Almoço a moda Wesley!
Cap. 7 – Almoço a moda Wesley!
- Hunf! Quem ele pensa que é?
Hermione andava de um lado a outro, no hall de frente a escada da casa, esperando Harry terminar de se arrumar. Eles haviam intercalado seus horários para utilizar o banheiro sem precisar se encarar por muito tempo.
A mulher usava um vestido branco de seda, até o joelho, e em forma de tubo, que a deixava muito atraente, se moldando ao sue corpo e camuflando suas formas. Em seus pés reluzia um lindo escarpam (?) semitransparente, que na sua opinião eram o par de sapatos mais lindos do planeta. E seus cabelos amarrados para trás faziam com que as delicadas linhas de sua face pudessem ser mais bem admiradas.
- Hem hem – alguém tirou-a de seus pensamentos – Vamos logo! Ou vai continuar ai andando de um lado para o outro, tentando furar o chão? – a voz de Harry saiu seca.
“Obrigada por dizer que estou linda!”, pensou irônica.
Ele não esperou a mulher, apenas se retirou, indo em direção a garagem. Entrou num pequeno conversível prateado de dois lugares. Hermione se sentou no outro banco, apertando o cinto.
O caminho foi praticamente todo em silencio, o casal quase soltava faíscas por estarem juntos num lugar tão exíguo. Mas mesmo assim a mulher não conseguia parar de espiar com os cantos dos olhos o homem ao seu lado. “Também. Quem manda ele se vestir tão bem?”.
Harry usava uma camisa branca sem mangas, deixando seus braços e ombros esculturais a mostra. Uma calça jeans simples, meio folgada e desbotada lhe cobria as belas pernas, e um par de tênis pretos com listras cinzas estavam em seus pés. Também levava um casaco preto, para o caso de sentir frio.
- Por que esta me olhando? – seu tom de escárnio tirou Hermione do mundo da lua – Parece que nunca me viu.
Ela ficou calada (não queria mais uma briga, por enquanto), sentindo apenas o vento roçar-lhe a pele, mudando seu foco de visão para a estrutura da cidade, que passava em alta velocidade.
Saíram da área urbana, depois entrando numa estrada de barro acidentado. Mais alguns minutos e o carro começou a ir mais devagar.
- Chegamos! – anunciou e se retirou. Harry não parecia muito disposto a aturar a esposa mais um segundo sequer.
Bateram na porta da casa e esperaram. O local não tinha mudado em nada, parecia até ter parado no tempo. O mesmo jardim desgrenhado, a mesma casa que parecia preste a cair. Só faltava constatar se a família ainda estava do mesmo jeito de antigamente.
- Oi! – uma Gina toda descabelada e vermelha abriu a porta – Vamos, entrem. O Matt tava dando um trabalhão pra tomar banho!
Hermione notou o olhar da mulher pousar em Harry e sentiu um aperto na boca do estômago, puxando instintivamente sua mão, ao que ele, mesmo chateado, não recusou.
- Algum problema? – ela havia se voltado pra Hermione.
- Não! Por que? Deveria? – respondeu apressadamente.
- Não... Claro que não. Entrem!
Hermione notou que ela estava toda sorrisos, quando foi abraçá-la, e quase teve um piripaque quando esta abraçou Harry.
- Hei! Vamos logo almoçar, ok? – disse carrancuda, indo em direção a cozinha (ou onde lembrava ser).
- Finalmente vocês chegaram! – a inconfundível voz de Rony ressoou – A mamãe disse que a gente só ia tocar na comida quando todo mundo chegasse.
- Rony! – ela ia abraçar o amigo (a mágoa da briga quase esquecida) quando sentiu ser puxada por alguém para um abraço.
- Finalmente chegaram, hein?! – uma voz feminina desconhecida ecoou por seus ouvidos. Depois num sussurro: - Não chegue muito próximo ao Rony hoje. A Luna quase me socou quando fomos nos cumprimentar. Sabe, os hormônios do fim da gravidez estão aflorando nela.
A mulher foi solta do abraço e seu queixo quase caiu, ao constatar com quem estava falando.
- Parkinson? – chegou até a arfar.
- Não! Papai-noel! – respondeu rindo.
Encontrar Draco Malfoy beijando Gina havia sido muito estranho. Mas quando Hermione viu Pansy-Parkinson-não-mais-tão-cara-de-buldogue-assim beijando Carlinhos, teve quase certeza que estava dentro de um pesadelo.
Olhou ao redor apenas para constatar que não havia mais nenhum sonserino ali. Fora Draco, que tomava um drinque com Rony (“Milagre!”), Pansy Parkinson era a única sonserina ali presente.
- Não mais Parkinson, ok? Weasley! – ela sentou no colo de Carlinhos. Uma aliança reluzindo em seu anelar.
- Então esse é o jogador que levou os Chudley Canons ao topo da parada mundial! – Harry cumprimentou o amigo.
- Que é isso... Você sabe que todo o time é muito bom! – respondeu com falsa modéstia.
- Não seja modesto, Rony! Você sabe que esse time sempre foi horrível! Se não fosse por você... – disse rindo.
- Não comece Harry! – fechou a cara.
O Senhor Weasley alcançou Harry, abraçando-o.
- Nunca mais veio visitar os velhos amigos, hein?!
- Artur Weasley! Que saudades. Nem venha com essa, não faz nem um mês desde a minha última visita.
- E essa daqui? – logo após puxando Hermione para outro abraço – Está mais bonita a cada dia que passa. Nem parece mais aquela garotinha que conheci há uns anos atrás.
- Obrigada, Senhor Weasley. – respondeu sem jeito.
- Senhor Weasley? Meu Merlin, criança. Quanta educação! Estamos entre amigos, quantas vezes preciso lhe dizer isso?
- Fiu fiu! – Gui entrou pela porta da cozinha.
- Cuidado Gui! – Rony disse ao ver Harry fuzilando-o com os olhos – NUNCA assobia a Hermione! Não tenho certeza de que conseguiria segurar Harry.
A mulher sentiu as bochechas queimarem.
- Mas UAU, ela merece! – ao que a cumprimentou com um acendo de cabeça, o mais distante possível de Harry. - Eu sempre me pergunto como ela foi escolher logo o Harry, com tantos homens no mundo. Você tem muita sorte, cara!
- E a Fleur? Onde está? – Luna se pronunciou, após cumprimentar o casal. Sua barriga estava extremamente avantajada, assim como seus seios, o que indicava que outro Weasley estava prestes a vir ao mundo.
- Ela ta ajudando a mamãe lá fora. – no jardim as duas arrumavam uma grande mesa para o almoço (“Desde quando elas se dão tão bem?”). E num suspiro disse: - Ela ainda acha que é muito cedo para termos filhos!
- Por falar nisso... Gin, cadê o Matt? – Draco se voltou para a esposa.
- Por Morgana! Esqueci ele no banho! Tomara que Fred e Jorge não tenham inventado de testar aquelas bugigangas nele. – Sumiu como um raio pela escada.
- Hei! Rony, onde está Raquel? – Luna se dirigiu ao marido.
- Por Merlin! – Rony arregalou os olhos, seguindo o mesmo caminho da irmã.
- HARRY! Você já chegou?! – a Senhora Weasley havia aparecido na porta – Estávamos apenas esperando vocês chegarem. – Limpou os pés no tapete, antes de entrar e abraçar o homem.
Se dirigindo a Hermione: Por todos os bruxos! Nunca vi uma mulher tão bem vestida! – abraçou-a – Como vai, criança?
- Bem, obrigada. – respondeu num sussurro.
- Vocês estão parecendo tão afastados hoje! – constatou a Senhora Weasley.
- Se eu fosse você Harry, nunca ficaria mais do que dez centímetros dela! – brincou Gui – Mulheres bonitas, inteligentes e bem sucedidas são muito raras!
Ao que Harry respondeu lançando-lhe olhares mortais.
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah! – o grito de Gina quase fez A Toca estremecer.
- Hunf... O que eles aprontaram dessa vez? – bufou Draco – Na última visita as crianças ficaram verdes por dois dias inteirinhos. – e subiu as escadas, indo em socorro da esposa.
- A propósito... Vamos almoçar? – a Senhora Weasley sorria de orelha-a-orelha – Ah! Gui, querido, Fleur tem algo muito importante pra lhe contar!
Hermione seguiu a família em direção ao jardim, onde havia uma gigantesca mesa embaixo de duas árvores antigas, coberta de uma comida que parecia deliciosa.
Todos se sentaram e começaram a conversar alegremente. Era impressionante o quão bem eles se davam!
Hermione sentou ao lado de Harry, mas estes não trocaram um olhar sequer. Era como se existisse um muro de concreto entre os dois! Ela tentou não da muita atenção àquilo, se concentrando na conversa sobre a mesa. Talvez conseguisse ouvir algo interessante, quem sabe até ajudando-a a encontrar uma saída pra todo aquele caos em sua vida.
- Se você estivesse com o Matt nada disso teria acontecido! – Gina ia em direção a mesa, enquanto gritava com Draco, que seguia em seu encalço – Ah, nããão! Mas você tinha que ir beber com o Rony...
- Por Morgana, Gin! Você foi quem disse que ia dar um banho nele! – argumentava.
- Eu disse isso porque você estava ocupado demais pra prestar atenção no seu filho!
- Hunf! Seus irmãos aprontam e EU sou quem sofro as conseqüências?
- CALADO! Eu não quero ouvir sua voz!
- Ah, certo! Mas hoje a noite não venha atrás de mim pra satisfazer suas necessidades básicas. – um sorrisinho brincava em seus lábios.
- O QUE?! – ela se voltou para o marido, os olhos arregalados e bochechas vermelhas, consciente de que todos na mesa haviam ouvido a discussão, dando-lhe uma joelhada nas partes baixas.
- Oh! – foi o que Draco conseguiu pronunciar logo após o ocorrido. Ela seguiu pra mesa, sentando-se ao lado da mãe.
- Ela me ama! – disse indo sentar ao lado da esposa.
- Foi só eu, ou alguém aqui também não entendeu o porquê da briga? – perguntou Pansy, finalmente descolando os lábios dos de Carlinhos.
De repente Matt e Raquel saíram da casa, correndo felizes e sorridentes. Seus cabelos tão espetados, que dava a impressão de haverem sido eletrocutados, estilo black power. Totalmente azulados.
- Retiro o que eu disse! – a mesa desatou em gargalhadas.
Um Rony com cara de cansado também saiu pela porta da cozinha, seguindo para a mesa, sendo acompanhado por Fred e Jorge, que tinham semblantes culpados.
- Tio Harry, tia Hermione! – Matt abraçou-os (Raquel tinha ido em direção à mãe, que estava com uma cara de que esganaria os gêmeos a qualquer instante!) – Que saudade!
Eles deram um sorriso amarelo ao garoto, seus olhares sem se encontrarem; Voltaram-se para seus pratos.
De repente, toda a mesa se calou, ninguém se atrevia a quebrar o silencio momentâneo. Até que Draco se virou pra sua esposa e a Senhora Weasley e sussurrou:
- Sou eu, ou o Potter e a Granger brigaram?
Alguns olhares saíram do casal e se voltaram para ele, interrogativos. A Senhora Weasley inspirou, olhando para o casal, e perguntou cautelosamente:
- Meus queridos. Aconteceu alguma coisa?
Os olhos do casal se encontraram pela primeira vez, desde que haviam entrado na casa. E isso fez com que o coração de Hermione acelerasse, aumentando sua respiração. Mas Harry quebrou o contato, respondendo friamente:
- Não. Por que? – ao que ela sentiu uma pontada de tristeza.
A mesa pareceu parar de respirar, até Molly responder:
- Por nada. – sua voz saiu embaraçada, meio constrangida – É só que... Ah, deixa pra lá!
Todos se voltaram para seus pratos, fazendo o silencio constrangedor continuar. Até que, aos poucos, a conversa retornou a mesa.
Todos estavam animados novamente! A Senhora Weasley ralhando de quando em quando com os gêmeos, enquanto eles juravam que o efeito de seus logros nas crianças só duraria mais algumas horas.
- É por isso que vocês continuam encalhados até hoje! Quem é que se casaria com dois monstros como vocês? – ela balançava a cabeça, cansada – Não sei como EU aturo vocês.
- Mamãe, você nos ama, esqueceu? – disse Jorge.
- E não estamos encalhados, não! – a Senhora Weasley levantou a cabeça, quase sonhadora, enquanto Fred continuava.
- Estamos solteiros, livres, desimpedidos... A procura de um grande amor. – abaixou a cabeça novamente, derrotada.
- É isso ai... Além do mais, estamos muito ocupados com os negócios. – Jorge.
- Falando em ocupação, onde está aquele amigo de vocês? O lobisomem? Ele nunca falta a esses almoços Weasley! – Pansy se desgrudou novamente de Carlinhos (“Eles parecem até um só!”, Hermione pensou com uma pontinha de inveja.) – Será que aconteceu alguma coisa? – ela estava (definitivamente) muito diferente do que Hermione se lembrava. Mesmo ajudando o lado da Luz durante A Guerra, Pansy Parkinson nunca havia se dado muito bem com a mulher, e menos ainda com os Weasley.
- Não! – Draco respondeu – Ele não pôde vir porque ta fazendo um tratamento, ou algo assim... Harry e Hermione sabem explicar melhor, – a mulher arregalou os olhos – já que ele é cobaia-teste dos dois.
A mesa se virou novamente para o casal, esperando respostas. E Hermione se virou para o homem ao seu lado, pois, além de também querer saber, não teria respostas se a pergunta fosse feita diretamente a ela.
- Bem, nós não queríamos que a história se espalhasse, mas como estamos em família acho que não vai haver problema... O negócio é que eu e Hermione fizemos um levantamento sobre a licantropia através dos tempos, e descobrimos alguns furos. Acabamos desenvolvendo um tratamento para amenizar os efeitos de Lua Cheia. E como não havíamos testado ainda, ele se ofereceu para ser nossa cobaia. – ele pensou um pouco e acrescentou: - É claro que a Tonks só deixou ele fazer isso depois de nós conseguirmos convencê-la que Lupin não correria risco de vida.
- UAU! – Fred se levantou com um copo na mão.
- Isso ai! Vamos fazer um brinde ao nosso casal! – Jorge o acompanhou. – Que é isso galera, levantem suas taças com a gente. – acrescentou ao ver que todos continuavam sentados.
- Ao casal Inominável mais inominável no mundo bruxo. – Fred.
- Que vai salvar todos os lobisomens da face da Terra. – Jorge.
- Que é isso garotos, a gente só vai fazer o sofrimento deles ser menor. – Harry tentou impedir, mas já era tarde. Todos estavam se levantando.
- AO CASAL INOMINÁVEL MAIS INOMINÁVEL DO MUNDO BRUXO! – brindaram, brincando.
Hermione continuava sentada, tentando absorver o que ouvia. “Será que eu entendi direito?”, pensava, até que Matheus se virou pra Gina e perguntou:
- Mamãe, o que é um Inominável? – ao que ela respondeu:
- É uma pessoa que trabalha desvendando os segredos da vida, meu bem. Você vai entender melhor quando crescer.
Aquele pequeno diálogo bastou para a mulher ter certeza de havia entendido corretamente. “Então nós somos Inomináveis?”, olhou admirada pra Harry, enquanto eles começavam a entoar:
Weasley é nosso rei,
Não deixou a bola entrar
Weasley é nosso rei...
Quase não se podiam ouvir os protestos de Rony, tamanha a algazarra.
Weasley defende qualquer bola
Nunca deixa o aro livre
É por isso que os Chudley Canons cantam
Weasley é nosso rei.
O homem começou a correr antes que o hino acabasse, mas foi alcançado por montes de comida jogados por quase todos na mesa.
- Achou que ia escapar dessa, Weasley? – Draco quase caia de tanto rir, assim como os outros.
- Eu detesto quando vocês fazem isso. – bufava se dirigindo a cozinha para se limpar – Da até vontade de não ganhar um jogo nunca mais...
Hermione olhava admirada a cena (era como se eles fizessem isso a cada partida vencida), quando sentiu alguém segurar forte em seu cotovelo.
- Acho que essa é a nossa deixa para ir embora. – Harry disse em seu ouvido, fazendo ela desejar tocá-lo ainda mais. Mas este já a havia soltado, e rumava para frente da casa, em direção ao carro. Então ela recebeu todos os tchau’s possíveis e o acompanhou.
O caminho de volta foi praticamente do mesmo jeito do de ida, a única diferença foi que dessa vez nenhum dos dois falou nada.
Chegando em casa, Hermione rumou pro quarto, enquanto Harry foi à sala fazer qualquer coisa, que pra falar a verdade ela nem se importava em saber o que era.
Continua...
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