Traga-me para a vida *SongFic*



TRAGA-ME PARA A VIDA *SongFic*
[Música Bring Me to Life/Evanescence]

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How can you see into my eyes
like open doors
leading you down into my core
where I've become so numb?
Without a soul
my spirit sleeping somewhere cold,
until you find it there and lead it back home.
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Como você pode ver através dos meus olhos
como duas portas abertas?
Conduzindo você até meu interior
onde eu me tornei tão entorpecido
Sem uma alma
Meu espirito dorme em algum lugar frio
até que você o encontre
e o leve de volta pra casa
++++++++++++++++

Já passavam da meia noite quando Gina Weasley acordou assustada. Olhou ao seu redor movimentando seus cabelos ruivos que brilhavam incandescentes, refletidos pela luz da lareira acesa, o calor do fogo propagando-se pelo seu rosto. Não havia dúvidas de que estava no salão comunal da grifinória, limpou o rosto com a manga do suéter, estava suado, seus olhos buscavam assustados evidências que comprovassem de que não estava sozinha, mas estava. Todos os alunos já estavam dormindo faziam horas, o silêncio era quebrado apenas pelo crepitar das chamas vivas e o ruído incessante da janela batendo devido a forte ventania. Os flocos de neve se amontoavam na vidraça, tornando-se impossível avistar o que estava lá fora.
Adormecera sentada na cadeira, a cabeça deitada sobre a mesa, e agora ela examinava os pergaminhos espalhados sobre esta. Passara a noite inteira escrevendo e logo ela pôs-se a ler sua caligrafia trêmula.

“Por favor, vai embora, você está me assustando...”

Nenhuma das palavras fazia sentido para Gina, ela estudou atentamente a folha num estado de amnésia. “Por Merlin! Por que eu não consigo me lembrar?”
Foi então que percebeu que havia algo a mais escrito e não era sua letra, tratava-se de outra pessoa cujo a escrita não era lá das melhores, suas letras eram escuras e grotescas e as palavras piores ainda.
A garota deu mais uma boa olhada em volta, permanecia sozinha, ela segurou as folhas firmemente tentando não tremer, contudo seus braços estavam inquietos até que derramaram um tinteiro aberto sobre as folhas. Ela tentou catar todos os pergaminhos antes que fossem borrados pela tinta que agora deslizava suave pela mesa.
- Reparo! – sussurrou ela apontando a varinha e toda a tinta sumiu.
Uma a uma, Gina organizava as folhas colocando-as dentro de um livro de capa grossa intitulado “A mágica das escritas”, então a garota se levantou e subiu sorrateira as escadas até o dormitório feminino, os cabelos ruivos balançando suavemente atrás.
Na manhã seguinte o clima era congelante, não nevava mais, contudo a nevasca da noite passada fora o suficiente para congelar tudo que estivesse a céu aberto. Ventos gelados cortantes dilatavam-se por entre os terrenos do castelo de Hogwarts. O lago era agora uma enorme pista cintilante de gelo e as árvores mantinham-se endurecidas como estátuas de neve.
Gina observava a gélida paisagem através da janela do corujal, uma enorme janela de pedra, úmida e fria, coberta pela neve. Apesar de todos os agasalhos pesarem sobre ela, ainda parecia-lhe que o frio entrava por entre a lã das roupas, nem mesmo a capa da grifinória conseguia mantê-la aquecida, talvez pelo fato de que fossem de Segunda mão; suas mãos congelavam dentro das luvas e ela sentia o rosto arder com os ventos cortantes.
Pensara bastante na noite anterior, permanecera calada durante todo o café da manhã e cada vez mais buscava uma resposta para tudo que sentia.
Nos cabelos havia feito duas tranças, o vermelho vivo ganhava intensidade contrastando com a face pálida dela, então ela ajeitou graciosamente as mechas atrás da orelha e retirou do bolso o mesmo livro que pegara na noite passada. Colocou o livro sobre o parapeito da janela e o abriu. Novamente lá estavam as duas letras desenhadas sobre o pergaminho.

“Quanto tempo, não? Sua escória de sangue ruim”

“Quem? Quem é você?”

“Mas é claro que se lembra de mim”

“Tom?”

“E você insiste em usar esse nome daquele trouxa imundo, sua fedelha”

“Não entendo”

“Não entende o que?”

“O que você quer?”

“Precisava encontrar você outra vez, conversar se possível”

“E por que você quer conversar com uma fedelha de sangue ruim, não é o que você me chamou? Vá embora”

“Certo, eu vou, mas quando você perceber eu volto pra falar com você”

“Quando eu perceber o que?”

“...”

“Por favor, vai embora, você está em assustando”

E esta era última frase delineada na folha amarelada. Gina fechou o livro, passara a manhã inteira refletindo sobre aquelas palavras “..Quando você perceber, eu volto pra falar com você...”
Então, a garota deu um breve suspiro que refrescou suas narinas devido ao intenso frio. Já não agüentava mais esperar, algo a induzia reencontrar Tom, seus pensamentos estavam confusos demais, não sabia se queria vê-lo por que a mente lhe pedia, ou porque o coração mandava. Sonhara com ele durante toda a semana, não compreendia porque estava sentindo algo tão estranho. Deu uma boa olhada pela janela, três alunos subiam as escadas de pedra cobertas por neve, os três muito bem agasalhados ambos trazendo cartas nas mãos. O mais novo era um jovem do primeiro ano da grifinória, o outro era um veterano do quinto ano da corvinal e logo atrás, um garoto do terceiro ano da sonserina.
Gina ficou parada olhando os três subirem, conversavam e riam, pareciam estar se divertindo, se divertiam apesar de tudo, eram de casas diferentes, de anos diferentes, mas tinham algo em comum, eram si mesmos, não ligavam pra diferenças. Era isso o que lhe faltava, ela não seguia o seu coração, prendia-se num mundo ilusionista cheio de regras e valores sem importância, nunca parou para pensar no que sempre sentira em relação a Tom, já estava na hora de expressar tudo o que sentia e esquecer o que os outros pensariam dela.
Ela abriu novamente o livro, puxou uma pena e um tinteiro do bolso, seus olhos brilhavam, as correntes de ventos secos balançavam seus cabelos. Os três alunos que subiam, agora entravam no corujal. Gina molhou a pena e escreveu delicadamente no pergaminho.

“Tom...”

Suas mãos estavam pálidas e congelaram, não conseguia escrever mais do que isso, estava parcialmente paralisada. Os três alunos destraídos ainda não percebiam Gina ali e ela parada em pé na janela buscava plavras para escrever, porém, não era necessário, pois lentamente surgiam letras no pergaminho úmido, letras lúgubres e manchadas.

“Você tem certeza?”

“Tenho”

O pequeno garoto da grifinória foi o único a ver o que acontecera com Gina, olhava assustado para a janela quando viu a garota sendo sugada por uma forte luz provinda do livro e a seguir ela entrou dentro dele. Logo os outros dois garotos também olharam assustados, o forte baque que o livro fez ao cair no chão, as folhas espalhadas pelo chão molhado e escassamente coberto pela neve.
Gina sentia-se num sono profundo e antes que pudesse sonhar foi acordada por uma voz familiar.
- Gina? Você está bem?
A garota sentiu-se deitada no chão duro e molhado, aos poucos abriu os olhos e com a vista ainda embaçada pode perceber de quem se tratava, era Tom Riddle, usando as tradicionais vestes de hogwarts. O local também não era novo, se tratava nada mais, nada menos que a câmara secreta, onde estivera anos atrás.
- Então, você está aqui... – Tom a encarava, o rosto demonstrava enorme ódio.
- Eu só queria te ver novamente, agora se quiser pode ir – Ele virou-se de costas para ela e desviou o olhar para a poça d’água no chão, parecia confuso.
- Tom... – Gina se aproximou dele devagar, temendo o que ele pudesse fazer.
- O que é? – Tom colocou as mãos na cabeça e explodiu sua fúria – Por que sempre conversa comigo? Me deixa em paz! Eu não quero falar com alguém tão indigna de ser bruxa.
- Tudo o que você diz é da boca pra fora – disse bem calmamente Gina e o olhar dele mudou instantaneamente, estava preocupado. – Você é uma boa pessoa.
- Cale-se! – gritou ele – Quem é você pra me dizer quem eu sou? – e ele virou-se agora, olhando fixamente nos olhos dela, estavam bem próximos.
- Não sou eu quem diz? Seus olhos não conseguem esconder isso – e ela lançou-lhe um olhar sincero.

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(Wake me up.)
Wake me up inside.
(I can't wake up.)
Wake me up inside.
(Save me. )
Call my name and save me from the dark.
(Wake me up. )
Bid my blood to run.
(I can't wake up. )
Before I come undone.
(Save me. )
Save me from the nothing I've become.
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(acorde-me)
Acorde-me por dentro
(Eu não consigo acordar)
Acorde-me por dentro
(salve-me)
Me chame e me salve da escuridão
(acorde-me)
Obrigue meu sangue fluir
(eu não consigo acordar)
antes que eu me desfaça
(salve-me)
salve-me do nada que eu me tornei
++++++++++++++++++++++++++

Gina o olhou por alguns instantes, ele parecia não aceitar que sentia algo.
- Você... sente alguma coisa por mim Tom?
Tom retirou a varinha do bolso, rápido como um relâmpago e apontou direto no rosto dela.
- Nunca mais se atreva a dizer isso! – gritou ele furioso com ela, a varinha ainda apontada.
- Eu sinto... – disse ela não demonstrando o mínimo medo dele
Tom a olhou sério, os olhos ardiam. Então largou a varinha no chão deixando a mão ainda parada próximo ao rosto dela. Os dois ficaram em silêncio por algum tempo, o único barulho foi o da varinha caindo no chão e as goteiras d’água despendendo-se do teto.
Ele levou aos mão devagar até o rosto dela, suas mãos estavam trêmulas e ela apenas o olhava sonhadora. Encostou no rosto dela, sentindo todo seu corpo se aquecer e ela sentiu um frio incomum espalhar-se pelo seu rosto. Aos poucos, ele começou a acaricia-la lentamente. Gina sorriu.
- Gina – sussurou ele acariciando o rosto dela
Ficaram assim durante um instante até que Tom parou de faze-lo e caminhou depressa até uma pedra, sentando-se nessa, a cabeça baixa.
Gina o olhou com pena, ele estava perturbado, seu orgulho era tal que jamais iria conseguir dizer a ela o que sentia na verdade, então a garota caminhou até ele e o abraçou por trás, os cabelos vermelhos caindo sobre os negros dele.
- Eu não posso – ele tremia ao dizer, estava numa angústia profunda
- Tom... – ela chamou
- Se eu amar eu vou me desfazer aos poucos e virarei pó. – ele levantou o rosto, lágrimas corriam suave pela face extremamente pálida.
Ele limpou inutilmente o rosto, pois as lágriams insistiam em cair. Tentava não demonstrar fraqueza, mas algo o tomava, uma mistura de ódio, medo e amor.

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Now that I know what I'm without
you can't just leave me.
Breathe into me and make me real.
Bring me to life.
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Agora que eu sei o que eu não tenho
Você não pode simplesmente me deixar
Respire através de mim me faça real
Traga-me para a vida
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- Nem você pode me salvar Gina – pela primeira vez, sua voz estava fraca e chorosa.
- Você é um ser humano como qualquer outro... – E a voz de Gina de fato, saía chorosa, os olhos dela molhados, lágrimas escorrendo sobre o rosto de Tom. Ainda estava abraçada nele, mas ele insistia e não se virava para ela.
- Eu sei muito bem o que eu sou... Eu sou um nada, um nada que se desfaz a cada minuto nas trevas.
- Esse nada me completa, porque eu estou apaixonada por você. – e ela começou a chorar baixinho.
Tom a encarou por alguns minutos, era uma garota tão boa, gostava tanto dela.
- Eu... Eu te amo Gina
Tom levantou o rosto e aos poucos se aproximou daqueles cabelos molhados, Gina estava de olhos fechados, ele chegou o rosto o mais próximo possível ao que os lábios se tocaram.

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Frozen inside without your touch,
without your love, darling.
Only you are the life among the dead.
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Congelado por dentro
sem o seu toque
sem o amor, querida
só você é a vida entre os mortos
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Tom sentiu o corpo esquentar, um fogo queimava por dentro dele e Gina congelou, estava fria, todo o seu corpo esfriou, os dois estavam se beijando, Tom sentado na pedra e Gina no seu colo. Quando os dois terminaram o beijo úmido, a garota limpou as lágrimas dele e ele as dela. Ela se levantou e o puxou pela mão, os dois abraçaram-se em pé, ele, bem maior do que ela, sentiam o abraço como um sentimento profundo, Tom nunca sentira aquilo antes, já Gina, nunca sentira um amor tão forte.

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All of this time
I can't believe I couldn't see
Kept in the dark
but you were there in front of me
I've been sleeping a thousand years it seems.
Got to open my eyes to everything.
Without a thought
Without a voice
Without a soul
Don't let me die here/There must be something more.
Bring me to life.
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Todo esse tempo
Eu não posso acreditar que eu não pude ver
Me mantive no escuro mas você estava lá na minha frente
Eu tenho dormido há 1000 anos
parece que eu tenho que abrir meus olhos para tudo
Sem um pensamento
Sem uma voz
sem uma alma
Não me deixe morrer aqui/Deve haver algo a mais
Traga-me para a vida
++++++++++++++++

- Eu estou perdidamente sozinho... – disse ele abraçado a ela
- Você nunca vai estar sozinho, eu sempre vou estar com você – Gina alisava os cabelos dele
- Me desculpa... – Uma angústia diabólica envolvia Tom, ele jamais se desculpara a alguém e a idéia de estar chorando o constrangia intensamente, seu rosto ardia cada vez mais.
- Shhh! – Ela fechou a boca dele e o beijou em seguida.

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Bring me to life.
I've been living a lie/There's nothing inside.
Bring me to life
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Traga-me para a vida.
Eu estou vivendo uma mentira/Sou vazio por dentro.
Traga-me para a vida
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Os dois continuaram ali parados, no mesmo local onde se encontraram anos atrás, todavia, em circunstâncias extremamente opostas.
Foi então que pela primeira vez tocando aquelas mãos fúnebres e pálidas dele, Gina sentiu um calor invadir o seu corpo, cada vez mais Tom brilhava e uma luz emanava de seu corpo lentamente. Gina continuou o beijando apaixonada e Tom também, aos poucos ele ia desaparecendo até tornar-se uma ilusão, Gina estava completamente sozinha agora.
Tudo ficou escuro e quando ela acordou sentiu os pés no chão firme e gélido de pedra do corujal. Os três garotos a olhando apavorados, a cabeça dela doía bastante e não conseguia pensar em mais nada a não ser no Tom. Ainda calada abaixou-se e catou as folhas de pergaminho espalhadas pelo chão, apenas suas frases estavam escritas, toda letra de Tom desaparecera assim como ele. E as páginas tornaram-se páginas de um diário comum, tudo o que acontecera, de agora em diante não passariam de meras lembranças, mas apesar de tudo, Gina passou a entender que o amor é capaz de mudar as pessoas e que por trás do mais gelado coração sempre se esconde um sentimento querendo se libertar.

“Certa vez o amor perguntou ao ódio: Por que odeias tanto? E o ódio respondeu para o amor: Por que um dia amei demais”

(Glaucio Viana)
Msn: [email protected]
Orkut: Glaucio Tourniquet

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