Culpa do Chocolate
Meu nome é Virginia Weasley, mais conhecida como Gina. Essa historieta começou há poucos meses atrás. Uns dois meses antes das férias. Era uma sexta-feira. Fim de tarde. Eu saí, exausta, da última aula do dia (poções, alguém merece?) e fui direito para a cozinha pegar minha barra de chocolate meio-amarga de todo dia. A barra era uma daquelas suíças ma-ra-vi-lho-sas. Eu a estava guardando com os elfinhos desde o início daquela semana (presente de Percy. Sim, eu sei que estávamos brigados, mas ele tocou no meu ponto fraco! Eu não pude evitar!). Bom, peguei-a e fui, toda feliz, para a Torre da Grifinória. Mal eu ia me sentando, chega o Rony, senta do meu lado e pede um pedaço do chocolate e eu recusei. Bom, se fosse uma bela e normal sexta-feira, ele iria me chamar de pão dura e ir embora. Mas não foi exatamente assim. Ele simplesmente se ergueu de súbito e me disse inúmeras barbaridades (ele tinha brigado com Hermione) e terminou o discurso me chamando de feia e de brega. Em qualquer situação aquilo não me incomodaria, não fosse o fato de Harry estar no salão comunal e presenciar tudo (Sim, naquela época eu ainda gostava dele). Olhei pra as minhas roupas. Uma saia comum de Hogwarts, um tênis preto All Star, que eu tinha ganhado de papai no natal, e a camisa normal de Hogwarts. Talvez um pouco larga demais, mas não era assim tão horrível. Mesmo assim senti que fiquei da cor de meus cabelos, que, por sinal, são vermelhos. Morrendo de vergonha, eu saí do salão e fui para os jardins. Sempre com o chocolate nas mãos e xingando aquele meu irmão inútil. Ainda fula da vida eu assentei na beira do lago para assistir o finzinho do pôr-do-sol. A hora do dia que eu mais gostava. Fiquei lá observando até o sol se esconder atrás da floresta e só restar o colorido do céu. E quando eu já ia abrindo o meu chocolate percebi que alguém se aproximava. Não sei por que cargas d’água eu achei que fosse o Rony.
- Olha aqui, Ronald Weasley, eu não quero saber de desculpas, ou o que for. EU NÃO TE PERDOO E MUITO MENOS TE DAREI UM PEDAÇO DO CHOCOLATE! – Há... pra quê? Por que eu tinha que ter tanta convicção de que aquela pessoa era o meu irmão? Quando prestei atenção dei de cara com um par de olhos acinzentados me olhando desconfiados. Depois, debochados.
- Weasley! Não me confunda com a sua raça suja. – como eu estava cansada de brigar, apenas respondi:
- Me deixa em paz, Malfoy. Vai embora. Eu cheguei aqui antes. – me repreendi um pouco por ter dito aquilo. Soou infantil. Em resposta ao meu pedido, ele simplesmente sentou do meu lado.
- Eu acho que o mandei ir embora daqui.
- Até onde eu sei, Weasley, você não manda em mim. Muito menos nesse lugar. Os jardins são públicos. – sem opção, me calei. Um a zero para ele. Olhei para o garoto de esguelha. Mas, dessa vez, olhei com olhos mais... críticos. Aí entendi porque minhas amigas insistiam que ele era maravilhoso. Quando notei que meus pensamentos estavam indo meio longe demais, desviei o olhar. Pouco depois percebi que ele também me olhava um pouco alem da conta. Só que ele não fazia muita questão de esconder que tinha gostado (muito) das minhas pernas. Desconcertada, ajeitei a saia. Devia estar da cor de um pimentão. Tentado disfarçar o meu desconforto eu peguei a bendita barra de chocolate (ou maldita, aí depende do ponto de vista) e, quando ia abrindo ela, Malfoy a tomou de minha mão:
- Hei! Me devolve!
- De onde você roubou esse chocolate, Weasley? Isso com certeza está fora do seu poder aquisitivo restriro. – Ele falava debochado, mas tinha razão. Uma barra daquelas custava o olho, a boca, o nariz, a orelha e mais alguma coisa da cara. Só que eu não ia deixar aquele insulto sem resposta:
- Pra sua informação, Malfoy, eu ganhei essa barra.
- Do Potter? – ele praticamente cuspiu o nome do Harry.
- E se foi? O que você tem a ver com isso? – Quem me dera que fosse o Harry, pensei –Agora, me devolve o chocolate.
- Algo tão fino não merece estar nas mãos de alguém como você. – Ele se levantou. Horrorizada com a idéia de perder meu chocolate, eu agarrei na blusa dele e comecei a me levantar.
- Me devolve ag... – foi aí que aconteceu. Eu me desequilibrei e caí. O problema é que ainda segurava a blusa do loiro. Eu caí e ele veio junto. Caiu encima de mim. Quando notei, tanto Malfoy passeava a língua pela minha boca como eu pela dele. Quando nos separamos eu estava tão chocada que nem o percebi indo embora. Completamente atordoada eu voltei para o meu quarto e dormi. Sonhei com uma barra de chocolate gigante e um Malfoy anão que me salvava. Quando acordei passando mal por falta de chocolate no dia seguinte, me lembrei que o loiro idiota, e gostoso, tinha ficado com a minha barra. Pior. Ele tinha me beijado! (bom, eu também o beijei, mas aquilo não vinha ao caso) Aquilo era apenas mais um motivo. Ele era um Malfoy, no final das contas! Eu estava de muito mau-humor naquele sábado ensolarado. O que me irritou mais porque eu detesto calor. Estava tudo dando errado. Harry não me notava, Rony tinha me chamado de várias coisas nada agradáveis na frente dele, eu não tinha mais meu chocolate importado e não parava de pensar naquele loiro aguado. Fui para o Salão Principal pensando em uma vingança e, quando cheguei, minha mente formulou uma perfeita. (finalmente meu cérebro tinha funcionado para alguma coisa alem de separar minhas orelhas!) Malfoy vinha na minha direção:
- Olha, Weasley, eu tenho que falar com você.
- Há! Eu também, querido – falei isso o mais alto que a situação permitia – Queria dizer que ontem foi maravilhoso! – os olhos dele pareciam querer saltar das órbitas – Eu tenho que admitir que ninguém nunca fez nada parecido comigo antes! – Ele foi ficando vermelho e Deus sabe a força que eu fiz para não rir. – Depois que você foi embora eu ainda fiquei lá um tempão pensando no que você fez.
- Do que você está falando, sua maluca? – Ele estava tão desconcertado que eu daria tudo que tinha só para tirar um a foto da cara dele naquela hora.
- Ué! Você não se lembra? – eu fiz cara de desentendida - ontem à noite! – Aí eu consegui. O lado latino do meu irmão veio à tona. Sabe?Aquele de proteger a honra da única irmã, etc, etc? Então. Ele veio correndo da mesa da Grifinória e deu um soco em Malfoy. Em poucos segundos os dois já estavam se atracando. Calmamente eu fui até as coisas do Sonserino, mexi na mochila dele até encontrar o que queria. Peguei minha barra de chocolate, fui até os dois brigões e disse:
- Pronto, Garotos, Já podem suspender a pancadaria.
- O que foi Gina? – perguntou Rony, que segurava Malfoy pelo colarinho.
- É que eu já peguei o que queria. – e estendi a barra – ele me roubou ontem de noite, quando nos esbarramos no lago. – Rony soltou o colarinho de Malfoy que bateu com a cabeça no chão.
- O que está acontecendo aqui? Srta Weasley? – era professora McGonagal e Snape.
- Eu não sei! – fiz a minha melhor cara de santa – Eu estava aqui conversando com o Malfoy, quando o Rony veio e os dois começaram a brigar!
- Muito bem, Srta. – Disse Snape – está dispensada. –Andei alguns metros às costas dos dois professores. Quando cheguei a uma distância segura me virei para Rony e Malfoy, abri a barra e dei uma mordida. Garanto que, se não estivessem levando uma detenção, eles avançariam em mim. Quando eu saí do salão e tomei uma distância segura, me permiti rir. Mas ri muito. Até a minha barriga começar a doer. Até que Malfoy chegou. E ele estava sério. Eu tentei segurar o riso, mas não consegui. Pelo menos, não até ele me encostar na parede e me tascar um senhor beijo.Só que dessa vez, eu fiz questão de segurar muito bem a barra de chocolate entre meus dedos. Quando nos separamos, sem fôlego, ele disse:
- Me aguarde, Weasley. Você vai ter o troco.
- Você jura? – debochei
- Juro. – Mas então, os dias passaram. As semanas passaram. E eu me esqueci do juramento. E eu não sabia, o quão sério ele era.
E então chegou o fim de ano. E com ele a formatura do meu irmão (de Harry e de Malfoy também). Lá estava eu atolada de trabalhos e deveres e estudos, na biblioteca quando Dino Thomas chegou e se assentou na minha mesa. Eu ergui os olhos, estranhado. E não era para menos. Nós tínhamos terminado há um ano!
- O que houve, Dino?
- Bom, como você sabe... na semana que vem vai ser a nossa festa de formatura.
- Sim.
- Bom... então... eu queria saber se... se você quer ir comigo. – A minha vontade foi de dizer que o Harry já tinha me chamado, o que soaria idiota porque todo mundo já sabia que ele iria com a Luna. Um par estranho admito. Claro que ela não veio me procurar antes ou esse tipo de coisa que as amigas fazem, mas eu, para minha surpresa, não me importei muito. Apesar de ainda achar que ele ficaria melhor comigo. Sem opção eu aceitei. Ele ficou todo feliz. Não sabia se era porque ele ainda queria alguma coisa comigo ou se era só porque ele não tinha encontrado um par. Supus (rezava) que era a última hipótese.
Até aí, correu tudo bem, tirando o fato de que eu estava levando pau em poções, como sempre. Eu estava um pouco nervosa com a história de ir com o Dino. Rony, claro tinha que começar a falar no meu ouvido que era um absurdo e não sei mais o quê. Principalmente porque ele ainda estava meio chateado com a história do chocolate. Finalmente chegou o dia da tal formatura. E eu estava com os nervos à flor da pele. Era sábado. Tinha que dar os últimos retoques no meu vestido (recatado, já que o imbecil do meu irmão fez a cabeça da mamãe de que era completamente inapropriado eu ir com um vestido que batesse acima dos meus joelhos), arrumar o cabelo, a maquiagem e treinar a valsa! Meu Deus! Era muita coisa e já estava tudo planejado, com horários e tudo. Mas como eu me enganei se achei que o meu dia ia seguir o tal planejamento. Logo de início veio à bomba. O Dino tinha sido envenenado e acabou na enfermaria. Sem chance de ir ao baile. Eu não ia mais. Ótimo! Pensei. Lá ia eu, fula da vida para a biblioteca quando esbarro em ninguém menos que Malfoy. Não sabia porque, mas o toque dele me fez sentir arrepios. Ignorei-os. Já ia continuar o meu caminho quando ele me chamou para conversar. Relutante, aceitei. Não me perguntem por quê. Nos assentamos em uma mesa mais escondida da biblioteca. Nenhum de nós queria chamar a atenção. Ou, pelo menos, a menor possível.
- Eu fiquei sabendo que você está sem par para o baile.
- Notícia ruim corre rápido, não é mesmo? – disse eu sarcástica. Sabia que tinha dedo do Malfoy naquela história. – E eu não fiquei sabendo quem é o seu par. – O que era, convenhamos, muito estranho já que ele era o gostosão da escola.
- É porque ela ainda não sabe com quem vai.
- E posso saber quem é a pobre coitada? – foi aí que eu percebi que eu estava tendo uma conversa (mais ou menos) civilizada com ele. Aquilo foi estranho.
- Você. – Ele disse na maior cara de pau. Meu olho saltou das órbitas
- Quem disse que eu vou com você? – Pronto. Lá se fora a nossa conversa civilizada.
- Eu.
- Quem você acha que é para dizer com quem eu vou ou com quem eu deixo de ir? – Ele apenas pegou um pacote dentro da mochila e empurrou-o encima da mesa. Peguei-o – O que é isso?
- Abra. – olhando desconfiada para ele, eu abri a tampa da caixa. Meu queixo deve ter ido parar na China. Não acreditei. Era o vestido mais lindo que eu já tinha visto em toda minha vida. Era preto, com um decote avantajado. Em uma das finas alças, tinha uma linda rosa vermelha de um pano muito fininho e perolado que eu não identifiquei. O vestido em si era de um tecido muito parecido com o da rosa, só que era mais grosso e, porem, mais leve. Com certeza era enfeitiçado e devia cair perfeitamente no corpo. As alças além da rosa eram decoradas por pequenos brilhantes e a saia tinha uma abertura que ia ate o meio da coxa. Era, sem sombra de dúvida, a coisa mais maravilhosa que eu já tinha visto. E, como se não bastasse, tinha também uma outra caixa. Essa sim quase me fez morrer. Uma gargantilha de cetim preto bastante fininho com um pingente de ouro que tinha o formato de uma rosa e vários rubis incrustados nele.
- Santo Deus... Isso é... Lindo. – disse eu olhando para ele. Ele sorriu. Para o meu espanto, no início, não era um sorriso de escárnio. Por alguns bons dez segundos ele parecia satisfeito que eu tivesse gostado. Realmente satisfeito. Depois ele quebrou a magia da coisa toda e sorriu com escárnio (impressionante como, mesmo assim, ele ficava bonito):
- Nunca viu nada igual não é Weasley? Se você for comigo no baile hoje, ele é seu. - Aí eu senti o sangue me subir à cabeça. Levantei e gritei a plenos pulmões, para o desespero de Madame Pince:
- OLHA AQUI MALFOY! VOCÊ PODE COMPRAR TUDO O QUE VOCÊ QUISER. ROUPAS, JOIAS... TUDO! MAS A MIM VOCÊ NÃO COMPRA. DE JEITO NENHUM! VÁ DAR ESSE VESTIDO PARA QUALQUER VAGABUNDA QUE SE VENDA A MIM NÃO! – Nem esperei pela reação do loiro. Saí de lá pisando duro. Quem que ele achava que era? Ele queria me comprar. Devo admitir que fiquei decepcionada. Tive vontade de chorar. Por Malfoy? Foi aí que passei por Harry e Luna se beijando no meio do corredor. E não senti nada. Achei até que eles eram um casal bonitinho! Quando me peguei pensando nisso fiquei horrorizada. Soltei um gritinho. Então Harry e Luna me viram. Ambos pareciam ligeiramente preocupados.
- Gina... – Harry começou. Eu não o deixei terminar. A essa altura eu já estava desabando em lágrimas. Passei a mão na Luna e fui embora com ela de lá. Quando, finalmente, chegamos a um lugar mais escondido onde ninguém pudesse nos ouvir eu tomei fôlego e engoli o choro. Fiquei assustada quando consegui olhar para Luna. Aquela foi à única vez na vida que eu a vi parecer sensata. Fiquei feliz com aquilo.
- Olha Gina, se foi pelo que você...
- Não é por você e pelo Harry. Luna, eu... eu descobri uma coisa... terrível.
- O que? – ela estava voltando ao seu estado normal
- Eu estou apaixonada pelo Malfoy. – Falei atropeladamente. A coisa era tão absurda que até ela se sobressaltou.
- Você o que!?
- Eu sei que não devia, eu sei. Mas eu não pude evitar! E ele tentou me... me comprar! – Aí eu desabei no choro e Luna me abraçou.
- Malfoy tentou te comprar? – Dei um pulo. Harry tinha ouvido – o que ele fez? – Como o tom dele era de alguém que queria tirar satisfações, eu apenas disse:
- Por favor Harry, não conte pra ninguém. Pra ninguém mesmo! Imagina se meu irmão descobre? Meus pais? Ai meu Deus!
- O que ele fez?
- Bom... nada de mais, na verdade. Ele queria que eu fosse no baile com ele em troca de um vestido. Mas não crie caso, pelo amor de Deus, Harry! Deixe-me, pelo menos uma vez na vida, resolver algum problema sozinha. – ele me olhou por algum tempo e assentiu com a cabeça. Eu enxuguei minhas lágrimas e fui para o salão.
Horas depois meus pais e meus irmãos chegaram. Ainda faltava muito para o baile e nós ficamos conversando nos jardins. Estava tudo indo bem até que dei a notícia de que eu não iria ao baile, pois não tinha um par. Foi aí que veio o comentário infeliz do Rony (quem mais poderia ser?):
- Mas é até bom Gininha. É bom que você não vá. Assim não corremos o risco de alguém tentar se engraçar pro seu lado. Ninguém mesmo. – Todos concordaram com ele eu, que já não estava nos meus melhores dias (TPM), estourei:
- O QUE VOCÊS ACHAM QUE EU SOU? EU TENHO DEZESSEIS ANOS, PELO AMOR DE DEUS! -E VOCÊ QUER SABER DE UMA COISA, RONALD WEASLEY? EU VOU NESSE BAILE SIM! E VOCÊ NÃO PERDE POR ESPERAR! – Virei as costas e saí pisando duro. Ia procurar Malfoy. Ele não queria ir comigo? O bom foi que eu não tive que procurar muito. Quando eu ia entrando no castelo, Malfoy ia saindo. Empurrei-o de volta.
- O que é isso Weasley? Não agüenta ficar algumas horas longe de mim?
- A questão, Malfoy, é que eu aceito ir no baile com você.
- Agora não adianta mais, linda. Eu já tenho um par.
- Tem vírgula! Se tivesse eu já estaria sabendo. – ele me olhou com uma sobrancelha erguida. Eu tinha encostado ele na parede.
- Pois bem, então. Você ainda quer o vestido? – Sorri.
- Nos encontramos no lago às oito.
As dez para as oito eu estava descendo as escadas do dormitório feminino da Grifinória. Todos os olhares se voltaram para mim. Quem era a menininha agora? Quem? Mas eu tinha que admitir que estava um arraso. O vestido tinha servido com uma luva. Eu mencionei o efeito que a minha perna causara em Malfoy? Bom, pois ele foi o mesmo no pessoal da Grifinória. Fora isso, meu rosto também chamava atenção. O meu cabelo estava solto e com cachos elaborados que iam até a cintura. Eu usava um batom vermelho meio aveludado. Usava um sapato preto de salto fino (sim, eu sei andar de salto!) e uma bolsa preta, pequena, com alguns brilhantes na alça, claro, também era presente de Malfoy. Minha família inteira se levantou e irrompeu em protestos “que fenda é essa no seu vestido?” “Que decote é esse mocinha?” “Aonde você pensa que vai vestida desse jeito?”. Eu passei direto por eles (e seus comentários) e fui para os jardins. Felizmente ninguém me seguiu. Quando cheguei lá, Malfoy já me esperava. Aguardamos ainda alguns minutos antes de entrar no salão. Se o efeito que eu causei no Salão da Grifinória foi grande, o que nós, Weasley e Malfoy juntos, causamos no Salão Principal foi inimaginável. Quando fomos anunciados, nem murmúrios foram ouvidos. O silêncio chegava a ser constrangedor. Quando passamos pela minha família, Harry, Luna, Neville e mais um monte de gente. A maioria me olhou com cara de desaprovação. E retribui com um olhar “fatal”. O que foi? Eu estava cansada de ser sempre a menininha. Eu queria mostrar pra eles que eu não precisava mais ser protegida. Eu já era grandinha o suficiente para tomar as minhas próprias decisões. Malfoy teve o bom senso de reservar uma mesa só para nós. E a festa foi rendendo. Nós dois estávamos sentados um olhando para um lado e um para o outro. Até que começou a tocar uma música mais animada e eu fiquei dançando sentada. Quando ele percebeu, me pegou e me arrastou para a pista. Eu protestei, esperneei, mas acabei dançando. O fato é que eu estava meio arrependida do que tinha feito. Quer dizer, eu virei a cara para a minha família! Mas eu acabei afastando esse pensamento. Malfoy dançava bem! Muito bem. Mas meu sonho durou pouco. Já mencionei que tinha esquecido da promessa de Malfoy? Ele, aparentemente, não. Estávamos dançando quando ele, sem querer, pisou no meu vestido, justamente na ponta da abertura. O rasgo veio até minha cintura. Morrendo de vergonha eu tentei reconstitui-lo, claro que não foi algo muito bem feito, mas eu tentei. Foi aí que ele tropeçou e já ia caindo quando segurou em mim. Ou melhor, na rosa da alça do meu vestido. Ela, claro, foi pro beleléu. E meus seios quase ficaram à mostra para todo o salão. Bom, segurei os trapos a tempo. Nunca tinha me sentido tão humilhada em toda minha vida. Saí correndo tentando segurar os restos do vestido. Corri, corri e cheguei até uma sala. Chorava muito. Foi uma das piores sensações de toda minha vida. Eu me sentia traída, idiota, usada. E o vestido estava todo rasgado! Meu Deus! Aquilo era um pesadelo! Assentei no fundo da sala abracei minhas pernas e fiquei lá. Achava eu que ficaria algum tempo considerável, mas não. Dez minutos depois, alguém abriu a sala. Estava cambaleando e eu achei que fosse algum bêbado.
- Vai embora. Aqui já tem gente.
- Gina?
- Malfoy? O que você está fazendo aqui? Vai embora! – Me levantei, só que agora eu só segurava a parte de cima porque o rasgo já não adiantava mais.
- Gina me deixe explicar!
- Explicar? Um Malfoy se pedindo para se explicar? Olha, eu sei o que você vai dizer: “me desculpe! Mas eu tinha de cumprir minha promessa!” Pronto! Você já a cumpriu! Já me fez brigar com a minha família, já me fez perder a roupa no meio de um salão lotado! O que mais você quer?
- EU NÃO FIZ AQUILO DE PROPÓSITO, WEASLEY!
- ORA! NÃO ME VENHA COM ESSA, AGORA!
- EU NÃO FIZ AQUILO! EU NUNCA, NUNCA TERIA CORAGEM DE FAZER AQUILO COM VOCÊ! – Ele não teve coragem de fazer aquilo comigo? Pensei duvidando – EU QUERIA SIM ME VINGAR DE VOCÊ. TANTO QUE FUI EU QUEM ENVENENOU THOMAS! DEPOIS QUE ELE ESTAVA FORA DO CAMINHO EU PUDE AGIR. MAS EU NÃO TIVE CORAGEM! – ele amenizou o tom da voz - Não depois que eu vi sua expressão quando viu o vestido. Não depois que a imaginei vestida nele. Não depois que você chegou aos jardins. Você estava magnífica! Nem em meus sonhos eu podia te imaginar tão bela. O que aconteceu no baile foi um acidente. Foi um passo errado que eu dei. Então eu desequilibrei quando você puxou o vestido. Eu nunca faria algo assim com você, Gina. Sabe por quê? – Eu estava tão atônita com as palavras dele e com a nossa proximidade que não respondi. Ele me segurou com força pelos ombros – Sabe? – continuei sem responder - PORQUE EU TE AMO, DROGA! – Aí eu sorri. Não dei tempo dele dizer coisa alguma. Pulei em seu pescoço e lhe tasquei um beijo. Como eu estava feliz! Foi quando notei que ele tinha alguns hematomas no rosto:
- Parece que os garotos cuidaram de você não é?
- É... mas não vamos falar disso. Temos assuntos mais importantes a tratar.
- Com certeza. – E nos beijamos novamente. O que aconteceu depois do beijo eu não posso contar, mas posso garantir que eu não me preocupei mais com a alça arrebentada do meu vestido. E foi tudo culpa do chocolate!
Comentários (3)
Foi mal errei a nota ><
2012-07-13kkkkkkkkkkkkkkMuito, muito boa a ficSó não digo Maravilhosa porque sou fã Harmione xPMas muito muito muito fã de D/G!E sua fic estava perfeitaAdorei o modo como escreve e a comédia na historia!Muito boaBeijosJôh
2012-07-13O.O KKKKKKK adorei a Fic =)
2012-06-17