Sangue Malfoy



Havia luz e ela se movia sobre a pele da Pálpebra como faíscas de fogueira. Harry gemeu e abriu seus olhos.

Ele estava no quarto de Draco, esparramado pela cama: ele não poderia estar em outra posição já que ele tinha seus punhos amarrados pelos pilares da cama. Sua cabeça doía de modo obtuso, que crescia como se alguém estivesse batendo com um gongo em suas têmporas.

- Fique calmo!_ disse uma voz

Harry virou sua cabeça para o lado e viu. Era Narcissa. Ela estava segurando um serrote com cabo de osso.

Harry fechou seus olhos de novo. Estou tendo um pesadelo, ele disse a si mesmo, e é um pesadelo muito idiota.

Ele abriu seus olhos, mas Narcissa ainda estava lá. Ela tinha aproximado a parte cortante do serrote das cordas que prendiam sua mão esquerda à cama. Ela livrou-o das cordas. Ela estava muito pálida, e seus olhos estavam passeando de lado a lado, num pequeno e estranho tique-taque que Harry já estava começando a se acostumar. Contudo, ele desejou que ela não ficasse olhando de um lado para o outro enquanto estivesse segurando um serote tão perto de sua artéria.

- Narcissa_ ele disse – Quero dizer... mãe, o quê...?_ sua mão esquerda ficou livre, e ele virou-se para observá-la cortar às cordas de sua mão direita

- Seu pai_ disse Narcissa, hesitante – não quer que você entre no calabouço para resgatar sua namorada._ ela tapou com a mão a expressão aflita de Harry – Ela está bem! Ele a colocou junto com Sirius Black!_ seus olhos contraíram-se de novo – Sirius irá olhar por ela!

A mão direita dele ficou livre. Harry sentou-se e começou a massagear seus punhos, para melhorar a circulação de sangue. A última coisa de que ele se lembrava, era de ser derrubado para o chão por um dos Death Eaters de Lúcio.

- Eles não machucaram Hermione, machucaram?_ ele perguntou – Porque Lúcio estava quase...

- Oh, ele teria a matado!_ disse Narcissa, inexpressiva – Ele fez a maldição Cruciatus nela para fazê-la contar onde estava Harry Potter. Mas ela não contaria.

Harry deixou de se sentir tonto para sentir vontade de vomitar.

- O quê aconteceu?

- Seu pai..._ ela disse (Harry percebeu que ela nunca, em sua memória havia dito o nome de Lúcio) – disse que Harry Potter estava aqui. Ele aparentemente tem algum tipo de capa da invisibilidade. Ele apareceu e..._ ela não mostrou emoção quando falou isso – Os Death Eaters o levaram.

Harry levantou-se com dificuldade. Ele colocou suas mãos entorpecidas sobre as mãos de Narcissa, que estavam tão frias como o gelo. Ela ainda estava segurando o serrote.

- Mãe..._ ele disse – Por favor, acredite em mim, isso é muito importante. Eu sei que é difícil para você, mas... Harry ainda está vivo?

Ela confirmou com a cabeça.

- Onde ele está?

- Na sala de esgrima._ ela disse

Quando ela falou, duas lágrimas espessas escorreram de seus olhos pelo seu rosto magro. Harry sentiu muito por ela, mas seus pensamentos estavam em resgatar Draco. Ele saiu da cama, testou suas pernas (funcionavam) e saiu pela porta. Narcissa o observou partir.



**



No seu sonho, Hermione estava no Beco Diagonal. Ela estava com Harry, e eles estavam procurando meias para comprar. Era um sonho novo para Hermione: ela nunca havia sonhado em comprar meias com Harry, antes. Harry freqüentemente aparecia em seus sonhos, geralmente bem mais bonito que na vida real, e algumas vezes não vestindo nada senão meias; mas seu sonho não parecia estar tomando essa direção. Harry estava completamente vestido e parecendo muito sério.

Eles não estavam se dando bem na procura por meias. Todas as lojas pareciam estar fechadas, escuras e vazias. As pessoas na rua passavam sem olhar para eles, olhando para o chão. Hermione tentou pegar a mão de Harry, mas ele balançou sua cabeça.

- Eu preciso sentar_ ele disse - Isso dói.

- O que dói?_ ela perguntou

Harry abriu sua jaqueta; ela olhou e viu o cabo preto de uma faca de uns 30 centímetros enterrada entre as costelas dele. A camisa branca dele estava ficando vermelha de sangue, e sangue estava escorrendo até seus sapatos como chuva.

- A faca_ ele disse – Não é minha, você sabe. É de Draco.

Hermione gritou.

- Enervate!_ disse uma voz em seu ouvido – Vamos lá, Hermione! Acorde!

Ela abriu seus olhos e viu o rosto de Sirius. Que sonho horrível, ela pensou. Normalmente, ela nunca punha fim voluntariamente num sonho com Harry dentro. Mas ela ficou feliz de ter se livrado desse.

- Sirius_ ela disse numa voz ranzinza – Ei!

O rosto dele mudou para um sorriso cansado.

- Você está acordada!_ ele disse – Isso é bom. Desculpe ter gritado com você. Eu não estou com a minha varinha, então eu tive de fazer o melhor que eu podia.

Hermione se levantou fazendo força sobre os cotovelos. Cada parte de seu corpo doía como se ela tivesse sido espancada. Ela olhou em volta. Ela estava numa cela de pedra, com um lado cheio de grades. Havia um banco de pedra na parede contrária às grades. Ela parecia estar sozinha com Sirius.

- Ai, meu Deus!_ ela disse, se sentando e endireitando-se – Harry. E Draco! Onde eles estão?

- Eu não sei._ disse Sirius, parecendo muito sóbrio – Eu esperava que você me contasse isso.

Ela balançou sua cabeça violentamente.

- Um grupo de Death Eaters te trouxe para cá._ ele disse relutante – Harry e Draco não estavam com eles. Eles te jogaram aqui, comigo, e saíra._ ele bateu no ombro dela, canhestro – Você se lembra do que aconteceu, Hermione?

Hermione sentiu seus olhos cheios d’água.

- Foi horrível!_ ela disse – Os Death Eaters levaram Draco. Eles acham que ele á Harry. E Harry..._ as lágrimas ameaçavam escorrer, mas ela se forçou a falar vagarosamente, colocando Sirius a par de todos os acontecimentos daquela noite – E então, Draco tirou a capa da invisibilidade e eles meio que... fizeram uma roda em volta dele. Eu não vi o que aconteceu depois disso, eu não vi o que aconteceu com Harry ou com Draco. Acho que Lúcio me atingiu com o Feitiço do Entorpecimento._ agora as lágrimas as´riam de seus olhos – Draco pode estar morto, Sirius!

- Eles não irão matá-lo._ disse Sirius – Eles acham que ele é Harry; eles vão colocar aquela Maldição Lacertus nele. E para isso, eles precisam de Voldemort. Então, nós temos algum tempo.

- Quanto tempo demora para evocar Voldemort?_ perguntou Hermione violentamente – Quanto tempo demora para fazê-lo chegar até aqui?

- Bem..._ disse Sirius relutante – Não é como tomar um ônibus, Hermione. Voldemort provavelmente pode Aparatar aqui instantaneamente. Mas_ ele continuou – se eu conheço Lúcio, ele vai querer ter tudo preparado antecipadamente, para que não hajam surpresas desagradáveis para o Lord das Trevas quando ele chegar aqui.

- Eu odeio o Lúcio!_ disse Hermione, com veemência – Ele é nojento, mau, um tarado cheio de jóias que nem liga para o seu filho.

- Ele é pior do que isso..._ disse Sirius, quase sorrindo – Ele é...

Ele parou de falar e olhou para Hermione, pensativo.

- O quê?_ perguntou Hermione

- O que você disse sobre Lúcio estar usando jóias?

- Ele usa um pingente muito horroroso._ disse Hermione – Ele parece muito apegado ao pingente. Ele mantinha as mãos no pingente quando ele estava... você sabe... tentando fazer aquilo comigo no escritório._ ela ruborizou-se furiosamente

Hermione descreveu a jóia: um cordão de prata, com um pingente de vidro bem transparente, no qual havia um objeto suspendido: um objeto que parecia um dente humano. Quando ela chegou à parte do dente, Sirius se levantou e começou a andar de um lado para o outro pela cela.

- Eu acho que..._ ele murmurou – Isso tem estado na minha cabeça por todo esse tempo..., eu só não sabia como ele estava fazendo isso.

- Fazendo o quê?_ perguntou Hermione, virando sua cabeça para seguir o ansioso progresso de Sirius

- Controlando ela._ disse Sirius

- Controlando quem?_ perguntou Hermione

- Narcissa_ ele disse, sentando-se pesadamente sobre o banco

- Sirius_ Hermione disse firmemente – O suficiente de livre-associação. Por favor, fale português!

- Em primeiro lugar, eu não sabia o que ele fez para se casar com ela._ disse Sirius, pensando alto – Ela sempre o odiou. Ele deve ter usado o Feitiço da Coação, senão a própria Maldição Imperius.

- Você está dizendo que ele forçou Narcissa a se casar com ele?_ perguntou Hermione, a despeito de si mesma – Isso é mesmo o tipo de coisa que ele faria, não é?_ ela franziu as sobrancelhas – Mas isso não faz sentido... ele não podia tê-la mantido sob a Maldição Imperius ou alguma coisa assim por dezessete anos; ela teria morrido, ou ficado louca!

- Ele não precisou mais fazer isso depois de mais ou menos, um ano_ disse Sirius silenciosamente – Ele fez algo muito melhor_ ele examinou a expressão confusa de Hemrione – Você já ouviu falar de um Feitiço Essencial?

- Lúcio tem um livro sobre esses feitiços em seu escritório. A maldição Lacertus está lá._ ela estremeceu – É detestável, o livro, quero dizer.

- São feitiços que transferem a essência de pessoas e animais para objetos. É difícil explicar, mas muito disso é Magia Negra por razões que devem ser óbvias. Você pode tirar algo de uma pessoa... quanto mais novos forem, melhor... como cabelo, ou um dente, e transformar isso num objeto. Como um pingente. E o objeto irá conter a essência da pessoa, o que os gregos chamavam de a centelha da vida. Se você destruir ou danificar o objeto...

- Você mata a pessoa?_ perguntou Hermione

- Exatamente.

- Então Lúcio... você acha que ele pegou um dente de Draco quando ele era um bebê?

- Eu acho_ disse Sirius – Que ele vem vestindo a vida de Draco em volta de seu pescoço desde o dia em que Draco nasceu. Draco não saberia disso, é claro, mas Narcissa saberia. Tudo o que Lúcio teria de fazer era quebrar o pingente, emagá-lo, e Draco iria morrer. Se Narcissa o deixasse... se ela o desafiasse...

- Ms Draco é filho dele!_ disse Hermione – Seu único herdeiro, ele disse isso!

- Ele é só uma propriedade de Lúcio._ disse Sirius – E você não o conhece, mas eu o conheci na escola. Desde aquela época, ele era um grande manipulador. Draco é só um objeto para ele, um objeto que lhe pertence e ele controla.

Hermione pensou em seus próprios chatos pais dentistas.

- Coitado do Draco._ ela disse



**



Harry correu pelos corredores, rezando para não ser visto, (“Ei! Garoto! Vá devagar!”, gritava o quadro de um dos ancestrais vampiros de Draco quando Harry passou por ele) e entrou pela porta dupla de carvalho da sala de esgrima. Estava exatamente como quando Lúcio trouxe Harry, em seu primeiro dia na mansão, ou quase assim. As tapeçarias que mostravam cenas de batalhas de bruxos estavam do mesmo jeito, assim como o ringue de esgrima, mas no canto mais longínquo estava uma estrutura esquisita. Era diferente de tudo que Harry já havia visto antes.

Incandescentes grades de luz, com uns quinze centímetros entre cada uma, começavam no chão e terminavam no teto. Tinham a forma de um quadrado rudimentar, de cerca de dois metros por três. Era uma jaula, Harry percebeu, uma jaula feita de luz... e dentro da jaula estava Draco.

Harry aproximou-se da jaula cautelosamente. Era evidente que, o que quer que aquilo fosse, era um objeto mágico muito poderoso, e a experiência de Harry com objetos mágicos disse a Harry que não eram objetos para se brincar.

Draco estava deitado de costas para o chão, olhando para o teto. Por um momento, Harry temeu que tivessem posto o Feitiço do Ligamento nele, mas ele virou seu rosto quando Harry se aproximou e quase sorriu.

- Oi!_ ele disse

Draco tinha um olho roxo e seu lábio superior estava cortado. Debaixo das mangas dele, Harry podia ver que um dos punhos de Draco estava inchado, do tamanho de uma bola de tênis.

- Eles te maltrataram!_ disse Harry terminantemente

- Está tudo bem_ disse Draco, voltando a olhar para o teto – Se tem alguma coisa que eu aprendi quando criança, é apanhar.

Harry ajoelhou-se perto das grades.

- Malfoy_ ele disse – Narcissa me contou o que você fez. É a coisa mais corajosa que eu já ouvi. E também a mais idiota. Mas você foi muito corajoso.

- Obrigado_ disse Draco – Mas foi provavelmente você. A parte corajosa e a parte idiota.

Harry balançou sua cabeça.

- Eu não concordo_ ele admitiu – Talvez a parte idiota.

Draco sorriu fracamente.

- Olhe_ disse Harry – Eu vim aqui para te soltar. Aí você pode me levar até o calabouço e nós podemos pegar...

Draco balançou sua cabeça.

- É impossível_ ele disse – Eu conheço esse Feitiço do Encarceramento. Eu preciso de um bruxo do mau muito poderoso ou então, de um Auror para tirar isso. E as grades são fisicamente inquebráveis.

Harry não podia acreditar que Draco parecia tão conformado.

- Eu não vou te deixar aqui_ disse Harry

- Já era hora de você aprender que há coisas que nem você pode fazer._ falou Draco – Deve ser bom para você.

- Para você não é bom_ disse Harry – Vamos lá, Malfoy... pense!

- Está bem. Tem uma coisa!_ Draco estava olhando para o teto novamente

- O quê?

- Eu acho que você sabe, Potter._ disse Draco – Na verdade, é algo que você provavelmente vai gostar.

Harry balançou sua cabeça, confuso.

Draco sentou-se e rastejou-se até onde Harry estava ajoelhado, tomando cuidado para não pôr peso em seu punho machucado

- É realmente muito simples._ Draco disse – Eu preciso que você me mate!

Harry arregalou seus olhos para Draco.

- O quê?

- Eu posso te ensinar o Avada Kedavra._ disse Draco, num tom prestativo de alguém que oferece uma caneta para um colega que havia pedido – Não vai ser difícil.

- Você é maluco._ disse Harry, espantado - Eu não vou te matar, Malfoy!

Draco estava agora ajoelhado em frente a Harry. Ele parecia muito determinado.

- Pense nisso, Potter!_ Draco disse – Eu só vou morrer um pouco antes do que eu iria de qualquer jeito quando eles puserem as mãos em mim e fizerem aquele troço Lacertus... e o que acontecerá se funcionar? Eles vão colocar a maldição Imperius em mim e me usaram como ferramenta para matar Trouxas e Sangues-ruins. Eu não devo durar tanto quanto você... eu não tenho uma força de vontade tão forte quanto a sua... mas eu vou durar o suficiente para matar o primeiro nascido trouxa que eu vir. E quem você acha que vai ser?

Harry fechou seus olhos.

- Oh, não!

- Meu pai_ disse Draco terminantemente – Vai achar muito engraçado fazer Harry Potter assassinar sua própria namorada. Na verdade, se ele está mantendo Hermione viva, é por esse motivo.

- Eu odeio o seu pai, Malfoy!_ falou Harry sem abrir os olhos

- Claro!_ disse Draco – Eu odeio ele também.

Eles ficaram em silêncio por um momento, sem olhar um para o outro, cabisbaixos em arrebatadora contemplação: uma escura, uma justa; uma fora das grades da jaula, outra dentro.

- É uma pena que não somos parentes._ disse Draco num tom distante – Aposto que seu amigo Sirius no calabouço podia tirar esse Feitiço do Encarceramento. Ele parece ser um bruxo muito poderoso.

- Claro!_ disse Harry – Se ao menos..._ ele parou de falar, ergueu sua cabeça e olhou bruscamente para Draco – É isso!_ ele tomou fôlego – É isso! Você é um gênio, Malfoy! Eu te beijaria, mas isso seria nojento!

Draco olhou para ele, confuso.

- Hã?

- Me dê sua mão!_ pediu Harry

- Por quê?_ perguntou Draco, suspeitoso

- Só de sua mão para mim!_ disse Harry, impaciente

Com a expressão de alguém que nem se importa mais com o que vai acontecer consigo mesmo, Draco passou sua mão pelo meio das grades, e Harry a segurou. Harry pegou no bolso de sua calça jeans com a outra mão, o canivete que Sirius lhe deu de presente em seu décimo quarto aniversário, e pôs a lâmina para fora.

Então, ele a passou ferozmente pela palma da mão de Draco. Sangue jorrava pelo corte, molhando a manga da camisa de Draco.

- Ei!_ disse Draco, tentando puxar sua mão de volta – O que você está fazendo?

Mas Harry agora tinha virado o canivete para si mesmo e cortou sua própria palma da mão. Ele soltou o canivete, estendeu sua mão e agarrou a mão sangrenta de Draco, apertando-as sobre os cortes firmemente.

- Estou comovido que você quer ser meu irmão de sangue._ disse Draco examinando suas sangrentas mãos engatadas – Mas isso é hora?

- Cale a boca, Malfoy!_ disse Harry, que estava rindo como um louco – Vamos lá, pense! Sangue Malfoy! Só alguém com sangue Malfoy nas veias pode abrir o alçapão.

O queixo de Draco caiu. Então, ele se inclinou e agarrou a mão de Harry o mais firme que podia, tão firme que os nós dos dedos de ambos ficaram brancos.

- O quê você está fazendo?_ perguntou Harry, rindo

- O que parece que estou fazendo, Potter? Estou tentando sangrar mais rápido!



**



Harry se aproximou do alçapão, nervoso, e colocou sua mão direita, ainda grudenta com seu próprio sangue e o de Draco, no puxador. Nada aconteceu. Não houve gritaria nem alarme. Encorajado, Harry puxou a porta e desceu até o espaço à frente.

Ele se perguntou quanto tempo eles teriam antes que Lúcio e os outros fossem até Draco. Draco... Harry estava pensando nele pelo primeiro nome, agora, algo que ele nunca pensou ser possível. Especialmente porque ele ficava fisicamente doente toda vez que Hermione dizia a palavra Draco. Eu sei que você não gosta do Draco, Harry, mas ele está mudado.

Mudado. Talvez ele tenha mudado, Harry pensou, circundado por teias de aranha. Ele tinha estado convencido de que tudo foi por causa da Poção Polissuco, mas será que uma poção como essa era poderosa o suficiente para neutralizar uma vida inteira voltada inteiramente para somente os próprios interesses e fazer com que alguém que nunca foi heróico arriscar a própria vida pela vida de uma garota que ele mal conhecia? Harry não tinha certeza. O que ele sabia era que, por qualquer que fosse a razão, Draco salvou Hermione de tortura e provavelmente da morte. Isso deixava Harry em débito com Draco. Ele não queria ser como Snape, destinado a uma vida inteira de culpa e ressentimento; ele não iria deixar Draco Malfoy morrer enquanto ele, Harry, devia a ele, Draco, alguma coisa.

Ele estava em frente ao portão do calabouço. Ele ergueu sua mão sangrenta e aproximou-a do cadeado, que abriu como se fosse feito de macarrão. Ele soltou o cadeado, empurrou o portão, abrindo-o, e entrou.

Sirius e Hermione estavam sentados juntos no banco do final da cela. Sirius estava... bem, extremamente sério enquanto explicava algo para ela, Hermione balançava positivamente a cabeça e ainda estava ridiculamente bonita no vestido de cetim de Narcissa. Ela parecia sentir que Harry estava lá antes mesmo dele dizer qualquer coisa: ela se levantou e correu pela cela, jogando seus braços por entre as grades para poder pegar a mão dele.

- Harry... você está bem?

- Estou... AI!

Ele tremeu quando ela apertou sua mão, com o corte. Ela viu o sangue e ofegou:

- Lúcio fez...?

- Não. Isso não é só o meu sangue._ ele disse – Uma parte é de Draco.

Ela ficou esverdeada.

- Ele está bem... ele está machucado?

- Eles bateram nele, mas nem tanto assim. Eles estão o guardando para Voldemort._disse Harry, tenso. Ele virou para Sirius – Você sabe alguma coisa sobre Feitiço do Encarceramento?



**



Draco estava deitado sobre suas costas, olhando para o teto. Ele deveria estar se contorcendo de medo, mas não estava. Uma espécie glacial de paz caiu sobre ele, e ele não sentia quase nada.

Harry estava nos túneis sob a casa, agora. Draco fechou seus olhos: era mais fácil achar Harry no escuro. Era como se tivesse um fio de luz invisível ligando-os, com ele numa extremidade, e Harry na outra; às vezes, isso aparecia para ele, chamando sua atenção; outras vezes, era muito difícil achar Harry do outro lado do fio. Agora, era fácil; ele podia quase vê-lo. Visões esquisitas, ele pensou. Estou tendo visões esquisitas. Mas isso o fazia esquecer que estava sozinho.

Hermione estava com Harry, agora. Doía pensar nela, como a dor de um dente quebrado. Mas ela estava viva, e isso era pelo menos um pouco por causa dele. Ele não se arrependia do que tinha feito. Ele sempre tinha assistido Harry fazer as coisas ridículas e audazes, que ele sempre se perguntava não só o motivo, mas também como. Agora, ele sabia. Você só fazia o que tinha que fazer: só havia uma alternativa que fazia sentido, uma única saída, e você ia por essa saída. Era invejavelmente simples. Contudo, Draco se perguntou, será que a escolha seria tão sem esforço se ele não tivesse Harry na cabeça?

Quando a porta da sala de esgrima abriu, Draco pensou por um momento que estava imaginando aquilo. Ele virou sua cabeça vagarosamente.

Era o seu pai.

E Lúcio não estava sozinho. Um homem muito alto, em vestes pretas longas e com capuz, vestindo luvas vermelhas e carregando uma varinha, estava com ele. O homem andou apressadamente pelo aposento até a jaula.

- Liberos!_ ele falou, e sua voz era uma coisa sibilante horrorosa

As grades da jaula desapareceram, e Draco se sentou. Ele repentinamente se sentiu nu, desprotegido. O homem alto andou até ele, e examinou seu rosto. Então, ele tirou seu capuz.

Draco sufocou um grito. Uma caveira calva, sem cabelos, da cor do sangue... amarelo, olhos cortados com pupilas de gato, verticais... cortes para as narinas... e uma boca sem lábios.

- Lúcio_ disse a voz horrível, que Draco acabara de ter se dado conta, a voz de Lord Voldemort – Muito bem, foi realmente um grande feito!



**



Quando Harry tirou Hermione e Sirius da cela, Sirius fez com que Harry descrevesse a jaula incandescente várias vezes até ele ficar satisfeito.

- Eu posso tirar o feitiço_ disse Sirius – Mas eu vou precisar da minha varinha.

- Você pode usar a minha!_ disse Hermione, mas Sirius balançou a cabeça

- Esse é um feitiço muito complicado_ ele disse - Eu preciso da minha própria varinha. Eu sei onde ela está, eu vi Lúcio colocá-la numa gaveta de seu escritório. Olhe_ ele continuou – na forma de cachorro, eu posso chegar lá bem mais rápido que vocês. Eu acho que devo ir na frente, e vocês dois vão atrás. Eu tiro o Feitiço do Encarceramento, se eu conseguir, e eu encontro vocês no quarto de Draco.

- E se..._ Hermione engoliu a seco – Você-sabe-quem já estiver com ele?

Sirius estava soturno.

- Ainda assim eu encontro vocês, e nós decidiremos o que fazer depois_ ele disse.

e pôs sua mão no ombro de Harry e Harry olhou para ele por um segundo e concordou com a cabeça:

- Certo!

Sirius soltou Harry e tomou imediatamente sua forma canina, na qual ele saiu do calabouço. Harry e Hermione o seguiram, mais devagar. Harry estava quieto, e parecia muito infeliz. Ele estava andando muito rápido, quase correndo.

- Draco está bem?_ Hermione perguntou timidamente – Quero dizer... você disse que ele não estava tão machucado, mas ele deve estar com medo.

- Ele não está tão bem. Na verdade, ele pediu que eu o matasse._ disse Harry, subindo numa pilha de pedra quebrada

Ele virou-se para ajudar Hermione a subir, e viu que ela estava parada, olhando para ele.

- O quê? O quê você disse, Harry?

- Eu peguei meu canivete de confiança e enfiei na garganta dele. O quê você acha que eu disse?_ perguntou asperamente Harry, irritado – Eu disse a ele que ele era louco e que eu não iria matá-lo!

Hermione começou a subir atrás dele, sem usar a ajuda.

- Por quê? Não estou perguntando porq eu você não o mataria, mas por que ele te pediu isso?

- Se eles puserem a maldição Lacertus nele, isso iria matá-lo de qualquer jeito._ disse Harry sobriamente – Ele não queria que fizessem isso, ele não queria arriscar, já que ele acabaria assassinando pessoas. Ele disse que isso só seria morrer um pouco antes do que ele iria de qualquer jeito.

Hermione empacou novamente. Harry se perguntou se eles iam chegar a algum lugar, com Hermione parando a cada dois passos.

- Harry..._ ela disse

- O quê?

- Uma coisa que você disse. No nosso primeiro ano, quando você estava indo atrás da Pedra Filosofal... você disse que se Você-Sabe-Quem te pegasse, isso só seria morrer um pouco antes do que você iria de qualquer jeito.

Eles olharam, um para o outro.

- Você acha que era eu falando nele?_ perguntou Harry, desconfortável

Hermione parecia extremamente funesta.

- Eu não sei_ ela disse – Eu não quero achar isso.

- Eu não acho que fui eu._ disse Harry inesperadamente

Hermione sorriu para ele.

- Eu espero que não._ ela disse – Eu já convidei ele para me visitar, no verão.

Agora foi a vez de Harry de parar de andar.

- Ele vai transformar sua família inteira em sapos, Hermione._ ele disse, lugubremente ecoando os próprios medos dela

- Ele não vai fazer isso_ ela disse, obstinada – Meus pais vão gostar dele. Ele tem mesmo bons modos, e ele se veste bem, e... e ele leu Hogwarts, uma história!

Harry virou-se para ela. Então ele se aproximou de Hermione, segurou-a pelos braços e olhou atentamente para o rosto dela, algo que ele jamais havia feito antes.

- Você gosta dele, Hermione? Eu sei que você beijou ele e tudo mais, mas você gosta dele?

- Sim_ ela disse, surpreendendo a si mesma – Eu gosto dele, eu realmente gosto dele.

- Você ama ele?

- Harry!

- Você poderia amar ele?

- Sim!_ ela exclamou – Sim, eu poderia. ela tentou puxar sues braços, mas ele a segurava muito firme. – Eu já estou ficando cheia dessa sua superproteção de como se você fosse meu irmão mais velho, Harry!_ ela continuou agudamente – Eu não tenho doze anos e eu não sou idiota, e é problema meu quem eu quero...

- Hermione..._ ele a interrompeu furiosamente – Você é tão burra...

E ele a beijou.

Isso não era nada como beijar Draco. Beijar Draco era doce e embriagante e divertido. Beijar Harry não era nenhuma dessas coisas; para Hermione, beijar Harry era a mistura de seis anos de amor frustrado, seis anos de devoção e ressentimento, seis anos de esperança e desejo e desespero. Era meio como uma bomba caindo sobre sua cabeça. Ela se sentiu se segurando a Harry como se, se não fizesse isso, fosse cair, sentiu Harry agarrando seus braços com uma força que chegava a ser dolorosa. Ela devia ter uma contusão, mas ela não se importava. Ela não podia respirar, mas ela não se importava. Havia uma pedra cutucando suas costas, mas ela não se importava. Ela podia sentir o coração de Harry batendo violentamente contra o dela, e era isso que importava.

Foi um choque quando ele a soltou e deu um passo para trás. Ela viu que o peito dele estava erguendo e depois declinando rapidamente, como se ele estivesse correndo. Ele continuou andando para trás até que ele estava contra a parede oposta, olhando para ela como se estivesse aterrorizado.

- Me desculpe._ ele disse – Eu não pretendia fazer isso. Eu realmente sinto muito.

Ela estava desnorteada.

- Por quê? Você sente muito por o quê?

- Isso..._ ele disse, apontando para ela, e depois para si mesmo – Você e eu. As coisas já estão caóticas demais. Eu não queria deixar a situação ainda pior.

- Pior?_ Hermione olhou para ele – Você está dizendo que me beijar foi uma coisa ruim?

- Não! Beijar você foi... ótimo._ disse Harry, fracamente. Ele se ajeitou, parecendo determinado – Mas ainda assim, eu não vou fazer isso de novo.

- Por que não?_ perguntou Hermione

- Porque_ disse Harry. Ele havia tirado seu canivete do bolso, e estava se distraindo com isso. Ainda havia sangue na lâmina – Isso seria errado.

- Errado?_ será que ele estava maluco? – Draco estava certo._ ela disse terminantemente – Você está ficando louco.

- Não estou ficando louco. Eu pensei bastante, Hermione, não pense que eu só...

- Você não quer saber o que eu penso_ ela falou asperamente

- Eu quero._ disse Harry

Ele estava desesperadamente infeliz, mas Hermione não tinha mais paciência pra sentir pena dele. Ela deu dois passos à frente e o agarrou pela gola das vestes.

- Diga isso!_ ela disse

Ele se recuou a olhar para ela.

- Eu não posso.

- Diga isso, Harry!

Agora ele estava com raiva e teimoso, como só Harry podia teimar.

- Se você está me pedindo para dizer o que eu sinto por você_ ele disse – Eu não posso. Eu não posso e não direi.

- Eu já te pedi isso antes._ ela disse – Eu não vou te pedir isso de novo. Essa é, Harry, essa é a última chance que você tem, você está me entendendo?

- Eu não posso!_ ele disse novamente

- Ótimo._ ela disse, e o soltou

O canivete dele caiu no chão e ela se abaixou para pegá-lo. Quando ela se levantou, ela viu Harry olhando para ela.

- Ótimo?_ ele repetiu, incrédulo

- Sim_ ela disse, entregando o canivete para ele Mecanicamente, ele o pegou – Ótimo. Por seis anos eu me perguntei se você era, você sabe, a pessoa certa para mim. E agora_ ela disse – Eu sei que você não é.

Os olhos de Harry estavam arregalados.

- Hermione, eu...

E ela virou-se e começou a andar. Harry ficou parado, por uns instantes, segurando o canivete firmemente, e então, a seguiu.



**



Na forma de um cão, Sirius correu pelos corredores em zigue-zague do calabouço e saiu pelo alçapão. Sob as sombras, ele passou pelos saguões, na direção de onde ele lembrava ser o escritório de Lúcio. Foi sorte, ele pensou, muita sorte que a casa estava deserta: ele não podia imaginar onde Lúcio e os Death Eaters estavam, mas não parecia ter ninguém por perto.

Ele virou o puxador do escritório de Lúcio com uma pata, e entrou. O que ele viu lá dentro o chocou tanto, que ele voltou à sua forma humana sem ao menos pensar, e gritou bem alto.

Narcissa estava sentada atrás da mesa de carvalho de Lúcio. Ela estava muito pálida, e estava segurando a varinha de Sirius com suas mãos. Quando ela o viu, seus olhos começaram a passear pelo quarto.

- Sirius..._ ela disse, e entregou a varinha para ele com a mão trêmula – Eu sabia que você viria atrás disso. Pegue isso rápido, e vá!

Ele pegou a varinha. Ele sentiu uma urgência louca de tocar na mão dela quando ele fez isso, mas reprimiu sua vontade.

- A sala de esgrima_ ele disse suavemente – Como eu faço para chegar lá?

Ela balançou sua cabeça.

- Saia da casa, Sirius!

- Narcissa_ ele disse – Eu preciso pegar Harry antes que o Lord das Trevas faça isso. Você me entende?

- Eu entendo._ ela respondeu – Mas o Lord das Trevas já o pegou.



**



Draco não podia acreditar no quão medonho Voldemort era. Ele nunca, na verdade, tinha pensado sobre isso, mas ele sempre achou que o Lord das Trevas era como qualquer outro Death Eater, talvez um pouco mais alto ou mais pálido, mas ainda humano. Olhando para os olhos cortados, do como os de gato de Voldemort, e para seu rosto escamoso e sem nariz, Draco repentinamente sentiu pena de Harry. Tendo de estar cara-a-cara com ele a toda hora. Vendo esse rosto em seus sonhos. Isso devia ser horrível.

Draco sabia que devia estar sentindo medo, mas ele não estava. Ele não sabia o motivo. Em partes, ele supôs, era porque ele podia sentir Harry e Hermione na outra extremidade do fio invisível, eles estavam andando pelos túneis, atrás dele, e ele podia sentir a solicitude e preocupação deles. Isso o fazia sentir-se menos só, mesmo sabendo que não havia jeito deles chegarem a tempo.

Ele olhou para seu pai, que estava ansioso e gulosamente esperançoso.

- O senhor está feliz, Mestre?_ perguntou Lúcio Malfoy

- Eu estou._ disse o Lord das Trevas – Lúcio, você e os Death Eaters fizeram um bom trabalho.

- Lúcio e os Death Eaters_ disse Draco, desejando que sua voz não parecesse tão ranzinza – Soa como um nome de banda.

Lúcio e Voldemort encararam Draco. Draco encarou de volta. Se ele iria morre, ele estava determinado a morrer sendo irritante, o que, além do mais, ele fazia muito bem.

O Lord das Trevas se abaixou e colocou sua mão sobre a testa de Draco, diretamente na cicatriz de Harry. Sua mão estava fria.

- O meu toque te queima?_ ele perguntou numa voz horrível – Isso te machuca, Harry Potter?

- Não_ disse Draco – Mas faz cócegas como o inferno!

Ficou evidente que Voldemort não tinha senso de humor. Ele olhou para Lúcio, que olhou de volta e balançou os ombros.

- Ele está mentindo!_ disse Lúcio

Os horrorosos olhos de gato de Voldemort estavam cortados.

- Ele está?

Ele se abaixou e tirou uma de suas luvas. A mão que apareceu era vermelho-escura, quase cor de tijolo, com longas unhas pretas. Haviam ranhuras profundas pelas palmas das mãos dele, como cortes cicatrizados ou queimaduras.

- Pegue minha mão, harry Potter!_ ele disse, estendendo-a para Draco

- Só depois que você botar uma loção nesses cortes._ disse Draco – Eles são muito asquerosos!

- Pegue minha mão!

A mão de Voldemort foi até a de Draco e a agarrou com a velocidade de uma cobra em greve. Ele esmagou a mão de Draco com o aperto. Era a mão que Harry havia feito o corte e a dor foi aguda. A mão do Lord das Trevas estava tão seca e escamosa como a pele de um lagarto. Ele não tinha nenhuma pulsação. Draco puxou sua mão de volta o mais rápido que pôde.

O Lord das Trevas virou-se para Lúcio Malfoy e o olhar em seu rosto não era nem um pouco agradável.

- Isso é alguma brincadeira, Lúcio?

- Eu não... eu não sei o que o senhor quer dizer._ Lúcio gaguejou

- Esse_ Voldemort apontou para Draco – não é Harry Potter. Você acha que um frágil disfarce iria me enganar? Enganar a mim? Eu não sei quem é esse... algum trouxa para quem você deu a Poção Polissuco... o que você pretendia com isso, Lúcio?

O rosto de Lúcio Malfoy estava da cor de queijo cottage.

- Esse não é... não é Harry Potter?_ ele balbuciou

- Não finja que você não sabia._ disse Voldemort, mas Lúcio estava também num estado de choque avançado para dizer qualquer coisa

Ele estava olhando, com os olhos arregalados, para Draco. Draco acenou para ele.

- Quem é você?_ Lúcio perguntou numa voz abafada – Um amigo de Potter...?

- Dificilmente_ respondeu Draco

- Há uma solução simples para essa pergunta, Lúcio!_ disse Voldemort. Ele sacou sua varinha e a apertou contra a garganta de Draco, o que doía bastante. – FINITE INCANTATUM!_ disse o Lord das Trevas

Por um momento, nada aconteceu, e Draco teve certeza de que o feitiço não havia funcionado. Então, a sensação de derretimento que ele se lembrava, tomou conta dele novamente, acompanhada da dor que passava pelos seus nervos como o vôo de pequenas flechas. Era como se sua própria pele estivesse sendo arrancada, seus ossos derretidos e reformados. Ele se dobrou e caiu no chão, de quatro, ofegando, sua visão embaçada e dolorida.

Ele parecia ver seu próprio corpo de uma longa distância, ele se via se transformando. E ele viu o estreito fio de luz, que esticava-se entre ele e Harry, estalar como uma linha de pescaria com muito peso. A visão de Harry que ele tinha no seu íntimo rodopiou na escuridão... e ele estava sozinho.

Draco sentou-se, sentindo o fluxo de dor ir embora. Sua visão ainda estava embaçada... mas isso, ele percebeu, era porque ele ainda estava usando os óculos de Harry, que ele não precisava mais. Ele tentou levar as mãos ao rosto para tirá-los, mas suas mãos estavam tremendo tanto que ele teve de tentar três vezes antes de conseguir tirar os óculos.

Ele olhou para cima. Seu pai e Voldemort estavam olhando para ele: Voldemort com curiosidade, e Lúcio com uma expressão que dizia que todos os seus piores pesadelos tinham acabado de se tornarem realidade num único e terrível momento.

- Esse é o seu filho, Lúcio?_ o Lord das Trevas perguntou

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