mal-entendido



Estavam de pé um em frente ao outro. O silencia entre eles era completo e a única claridade vinha da lareira. Rony estava com os punhos cerrados de tanto nervosismo. Tentava olhar para a amiga que apenas olhava para o lado. Ele então inspirou bem fundo como se isso pudesse de alguma forma lhe engrandecer de coragem. Era agora. Ele tinha que dizer tudo o que sentia por ela, confessar todo o sentimento que passou anos trancados dentro de si.
-Hermione..
-hum?
Rony a chamou timidamente e Hermione respondeu secamente sem encará-lo. O garoto ficou um pouco decepcionado com a reação da amiga, mas não ia voltar atrás de sua decisão.
-Sabe..sobre aquele dia, é que..
Mas antes que Rony pudesse terminar a frase Hermione se virou pela primeira vez e encarou-o fazendo o coração do garoto se comprimir e a coragem que sentia se esvaziar. Ela estava muito seria e o seu olhar o deixava desconcertado. Ele continuou:
-Bem, é que..
-Não foi nada. Completou Hermione antes que ele pudesse terminar.
Aquela frase pareceu perfurar o estomago de Rony. “Não foi nada?” Pensou o garoto. “Então não foi nada para ela?”. Ele estava paralisado e boquiaberto. Passando o baque, ele foi invadido por um sentimento de revolta e tristeza ao mesmo tempo. Não podia acreditar que estava prestes a se declarar para a mulher de sua vida e ela nem ao menos lhe dera a chance de falar, o dispensara antes que pudesse tirar aquele peso que levara no seu coração por tanto tempo. Ele não iria da o braço a torcer, uma pontinha de orgulho começou a pulsar nas suas entranhas e suas feições foram mudando completamente, as bochechas foram inchando e a cara que fez foi de alguém que concordava absolutamente com o que ouvia.
-Claro, claro..era isso que eu queria dizer. Mentiu Rony.
Hermione deu um sorrisinho sem graça e fez o coração de Rony se comprimir mais. Ele não sabia mais quanto tempo iria suportar ficar ali na frente da amiga sem demonstrar o que sentia na verdade. Achava que poderia se desmontar a qualquer momento, então resolveu acabar com aquela tortura:
-Bem..já está tarde, é melhor a gente dormir.
-Boa noite.
Hermione virou nos calcanhares e saiu andando um pouco mais rápido que de costume. Rony estava ficando doido ou poderia jurar que vira algumas gostas de águas saírem dos olhos da amiga? Ele não tinha mais certeza de nada. Ainda continuou parado como se alguma coisa o prendesse as pernas. Uma certa angustia começou a brotar dentro dele, um calor subindo pela garganta, uma ardência nos olhos que piorava a cada segundo..Rony olhou para o chão e deixou que as lagrimas caíssem silenciosamente. Sentiu-se estúpido por ter acreditado que a melhor aluna de Hogwarts poderia sentir alguma coisa por ele. Olhou para a escada que dava para seu dormitório e teve certeza que não teria forças de subir por ela, preferiu deitar-se na poltrona que ficava perto da lareira. Seu ultimo pensamento antes de dormir foi que não tivesse tentado se declarar.

No dormitório feminino havia uma garota de cabelos cheios que estava deitada em uma cama com o travesseiro no rosto tentando abafar o choro descontrolado. Hermione Granger podia jurar que sua dor de cabeça não passaria nunca. “idiota, idiota” pensava sem parar. Ela, por um momento, pensou que Rony iria dizer que ela estava errada..que o que tinha acontecido naquela sala não tinha sido “nada”, tinha sido tudo..tudo para ele. Ela já estava preparada pelo fora do amigo, adiantou-se antes que ele o fizesse..disse que não tinha sido nada para não ter que ouvir da boca dele isso. Mas no fundo queria que ele desmentisse o que ela havia dito, queria que ele pudesse ver através dos olhos dela a mentira descarada que ela estava dizendo. Mas ele não fez nada disso. Muito pelo contrario, ele apenas confirmou o que ela pensava: que ele não tinha tentado beija-la, que ele nunca gostou dela como ela queria, que ele não a chamou para o baile de inverno porque nem notara que ela era uma garota. Hermione se torturava com os piores pensamentos que pudesse. Estava arrasada, desolada, sozinha. A dor de cabeça não passava, muito menos o choro. Ela não sabia se sentia mais raiva de Rony ou dela mesma por estar chorando mais uma vez por ele. Antes de dormir jurou que tentaria arrancar Rony do seu coração custe o que custar “Ronald Weasley, eu juro”.

O dia amanheceu com o céu tão azul que muitos alunos resolveram passar a manhã nos campos abertos da escola. Os raios de sol penetraram pela janela fazendo o garoto ruivo que dormira na poltrona despertar. Ele acordou sem entender porque estava lá, e então as memórias do dia anterior brotaram em sua mente. Dessa vez ele só sentiu tristeza. Uma tristeza tão profunda que nem o dia bonito que estava lá fora o animou. Ele foi subindo as escadas devagar para seu dormitório, parecia tudo tão sem vida fora e dentro dele. Não sentia mais tanta vontade de estar ali, ia ser tudo tão difícil sem aquele sentimento de esperança que o deixava feliz quando sonhava ser correspondido por Hermione. Ele não era mais o mesmo Rony. Era o Rony sem Hermione, pensou.

A garota que chorara a noite todinha estava no banheiro tomando seu banho. Ela tinha um leve sorriso na boca, sentia-se revigorada por dentro enquanto deixava a água levar todas as impurezas dela. Jurou que não iria mais sofrer por Rony, estava definitivamente convencida que as coisas talvez mudassem agora, já que poderia cuidar da própria vida sem ter que esperar que ele a notasse..quem sabe até um namorado ela pudesse arranjar.

Harry e Rony estavam no salão principal tomando o café com os poucos alunos que também se atrasaram. Rony nem tocara na comida e pela cara que ele tinha Harry tinha certeza que alguma coisa não estava certa. Teve receio de perguntar ao amigo, talvez ele não quisesse conversar agora. O ruivo brincava com a sua omelete sem dizer uma única palavra, parecia não querer tirar os olhos dela por algum motivo. Ele estava tão concentrado que levou um susto quando Harry cortou seus pensamentos.
-Hermione.
-Bom dia, Harry. Hermione estava com um sorriso tão grande na boca que Harry teve a certeza que ela poderia explodir de felicidade. Mas por dentro ela estava gritando, chorando, pois toda a confiança que sentira no banho tinha desaparecido como um toque de mágica quando ela olhou para Rony. O ruivo a olhava com incredulidade no rosto “como ela pode estar tão feliz?” Sentiu uma raivazinha se formar dentro dele. Hermione segurou o seu disfarce muito bem, por mais que tivesse vontade de sair correndo ela continuou com seu sorriso e disse normalmente:
-Bom dia, Rony.
-Bom dia. Disse Rony voltando a olhar para a sua omelete.
No decorrer do café da manhã Harry e Hermione conversaram sobre Horcruxes, os planos que estavam fazendo para conseguirem encontram-las e quais as próximas atitudes da ordem para ajudá-los. Harry realmente estava prestando atenção no que a amiga dizia, mas também se perguntava a cada minuto o que poderia ter acontecido na noite anterior para ela estar tão radiante e Rony tão triste que nem comera nada.

Uma chuva de corujas entrou pelas janelas e despejaram cartas e encomendas para os alunos. Na frente de Hermione foi lançado um exemplar do “Profeta Diário” como de costume. A garota pegou o jornal distraidamente quando sentiu que havia outro papel solto em baixo dele. Era uma carta, a qual ela reconhecer a letra na hora. Rony olhou de esguelha para as mãos dela tentando ver de quem poderia ser a carta, mas antes que tentasse decifrar o nome que tinha no envelope, a amiga disse sorrindo para Harry:
-Vítor.
Ele imediatamente olhou para Rony, esperando que o amigo fosse gritar ou apontar o dedo na cara de Hermione com mais uma crise de ciúmes. Mas seus olhos não acreditaram no que viu, Rony apenas começou a comer a omelete que há horas estava na sua frente. Agora Harry teve certeza que alguma coisa estava errada, e não via a hora de o tempo passar para que pudesse ficar sozinho com o amigo e perguntar o que tinha acontecido. Rony foi mastigando a omelete imaginando que cada pedacinho era Viktor Krum e sentiu-se poderoso pensando que poderia acabar com o jogador de quadribol.

Para Harry estava tudo estranhamente normal entre seus amigos. Tudo bem que Rony e Hermione não conversaram muito, mas até brigaram por causa da desatenção de Rony na aula de poções. O professor estava ensinando uma poção para fazer a pessoa esquecer alguma coisa, o que para Harry não fazia sentindo. Hermione começou o sermão porque Rony não lhe dera os ingredientes certos. A garota copiou todos os passos, dicas, ingredientes com a maior atenção possível no canto da primeira folha de seu livro, ela realmente parecia interessada.

O dia passou sem nenhuma ameaça de chuva, estava tão quente e ensolarado e para Harry passou se arrastando, pois a cada minuto queria conversar com Rony sobre o que acontecera, mas Hermione sempre estava com eles. Finalmente chegara a noite e os dois amigos puderam ficar a sós no quarto.
-Rony..
-Hum? Respondeu Rony sem muito animo.
-Sabe..eu passei o dia inteiro tentando imaginar o que tinha acontecido ontem, hum..você sabe, quando deixei vocês dois sozinhos, está tudo bem?
Mas Harry entendeu a resposta muito antes de Rony falar. O amigo tinha uma cara tão sem expressão que ele pode ter certeza que o que tivesse acontecido não tinha sido boa coisa.
-Acho que você estava errado Harry..Hermione me machucou.
Rony disse isso com um sorrisinho sem graça, mas sincero, tentando mostrar ao amigo que não ficou chateado por ele ter se enganado. Mas Harry ficou mais preocupado com o fato de Hermione não gostar de Rony. Era praticamente impossível! Ele tinha convivido com os dois por bastante tempo para perceber que o amor de ambos era recíproco. Ou será que ele tinha se enganado? Pensava em algo para dizer ao amigo, mas não conseguia encontrar as palavras. Foi quando Rony quebrou o silencio entre eles:
-E ai, você já decidiu se vai continuar no time de quadribol?
-Bem..não sei Rony, tenho que me focar nas Horcruxes..não sei se terei tempo.
-O time não vai ser o mesmo sem você Harry.
-Não é bem assim, você e Gina fazem uma boa diferença nele.
-Minha irmã heim?
Harry corou com a indireta de Rony, mas continuou:
-Prometo que tentarei arranjar um tempo para o quaribol, sabe..as vezes eu acho que tenho que esquecer essa guerra por alguns minutos, o esporte ajuda isso..foi Hermione que me disse isso..
Mas antes que ele pudesse acabar a frase viu que as feições de Rony mudaram ao ouvir o nome da amiga.
-Está tudo bem Harry, ela sempre tem razão não é?
A conversa acabara ali e os dois foram dormir. No dormitório feminino Hermione escrevia uma carta:

Vítor,
Obrigada pela carta! Aconteceram várias coisas que gostaria de lhe contar..



[O que será que tem escrito na carta heim? ;X SEGREDO! Só vão saber mais para frente. Porfavor, me digam o que estão achando da fic..eu ficarei muito grata por isso]

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