Hogwarts, segunda segunda-feira da primavera, fim de tarde. Um misterioso ruivo, com profundos olhos azuis que expressavam uma intensa alegria, andava de mãos dadas com uma linda garota, dona de cabelos muitos fofos e revoltos e olhos muitos castanhos e felizes. Desceram as escadas e correram pelo jardim não queriam perder o espetáculo que estava por vir. Se jogaram no gramado e a garota ouviu uma voz sussurrar no seu ouvido:

-Eu sempre estarei contigo Hermione, porque eu te amo demais. Você pode estar longe e eu mais ainda, se você me chamar com vontade eu aparecerei. Porque eu te amo, sou completamente apaixonado por você!

Uma lágrima escorreu no rosto dele, e passou para o de Hermione, que olhou para cima e mergulhou no intenso azul de seus olhos. Suas peles sentiram o toque uma da outra, suas bocas se encontraram e se completaram. Então Hermione sentiu um pulso de vida dentro dela, e escutou uma canção de amor passando por sua mente. Ela se deixou entregar por esse momento, por que ela se sentiu completa. Então sussurrou de volta:

-Eu sei Ron, eu sei. Eu também te amo. E agora não tem com eu voltar atrás, porque o meu espírito eu dei pra você. Eu sou tua Ron, eu me dôo a você. Eu te amo.

Depois dessas palavras o mundo teve outro sentido para o Ron. Um sentido chamado Hermione. Ele a abraçou fortemente e a beijou loucamente. E eles viveram esse momento mágico durante o resto da noite...

Mas a quilômetros dali, lágrimas e mais lágrimas, e lágrimas, escorreram e se embaraçaram em cachos e sardas. Mas dessa vez, eram lágrimas de extrema dor, profunda tristeza, e imenso desespero. A próxima lembrança era a mais cruel que se pode existir. A lembrança que eles faziam de tudo pra esquecer, mas era justamente essa a mais viva em suas mentes, e a que vivia atormentando-os...

“... Hogwarts, na ultima tarde de primavera de uma segunda-feira. Novamente dois jovens completamente apaixonados corriam pelos jardins em direção ao lago. Como sempre, o ruivo expressava um magnífico sorriso de intensa felicidade, e quem olhasse nos seus olhos poderia mergulhar numa imensa alegria azul. Mas a garota, pela primeira vez estava com uma expressão séria e preocupada. “Será que ele vai entender? Não! Eu sei que ele não vai entender. Ah por Merlim! Faz com que o Ron não seja cabeça-dura pelo menos uma vez na vida! Como é que eu vou falar pra ele? Ele vai ter que entender! Pensa positivo, ele vai entender... Ele não vai entender. Merlim me ajuda!”. Ela ficou muito tempo mergulhada na briga de seus pensamentos. Até que de repente, ela ouviu uma voz muito distante chamando-a, e isso fez ela voltar a realidade:

-Hermione, Her-mi-o-ne!—cantarolava Ron, tentando puxar Hermione de volta a realidade. Ele estava sentado no gramado olhando firmemente para Hermione, que estava sentada encostada em uma árvore, olhando o horizonte, tentando encontrar respostas para as suas dúvidas. Até que a voz lhe trouxe a realidade e ela finalmente respondeu:

-O que foi Ron?—perguntou ela impaciente.

-O que foi você! Por que você está olhando tanto para o horizonte hoje? - perguntou o ruivo curioso.

-Nada. Só apreciando a vista. Hoje é o último dia da primavera. – Era verdade, a vista estava linda, e era a última vez em que eles iam ver ela, afinal a primavera havia acabado. Mas não era esse o motivo pelo qual Hermione olhava tanto o horizonte. Mas olhando ele, ela decidiu tirar aquele peso de seu coração, e falar tudo que a atormentava. Ia falar, mas antes desejou com todas as suas forças. “Merlim, faz ele entender!”, respirou profundamente, e então:

-Ron? — perguntou Hermione cautelosamente.

-Que foi, Mione? — falou Ron com uma voz doce.

-É que eu queria falar uma coisa pra você. – Hermione falou com uma voz séria.

-Finalmente vai me dizer o que te aflige? — perguntou Ron. Depois das palavras dele tudo se aquietou. Hermione esperava que ele falasse alguma coisa, qualquer coisa, mas ele infelizmente não falou nada, e ela teve que quebrar o silêncio:

-Eu recebi uma proposta de bolsa. — falou Hermione num tom quase de súplica. Para o espanto de todas as pessoas menos o de Hermione, a reação de Ron foi ótima, e ele explodiu em alegria:

-Sério Hermione? Que bom, que máximo! Poxa vida, quem me dera ganhar uma bolsa, que maravilha! Era o seu sonho! Que ótimo! — quanto a essa reação Hermione já sabia e ficava super feliz cada vez que pensava nela, mas o problema não era esse, o problema era:

-Mas pra onde que é Hermione?

O coração de Hermione deu um pulo, essa pergunta não podia esperar um pouco. Sua cabeça rodou. O mundo parou. Mas ela então respirou profundamente, e falou num fio de voz:

-Pra Bulgária.

-Nossa Hermione, realmente muito bom... QUÊ? PRA ONDE?

-Pra Bulgária.

-Eu... Eu... Não acredito Hermione...VOCÊ VAI VOLTAR PROS BRAÇOS DAQUELE KRUM DESGRAÇADO!!! — Nesse momento o sol ficou nas linhas das montanhas, e o horizonte irrompeu em um vermelho sangue de profunda dor, angústias e tristezas. Por dentro Hermione sentiu como se um corte estivesse se abrindo, e desse ferimento jorravam gotas e mais gotas de um sangue vital, doloroso de se perder. Em sua face lágrimas e mais lágrimas escorreram, e ela exclamou desesperada:

-NÃO!! Eu nunca falei que eu ia sequer ver o Vítor!!

-VÍTOR!! É ASSIM QUE VOCÊ FICA CHAMANDO ELE E QUER QUE EU AREDITE QUE NÃO VAI VER ELE—Ron ofegou rapidamente, e continuou—BOM! PELO MENOS NÃO É VITINHO QUE É COMO VOCÊ VAI VOLTAR A CHAMAR ELE! QUANDO ME ABANDONAR, ME TRAIR E VOLTAR PRA ELE! ! PROS BRAÇOS DELE!! — a cada palavra dita, o corte dentro de Hermione aprofundava mais, sangrava mais dolorosamente, ela travava uma luta com seus olhos que insistiam em escorrer lágrimas. Mas ela não queria chorar, era muito injusto o que ele tava fazendo com ela. Ele nem deixou ela explicar que ela ia ficar internada num colégio. Ela não podia e não queria ver ninguém. Mas como sempre a cabeça dura falou mais alto. E as drogas das lágrimas insistiam em cair. Por quê? Por que isso tava acontecendo com ela? Por quê?

-NÃO!! Eu juro, eu prometo que eu não vou nem chegar perto do Sr. Krum!—ela exclamou desesperada, mas de repente ela ouviu Ron sussurrar, um sussurro muito mais pra ele do que pra ela, mas ela não pode deixar de ouvir:

-Eu sou um bobo mesmo, não sei por que algum dia em pensei que você gostava de mim. Sendo que você tem Vítor Krum querendo você, o ídolo de todas as garotas, um dos melhores jogadores de quadribol de todos os séculos, o melhor apanhador do mundo, rico. Comparado a mim, um simples Ron, pobre, burro, que não serve pra nada e que o pior defeito é te amar — depois destas últimas palavras de Ron, as lágrimas que estavam acumuladas nos olhos de Hermione finalmente caíram.

-Não é erro nenhum amar, Ron - falou Hermione e as lágrimas voltaram a cair. Será que ele estava voltando a ser aquele Ron doce? Será que o seu momento de fúria havia passado? NÃO, não havia passado, porque em seguida ele exclamou a plenos pulmões. O que fez os passarinhos que estavam em árvores ao redor voarem assustados e furiosos:

-É SIM UM GRANDE ERRO AMAR VOCÊ!! É MAIS UM DEFEITO PARA A MINHA LISTA!! EU NUNCA VOU CHEGAR AOS SEUS PÉS!! VOCÊ É MUITO, MUITO MELHOR DO QUE EU!! VAI PRA BULGÁRIA, VAI PRA TUA BOLSA!! TORNA-SE UMA ÓTIMA MEDIBRUXA!! E SEJA IMENSAMENTE FELIZ COM O KRUM. PORQUE VOCÊS SE MEREÇEM, VOCÊS SÃO BONS IGUAIS!! EU NÃO SOU NADA! NA-DA!!

-NÃÃÃÃÃOOOO!! É MENTIRA!! VOCÊ NÃO É NADA!! VOCÊ É O MEU RON!! É QUEM EU AMO!!

-QUIETA!! EU NÃO SOU SEU!!!! OU MELHOR, EU SOU INTERAMENTE SEU! PORQUE EU TE AMO!! MAS NÃO DÁ!! NOSSO AMOR É IMPOSSÍVEL!!!! A LEMBRANÇA DESSE FIM DE TARDE VAI FICAR CRAVADA NA MINHA MEMÓRIA PRA SEMPRE!!!!! EU NÃO VOU NUNCA MAIS DORMIR TRANQUILARMENTE!! POR QUE EU FIZ ISSO COMIGO? POR QUE EU TE ABONDONEI??...MAS O RESTO DA NOITE EU VOU DORMIR MARAVILHOSAMENTE BEM!!! PORQUE EU VOU TER CERTEZA QUE VOCÊ VAI FELIZ, VAI SER ALGUÉM NA VIDA. AO MEU LADO VOCÊ VAI SER UM NADA!! UM NADA IGUAL A MIM!!! VAI PRA BULGÁRIA!! SE TORNA ALGUÉM NA VIDA!!!! Eu vou sempre lembrar desses momentos mágicos que eu passei com você. Eu nunca vou te esquecer. E eu vou ser feliz, porque eu sei que você vai ser A Hermione. Eu nunca vou esquecer a alegria que eu passei em todas as segundas-feiras, a maravilha que foi te amar, que é te amar, em que é te amar pra sempre!! — ele parou, ele respirou e suspirou. Juntou forças dentro de si, hesitou, mas por fim deu um berro de desespero:

-ME ESQUECE!!!!!!!!!!!!!

Ele sentiu uma pontada no coração, sentiu como se vários espinhos estivessem cravando no seu peito e rasgando-o, e aquela dor ia aumentando e se espalhando por cada pedacinho ferido do seu corpo quente e suado. Ele estremeceu, ficou tonto. Ele chorou desesperadamente e amarguradamente. Então ele baixou o rosto e encontrou os olhos de Hermione e os encarou. Aqueles olhos que naquele momento expressavam dor, raiva, amargura, desespero, ódio, angústia... Profunda tristeza. Mas naquele momento Ron não estava pensando nisso. Apenas... Será que aquela seria a última vez que ele veria aqueles olhos cor de chocolate? Aqueles olhos que o esquentava e adoçava por dentro? Os olhos que deixavam suas orelhas extremamente vermelhas e o corpo todo encabulado?Os olhos que o deixava imensamente alegre e feliz?Aqueles olhos que ele daria a vida e era completamente apaixonado? Aquele amor não podia ser impossível. Mas ele era. Mas então, Ron sorriu. Hermione olhou aquele sorriso tão familiar e involuntariamente sorriu também. Eles ficaram um tempo indeterminado se olhando e se acariciando por dentro com os sorrisos. Mas então, a razão espalhou-se por Ron, e ele fez a maior força da vida dele. Quebrou a ligação, quebrou o elo entre eles, juntou toda a sua força e a sua coragem, e virou o corpo e andou determinadamente em sentido ao castelo de Hogwarts. No caminho a razão e a emoção brigavam furiosamente. A emoção fazia-o chorar desesperadamente e querer voltar. Mas a razão o dominou. E ele correu escadaria a cima, e com os olhos transbordando em lágrimas cruzou o saguão de entrada do castelo.

Hermione ficou ali. Já havia se atirado no chão e estava ali. Sentada em cima dos joelhos, os cabelos embaraçados, o corpo suado, a cabeça confusa, o rosto manchando, e os olhos intensamente vermelhos. Ela já não chorava, estava totalmente confusa. Algumas das últimas palavras de Ron a perturbavam imensamente. Nada é impossível! Principalmente um amor verdadeiro e eterno jamais seria impossível! Ela sabia disso, e ele também. Ela viu isso quando mergulhou no azul dos olhos dele um instante atrás. Viu quando percorreu o sorriso doce que ele lhe dera. Mas de repente tudo escureceu isso aconteceu quando Ron cruzou o saguão de entrada de Hogwarts. Tudo escureceu. As luzes do castelo se apagaram, a lua que estava começando a aparecer foi encoberta por uma nuvem, as estrelas que estavam começando a surgir pareciam que fugiam do céu. Hermione penetrou num breu total. Isso estava acontecendo porque o brilho do amor verdadeiro e eterno havia acabado. Hermione soltou um grito de desespero e medo, não enxergava um palmo a sua frente. Havia acabado, ela sentia. O corte dentro dela que estava começando a sarar abriu inesperadamente, jorrou gotas e mais gotas de sangue. De seus olhos caiam muitas e muitas lágrimas de desespero, ela viu, ela sentiu, havia acabado. Não! Não podia acabar!:

-NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – Ela gritou desesperada.

Ela correu cambaleando para o castelo, as lágrimas escorriam sem fim, o ferimento doía intensamente, ela corria, caia, levantava, cambaleava, caia de volta, chorava, gritava, desmaiou. Um desmaio sem esperança de um dia acordar, ela não queria acordar, ela não podia acordar, porque a sua fonte de vida, seu brilho havia acabado. Ela viveria, mas jamais seria feliz, quem falasse com ela falaria com o seu corpo e não com a sua alma.

A partir daquele dia ela nunca mais mergulhou nos olhos azuis de Ron. O clima entre eles era indiferente, era como se um não soubesse que o outro existia. Mesmo sabendo que quando estavam a menos de cinco metros de distância, o coração disparava, o corpo estremecia, o corte aprofundava, os olhos lagrimejavam, a tristeza e a saudade aumentavam. Mas eles nunca mais se falaram, apenas por lembranças, apenas quando suas mentes se ligavam inesperadamente, e isso normalmente acontecia nas segundas-feiras na hora do pôr-do-sol...

A quilômetros dali, tudo estava quieto, a carga emocional que passava em Hermione e Ron era muito grande para palavras, apenas lembranças e reflexões agüentavam aquela carga. Sentimentos que misturavam: um amor eterno e uma profunda tristeza, que para um perturbava por ter feito, e para outra por ter deixado. Profundo arrependimento (Ron) e intenso orgulho (Hermione “ele nem deixou eu terminar de falar”). Intensa alegria (por ter lembrado dos bons momentos) imensa angústia (por ter lembrado daquele momento) e por último, existia dois sentimentos que mais os atormentavam: dor e desespero... Eles estavam sozinhos agora. Tudo aquilo fora apenas um sonho?

Mas de repente surgiu um novo sentimento em Hermione: esperança. Ela lembrou de algumas palavras sussurradas por Ron:

“...—Eu sempre estarei contigo Hermione, porque eu te amo demais. Você pode estar longe e eu mais ainda se você me chamar com vontade eu aparecerei. Porque eu te amo, sou completamente apaixonado por você!!...”

“Será possível?” pensou Hermione “a esperança é a última que morre”. Ela fechou os olhos e sentiu-se invadida por uma alegria incomparável, respirou esperançosa, seu corpo ficou leve como uma pena, e ela gritou. Seu grito saiu como uma melodia doce de amor:

-ROOOON!! — Hermione gritou imensamente feliz.

-ROOOOOOOOOOON!!!! – Repetiu, a esperança e uma incrível alegria tomando conta de seu peito.

Alguns passos ao lado, um ruivo escutou seu nome, virou a cabeça depressa, e então encontrou uma pessoa inesperada, mas a mais desejada: Uma mulher de cabelos pelos ombros, que formavam bonitos cachinhos, mas que eram estranhamente armados, com um corpo perfeito, que abriu um sorriso brilhante quando mergulhou no azul dos olhos dele. Um homem ruivo com um rosto cheio de charmosas sardas abriu um sorriso (se fosse possível) maior e mais brilhante do que o da mulher, quando mergulhou no chocolate dos olhos dela que o adoçavam bobamente. Eles ficaram um tempo indiferente se olhando, como era bom voltar a mergulhar na imensidão do céu, e no gostoso sabor do chocolate. Mas então, eles começaram a correr. Por mais que estivessem a menos de dez passos, foi à corrida mais longa da vida deles. De braços abertos, de olhos fechados, almas doadas. Eles correram, se encontraram, se abraçaram, se beijaram, se completaram, se amaram loucamente e eternamente... O sol brilhou, e iluminou-os. Os raios solares entraram em seus corpos e eles emitiram uma luz sem igual, a luz mais linda e mais brilhante que a Terra já viu. Eles estavam novamente ligados, mas agora, ligados por uma força sobrenatural: O sol. E eles se encheram de uma de uma intensa e profunda alegria. Agora sim, eles estavam ligados eternamente, nada os separaria. Por que eles simplesmente se amavam. O verdadeiro amor, o melhor sentimento que se pode existir, o amor verdadeiro, eterno... Pra sempre...