PAIS MORTOS
Os quatro continuaram em silêncio durante boa parte da viagem. Até Harry quebrar o silêncio
- Gina, obrigado – falou ele para a namorada, que estava abraçada nele e tremia convulsivamente
- Mas eu-eu n-não fiz nada Harry – respondeu a garota confusa
- Você me despertou da maldição império – falou Harry. Ela se levantou, ainda tremula e o encarou
- Você teria se livrado sozinho – disse ela
- Não sei – Harry refletiu – Pode ser que sim, ou não. Mas você me ajudou
- Eu sempre vou fazer o que estiver ao meu alcance para te ajudar Harry – disse ela, e voltou á se encostar no ombro de Harry
- Rony, Mione, obrigado vocês também – falou Harry, olhando para os dois que estavam sentados em sua frente
- Estamos com você nisso Harry – respondeu Rony, um pouco assustado.
Hermione se encontrava na mesma posição de Gina, abraçava Rony e tremia com os olhos arregalados.
- Ele é horrível – murmurou ela – Eu não imaginava que ele era tão mal.
- Mione, você viu só o começo – falou Harry e Hermione apertou Rony com mais força
- O que será que aconteceu? – perguntou Rony
- Só vamos saber quando chegarmos em Hogwarts – disse Harry – Temo que Voldemort mate mais alguém
- Harry! – Gina olhou para o garoto com uma cara de terror – Meu pai! Carlinhos, Gui! Harry eles vão morrer!
- Calma Gina! – Harry a abraçou novamente – Eles sabem se defender
- Mas você acabou de dizer que alguém pode morrer! – falou ela com a voz abafada pelo casaco de Harry
- Pode sim – confirmou ele a garota tremeu com mais intensidade – Mas tenho certeza de que ninguém de sua família vai morrer – Terminou Harry, em um tom confiante que nem ele mesmo sabia que tinha.
Gina pareceu se acalmar um pouco. Rony também tinha um ar preocupado, mas tentava não demostrar isso, se ocupava somente em passar a mão nos cabelos de Hermione, que as vezes soltava um leve gemido, e em olhar para a janela.
- Olá garotos – disse Madame Pomfrey entrando na cabine
- Madame Pomfrey?! – Se espantou Harry – O que a Sra. Faz aqui?
- Eu soube o que aconteceu Potter – respondeu ela – Estou aqui para examinar vocês
- Mas a Sra. não deveria estar em Hogwarts? – perguntou Rony
- Eu sempre viajo no Expresso de Hogwarts – disse ela – Quem você acha que socorre os alunos que se estranham durante a viajem?
- Achava que a Sra. morava em Hogwarts – respondeu Rony
- Eu moro – confirmou ela – Mas sempre estou nas viagens de ida e volta.
- Ah sim – Rony pareceu entender o motivo
- Agora quero examiná-los, venham comigo, os quatro – disse ela saindo da cabine, os quatro á seguiram
Madame Pomfrey, após passar pelas portas de outras cabines, parou em frente á uma em que se lia “Cabine Hospitalar”. Harry nunca tinha visto aquela porta.
- Madame Pomfrey – começou Harry – Tem certeza que sempre houve essa cabine aqui?
- Sim Potter – respondeu ela, abrindo a porta – Mas os alunos só conseguem vê-la, quando eu os trago aqui.
- Mas porque? – perguntou Harry
- Porque senão é bem capaz dos alunos se matarem – explicou ela – Muitos alunos não fazem feitiços dentro do trem, pois sabem que se algo der errado, não existe a ala hospitalar como em Hogwarts – terminou ela abrindo a porta – Entrem!
Harry observou a cabine, que não era exatamente uma cabine. Parecia muito mais um quarto, não era grande como a Ala Hospitalar em Hogwarts, a sala possuía cinco camas, uma delas já estava ocupada por Neville Longbottom.
- Sentem-se cada um em uma cama – mandou Madame Pomfrey, enquanto pegava algo dentro do armário
Harry se sentou ao lado da cama de Neville e observou o colega, que dormia profundamente, e tinha uma expressão triste no rosto” O que será que ele tem?” , Harry se perguntou.
- Muito bem Sr. Weasley, você está ótimo – falou Madame Pomfrey terminando de examinar Rony – Agora Srta. Granger – ela se aproximou da cama de Hermione que também observava Neville
Harry, sentiu que algo de ruim tinha acontecido, só não sabia dizer exatamente o que. Esperou até que Madame Pomfrey, viesse examiná-lo para perguntar
- O que aconteceu com o Neville?
Ela parou de olhar para o pequeno corte que Harry tinha no braço, e o encarou extremamente séria
- Sr. Longbottom, teve um problema emocional – respondeu ela em tom definitivo
- Problema emocional? – perguntou Hermione – Desde quando bruxos tem esse tipo de problema?
- Srta. Granger, antes de sermos bruxos, somos humanos – respondeu Madame Pomfrey rispidamente - E temos sentimentos!
- Mas o que aconteceu com Neville? – insistiu Harry
- Eu já respondi, Potter – disse Madame Pomfrey ainda ríspida
- Eu não considero problema emocional uma resposta – falou Harry, no mesmo tom de voz dela.
- Então vai ficar sem resposta – respondeu ela se afastando do grupo, indo em direção á um armário
Harry, voltou á fixar o olhar em Neville “Tem alguma coisa errada”
- Harry, qual é o problema? – Rony falou baixo para que Madame Pomfrey não ouvisse
- Neville – respondeu Harry, com a voz baixa
- Você sabe como o Neville é – falou Hermione – Ele sempre faz algo errado, e vai para a ala hospitalar
- Dessa vez é diferente – Harry não conseguia parar de olhar a expressão no rosto do colega
- O que é diferente? – Gina não entendeu
- Ele esta triste – respondeu Harry
- Harry, você não ouviu o que a Madame Pomfrey disse? – perguntou Rony – Ele teve um problema emocional!
Harry ignorou o que os três diziam, levantou-se da cama e se aproximou de Madame Pomfrey, que fechava o armário
- Potter – começou ela irritada – Se você me perguntar sobre o Sr. Longbottom de novo, eu te coloco para fora!
- Eu quero saber o que tem de errado com ele! – disse Harry sem dar atenção ao olhar feio da mulher
- Potter volte para sua cama! – resmungou ela
- Foi Voldemort? – perguntou Harry, e viu a bruxa tremer quando ele disse o nome – O que ele fez com Neville? Eu sei que foi ele, eu sinto isso!
- Potter você é muito inconveniente! – disse ela o ignorando sua pergunta
- Vou continuar sendo, se você não me disser o que houve – respondeu Harry – E agora eu tenho certeza que aconteceu alguma coisa.
- Eu não posso dizer – o tom dela agora era suplicante – Por favor não insista!
- Foi Voldemort?- Harry perguntou novamente, e ela confirmou com a cabeça – Me conte!!!
- Tudo bem Potter, vou dizer – respondeu ela – Volte para sua cama, que eu já vou lá
Harry se virou e encaminhou em direção aos outros que o olhavam com ar de interrogação. Parou os lado da cama de Neville e o olhou com pena.
- O que aconteceu? – perguntou Hermione ansiosa
- Voldemort, fez alguma coisa com ele – respondeu Harry
- O que?- perguntou Gina
- Não sei, Madame Pomfrey vai nos dizer – Harry olhou para o lado e viu que a Madame Pomfrey se aproximando
- Sentem-se os quatro – disse ela – Vou contar o que houve com Sr. Longbottom
Os quatro se sentaram e olharam ansiosos para ela
- Vocês vão saber de qualquer maneira – continuou ela – Espero que ajudem o Sr. Longbottom, afinal vocês são da mesma casa que ele, e ele vai precisar de ajuda, principalmente da sua Potter.
- Da minha ajuda? – Harry não entendia
- Sim Potter, Longbottom vai precisar de você - confirmou ela
- Mas porque?- perguntou Gina
- Você-Sabe-Quem, durante a noite passada invadiu o St. Mungus – disse ela, e Harry imediatamente começou á entender o que acontecia
- Os pais de Neville.. – murmurou Harry
- Isso mesmo Potter – ela respirou fundo e terminou a frase – foram mortos por ele
Harry, se sentiu extremamente mal “Pobre Neville, mais uma vitima daquele maldito!”
- Entende porque eu digo que ele vai precisar de você Potter? – perguntou Madame Pomfrey – Assim como você, agora ele é órfão e teve os pais mortos pela mesma pessoa que você
- Sim eu entendo – respondeu Harry, agora se lembrando de quando tinha visto os pais de Neville no St. Mungus.
- Você sabia a situação, em que o Sr. e a Sra. Longbottom, se encontravam – falou Madame Pomfrey – Mas o importante para Longbottom era que eles estavam vivos. Ele já estava aqui, quando ficou sabendo, entrou em choque assim que soube.
- Ele vai ficar bem não é? – perguntou Hermione, que era a mais amiga de Neville
- Vai sim, mas vai sofrer muito – Madame Pomfrey se lamentou
- Nós vamos ficar do lado dele – disse Gina
- Acho melhor vocês irem para a cabine de vocês – falou subitamente ficando de pé. – Ele precisa descansar.
- Tudo bem – respondeu Harry – Quando ele acordar, me avise
- Aviso sim, mas isso pode demorar semanas, ele ficou bastante abalado e tive que dar muitas poções para ele se acalmar – respondeu Madame Pomfrey
- Não importa me avise – terminou Harry saindo da cabine hospitalar
Novamente o silencio se abateu sobre os quatro, quando entraram na cabine. Era muita coisa ruim para um começo de semestre. Harry, agora estava entendendo o que era realmente estar em meio a uma guerra, seus olhos ficaram marejados ao pensar que há exatamente 17 anos atrás, seus pais haviam passado pela mesma coisa e não conseguiram sobreviver .O medo invadiu seu espirito, medo de perder mais alguém, a morte de Sirius ainda doía, não gostava de nem de imaginar se mais alguém querido morresse. Olhou para Gina, lagrimas silenciosas corriam pelo rosto da namorada, Harry a abraçou com mais força
- Ele não merecia isso – murmurou ela com a voz rouca – Ele não falava muito dos pais, sabe, acho que ele tinha vergonha, mas dava para perceber que ele os amava muito.
- Lembra quando os vimos no St. Mungus? – disse Rony que também tinha a voz engasgada
- Eles pareciam ser pessoas tão boas – recordou Hermione
- Eu não queria ser o Neville – Gina ainda chorava
- Ninguém queria – respondeu Harry – Eu sei exatamente o que ele está sentindo, e também sei o que ele vai sentir por Voldemort, quando se acalmar.
- Que você está querendo dizer Harry? – perguntou Rony.
- Ódio, vingança – respondeu Harry com um olhar frio e cheio de raiva. Os três olharam assustados para ele.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!