Incontroláveis Pensamentos



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Sim, alguns instantes já haviam se passado e, somente então, como num despertar, ambos se deram conta de que ainda permaneciam envolvidos. Hermione continuava nos braços de Harry. O garoto ainda segurava a amiga, mantendo-a sob sua proteção. Assim, os dois ruborizaram ao se aperceberem naquela situação, desvencilhando-se um do outro. Por certo, para fugir daquilo contra o qual passariam a lutar, mas quase acontecera.

- Harry - disse a morena, já saindo do quarto com rapidez e sem conseguir disfarçar certo constrangimento na voz -, quando acabar o banho, é só descer.

- Está bem, Mione, serei rápido - o garoto respondeu também nervoso, aliás, mais tenso que Hermione.

No chuveiro, Harry deixou a água bater forte em seus cabelos lisos, desejando que a força dela levasse para longe os pensamentos que o arrebatavam, naquele momento, tão intensamente. Sentir o corpo de Hermione contra o seu o fez lembrar quanto a ausência dela fora doída e o quanto sua presença passara a ser desejada além dos limites que “deveria” ser.

- Merlin, como posso imaginar uma coisa dessas, a Mione é minha amiga - pensava Potter enquanto tornava a se lembrar de como fora bom senti-la em seus braços, junto àquela fragrância doce, agora inesquecível. E foi assim que, querendo esquecer, Harry recordou o seu primeiro ano em Hogwarts, quando Hermione o abraçou pela primeira vez:


*****

“A boca de Hermione estremeceu e ela correu de repente para Harry e o abraçou.

- Hermione!

- Harry, você é um grande bruxo, sabe?

- Não sou tão bom quanto você – disse Harry muito sem graça quando ela o largou.

- Eu! Livros! E inteligência! Há coisas mais importantes, amizade e bravura e, ah, Harry, tenha cuidado!”

(Harry Potter e a Pedra Filosofal, p. 245).


*****


A lembrança desse primeiro abraço foi ainda mais preocupante para Harry, porque o fez ter a certeza de que, se algo não havia mudado, ele continuava a admirar a amiga, entretanto, sensações e sentimentos, antes plenamente domesticados, haviam atingido um ponto talvez incontrolável.

Enxugou-se, vestiu o roupão e somente aí se deu conta de que aquela peça havia estado, em algum instante, repousando sobre o corpo da amiga. Potter sentiu novamente o cheiro fresco dela invadir suas narinas. Era uma fragrância tão suave e envolvente que o fez ser tomado por aqueles pensamentos mais uma vez. Foi assim que nem percebeu Hermione entrar no quarto - ela vinha buscá-lo para o lanche.

- Harry! Harry! Harry! - gritou Hermione pela terceira vez, tirando Potter de um breve sonho acordado.

- Ah, Mi-mi... Mione... - corou o moreno, enquanto deixava a toalha cair sobre o chão, sem conseguir conter o susto que tomara ao ver a amiga diante de si.

- Vim chamar você para o lanche - disse Hermione, tentando desviar o olhar dos olhos de Harry e do próprio Harry que já se encontrava vestido com o roupão, mas estranhamente perdido em suas divagações.

- É... já ia descer, Mi, desculpa-me pela demora.

- Não há o que desculpar, Harry - falou Hermione em meio a um belo sorriso.

Dirigiram-se para a cozinha, os dois. Potter parecendo ainda culpado por seus pensamentos e Hermione intrigada pela postura ausente do amigo; ainda magoada, mas já se preocupando com os motivos que certamente o estariam afligindo, angustiando aquele que ela sempre considerara muito mais que um grande bruxo e nobre amigo.

- Harry, você está bem? É alguma coisa que possa ajudar? - Perguntou Mione, retomando aquela velha postura de falar.

O moreno fez um sinal negativo com a cabeça, enquanto apenas olhava para o sanduíche sobre a mesa, sem fazer menção de que iria comê-lo.

- Nada, Mi, somente algumas lembranças... faz tanto tempo que nos conhecemos e nem sei o que seria de mim se não fosse você em tantos momentos - Harry deixou escapar o que sentia, sem perceber.

Nesse instante, Mione o observou com extremo carinho, fitou aqueles olhos verdes que tanto vinha tentando evitar e foi tomada também por uma necessidade de demonstrar o afeto represado. O breve tempo que permaneceu afastada de Potter contribuiu para aclarar alguns sentidos e, no momento em que intensificou o seu modo de olhar, não pôde deixar de perceber o belo homem que o amigo estava se tornando. Lembrou-se daquele pequeno acidente no quarto, quando Potter a segurou, deixando parte dos pensamentos que a invadiam se corporificar em palavras inesperadas, mas queridas por ambos.

- Harry - disse Hermione com doçura -, você sempre será para mim mais que um grande bruxo - a garota confessou isso enquanto erguia a face do maroto com uma das mãos. - Você nem imagina o quanto gosto de você!

Foi então que aqueles dois olhares profundos se encontraram; tão perto em espaço, tão próximos na expressão de uma afetividade que não poderia se conter somente em palavras pela sua inexatidão e intensidade. Assim, Harry se levantou em direção à amiga, tomou-a mais uma vez em seus braços, ao que ela não ousou recusar. O coração de ambos disparara, batendo num compasso acelerado e semelhante.

Potter a abraçou com força, quase que para ter certeza de que a sentia, quase que para confirmar que compartilhava do prazer daquela respiração. Hermione deixou cair algumas lágrimas sem se importar e, com o rosto abrigado sobre o peito de Harry, deixou-se invadir por uma paz nunca antes imaginada: “tinha atingido o santuário nos braços do homem amado”.



Continua...

Arwen Undómiel Potter

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Fanfic escrita por Arwen Undómiel Potter
Capítulo revisado pela beta-reader Andy “Oito Dedos”

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Agradecimentos:

Obrigada pelo incentivo, Sarah, aí vai mais um capítulo!
Espero que os leitores me ajudem um pouco mais.
Beijos para todos!!!!

Arwen Undómiel Potter.

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