A viagem das crianças
De posse da autorização fornecida por Dumbledore, Harry se apressou em chegar à ala hospitalar para ver como estava Hermione. Ele percorreu os corredores de Hogwarts com uma rapidez que chamou atenção dos poucos alunos que ainda se encontravam fora dos dormitórios. Quando entrou na enfermaria, o lugar estava completamente silencioso e Potter não encontrou Madame Pomfrey. Assim, o garoto resolveu procurar sozinho o leito de Mione chegando a imaginar que poderia passar despercebido, entretanto logo ouviu uma fina voz o chamando em tom de reclamação:
― Senhor Harry Potter! Não disse que deveria avisar ao professor Dumbledore o ocorrido? O que pretende fazer aqui? - perguntou Madame Pomfrey, apenas contendo a voz para não acordar os pacientes.
― O professor Dumbledore me pediu para lhe entregar isto - Potter ergueu a mão, vitorioso, passando a correspondência de Alvo a ela. Madame Pomfrey leu a autorização e, apesar de transparecer em sua face uma insatisfação pela idéia de ter Harry dormindo na ala hospitalar sem estar doente, não poderia deixar de atender a um pedido de Dumbledore.
― Bem, parece que você passará a noite aqui com a Senhorita Granger... Acompanhe-me em silêncio. Devo dizer que não acho apropriado, entretanto, professor Alvo sempre sabe o que faz... De qualquer sorte, a menina murmurou seu nome enquanto estava com febre.
― Com febre? - preocupou-se imediatamente Harry.
― Sim, ela foi vítima de um estuporamento e acredito que quem fez isso sabia exatamente a que ponto queria chegar porque poderia ter feito algo mais grave - informou Madame Pomfrey, que logo em seguida acrescentou, ao ver os olhos verdes de Harry serem preenchidos por lágrimas: - Mas não se preocupe, meu jovem, sua amiga é forte e já não está mais com febre, somente precisa de repouso e cuidados, por isso peço que não a desperte, está bem? - Harry assentiu afirmativamente com a cabeça, pois não estava em condições de falar nada.
Madame Pomfrey o conduziu à cama de Hermione, indicando a poltrona lateral ao leito para que ele pudesse se sentar.
― Qualquer coisa apenas me chame, Harry, tudo bem? Estarei na sala ao lado. Você pode descansar nesta poltrona, ou, se quiser, pode até dormir nesta cama aqui ao lado da sua amiga.
Dizendo isto, Madame Pomfrey saiu e deixou Harry ali a sós com Hermione. Ele se aproximou da cama devagar e pousou seus olhos emocionados sobre a morena que apenas dormia sob o efeito de uma poção do sono. Potter alisou carinhosamente os cabelos da marota, beijando-lhe a face. Ele imaginava o quanto aquela menina lhe era cara. Na verdade, preciosa demais para ser perdida. Sim, ele decididamente a amava e as palavras de Dumbledore sobre o segredo do fabrico da poção somente confirmaram a força do sentimento que o unia a Hermione. Contudo, a preocupação com a segurança de sua garota era o que mais afligia Potter naquele momento. A própria Madame Pomfrey informara que a pessoa responsável pelo feitiço estuporante não teve intenção de causar maiores danos e sabia exatamente o instante em que deveria parar.
Harry então se sentou na poltrona ao lado da cama e segurou uma das mãos de Mione entre as dele, adormecendo naquela posição. Estava feliz que sua garota ficaria bem, todavia não conseguiu se livrar da apreensão que o tomava. Por sorte, aquela noite passara depressa. Potter nem se deu conta de que dormira segurando uma das mãos de Hermione. A menina despertou antes dele passando a observá-lo carinhosamente.
― Harry? - Hermione falou numa voz doce, mas ainda frágil.
― Mi? - balbuciou prontamente Potter, acabando de acordar. - Mi! Tive tanto medo de te perder... - O moreno não conseguiu se conter. Aproximou-se de Hermione e a beijou apaixonadamente na boca, demorando-se para se certificar de que ela realmente estava bem. Depois de um beijo prolongado, os dois se afastaram bem devagar. O menino a encarou profundamente, sentando-se ao seu lado na cama. Os olhos verdes-esmeralda, mais brilhantes do que nunca, fitavam Hermione com um carinho descomunal. Ela pareceu se lembrar de parte do que ocorrera.
― Harry, eu pensei que a carta fosse do Rony... Tive medo que ele fizesse algo de errado...
― Tudo bem, Mi. Vai ficar tudo bem. Não se preocupe com nada agora. O Rony está bem! Diga-me uma coisa... Você não recorda nada do que aconteceu? - questionou o moreno ansioso por saber se fora Snape.
― Lembro-me de ter recebido a carta e ido para a Floresta Proibida. Entrei na mata e chamei o Rony, mas ninguém respondeu... Então, senti frio...
― Frio? Viu algum dementador? - inquiriu Harry, surpreso.
― Não. Não era um frio de dementador... Eu não me senti triste... Foi um frio diferente, Harry. Vi um vulto negro se aproximar... Não deu para ver o que ou quem era, mas foi como se algo muito ruim estivesse por perto.
No momento em que Hermione disse isto a Harry, ele pôde sentir sua cicatriz se contrair e uma dor aguda lhe tomar a cabeça. Teria o próprio Voldemort se encarregado daquela missão? Potter pensara naquilo, embora achasse improvável. Certamente ele teria sentido a cicatriz no momento do atentado se Voldemort estivesse presente. Talvez o vulto negro fosse somente um dos Comensais da Morte que lançou o feitiço e se escondeu entre as árvores.
― Harry? Sua cicatriz... Está sentindo alguma coisa? - Hermione indagou assim que o viu levar involuntariamente a mão sobre a testa.
― Não, Mi... Não foi nada demais. Vou avisar Madame Pomfrey que você acordou. Quero que ela veja como você está.
― Acho que você já viu - disse Hermione entre risos. - Se depois de um beijo desses eu não estivesse bem, fico até sem coragem para imaginar o que faríamos se você julgasse que eu estou inteiramente curada.
Harry corou completamente ao som das palavras de Mione, no entanto não conseguiu conter nem o riso, nem os pensamentos que a esta altura já haviam seguido por um rumo irrefreável. Potter retornou para o lado da cama, beijando novamente Hermione, porém com mais calma. Sem a voracidade e o medo de perda que fizeram parte do primeiro beijo daquele dia.
― Realmente, senhorita Granger, você está bem e seus beijos continuam insuperáveis como tudo que você faz, mas ficarei mais tranqüilo se Madame Pomfrey te observar - rebateu Harry com um olhar maroto que lembraria com certeza o do pai dele.
Foi a vez de Hermione ficar absolutamente ruborizada enquanto Potter se afastava para chamar Madame Pomfrey. Retornaram poucos minutos depois. Potter e Madame Pomfrey que parecia estar extremamente feliz pela célere melhora da paciente dela.
― Vejo que a senhorita já se sente melhor, mas nada de excessos, pois ainda tem uma viagem hoje e precisa repousar... Depois, seus amigos parecem querer vê-la. Os Weasley estão lá fora desde cedo, aguardando para visitá-la. Permitirei que eles entrem por breves minutos - pontuou Madame Pomfrey, que saiu para chamar os amigos de Hermione.
― Viagem, Harry? - questionou Hermione.
― Sim, o professor Dumbledore acredita que é melhor você ficar em casa por um tempo.
― Em casa? Mas isto significa ficar longe de você! Não acho que seja necessário este afastamento... - afirmou Mione com tristeza.
― Mi, e quem disse que vamos ficar separados? - falou o maroto sorrindo. - Eu vou com você para a casa de seus pais. Bem, Dumbledore disse que eles terão que viajar dois dias depois que chegarmos lá e você não poderá ficar sozinha...
― Ah, se é assim, melhor! - sorriu a morena. - Realmente, é o período de férias da empregada e, se meus pais viajarem, eu certamente ficaria sozinha. Queria tanto que os elfos domésticos tivessem férias também...
― Olha, quanto aos elfos eu nada posso fazer agora, Mi... Quanto a você, porém... eu vou estar lá, como sempre estarei ao teu lado - Harry fez menção de que iria beijar Hermione, no entanto o barulho de passos, cada vez mais próximos, fez com que ele se contivesse. Eram Gina e Rony que vinham visitar a amiga.
― Mi, como você está? - perguntou Gina, olhando com carinho para a morena.
― Bem, Gina. Não precisa se preocupar, logo estarei melhor - disse Hermione sinceramente.
Os amigos conversaram um pouco, no entanto Rony permaneceu calado durante toda a visita apenas observando Mione com discrição sempre que os outros se distraiam.
― Gina, vamos sair um pouco? Preciso pegar algumas coisas no dormitório e acredito que Rony deseja falar com a Mione sozinho - Harry murmurou para a menina reservadamente.
― Está bem, eu te acompanho até lá. Tenho mesmo que voltar - concordou a ruiva.
― Mi, vou arrumar as coisas para a viagem e, quando tudo estiver pronto, retorno - explicou Harry, que deu um controlado beijo na face de Hermione antes de sair, deixando para trás a namorada e o amigo juntos.
Depois de alguns momentos calados, Rony resolveu, enfim, dizer alguma coisa. Entretanto, foi evidente que se esforçou também para evitar os olhos da garota.
― Mi, eu fiquei preocupado, sabe? Você não devia ter atendido o bilhete...
― Como não atenderia ao chamado de um amigo, Rony? E um amigo como você? Sabe que eu me importo muito com você, não é? - questionou Hermione sem jeito.
― E eu com você! - admitiu Rony com uma voz agora mais forte. - Mais do que deveria... Mas, você deve tomar cuidado em que bilhetes acredita! Aquilo foi uma armadilha e não gostaria que caísse em outra. Tenho de pedir desculpa por ter sido tão idiota, sabe? Eu deveria ter te notado antes, assumido há mais tempo que gostava de você... Bem, agora... agora é tarde para nós dois... Fico feliz que seja o Harry... Ele vai cuidar bem de tudo...
― Oh, Rony, sei como deve estar sendo difícil. Não queria que as coisas fossem assim. Eu...
Rony levantou uma mão e a pôs sobre os lábios de Hermione para que ela nada dissesse.
― Mi, você não tem culpa da minha inércia... Ninguém tem. Você e o Harry foram honestos como verdadeiros amigos devem ser. Só quero pedir paciência, porque não posso deixar de gostar de você de uma hora para a outra, sabe? Mas sei que isso vai passar, então... Continuamos amigos? - perguntou Rony com certo receio.
― Sempre, Ron! Sempre! - falou Hermione com um olhar terno.
Eles continuariam a conversar, se não fosse por Madame Pomfrey que expulsou Rony, informando que chegava de visitas por hora. Hermione precisava verdadeiramente descansar para a viagem. O ruivo deixou a ala hospitalar com o coração mais leve por haver resolvido a delicada situação em que se encontrava. Sabia que não poderia tê-la como mulher, no entanto conservaria aquela grande mulher como sua amiga e isto já era muito. O tempo se encarregaria de curar qualquer ferida.
Pensando isto, Rony se apressou para contar a Harry o que vira enquanto seguira Snape. Quando chegou ao dormitório, encontrou Potter fazendo as malas.
― Malas? A esta época do ano? - questionou Rony, incrédulo.
― Sim, Rony. Dumbledore quer que eu fique com Hermione na casa dela por causa do avô... Ela ainda não sabe, mas ele está muito doente - Potter preferiu omitir que ficaria sozinho com Mione para poupar o amigo.
― Ah... Bem, eu segui o Snape depois do que você me falou e... Vi uma coisa estranha, cara...
― Coisa estranha? O quê? - inquiriu Harry realmente curioso.
― Ele estava particularmente preocupado nas masmorras quando o novo elfo doméstico do Lúcio Malfoy apareceu exigindo que ele fosse ter com o mestre dele... Acha que pode ter relação com a armadilha para Hermione?
― Sim, Rony... Mas não vai adiantar dizer a Dumbledore, ele não acredita que Snape faria nada de mau... Bem, quero lhe pedir que neste tempo em que estivermos fora... você, se possível, siga o Snape com minha capa da invisibilidade... Eu acredito que ele deseja obrigar a Hermione e eu a fabricarmos mais poção da felicidade para Voldemort.
― Para... para... Vol...
― Uhum - confirmou Potter. - Por isso acredito que ele esteja tão próximo de Lúcio Malfoy. Mas tenha cuidado, Rony, você não pode ser visto! É arriscado! Se não quiser ir, eu entenderei perfeitamente.
― Cara, faço qualquer coisa por você e pela Mi, está bem? Você salvou praticamente minha família toda e é o meu melhor amigo... Isso não mudou, sabe? – Rony disse sorrindo. Harry riu de volta em agradecimento. Estava feliz por ter conservado o amigo sem perder a namorada. Teria, contudo, outros obstáculos a vencer.
Chegada a hora da viagem, Harry se despediu de Rony e Gina na saída da Grifinória, onde a mulher no retrato não parava de encará-los, e foi até a ala hospitalar. Lá, aguardavam Madame Pomfrey, Dumbledore e Rúbeo Hagrid. Primeiramente, Madame Pomfrey se encarregou de instruir Potter nos cuidados que deveria dispensar a Hermione. Depois, Dumbledore, olhando sobre os oclinhos de meia lua, falou para Harry e Mi:
― Sabem o que é preciso fazer. Hagrid cuidará, mais uma vez, da segurança de vocês, zelando para que todas as correspondências cheguem ao seu destino. Senhorita Granger, tenho certeza que Harry se empenhará para sua melhora rápida. Apenas peço que não se excedam.
Curiosamente, quando disse isto, Potter e Hermione ficaram mais rubros que a Poção da Felicidade, porém não ousaram encarar Dumbledore. Apenas olharam para Hagrid sem perder a tonalidade vermelha e seguiram-no. Viajariam através de uma chave de portal.
― Professor Dumbledore, pode deixar, cuidarei das crianças - disse Hagrid sério.
― Eu sei, Rúbeo! Quero que as crianças se lembrem de que ainda são crianças também - ponderou Dumbledore, mas com um sorriso na face.
Infelizmente, ou felizmente, a última parte do que o professor dissera não foi ouvida pelos três que, a esta altura, já haviam atravessado o portal.
Continua...
Arwen Undómiel Potter
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Fanfic escrita por Arwen Undómiel Potter
Capítulo revisado pela beta-reader Andy “Oito Dedos”
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Agradecimentos:
Meu queridos,
obrigada pela paciência de todos! Aqui estou com mais um capítulo, cumprindo a minha palavra!
Anataly, você ordenou e ordem de leitor é lei para mim (postei logo que acabei o capítulo).
Julia Granger, realmente o Harry ficou, no mínimo, encabulado com a descoberta do espião Hagrid (risos). Fico feliz que esteja gostando! Fica com Deus também!
Sarah Deever, obrigada pelo desejo de boa sorte! Fica com Deus também, querida!
Anna Rosa, você é muito perspicaz também... Não vou dar pistas para não estragar as surpresas que pretendo fazer. Beijos, querida!
Diana Potter, que felicidade prender você à história! Saiba que você também faz isto nas suas! Beijão e obrigada por continuar acompanhando!
Otavio Bach... Você, heim? Sempre me deixando sem palavras (risos). Ainda não é neste capítulo que os dois estarão sós, mas... está bem próximo. Tenha certeza. Obrigada por comentar!
Ana Lívia, obrigada pela exuberante demonstração de carinho pela história que escrevo, viu? Desculpa mesmo não estar conseguindo ser tão rápida, mas acho que você já me entendeu e eu agradeço por isso também! Beijos, linda!
Daniela Normey, puxa vida... Esta é a melhor ficção que você já leu na vida? Nossa, espero continuar te agradando cada vez mais! Beijos e muito obrigada mesmo!!! Ah, adicionei você no msn como me pediu (não estou entrando muito, mas assim que puder adoraria conversar contigo também!).
Moonny Catty, obrigada pela consideração em responder a mensagem!!! Pode deixar que terei paciência sim (também preciso que tenham muita comigo e é claro que te entendo!), Kisses.
Suelen Granger, valeu pelo pedido de atualização e participação atuante, querida!
Beto, você é 10! Valeu por estar aqui junto de todos nós!
Mrs. Radcliffe, concordo com você! Ainda bem que o Harry pôde ficar na ala hospitalar com a Mi... Beijos e obrigada pela sua importante presença!
Ana Souza, não deu mesmo para postar antes, mas agradeço de coração o seu pedido e paciência!
Bruna, minha flor, ainda não deu mesmo para terminar de ler, porém quero agradecer a sua presença constante aqui e fico extremamente feliz que você tenha gostado do capítulo 14, além de ter percebido algumas coisas com o seu senso aguçado de investigadora! Um beijão para ti!
Luisa Khan, é um prazer tê-la aqui conosco, viu? Valeu mesmo por comentar! Peço desculpas a ti também pela relativa demora. Beijos e continue acompanhando sempre que der!
Aline Braga, você sempre me ajuda também! Agradeço o seu generoso comentário e espero que continue me dando o prazer da convivência contigo! Beijos, querida!
M!A, obrigada a você também por comentar... as “feriazinhas” de Harry e Mi estão próximas (risos). Até lá... agradeço sua bondade comigo e com a história!
Raquel Bloom, em atendimento ao seu pedido de quero mais, aí está o capítulo 15 (logo o nosso casal estará sozinho...). Infelizmente não tenho conseguido ler as histórias de vocês... (Mas, assim que der, sem falta, olharei a sua também! Será um prazer!). Beijos e obrigada, querida!
Bem, peço mais uma vez paciência a todos vocês, prometendo atualizar assim que o capítulo 16 estiver pronto!
Agradeço todas as participações e comentários, bem como os muitos votos e visitas para leitura! Vocês são incrivelmente prestativos e generosos! Espero encontrá-los em breve, se Deus quiser! Até o próximo capítulo!
Beijos,
Arwen Undómiel Potter.
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