Doente na ala hospitalar



Um raio de sol atravessou a janela e acordou Hermione que estava enrolada por dois cobertores muito grossos. A garota sentia muito frio, mesmo com o sol forte que brilhava lá fora. Ela se levantou vagarosamente e se arrastou para o banheiro, quando olhou para o espelho teve certeza que alguma coisa estava errada. A cor do rosto dela não estava mais ali, parecia mais um fantasma do que uma bruxa de tão pálida que estava. Levou a mão à testa e sentiu a própria quentura em que seu corpo se encontrava.
“Ótimo, Hermione. Doente no primeiro dia de aula”. A garota suspirou forte e derrotada. Tomou coragem e entrou de baixo do chuveiro.

Na mesa do café da manhã, Rony e Harry estranhavam o atraso da amiga justo no primeiro dia de aula, isso definitivamente não era coisa dela.
-Basta Harry, alguma coisa aconteceu. Hermione nunca se atrasaria no primeiro dia de aula. Eu vou pedir para Gina e no dormitório feminino e..
-Bom dia garotos.
Rony foi cortado por Hermione que sorria de uma forma estranha, um tanto forçada.
-O que aconteceu com você? Disparou o ruivo.
-Eu só me atrasei um pouco Rony.
-Não é disso que estou falando. Porque está tão pálida?
Hermione olhou para ele com uma cara de espanto. Ele realmente percebia essas coisas nela? Na verdade, ele sempre era o primeiro a perceber as mudanças dela.
-Bem, estou só com dor de cabeça..é só isso.
-Tem certeza?
O garoto tentou insistir na conversa e Harry percebeu como Hermione corava a cada pergunta do amigo.
-Estou bem, Rony.
O garoto, porem, parecia muito determinado. Levantou-se, deu a volta na mesa e sentou-se ao lado de Hermione. O coração dela batia tão forte, que doía mais do que a própria cabeça. “O que ele pensa que está fazendo?”. Sem rodeios e nem meias palavras, Rony colocou a mão na testa de Hermione. A garota sentiu-se derreter completamente, uma ardência nos olhos, uma pressão estranha no estomago.
-Você está pegando fogo!
-Ha? Como?
-Você está com febre Hermione! Está doente! Eu sabia!
Rony tinha uma expressão de vitorioso e preocupado ao mesmo tempo. Agora a sua mão estava segurando firmemente a mão de Hermione e nenhum dos dois parecia perceber isso, apenas Harry que observava a cena sem dizer nada. Harry estava ficando doido ou os dedos deles estavam entrelaçados?
-Vamos, Hermione!
Rony agora estava em pé, puxando a amiga pela mão.
-Ir para onde Rony?
-Para a ala hospitalar, é claro! Ou você pensa que vai assistir aula assim?
-Não Rony, eu não vou! Hoje é o primeiro dia, não posso faltar.
-Ora, Hermione. Não seja tão neurótica por estudos.
-Quem é neurótica, Ronald Weasley?
-Não vamos brigar agora, você não está bem.
Harry estava achando aquilo muito interessante. Os dois discutiam em frente a ele e a todos os alunos e a única coisa que enxergavam era um ao outro. Estavam de mãos dadas e muito próximos, Hermione tinha que ficar de ponta de pé para tentar se igualar a Rony que parecia mais seu namorado do que um simples amigo. Ela ainda insistia em ficar, mas o ruivo era mais forte do que ela e não a soltava.
-Me solte Rony.
-Não Hermione, você vem comigo. Não seja tão teimosa.
-Teimosa? Já não bastava “neurótica por estudos”?
Os dois estavam com cara amarrada. Rony abria e fechava a boca sem saber mais o que falar para convencer Hermione de ir para a ala Hospitalar. Os dois se olhavam furiosamente e ela conseguia se ver refletida naqueles olhos tão azuis. De repente ela começou a sentir uma tontura, foi perdendo a força das pernas e se desequilibrou para o lado de Rony. Harry não soube explicar, aconteceu muito rápido. Eles estavam brigando e do nada Hermione repousou a cabeça no peito de Rony que a abraçou instantaneamente e lhe deu um beijinho estalado na cabeça.
-Está bem, vamos.
Hermione sussurrou a ultima frase num fio de voz e com olhos fortemente cerrados.

Hermione estava deitada na cama ao lado da janela, o que a distraia daquele lugar vazio. Madame Pomfrey não deixara Rony ficar, por mais que ele tenha insistido. Ela já estava ali fazia horas e a única coisa que pensava era no abraço e o beijinho que Rony a tinha dado. Ele prometeu voltar para vê-la assim que as aulas acabassem e Hermione sabia que isso já estava perto de acontecer, pois o sol já estava se pondo. Ela queria acalmar o coração, tirar aquela ansiedade de dentro dela, mas a cada minuto que se passava ela sentia um alvoroço crescer só de saber que veria Rony. Mas o sol já tinha ido embora, a noite estava escura e a única claridade que invadia a ala hospitalar era a luz que vinha da lua. “Que idiota!” Hermione já havia amaldiçoado Rony de todas as formas por ele não ter aparecido e seus olhos estavam cheios de água, mas ela não queria derramar nenhuma lagrima por ele.

Ela adormeceu, mas acordou ao sentir um peso na cama. Abriu os olhos sem entender o que estava acontecendo, até sentir novamente alguma coisa se mexer no final da sua cama.
-Quem está ai?
Mas Hermione não teve nenhuma resposta. Ela não conseguia enxergar direito, pois estava muito tarde, mas ela sentia que mais alguém estava ali. Ela pegou a sua varinha que estava em seu bolso e empunhou para frente.
-Vamos, quem está ai?
-AI.
-O que?
Rony tirou a capa da invisibilidade com a mão no rosto.
-Você tinha que me machucar, não é?
-RONY! Me desculpe! Não sabia que era você, pensei que você não viria mais. Ei..o que está fazendo aqui? Já esta tarde!
-Calma, uma coisa de cada vez.
O garoto sorria, mesmo com o rosto espetado pela varinha de Hermione. Ela percebeu o que tinha feito e retirou a mão dele do rosto e pós a sua no lugar. Rony sentiu um arrepio percorrer o corpo com o toque da amiga.
-Não foi nada.
-Como não foi? Eu poderia ter ficado cego.
-Como sempre, você é exagerado.
Os dois riram.
-Mas, porque você não veio antes?
-Ha..alguns problemas.
-Probelmas? Que problemas?
-Bem, você sabe. Problemas.
-Ronald Weasley, o que você está escondendo de mim?
-Eu? Escondendo? Na-não é nada Hermione.
Os dois estavam sentados na cama um de frente para o outro e por mais escuro que
estivesse, Hermione conseguia ver os traços do rosto de Rony que era banhado pela luz da lua. O garoto estava ofegando e ela teve certeza que alguma coisa estava errada.
-Foi o Harry? Ele está bem?
-Calma Hermione, não foi nada com o Harry. Ele está bem.
-Então o que foi?
Eles olharam olho no olho e Rony não soube mais como dizer não, inspirou fortemente e disse num tom baixo.
-Lilá quis conversar.
Hermione sentiu uma dor dentro dela, estaria passando mal de novo? Aquela ardência nos olhos voltou. Ela desviou o olhar do garoto e se concentrou na lua que brilhava pela janela. Uma tristeza estava começando a invadir seu coração, uma vontade incontrolável de chorar estava crescendo.
-Mione?
Hermione ouviu Rony a chamar docemente, mas ela não virou, fingiu não ouvir. Ele então repousou a sua mão na dela e isso foi o bastante para ela se virar.
-Você não espera que eu pergunte “como foi a conversa” não é?
Hermione disse isso num tom denunciável de sarcasmo e ironia. Mas o seu rosto não era se uma pessoa com raiva, mas sim uma pessoa derrotada. Rony estava vendo coisas ou os olhos dela estavam cheios de água?
-Bem, a gente nem conversou muito, sabe?
-Não, não sei. Quer dizer que foi uma coisa física de novo?
-Não Hermione! Nada disso!
-Então o que foi?
-Hum..nada demais.
Ela fechou a cara de vez. Se Rony não iria contar, ela não ia ficar insistindo como uma desesperada para saber o que eles tinham conversado. Um silêncio pesado caiu sobre eles e Rony sabia que ele que tinha que quebrar ele, ao menos dessa vez.
-Ela queria saber se eu e você estávamos namorando.
Aquela frase pegou Hermione de surpresa. De tudo o que Lilá poderia querer falar com Rony, essa seria a ultima coisa que ela pensaria ser. Ela sentiu uma quentura no rosto e teve certeza que estava da cor dos cabelos do amigo. Antes de pensar duas vezes disparou:
-Que coisa estúpida!
Ela sentiu Rony se mexer desconfortável na cama. Ela não devia ter dito isso, não devia. A voz que ela ouviu vinda do amigo foi um tanto diferente da normal:
-É tão estúpido assim?
“Que tipo de pergunta é essa Rony?” ela pensou.
-Seria tão estúpido assim, a idéia de namorar comigo?
A pergunta que Rony fez a ela foi pior do que um tapa. Ela sentiu o coração comprimir e lágrimas descerem o rosto. Seria agora, depois de tanto tempo ela poderia tirar aquele peso de dentro de si. Um tremor involuntário começou, mas ela não voltaria atrás.
-Você sabe que não.
Um silencio mais que palpável caiu novamente entre eles. “Vamos Rony, diga alguma coisa” era tudo o que Hermione pensava. Mas o garoto a sua frente ainda processava o que tinha ouvido. O coração dela batia forte demais, estava para saltar fora do próprio corpo quando ela sentiu uma mão tremula segurar a sua.
-Eu te amo, Hermione.
As mãos deles se fecharam, os dedos se entrelaçaram como tinha acontecido de manhã.
-Eu também te amo Rony, sempre amei.
Agora o silencio era acolhedor, era doce. Eles alisavam a mão um do outro e conseguiam sentir perfeitamente a felicidade estampada em seus rostos.
-Rony, chegue mais perto.
Hermione pediu aquilo com uma voz tão tremida e indefesa que Rony se sentiu no dever de abraçá-la e protege-la. Foi exatamente o que fez. Agora os dois estavam abraçados e conseguiam sentir o coração um do outro bater fortemente. Hermione sussurrou no ouvido dele:
-Mais perto..
Rony não conseguiu mais se conter. Colocou a mão no rosto dela e a puxou para um beijo que esperou sete anos para acontecer. Era estranho sentir Hermione daquele jeito, mas ao mesmo tempo “Brilhante” pensou ele. A garota não cabia em si de tanta felicidade. Finalmente alisava aqueles cabelos ruivos que há tanto tempo a hipnotizavam. O beijo estava ficando mais rápido e à medida que o tempo passava eles arranjavam um jeito para se aproximarem mais e mais. Finalmente o ar acabou e eles tiveram que parar, mas o abraço permaneceu. Os dois se olhavam carinhosamente e sorriam de uma forma satisfeita. Não importava o ano difícil que teriam pela frente, pois eles estavam finalmente juntos e mais fortes do que nunca.

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