Eterno



Deitado em cima do telhado, ele observava as sombras da noite começarem a se sobrepor ao entardecer. A lua, recortada contra o céu como uma foice afiada, surgira com o sol ainda alto.

Sem aviso, uma garoa fina começou a cair. A brisa de fim de outono prenunciava uma noite bem fria. Uma noite para se passar com uma caneca de chocolate quente e outro corpo que o ajudasse a se aquecer.

Suspirando, Remo levantou-se. Passou as mãos pelos cabelos orvalhados, tirando-os do rosto para, em seguida, pular de volta para o chão. Com uma última olhada para a lua, ele entrou no casebre.

O silêncio quase opressor que o fizera deixar os livros em que estudava sobre a mesa e sair para apreciar a tarde voltou a envolvê-lo. Lentamente, ele abriu os botões da camisa molhada, estendendo-a sobre uma cadeira antes de se jogar no sofá.

Fechando os olhos, ele se deixou envolver por lembranças. Olhos verdes preocupados estendendo uma enorme barra de chocolate na direção dele. Se fizesse um pouco mais de esforço, podia até mesmo ouvir a voz de uma Lílian Evans menina, por volta do terceiro ano deles.

'Acredite, Remo, chocolate é a cura para todos os males. Não há nada melhor que chocolate quando se está triste, ansioso ou irritado.'

'Ela fala por experiência própria, Remo...', a voz de Susan também invadiu o pensamento dele, enquanto as risadas escandalosas dos outros marotos enchiam o ar.

Ele sorriu tristemente, reabrindo os olhos para fixá-los no teto descascado. Aquilo fora há tanto tempo... Teria sido real? Os risos, as brincadeiras... Será que ele não imaginara que fora feliz um dia para compensar a vida presente?

'- Acho que estou lendo filosofia demais... - ele observou para si mesmo, sentando-se e esfregando os olhos - Daqui a pouco vou começar a me perguntar se sou um lobo que sonha ser homem ou um homem que delira achando que é um lobo...

Riu sozinho ao próprio comentário. Se estivessem ali, Tiago e Sirius fariam alguma piadinha e Pedro arregalaria os olhos, tentando compreender o que fora dito.

Foi quando sentiu algo quente e salgado penetrar por seus lábios. Uma lágrima. O riso imediatamente morreu. Em seu lugar, um soluço escapou da garganta.

'- Porque... – ele se perguntou baixinho, enterrando o rosto nas mãos – Porque justamente quem mais merecia morrer foi o único que ficou vivo? Porque não eu? Porque Tiago, Lily, Pedro... Sirius? – outra lágrima escorreu – Os marotos... Nós acreditávamos que o tempo jamais nos derrotaria. Que seríamos eternos... Eternidade...


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12 de junho de 1979
Remo entrou pelos portões de Hogwarts cheio de pergaminhos sob o braço, um leve sorriso nos lábios. Sempre era um enorme prazer estar novamente no castelo. Ele caminhou calmamente pelos corredores, na direção do escritório de Dumbledore, a quem deveria entregar aqueles papéis.

Tão distraído ele ia que, quando uma morena passou correndo por ali, ele só foi percebê-la quando a cabeça dela bateu com violência em seu estômago. Os dois caíram sentados no chão, ele quase sem ar, ela acariciando a cabeça, os papéis todos espalhados pelo chão.

'- NINFADORA! O que foi que eu lhe disse sobre correr pelo castelo!

'- Desculpe, mamãe! - ela respondeu, levantando-se e olhando para o "obstáculo" em que batera no caminho e empalidecendo ao perceber quem era.

Uma mulher surgiu no corredor de onde a garota viera. Os cabelos negros e os olhos azuis não deixavam dúvidas sobre a linhagem de Andrômeda Black, ou melhor, Tonks.

'- Desculpe pela minha filha. - a mulher disse, enquanto recolhia alguns papéis para entregá-los a Remo - Ela costuma fazer muita confusão por onde passa.

Remo assentiu, sem tirar os olhos da garota, que catava os pergaminhos do chão para não ter que encará-lo.

'- Você é a prima do Sirius, Andrômeda, não? - ele perguntou educadamente para a bruxa mais velha.

'- Sou, porque? - ela perguntou curiosa.

'- Eu sou amigo dele. Remo Lupin.

'- Aluado? - ela perguntou com um sorriso - Sirius já me falou muito sobre você. Ninfadora, venha conhecer...

'- Eu já o conheço, mamãe. - ela respondeu sem se virar - E, por favor, não me chame de Ninfadora.

Andrômeda suspirou antes de virar-se novamente para Remo.

'- Imagino que esteja aqui para ver Dumbledore?

Ele assentiu.

'- Eu preciso entregar esses papéis para ele.

'- Ele está na sala de Transfiguração com McGonagall. Estávamos justamente conversando com ele e... - a mulher bateu na própria testa - Céus, esqueci minha bolsa! Ninfadora, espere aqui, eu já volto.

'- Não me chame de Ninfa... Esquece. - a morena respirou fundo quando sua mãe desapareceu no corredor.

'- Parece que você tem a quem puxar, não? - Remo observou quando ela lhe entregou os últimos pergaminhos que estavam no chão.

'- É verdade. - ela respondeu simplesmente - Está aqui por causa da Ordem?

'- Como? - ele perguntou assustado.

'- Por causa do meu dom, Dumbledore decidiu me colocar sob a proteção da Ordem. Ele acha que eu posso estar em perigo se alguém descobrir que além de ser filha de um trouxa, eu sou uma metamorfomaga.

Remo assentiu, observando os olhos dela agora que Tonks finalmente levantara a cabeça para ele. Dessa vez eles estavam tão azuis quanto os de Sirius e Andrômeda. Sem perceber o que estava fazendo, Remo se inclinou levemente, roçando os lábios da garota, que o observava surpresa. Mal ele se endireitou, a mãe da garota ressurgiu.

'- Bem, Lupin, foi um prazer conhecê-lo. Vamos, Ninfadora.

Dessa vez a garota não se deu ao trabalho de contestar o nome, apenas seguiu a mãe em silêncio, sem entender o que acontecera. Remo observou ela desaparecer antes de seguir pelo corredor que o levaria até Dumbledore.

Quando chegou à sala que Andrômeda indicara, ele encontrou Dumbledore sozinho. O diretor parecia tão pensativo que sequer notou a entrada do ex-aluno até que Remo depositasse a mão sobre o ombro dele.

'- Professor Dumbledore?

Os olhos de safira do professor piscaram repetidamente antes de se focarem sobre o rapaz.

'- Remo. Eu estava esperando você.

Remo assentiu, dando ao professor um sorriso cansado antes de depositar os papéis que trouxera sobre uma mesa e sentar-se de frente para ele.

'- O senhor parece bem preocupado hoje.

'- Temo que estejamos chegando a um ponto crítico... Alguma coisa estranha está acontecendo... – Dumbledore suspirou – Eu espero sinceramente estar errado, mas...

'- O que...

Dumbledore meneou a cabeça.

'- Esqueça, senhor Lupin. São apenas receios de um velho que, por conta da vista embaçada, começa a ver sombras por todos os lados.

Remo estreitou os olhos, tentando entender o que o diretor queria dizer com aquilo, mas, no instante seguinte, Dumbledore começou a analisar os papéis que ele trouxera e a perguntar sobre detalhes das últimas missões da Ordem, e ele teve que desviar sua atenção para responder ao professor.


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A lâmina rebrilhou à parca luz da única vela que lhe sobrara, quase como se o chamasse. Ele remexeu-se inquieto no sofá, tentando encontrar uma posição para o corpo cansado. Aparentemente o sofá, assim como a cama, não resolveria seu problema de insônia.
Levantou-se, espreguiçando-se. Estava cansado, fraco... Mas todos os seus sentidos permaneciam alertas. Não faltava muito para que a lua cheia chegasse.

A faca voltou a rebrilhar, recapturando sua atenção. Respirando fundo, ele se aproximou da mesa.

E por que não, afinal de contas? Por que não findar de uma vez por todas com sua existência miserável? Ele não tinha utilidade alguma vivo. Perdera a família, perdera os amigos, perdera até mesmo...

Mordeu os lábios, como se aquilo pudesse impedi-lo de pensar nela. Ela não voltara a procurá-lo depois daquele encontro no Três Vassouras. Agradecia a todos os deuses que pudessem existir por terem-na tirado do seu caminho... Ou ele acabaria por ceder ao carinho dela. E, definitivamente, ela não merecia se prender eternamente a uma aberração como ele.

Um sorriso amargo cruzou seus lábios. Perdera tudo. Porque também não a vida?

Menos relutante, ele finalmente puxou a faca para si. Experimentou o corte dela na palma da mão. Imediatamente um filete de sangue começou a escorrer.

Ele não se importou com a dor aguda do corte e, lentamente, foi descendo a lâmina para o pulso, aumentando o talho e banhando-se no líquido rubro que escapava. Estava muito próximo à artéria... Só mais um pouco...

Um canto triste soou não muito longe. Remo deixou a faca cair no chão com estrépito quando Fawkes, vinda do nada, pousou suavemente sobre a mesa.

A fênix o encarou pensativamente antes de se aproximar. Com um sorriso triste, Remo permitiu que ela encostasse a cabeça à sua palma e vertesse sobre o corte grossas lágrimas peroladas.

O que ele tentara fazer? Como pudera chegar a ponto de ter uma atitude tão covarde?

O corte não demorou a fechar, sem deixar sequer cicatriz, mas as roupas sujas de sangue, assim como o chão e a lâmina da faca não o deixariam esquecer e pensar que a dor latente no braço era parte de um delírio.

Fawkes voltou a se aprumar e encarou o homem a sua frente com os grandes olhos escuros.

'- O que aconteceu, Fawkes? – Remo perguntou, acariciando a cabeça da ave – Eu não te vejo desde o fim da guerra e a dissolução da Ordem. Dumbledore quer alguma coisa?

Um gorgolejo baixo foi a resposta. Remo sorriu.

'- Bem, não vamos deixar o professor esperando, não é mesmo? Deixe-me trocar de roupa e procurar um pouco de flu e já estarei lá.

Fawkes observou os preparativos de Remo com curiosa atenção. Quando finalmente se viu pronto, ele acendeu a lareira com a varinha e logo jogou um pouco de flu nas chamas, que se tornaram verdes. Respirando fundo, ele deu um passo para dentro delas.

'- Hogwarts!


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31 de julho de 1980
'- D. Mimi? – Remo perguntou, fechando a porta atrás de si e encarando a velha senhora que acabara de passar por ele apressada.

Ela se virou imediatamente, encarando-o.

'- Ah, graças a Merlin. Venha, Remo, Tiago está...

'- Tiago foi ferido? – ele perguntou, ansioso.

Miriam Potter meneou a cabeça.

'- Lílian entrou em trabalho de parto. E Tiago está prestes a desmaiar enquanto espera.

Remo assentiu.

'- Espere só um instante, Dona Mimi, eu sei de uma coisa que vai ajudar.

Ele voltou a entrar na enfermaria em que estivera até poucos instantes atrás e pegou um frasco que uma das enfermeiras deixara junto à cama dele mais cedo. Em seguida, ele seguiu Miriam pelos corredores, até encontrar Tiago praticamente deitado no chão com uma careta que seria cômica, não fosse o momento, e Sirius ao lado dele.

'- Remo? – Sirius perguntou assim que reconheceu o amigo - O que está fazendo aqui?

'- Até ontem foi lua cheia. Eu estou no hospital para me recuperar. - Remo se ajoelhou ao lado de Tiago - Cheira isso, Pontas.

Ele colocou o pequeno frasco sob o nariz de Tiago e, lentamente, a cor foi voltando às faces do maroto. Míriam os observou por alguns instantes e, em seguida, entrou pela porta onde, Remo imaginou, Lílian estaria.

Os três marotos permaneceram em silêncio no corredor do hospital. Tiago continuou sentado molemente no chão, os olhos fixos no nada. Sirius observava-os pelo canto dos olhos, uma rusga de preocupação na testa.

Sentado ao lado de Tiago, Remo observava a porta fechada, atento aos mínimos ruídos que escapavam do aposento à frente. Conversas sussurradas, algumas exclamações de estímulo... Lílian não devia estar tendo um parto fácil...

Eram quase duas da manhã quando a porta voltou a se abrir, deixando duas curandeiras mais Miriam e Susan passarem.

'- Ela quer vê-lo, meu filho. - Míriam sussurrou para Tiago.

O moreno se levantou lentamente, ajeitando os óculos sobre o nariz e passando para o quarto em que a esposa estava. Sirius começou a andar de um lado para o outro enquanto Susan e Miriam o observavam divertidas.

'- Porque não me deixaram entrar também? – Sirius perguntou ansioso.

Miriam não conseguiu segurar a risada enquanto Susan meneava a cabeça.

'- O fato de Tiago ser o pai e você não te diz alguma coisa, Almofadinhas? – Remo perguntou com um meio sorriso.

'- É, mas eu sou o padrinho! Eu tenho direito de conhecer meu afilhado! – Sirius parou no meio do corredor, olhando para a porta fechada – Ah, que saber de uma coisa... Eu estou entrando!

'- Sirius, não...

Antes que Susan pudesse segurar o moreno, Sirius entrou intempestivamente no quarto onde Tiago sorria embevecido para o filho. Lílian virou-se para o amigo, que estava parado, olhando para o pequeno embrulho nos braços de Tiago, enquanto os rostos de Susan e Remo apareciam na porta.

'- Bem, Harry, parece que você tem visitas. – Lílian, ainda sorrindo, observou com a voz cansada.

Tiago virou-se para Sirius, os olhos extremamente brilhantes. Provavelmente estava fazendo muito esforço para segurar as lágrimas.

'- Olha, Harry... Veja quem veio te conhecer... O cachorrão...

Sirius aproximou-se relutantemente enquanto Miriam Potter praticamente empurrava Remo e Susan para dentro do quarto e voltava a fechar a porta.

'- Hey, garotão... – Sirius sussurrou, observando a face do afilhado – Então você finalmente nasceu?

Harry deixou um gritinho escapar da garganta e levantou a mãozinha gorducha na direção do padrinho. Um sorriso cruzou os lábios do pequeno no momento em que Sirius deixou que ele tocasse sua mão.

Remo sorriu. Gostaria de ter uma máquina fotográfica naquele momento. Não sabia quem podia considerar mais babão: se Tiago Pontas Pai ou Sirius Almofadinhas Padrinho...


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Dumbledore o observou argutamente por cima da xícara de chá.
'- Professor, o que o senhor me propõe é um risco, uma irresponsabilidade grande demais, eu... – Remo tentou encontrar as palavras certas, mas estava tão surpreso que se tinha perdido completamente.

'- E você sempre foi capaz de arcar com essas grandes responsabilidades, senhor Lupin. – Dumbledore observou com um sorriso bondoso.

'- Eu estaria pondo em risco a vida dos alunos... Professor, eu não...

O velho diretor levantou-se lentamente.

'- Creio que se lembre de William Bagnold, Remo.

O homem mordeu os lábios. Como se esquecer daquele que fora sua única esperança?

'- Sim, professor Dumbledore, eu me lembro dele.

'- Antes de morrer em circunstâncias até hoje não esclarecidas, William Bagnold deixou rascunhos de uma complicada poção... Uma poção da qual o senhor foi a primeira cobaia.

Remo apenas assentiu a cabeça, incerto sobre os rumos que a conversa estava tomando.

'- Remo, se eu dissesse que temos em Hogwarts alguém com capacidade suficiente para fazer uma poção “mata-cão” ainda mais eficiente que aquela que você experimentou há oito anos? Que permitiria você se recolher tranqüilamente a sua sala como um lobo inofensivo durante a lua cheia... Você aceitaria?

'- O que o senhor quer exatamente, professor Dumbledore?

Dumbledore suspirou.

'- Remo, você sabia que Harry Potter está aqui em Hogwarts? Ele deverá embarcar hoje para casa, depois de enfrentar, pela terceira vez, Lorde Voldemort.

Remo respirou fundo, finalmente entendendo o que Dumbledore desejava.

'- Acha que Harry esteja em perigo, professor?

O diretor sorriu.

'- Não exatamente. Ele precisa apenas ser treinado, Remo. Ele precisa de alguém que possa guiá-lo um pouco mais de perto do que eu posso fazê-lo.

Ele desviou o olhar para a janela e Remo o seguiu. O céu parecia radiante lá fora, muito diferente da maneira como ele se sentia naquele instante.

'- Eu posso caminhar um pouco, professor? Depois eu lhe darei minha resposta.

Dumbledore assentiu, ainda com um enigmático sorriso no rosto. Assim que se viu fora da sala do diretor, ele se enfiou em uma das muitas passagens do castelo que conhecia de cor. Por alguns instantes, ele lembrou-se do mapa do maroto. O que teria acontecido a ele? Filch ainda o teria guardado em seus arquivos?

Finalmente ele chegou ao fim da passagem. Estava em um dos dormitórios da torre grifinória. O dormitório que fora dele durante sete anos.

Sem deixar o nicho em que se abrigava, ele observou dois garotos conversarem. Estavam arrumando seus malões. O mais alto, ruivo e cheio de sardas, conversava com um moreno, que estava de costas para ele.

Remo estava para deixar seu pequeno esconderijo quando o moreno se virou e ele pode contemplar o rosto de Tiago Potter.

Os dois garotos riram de alguma coisa enquanto Remo meneava a cabeça. Não, aquele não era seu amigo. Era o filho dele. Harry Potter. Seria coincidência demais o fato de Harry ocupar o mesmo dormitório que fora deles há cerca dedezessete anos?

Respirando fundo, ele retrocedeu na passagem até chegar a uma tapeçaria próxima á biblioteca. Imediatamente, ele se encaminhou de volta para o escritório de Dumbledore. O diretor estava na mesma posição em que ele o deixara, com o mesmo sorriso misterioso, como se soubesse exatamente o que o ex-aluno fora fazer.

'- Professor...

'- Você o viu, não foi mesmo? – Dumbledore perguntou, antes que Remo pudesse dizer alguma coisa – Ele é a réplica exata de Tiago. Exceto pelos olhos. Os mesmos olhos da guardiã.

Remo suspirou, assentindo.

'- Creio que eu deva isso a eles, professor. – ele disse em um murmúrio – Eu aceito sua oferta. Serei seu próximo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Dumbledore assentiu.

'- Você quer conhecer sua sala? Nosso antigo professor já a desocupou.

Remo meneou a cabeça.

'- Preciso acertar algumas coisas. Estarei aqui quando começarem as aulas. Com a sua licença, professor, eu vou voltar para casa agora.

O professor concordou com a cabeça e Remo voltou para a lareira, onde as chamas verdes já o esperavam. Poucos minutos depois estava de volta em casa.

Ele rapidamente andou até o quarto, puxando de uma gaveta na cabeceira de sua cama alguns papéis caprichosamente amarrados com uma fita de cetim vermelha. Com cuidado, ele desamarrou o pequeno pacote, deixando livres algumas cartas e fotos.

Remo observou uma das velhas fotografias com carinho. Lílian piscou os olhos verdes para ele, os incríveis olhos verdes que ele vira naquele mesmo dia no filho dela. Tiago abraçou a ruiva e acenou, rindo. Um pouco mais atrás, Selene, Emelina e Alice apontavam para os dois, fazendo cômicas caras de surpresa.

Susan estava sentada na mesa da Grifinória e Sirius estava no banco, quase encostado às pernas dela. Pedro aparecia mais atrás, olhando o salão principal vazio. Remo não estava na imagem porque fora ele quem a tirara.

Aquela foto fora tirada no dia em que Lílian afinal assumira o que sentia pelo grifinório. Quase toda Hogwarts viera abaixo quando eles entraram de mãos dadas. E quando ele roubara um beijo e ela não começara a gritar, aí parecia que o mundo tinha parado de girar.

Agora eram tempos tão diferentes... Tudo aquilo parecia tão distante... E, ao mesmo tempo, tão próximo. Quase podia ouvir os sussurros dos sonserinos quando eles passavam no corredor. "Escória. Mestiços. Sangue-ruim".

Gostaria de entender porque tanto preconceito. Porque tanta loucura. Porque tanta tristeza.

Um sorriso escapou de seus lábios, e ele sentiu-se feliz com a possibilidade de ser útil de alguma maneira, como se aquele encontro com Dumbledore e Harry tivessem apagado os desejos que ele tivera na noite anterior.

Ele não estava errado quando pensou que os marotos seriam eternos. Os laços que os ligavam ainda se faziam presentes naquele castelo. E Harry estava lá, para herdar tudo o que eles tinham deixado para trás.

Sim, eles seriam eternos. Os marotos jamais seriam esquecidos. Jamais...


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Pois é, pessoal... O próximo é o último capítulo da saga de Hades. Enfim vocês saberão o que aconteceu com Susan. O quanto eu enrolei até chegar a esse ponto, não?

Beijos a todos!

Silverghost.

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