornou as nossas balizas, Thayla atrás, passou voando apenas dois metros acima do chão, Thayla estava se aproximando dele, subiu de repente e aí Thayla o pegou. Foi uma explosão de vivas nas arquibancadas!
Todos gritaram e pularam e depois a Corvinal inteira entrou no campo, exceto as duas loirinhas – e não senti a menor falta – e comemoraram abraçaram, Mandy e Lena vieram super felizes gritando “você foi ótima!” e David, seguido Thomas – mesmo que ele seja da Grifinória ele quis dar os parabéns, e Albert estava se achando o tal, mas tudo bem, todos nós estávamos.
Foi incrível, eu me senti tão feliz, que cheguei a outro extremo – talvez eu morresse de felicidade, agora que eu tinha sobrevivido ao nervosismo. Thayla chamou todo o time e disse que era o melhor time de muito tempo e que estávamos todos de parabéns, o jogo fora excelente!
Fomos para a sala comunal, mas ninguém foi dormir, por que a excitação era tanta que todos ficaram lá, festejando e comentando as melhores partes do jogo. Eu acabei derrubando a mesa que os alunos mais velhos conjuraram para colocar comida e bebida, e fez um barulho muito alto, todos ficaram me olhando, mas depois até riram – porque a mesa estava quase vazia, aposto como ficariam furiosos se estivesse cheia de comida...
Acho que só sou desastrada em terra, porque eu não fiz nenhuma bobagem durante o jogo – Graças a Merlim!
Estou morrendo de sono, boa noite.

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Hora de escolher as novas matérias para o ano que vem.
As opções são:
¨Trato de Criaturas Mágicas – quero, todos dizem que é muito legal.
¨Aritmancia – parece difícil demais, muitos cálculos para o meu gosto...
¨Adivinhação – não estou a fim de saber nada do futuro no momento, mas acho que pode ser útil, então vou pensar no caso.
¨Estudo dos trouxas – inútil já que eu fui criada entre os trouxas
¨Estudo de Runas Antigas – fala sério, desastrada como eu sou, imagina deixar cair todas aquelas tabelas, livros e hieróglifos em cima de alguém!
¨Astronomia – parece legal, é durante a noite, então é uma desculpa para ir dormir mais tarde.
Decidido: Trato de Criaturas Mágicas, Astronomia e Adivinhação. Não, não vou fazer adivinhação. Depois eu descubro que vou morrer e vou ficar me preocupando o resto da vida! É melhor deixar o futuro em paz. Além disso, é só mais uma matéria para estudar, não é? Só ia me dar mais trabalho.
Talvez eu deva fazer estudo dos trouxas. Porque, mesmo que eu tenha morado em uma cidade não-bruxa eu nunca fui à casa de nenhum dos meus colegas ou coisa assim, e sempre vivi vendo minha mãe resolver tudo com magia. Ia à escola, é claro, mas só até a quinta série e isso não é lá muita coisa.
Legal, acho que vou cursar Estudo dos Trouxas ano que vem. Decido isso mais tarde.

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Tinha esquecido que David e Lena iam procurar alguma coisa sobre as minhas transformações. Os dois encontraram um livro muito bom, de acordo com eles, que explica tudo. E é mesmo verdade! Olha o pedaço que eu copiei:

“[...] o metamorfomago tem o poder de mudar de aparência quando quiser, sendo assim, ótimo em disfarces e transfiguração humana. Bruxos que nascem com este dom são realmente raros e é algo que não pode ser obtido ou aprendido, sendo um próprio dom de quem o tem [...] pode passar despercebida por muitos anos,não sendo algo genético, mas se revela quando o bruxo em questão se mostrar infeliz com sua aparência, ou concentrado em uma diferente [...] porém para que seja realizada com perfeição deve-se estar concentrado na forma que deseja assumir, e por vezes necessita um pouco de pratica [...]”

Tudo se encaixa! Eu sou metamorfomaga! Isso é o máximo! Cada dia parece que eu descubro algo diferente por aqui. Só um minuto, quero tirar a prova.

Pronto. Eu corri até o banheiro e me olhei no espelho. Me concentrei o mais que pude e tcharam! Meus cabelos ficaram ruivos. Depois e novo e então eles estavam loiros. Pretos, brancos, cacheados, lisos, longos, curtos e até cor de rosa! Isso é tão legal! Consegui mudar a cor dos olhos, o nariz, tudo!
Espere só eu mostrar para Mandy e Lena! Elas vão adorar! Não sei se os rapazes vão dar bola, afinal, eles não se preocupam muito com aparência, mas enfim.
Agora tenho que agradecer ao David!

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Droga, não consigo acreditar!
Mandei uma carta para minha mãe contando toda essa coisa d metamorfose e tal, e sabe o que ela respondeu? “Se você aprontar alguma com essas sua transformações você vai para casa AGORA!”. Exatamente assim, com letras maiúsculas e ponto de exclamação. Nossa, será que eu não ganho nem um: nossa, que legal! Ou: Parabéns minha filha, você é mesmo muito especial!
Pelo visto não. Acho que isso só prova que ela realmente conhece a filha que tem. Porque é obvio que eu ia aprontar alguma. Eu já tinha planejado tudo. Eu iria me disfarçar e ficaria o mais diferente possível de mim mesma. Então, discretamente eu iria até as masmorras e daria um jeito de entrar na casa da Sonserina. Dizem que é a casa dos comensais da Morte e eu queria ver como é lá dentro.
Tudo bem. Eu não ia apenas “ver como é”. Eu ia enfeitiçar o chato do Ruy. Talvez trancá-lo dentro do dormitório por algumas semanas ou fazer os cabelos dele caírem. Esse tipo de coisa.
Você deve estar pensando que eu estou procurando encrenca. Mas acontece que é totalmente culpa dele. Ele não pára de pegar no meu pé um só minuto, me chamando de pirralha – eu sou a mais nova da turma – ou fazendo umas imitações idiotas de mim derrubando as coisas, dizendo como sou desastrada, tentando me pegar desprevenida para me lançar um feitiço de pernas-bambas e essas coisas. Tem agido assim desde que a Corvinal ganhou da Sonserina na última partida.
Obviamente eu não fico de braços cruzados quando ele me ataca, também. Não, eu o enfeitiço de volta. O meu preferido nos últimos dias tem sido o Furúnculos. Eu preferia algo mais forte tipo um feitiço estuporante ou a azaração do impedimento (descobri essa num livro da biblioteca há algumas semanas), mas eu podia acabar me metendo em confusões meio... GRANDES com a diretoria. Então fico com os furúnculos.
Mas está ficando quase insuportável! Albert e os garotos me perguntaram se eu não quero que eles batam no Ruy por mim da próxima vez. Mas eu não quero que Ruy ache que fui pedir socorro. Eu posso enfrentá-lo sozinho. Sei que posso.
Está decidido. Eu vou entrar na sala da Sonserina de qualquer jeito. Ele vai desejar nunca ter se metido comigo de novo! A primeira parte do plano entra em ação logo de manhã: descobrir a senha!
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Parte um concluída.
Tenho que admitir que foi difícil.
Por sorte é domingo, pois eu tive que ficar o dia todo do lado de fora das masmorras, escondida dentro de um armário, tentando ouvir a senha. Então uma garotinha do primeiro ano, de cabelos negros até o meio das costas, com cara de nojenta passou sozinha. Eu estava pronta.
Tinha levado muito tempo me disfarçando. Os garotos não me reconheceram por que esqueci de contar a eles sobre os meus poderes de metamorfose. Enfim, meu cabelo estava loiro prateado, liso e comprido. Os olhos cinzentos. Estava mais magra e um pouco mais alta. Tinha colocado a roupa mais arrumada que eu tinha, pois nos finais de semana podemos vestir a roupa que quisermos.
Saí de dentro daquele armário fedorento e disse, mudando a voz.
- Olá – vi que a havia assustado, seus olhos estavam arregalados – Escute, tenho assuntos importantíssimos a tratar com algumas pessoas. Você não vai querer ser uma delas, não é? – ela fez que não, apavorada. Contive meu impulso de rir ali da cara de medo dela – Ótimo. Então, preciso de um favorzinho seu.
- C-claro.
- Quero a senha.
- O-o quê?
- A senha, menina tola! Das masmorras. Tive alguns problemas em casa e tive que ficar fora alguns meses. Agora a senha foi trocada e não posso mais entrar.
- Ah, compreendo – ela me surpreendeu. Assumira um tom de voz hostil mais confiante do que até ali. Estava muito séria e parecia me avaliar – Sabe, minha família é da Sonserina há gerações. Não sou burra. Como vai me provar que é mesmo de nossa casa?
- Eu... bem... – ela sorriu maliciosamente. Eu estava sendo feita de boba por uma garota mais nova que eu! Então tive uma idéia – Qual é seu nome?
- Pamela – ela me olhou desconfiada.
- Muito bem, Pamela. Você já ouviu falar dos Black?
- Claro que sim. Todos já ouviram. Uma família muito nobre tirando uns poucos traidores como a tal que foi Corvinal. Andrômeda era seu nome, não era? E aquele outro, mais velho...!
- Sei, sei, conheço toda a história – disse irritada depois que ela mencionou minha mãe – Eu sou uma Black, Pamela. Havia deixado a escola apenas alguns meses na esperança de capturar um sangue-ruim imundo que ousou se casar com uma de minhas irmãs. Bem, preciso entrar agora. Você não vai querer se meter com os Black, não é? – fiquei admirada com a velocidade em que inventei esta mentira. Na verdade, meia-mentira.
- Oh, não, não senhorita Black. Eu nunca quis, me desculpe... Trouxas Imundos!
- O quê? – desta vez eu estava surpresa.
- É a senha.
- Oh, muito obrigada. Até logo.
- Não vai entrar? – perguntou confusa.
- Ah, não, não agora!... Tenho um compromisso importante!
Eu corri quando tive certeza de que ela não podia mais me ouvir. Nem podia acreditar que tinha dado certo. Nem podia acreditar no medo que a família de minha mãe colocava em outros bruxos. E que todos conheciam sua história. E que éramos consideradas – eu e minha mãe – traidoras de sangue por ela ter se casado com um trouxa. Perdida em pensamentos e ainda correndo, esbarrei em alguém. Era Albert.
- Ei, olha por onde anda, garota!
Olhe para ele rindo. Esqueci que estava transformada.
- Se é assim que trata as garotas, nunca vai arranjar uma namorada!
- Quem você pensa que é p... – eu me transformei bem ali na frente dele – Tonks! O que...? Como você...?
- Sou metamorfomaga – esclareci – Deixa eu te contar uma coisa...
Eu contei a ele o que tinha acabado de fazer. Ele pareceu muito espantado no início – normalmente era ele quem tinha as idéias diabólicas. Depois lentamente sua fisionomia foi mudando, e eu percebi que ele estava chateado. Como se de repente tivesse lembrado de algo muito importante.
- Ah, legal – disse sem a menor animação.
Eu achei muito estranho. Albert sempre quis entrar no salão da Sonserina, então presumi que ele ficaria feliz. Ou, se fosse algo muito idiota, ele riria na minha cara, faria brincadeiras e essas coisas. Ele não diria “Ah, legal”.
- Escuta Tonks, por que... porquê você não esquece esse Ruy?
- Esquecer o Ruy?
Aquele era MESMO o Albert? Albert nunca pediria para eu ESQUECER alguém que aprontou comigo! Ele é quem sempre está procurando alguém com quem fazer uma de suas brincadeiras maldosas e se for para se vingar de algo MELHOR AINDA para ele, é o que diz. E agora ele (ELE!) está me dizendo para esquecer tudo o que o Ruy já me fez e deixa-lo em paz? Ele só podia estar delirando! Não devia estar em seu estado normal! Definitivamente ele não estava com seu juízo perfeito!
Na verdade foi mais ou menos o que eu disse para ele na hora.
- Você está louco? Lançaram um feitiço de memória em você? Você sempre adorou esse tipo de coisa, seu alucinado, e agora não vai me deixar me divertir? Ele está sempre me enchendo e eu vou me vingar! Esqueceu da azaração da semana passada? – mostrei para ele os meus braços que ainda estavam marcados de quando o outro conjurou cordas e me deixou amordaçada na saída da aula de História da Magia – Ele é a primeira pessoa que realmente merece sofrer uma das nossas brincadeiras, o que deu em você? Estou a dias planejando isso!
Só que aí ele pareceu mais aborrecido ainda. Por eu dizer que faria aquilo de qualquer jeito, com ou sem ele. Mas eu não fiquei para escutar mais nada, por que logo Mandy e Lena chegaram e perguntaram “O que está havendo?” e eu, na minha maior cara de inocente, respondi “Nada”.
- Bem, Tonks, então é melhor nós irmos – disse Lena – Você combinou conosco de estudar para os exames esta tarde – acrescentou vendo que eu não sabia do que ela estava falando – David também vai – disse como se, para ela, aquilo resolvesse a situação. Seu rosto ficou imediatamente corado e seus olhos brilharam. Eu tive que me segurar para não rir, tão descaradamente ela estava afim dele.
- E eu? – perguntou Albert repentinamente quando eu já estava na metade da escadaria de mármore – O que vou fazer o dia todo?
- Você não nasceu grudado em mim, Albert! – disse, por cima do ombro – Ache algo para fazer! Chame o Thomas ou qualquer um!
E fui embora. O que eu podia fazer? Ele nem ao menos estava feliz com o meu sucesso!
Droga, não sei que matérias escolher! Mandy e Lena farão Aritmancia, Estudo de Runas Antigas e Astronomia. A única matéria que eu farei com elas é no meio da noite! Perfeito! Albert está meio de mal comigo, mas ele fará trato de criaturas mágicas e adivinhação. Ah, e astronomia, que eu descobri que é obrigatório. Acho que farei adivinhação também. As mesmas matérias que ele. Assim, se for uma droga eu tenho alguém para sofrer comigo – sempre supondo que voltemos a nos falar é claro.
Ah, nosso jogo está se aproximando! Corvinal versus Grifinória. É o jogo mais difícil de todos, sendo que Carlinhos, agora no sétimo ano, é o melhor apanhador da Grifinória dos últimos tempos. Estamos treinando feito doido. Chuva, sol, neve – não, não está nevando, foi só modo de dizer – e nós sempre lá, voando, treinando, para conseguirmos ganhar. Vai ser dureza, mas tenho muita confiança no meu time, estamos realmente muito bons! Opa! Hora do treino!

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Exames chegando! Ai que medo, e se eu não conseguir??? Vou ter que fazer todo o segundo ano novamente! Estou estudando muito, mas é difícil conciliar estudo, treinos e diversão quando se tem tanto a fazer! Quase não consigo descansar.
Maaaas... obviamente eu encontrei alguns minutinhos para entrar na torre da Sonserina – com um disfarce totalmente diferente desta vez – para pregar uma peça em Ruy. Sozinha, porque David está ocupado estudando com Lena, e Thomas está passando a maior parte do tempo com Albert, fazendo brincadeiras idiotas, ou aprontando durante as aulas, e eu não vou me rebaixar a ir pedir desculpas ao Albert, já que eu definitivamente NÃO FIZ NADA!
Hoje, domingo, eu resolvi dar uma folga dos estudos. Acordei mais cedo que todas as outras meninas – adivinha só: a Anna ronca! Hahaha, vai ser ótimo jogar isso contra ela! – e tentei pensar em um visual diferente do que eu usei da outra vez. Então deixei meus cabelos negros, lisos e brilhantes, no mesmo comprimento do meu natural, pelo ombro, só que sem a franja. Deixei os olhos também pretos, o rosto fino, e emagreci um pouquinho – acho que eu posso ficar assim mesmo depois (magra, não com cara de má!).
Coloquei uma roupa qualquer, uma das únicas que eu tenho que são escuras, e fui para as masmorras. Meu coração estava totalmente disparado, mesmo sabendo que ninguém me reconheceria. Cheguei lá, disse a senha, e entrei.
É uma sala iluminada por archotes, feita de pedra, com uma lareira enorme. Parecia a masmorra do Snape ampliada, e um pouco mais confortável. Havia enormes poltronas escuras, tudo em verde, que no momento estavam vazias.
Não tinha idéia de onde era o dormitório. Então vi, de cada lado, um alçapão. Os dormitórios eram mais abaixo! Desci pelo da esquerda e acertei. Era o quarto dos garotos. Na hora todos ainda estavam dormindo, mas eu resolvi fazer tudo o mais rápido possível. Fui até a cama do Ruy, peguei a varinha e murmurei: “Silencio!”. Ele continuou respirando longamente, como todos quando dormem, mas já não se ouvia som algum. Então sacudi a varinha novamente e todos os seus cabelos sumiram! Tive que usar todo o meu autocontrole para não cair na gargalhada.
Então parei em frente aos armários, e pensei por um segundo. Se eu fizesse o que pretendia, provavelmente acordaria todo mundo! Isso me daria apenas alguns segundos para fugir! Mas afinal, eu já tinha chegado até ali, não é? Corri até os pés da escada, de onde seria mais fácil de sair correndo, apontei a varinha para armário, a cômoda e tudo o mais e disse “Reducto!”.
BAM!
Aquilo tudo explodiu. Os armários e tudo o mais. Saí a toda do quarto, cheguei à masmorra principal, corri para a porta e... POF! Tropecei no tapete e caí com toda a força no chão. Os alunos começaram a chegar devagar e logo lotaram a masmorra. Todos cochichavam, apontavam, riam, outros pareciam me analisar, talvez tentando se lembrar de já terem me visto, ou algo assim. Levantei novamente, olhei em volta, e disse, inocentemente “Desculpe, devo ter tropeçado” com um sorrisinho esnobe que é como eu sempre vejo os alunos da Sonserina falarem com os outros, e saí dali o mais depressa que consegui.
Agora estou no meu próprio quarto. O coração ainda está acelerado, mas tudo bem, estou a salvo. As meninas estão acordando, por sorte eu já voltei à aparência normal. Espero que o resto do dia seja mais tranqüilo. Vou tomar café, Mandy acaba de me chamar.
Até mais.

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HÁ! Eu disse tranqüilo? Eu nunca estive tão ferrada na minha vida! Pior que o negócio das bombas do ano passado. Não posso acreditar que me descobriram! Meu disfarce era perfeito! Mas nunca me ocorreu, é claro... bom, deixa eu contar do início.
Eu tomei café e o dia estava muito normal. Estudei um pouco, depois fui dar uma volta nos terrenos da escola e tal. Quando eu estava voltando, Snape me chamou. Ele sempre faz meu coração parar.
- Siga-me, senhorita – disse ríspido. Nós andamos até sua sala. Ele indicou a cadeira e eu me sentei, tentando não pensar o que seriam aquelas coisas nojentas em frascos que estavam nas prateleiras.
- Presumo senhorita Tonks, que ouviu falar do ocorrido nas masmorras esta manhã?
- Não senhor – menti tentando parecer inocente e levemente curiosa.
- Então a senhorita não soube, mesmo com todos os sonserinos comentando o acontecido, que alguém totalmente desconhecido entrou no salão comunal da Sonserina hoje cedo e explodiu o dormitório dos garotos do segundo ano? E que a mesma pessoa, uma garota, também deixou um dos alunos mudo e totalmente careca? – senti meus lábios tremerem, mas consegui me conter e não rir – O que fez com que ele tivesse que passar várias horas na ala hospitalar até conseguir explicar à Madame Pomfrey o que aconteceu?
- Ninguém me contou nada... professor – acrescentei.
- Acontece que não existe um único aluno desconhecido na escola, Ninfadora – disse com desprezo – Nenhum único aluno sobre o qual não tenhamos conhecimento. E mesmo que a senhorita só tenha descoberto sua anormalidade muito recentemente – ele sorriu desdenhoso – sua metamorfose já era conhecida pelos professores desde que entrou nesta escola.
- O-o quê?
- Você foi até as masmorras da Sonserina, senhorita Tonks. Você atacou um aluno adormecido, como uma brincadeira infantil e inconseqüente. É a única metamorfomaga de Hogwarts e sabemos que foi você!
Mas eu não estava escutando muito. Só conseguia pensar que todos sabiam que eu era metamorfomaga há séculos e nunca haviam me contado! Era totalmente absurdo! Então lentamente fui me dando conta do quanto estava enrascada. Mas ainda assim disse.
- Sinto muito professor, mas estive no dormitório o tempo todo, esta manhã. Não tem como entrar na masmorra da Sonserina sem saber a senha, não é? Professor?
- Certamente.
- Então, não havia meio de eu entrar nas masmorras. Como eu saberia a senha?
- Eu não tenho idéia de como funciona uma estúpida mente criminosa como a sua. Não me peça para entender como funcionam suas idéias idiotas.
Eu continuei em silêncio, cheia de raiva, o rosto vermelho, os olhos brilhando. Ele adorava me insultar, ou insultar qualquer um que não fosse de sua casa. Mas se eu falasse qualquer coisa ia acabar me denunciando.
- Eu vou descontar cem pontos da Corvinal e você vai receber uma semana de detenções.
- O QUÊ? – gritei me levantando
- Exatamente o que ouviu. E não grite comigo senhorita, ou será mais uma semana. Ninguém mandou você fazer esta burrice, então a culpa toda cabe exclusivamente a você!
- AH É? Ótimo! Ótimo! Eu não me importo! Estou realmente orgulhosa do que fiz, e quer saber? Ruy merecia algo muito pior! O senhor não o deixa em detenção por ele me azarar nos corredores ou me deixar presa em salas vazias sempre que consegue! É o professor mais injusto desta escola, todos dizem isto!
Eu explodi, estava fora de controle. Sentia meu rosto esquentando mais e mais. Saí da sala furiosa e bati a porta ao passar. Acho que ele ficou tão chocado que não reagiu a tempo.
Fui para os jardins e sentei embaixo da árvore à beira do lago. Já estava escurecendo. Pela primeira vez em séculos eu sentia vontade de chorar. Não de tristeza, de raiva é claro. O Albert e o Thomas desceram um tempo depois, seguidos de perto pelo David.
- Ei, Ninfa, te pegaram? – perguntou Thomas.
- O que é que você acha? – eu sequei meus olhos discretamente para não começar a chorar – Aquele nojento do Snape, mas como eu poderia saber... todos eles já sabiam... ninguém nunca me disse...!
- O quê? – quis saber David.
- Que eu era metamorfomaga! Todos os professores sabiam, nunca me contaram, por isso descobriram que só podia ser eu...!
- Dumbledore deve ter descoberto, sabe, na seleção quando você ficou ruiva.
- Hunf! – bufei, os braços cruzados.
- E aí, qual vai ser o seu castigo?
- Uma semana de detenção... e menos cem pontos para Corvinal.
- Cem pontos? É um absurdo!
- Nem me fale. Isso se não me expulsarem depois de tudo o que eu falei para aquele morcego velho! Explodi com ele, parecia fora de mim, ou sei lá. Ele ficou falando mal sobre mim e eu simplesmente não me controlei!
- Ah, pelo amor de Deus – zangou-se Albert – Por que você não ficou de boca fechada? Podia ter escapado.
- Oh, obrigada por me lembrar o quão ruim eu fui! É exatamente o que eu estava precisando no momento, alguém para apontar mais alguns defeitos e erros no meu plano!
- Ora, foi só um comentário. Você realmente devia...!
- Eu não estou nem aí para o que você acha que eu devia ter feito! Eu acabei de ser chateada pela droga de professor do Snape, não preciso que meus AMIGOS me critiquem também! – eu já estava de pé.
- Não venha descontar em mim! – berrou de volta – Não é minha culpa se você quis ir atrás daquele nojento do Ruy! Eu avisei!
Eu apontei minha varinha para ele, tremendo de raiva. Droga, por que ele não entende? Será que nem meus amigos podem me dar um pouco de apoio? Eu tinha acabado de ser desmascarada, castigada e insultada, não precisava de alguém que dissesse “Eu te avisei”. David e Thomas pareciam petrificados. Então Thomas falou, com a voz mais calma, grave e adulta que eu já o vi usar.
- Ninfa, abaixe a varinha.
Não sei por que eu obedeci. Devia tê-lo atacado. Mas isso, provavelmente, provocaria minha expulsão. Estão eu fiz o que ele disse, mas continuei encarando Albert, que, após parecer momentaneamente atordoado, tinha uma expressão de raiva e desafio no rosto.
- Albert, deixe-a em paz – disse Thomas, ainda com aquela voz ligeiramente diferente – Vamos dar um tempo, tá legal?
E então é isso, demos um tempo. Eu vim correndo para o meu dormitório e fiquei aqui, chorando pela primeira vez em anos, nem sabendo mais o motivo. Então Anna entrou no quarto (há uns dez minutos) e disse com toda a sua Annice: “O que foi Ninfadora? Aqueles garotos com quem você anda finalmente a dispensaram? Provavelmente se deram conta de que você não está à altura. Mas não ligue... nem todos podem ser perfeitos.” e sacudiu os cabelos como se estivesse insinuando que ELA seria perfeita! Oh, por favor!
Eu vou dormir! Talvez acorde amanhã e descubra que não passou de um sonho... um verdadeiro PESADELO!

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Droga de detenção! Sabe o que aquele narigudo fedorento me mandou fazer? Eu passei todas as noites da semana arrumando e rotulando e blábláblá TODAS as suas poções NOJENTAS! Tinha coisas tão gosmentas que eu tinha vontade de vomitar! Quebrei acho uns doze frascos, então agora ele está querendo me matar, mas, oras, foi ele quem quis que eu mexesse em suas prateleiras cheias de vidros extremamente delicados contendo líquidos supostamente perigosos! Não entrei lá e destruí tudo por minha conta. A culpa é dele.
Obs.: Albert e eu ainda não estamos nos falando.

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Perdemos o jogo contra a Grifinória. Eles são realmente muito bons, pelo menos com Carlinhos Weasley jogando como apanhador. O placar ficou 210 a 130, ele capturou o pomo em cerca de quarenta minutos apenas e teria feito isso antes se Thayla não o bloqueasse o tempo inteiro. Fiz três gols, o que não é grande coisa devido ao meu estado de espírito dos últimos dias – Albert e eu não estamos nos falando.
Os exames começam em três semanas, tenho que estudar um pouco.

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Grifinória ganhou a taça de Quadribol. Ficamos em segundo lugar.
Pode crer, Thomas não perdeu a chance de se gabar da gente.
Ganhamos da Lufa-Lufa, é claro, por setenta pontos, 20 a 90. Eu marquei SEIS gols. O goleiro deles é mesmo muito fraco. É incrível como quadribol consegue me animar.
E desviei de um balaço genial, foi simplesmente incrível, eu tive que dar uma volta completa, de 360º ficando totalmente de cabeça para baixo por alguns instantes. Pode parecer infantil demais, mas foi muito divertido.
Paul fez os outros gols, e Haley não marcou nenhum porque teve que sair no meio do jogo depois de ser atingida por um balaço particularmente violento e seu nariz ter começado a sangrar como louco. No fim do jogo, nós todos descemos e pulamos de alegria – ainda tínhamos chance de ganhar a Copa, o jogo decisivo foi apenas hoje – e nos abraçamos e tudo o mais. Então Paul veio e deu umas palmadinhas nas minhas costas e disse “Aí garota, você tem talento! Arrasou!” e eu fiquei muito, mas muito vermelha, então sorri e disse “Valeu! Você também!” embora Albert continuasse me olhando com aquela cara rabugenta dele.
Bem, só o que posso dizer é: vou treinar com o dobro de esforço no ano que vem e nós VAMOS ganhar! Afinal, Carlinhos nem estará mais aqui em setembro, o que já aumentam nossas chances!
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Acabou!!! Fim dos exames!!! Uma semana inteira de descanso!!!
Consegui passar em todos, tenho quase certeza. Menos em poções, por que o morcego obviamente vai procurar cada mínimo erro na esperança de me dar um zero. Enfim, nem tudo é perfeito.
Albert e eu entramos em um acordo mudo de não comentar o acontecido, embora ache que ainda estejamos um tanto formais um com o outro. Thomas anda sendo perseguido por uma enorme gangue de garotas risonhas que ficam piscando para ele, ou jogando o cabelo para o lado ou ainda tendo ataques de risinhos histéricos quando ele passa e me lançarem olhares totalmente venenosos só porque eu ando ao lado dele – como se isso quisesse dizer alguma coisa! As pessoas são tão maliciosas!
E o que eu acabei de descobrir foi: David e Lena estão namorando! Fala sério, sempre achei ambos tão tímidos, quietos e estudiosos, e são os primeiros a começarem a namorar! O mundo é mesmo muito esquisito...
Peguei os dois se beijando – foi meio nojento ver dois amigos meus se beijando, mas enfim – nos jardins, atrás de uma árvore, depois da ultima prova. Então eu fiz “hem, hem” e cruzei os braços, uma sobrancelha erguida, como sempre acontece quando algo me pega de surpresa. Albert e Thomas notaram o que estava acontecendo e estacaram logo atrás de mim. E pode crer, eu nunca tinha visto David e Lena TÃO vermelhos! Foi hilário. Ainda mais depois que os garotos começaram “Ah, David, pegando a Lena!” e “Lena, que poderosa!” e os coros de “Tá namorando! Tá namorando!”.

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Estou no trem de volta para casa. Outro ano que passou voando.
David e Lena estão absolutamente INSUPORTÁVEIS com toda aquela babaquice de apaixonado – acho que eu também ficaria babaca se estivesse apaixonada, mas sinceramente, não obrigaria meus amigos a terem que presenciar esse tipo de coisa. Eles provavelmente me envenenariam em poucas horas, impulso que eu estou tentando, à custa, conter.
Mandy também está aqui, e anunciando toda orgulhosa que tirou Ó – ótimo – em todos os seus exames, exceto Defesa Contra as Artes das Trevas (E) e Transfiguração (A). Na verdade não é nenhuma surpresa para quem passou todas as horas de seu dia estudando durante cerca de dois meses. Mas ainda assim eu tive que dar os parabéns.
Estou aproveitando para fazer minhas últimas mágicas já que nos próximos dois meses eu ficarei sem minha varinha. À propósito, minhas matérias para o próximo ano são: Trato de Criaturas Mágicas e Adivinhação. Nada de trouxas nem de Runas.
Tenho que ir! Estou ganhando no Snap Explosivo contra o Thomas valendo uma caixa de sapos de chocolate.

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