A retomada da A.D.
Todos os alunos pareciam indignados com as medidas de segurança e com o fato de que teriam que estudar Defesa Contra as Artes das Trevas apensa através de livros e o pior: supervisionado pela rabugenta Madame Pince.
As aulas começaram de forma monótona, pois todos professores, inclusive Slughorn, pareciam permanecer na escola meio que obrigatoriamente e os alunos também. As medidas de segurança estavam realmente mais rigorosas. Não se podia assistir a uma aula de Trato das Criaturas Mágicas ou Herbologia sem ser revistado na saída e na entrada do castelo. Havia sempre algum professor circulando pelos corredores ou pelos campos da escola.
Para Harry porém, nada disso importava. Tudo em Hogwarts lhe lembrava Dumbledore. Desde uma planta à gárgula que guardava a sua sala que agora pertencia à Profª McGonagall.
A única coisa que parecia capaz de animar Harry um pouquinho era o Quadribol. Em uma das primeiras noites daquela sua estadia em Hogwarts, a Profa. McGonagall o chamou em sua sala para definir os horários dos treinos e informa-lhe de que precisaria de um novo artilheiro, já que Cátia Bell já tinham se formado. Ficou definido então que os treinos seriam dia de terça e quinta, de seis as sete da noite e aos sábados, de oito às dez da manhã. Ela lembrou-lhe também que os exames de aparatação seriam em menos de um mês, e pediu que ele fizesse o favor de informar a Rony que ele também o prestaria.
- Quem poderia jogar como artilheiro? – perguntou o garoto mal humorado ao retornar a Sala Comunal meia hora depois.
- Não sei...- disse Rony examinando a Sala Comunal para ver se encontrava alguém.- o Dino Thomas, talvez. – sugeriu ele ao bater os olhos no garoto.
- Ah, por favor Harry. – falou Hermione com impaciência ao ver no rosto do amigo uma expressão de desgosto – você tem que reconhecer que ele joga bem – e dizendo isso sentou-se no chão para que Bichento pulasse no seu colo.
- É Harry. E digamos que agora você não tem muita opção – completou Rony empurrando Bichento e deitando no chão com a cabeça no colo da namorada.
Harry examinou a Sala Comunal por um momento e depois concluiu:
- É. Acho que realmente não tem outro jeito. – e dizendo isso levantou-se e foi até Dino – Dino...será que...você não gostaria de jogar no time de Quadribol da Grifinória?
O garoto não respondeu. Fingiu que não ouviu. Harry porém não desistiu.
- Nós realmente precisamos de você. Quero dizer, você joga bem e...é um dos poucos que restaram. – disse Harry passando por cima de todas as suas convicções.
- É? – respondeu o garoto meio sem dar importância.
- É. – falou Harry firmemente.
- Por que você não chama a sua namoradinha? – perguntou o garoto provocante
- Dino...- começou Harry com um nó na garganta – ela não é mais minha namorada. E mesmo que fosse ela já é uma das artilheiras.
- Ah não é mais não é? – perguntou Dino, e embora tentasse parecer desinteressado, expressava exatamente o contrário.
- Não.
- Então acho que posso pensar no seu caso. – disse o garoto como quem já da uma resposta positiva.
As aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas, se é que se pode chamar aquilo de aula, que costumavam ser as melhores, atualmente estavam sendo apenas as piores de várias outras. Ter que passar dois períodos seguidos lendo o livro da matéria remontava aos garotos os tempos em que a matéria era ensinada por Umbridge.
Harry realmente não conseguia mais suportar. Teve uma idéia: iria retomar com a AD.
- Hermione - falou um dia no café da manhã – sabe no que eu andei pensando?
- Não tenho idéia – falou a garota sem interesse enquanto vasculhava o Profeta Diário que acabara de chegar. – Harry...olha, saiu aqui que os moradores de Godric’s Hollow tem visto com freqüência Comensais da Morte!
- Que? - perguntou o garoto incrédulo e esquecendo-se completamente do que ia dizer – tem alguma coisa por trás disso. Com certeza.
- Cara, você está ficando paranóico...- disse Rony olhando o amigo como se ele estivesse maluco.
- Não, não é paranóia. Rony, você não percebe? Pense comigo: não foi o ministério quem reconstruiu esse vilarejo, foram feitas investigações e nada e agora essa reportagem de que há bruxos das trevas sendo vistos com freqüência!
-E sempre no mesmo bar que eles costumavam freqüentar – apoiou Hermione.
- Ta, pode até não ser paranóia, mas acho que você devia investigar primeiro antes de ir tirando conclusões. – falou o garoto por fim.
Harry não estava reconhecendo o amigo. Em geral era Hermione que era prudente e o amigo sempre o apoiava de olhos fechados se fosse preciso. Agora estava acontecendo exatamente o contrário. Talvez a convivência mais próxima com Hermione estivesse surtindo efeitos colaterais no amigo.
- O que é que você ia dizendo mesmo Harry? – perguntou Rony
- Ah! – respondeu o garoto parecendo voltar a realidade – eu estive pensando em retornar as reuniões da AD...
- Nossa Harry, que idéia fantástica! – disse Hermione sorrindo.
- É cara. Não podia ser em melhor hora. – disse Rony enfim apoiando o amigo.
- Então, agora que os treinos de Quadribol são apenas nas noites de terça e quinta, estive pensando que talvez nas segundas, quartas e sextas nós pudéssemos nos reunir.
- E quem você está pensando em chamar para fazer parte do grupo? - perguntou Hermione preocupada – muitos dos nossos participantes já são maiores de idade e alguns outros não regressaram.
- Há ainda muitos outros – respondeu o garoto como se aquilo fosse o que menos importasse no momento – minha preocupação maior é como comunicar a todos eles, já que as moedas não deram certo da última vez em que precisamos usa - las...
- Não se preocupe com isso. Me encarregarei de fazer com que todos saibam! – disse Hermione confiante.
- Mas como?– perguntou Rony
- Ora, eu sou monitora não é? Darei um jeito – e dizendo isso a garota retirou-se da mesa da Grifinória.
Harry seguia ainda muito infeliz. Não se conformava com o fato de que enquanto estava ali assistindo a mais uma aula de Feitiços ou Poções poderia na verdade estar à procura de Voldemort. Entretanto o garoto sentia que sua visita a Hogwarts dessa vez não seria muito longa.
O primeiro jogo de Quadribol foi contra a Lufa-Lufa, no segundo sábado de Outubro. Harry estava muito ansioso para ver se o seu time, agora com um novo integrante, ia se sair bem em seu primeiro jogo do ano.
O jogo corria equilibrado, com uma diferença de apenas dez pontos a mais para a Grifinória. Harry capturou o pomo pouco antes do jogo completar uma hora.
A Sala Comunal da Grifinória estava em festa, como sempre ficava toda vez que a equipe de Quadribol da sua Casa ganhava um jogo. Harry então foi falar com Hermione (que agora estava ocupada dando um beijo de comemoração em Rony na frente de Lilá, o que quase matou a garota de raiva) sobre o recrutamento de membros da AD.
- Ah... Hermione...abafiatos – falou apontando para os colegas mais próximos e deixando a garota com um ar de revolta – e aí?falou com todo mundo sobre a retomada da AD?
- Já falei com algumas pessoas. Harry, não posso acreditar que você continua usando esses feitiços inventados pelo Snape! – respondeu a garota de cara amarrada.
- Ah, só de vez em quando – teimou o garoto tentando parecer displicente.
Na segunda de manhã, depois do café, enquanto seguiam para aula de Transfiguração, Hermione falou:
- Harry, consegui comunicar a todos os velhos membros e consegui também convocar algumas pessoas que julguei de confiança.
- Ótimo – falou o garoto – posso marcar uma reunião então?
- Pra ser sincera, eu já marquei quarta à noite, antes do jantar. – respondeu a garota hesitando quanto à reação do amigo.
- Ah, tudo bem então – respondeu o garoto aliviando Hermione.
Na Quarta – feira pela noite, às seis em ponto, Harry saiu da sala de Slughorn e foi ao sétimo andar aonde ficava a sala precisa. Andou três vezes de um lado para o outro dizendo:
- Precisamos de um lugar pra aprender a lutar...dê-nos um lugar para praticar...um lugar em que não posam nos encontrar.
Por fim a porta se abriu. E lá estavam as tão conhecidas paredes cobertas de estantes, as almofadas no chão, o conjunto de instrumentos para se reconhecer inimigos, os vários livros de Defesa Contra a Arte das Trevas...
Logo foram chegando os primeiros membros da AD. Harry, não querendo perder tempo, começou apenas revisando feitiços simples, como o feitiço escudo, algumas azarações simples e enfim passou para o mais complicado: o patrono. Quem já era da AD no quinto ano de Harry não teve tanta dificuldade para conjurar seus patronos. Os novatos porém...
Ao final de uma longa aula de uma hora, os membros foram saindo da sala por grupos, como combinaram, para não ser muito suspeito e seguiram direto para o salão principal.
Na quinta pela manhã ele teria dois períodos de Poções. Desde o início das aulas que o Prof. Slughorn não era o mesmo. Parecia que todos aqueles boatos que haviam corrido sobre o seu sumiço temporário não fizeram bem a sua auto-estima , que normalmente era realmente alta. Harry andava muito curioso para saber aonde o professor tinha ido, mas não estava muito dedicado a descobrir.
- Para mim ele foi ao encontro de Você – sabe – quem – disse Rony durante o almoço daquele mesmo dia.
- Impossível. – disse Hermione friamente – Francamente, Ronald. – Harry percebeu que o clima entre os namorados não estava dos melhores. – Para mim ele foi apenas resolver negócios.
- E que tipo de negócios você acha que pode ter o Slughorn? – perguntou Rony tentando dar o troco.
- Isso eu já não sei. – disse a garota finalizando a conversa e se retirando.
- Nós brigamos – esclareceu Rony a Harry que parecia assombrado com a forma que os dois haviam se tratado – Por causa da Lilá. Ela anda me cercando, cara, e a Hermione acha que eu dou motivo.
- Ah – disse Harry sem querer se envolver muito na situação – entendo.
- Vamos, agente vai se atrasar pro Slughorn – Disse Rony consultando o relógio que havia ganho de aniversário da mãe.
Na aula, Slughorn mostrou como fazer poções curativas, e por não ter mais o livro do Príncipe, Harry se saiu péssimo como sempre foi antes do tal livro, e pra surpresa do garoto, o professor não pareceu se importar muito. Apenas disse:
- Não se preocupe Harry. A culpa simplesmente não é sua, quero dizer, quem de nós não está assustado com tudo isso que anda acontecendo? – falou ele tentando parecer compreensivo e fraterno – há motivos para o desenvolvimento escolar de vocês estar afetado.
Harry vinha notando há algum tempo que o professor estava sempre se retirando assim que acabava a aula, exatamente como estivera fazendo quando descobriu que Harry queria uma lembrança sua. Talvez para evitar comentários de onde estivera.
- Cara, você tem que me ajudar. – disse Rony desesperado durante o almoço – eu não agüento mais o gelo que a Mione está me dando. Ela simplesmente me ignora.
- Bem, não sei o que fazer...
- Fala com ela por mim? – implorou o garoto
- Eu?! – perguntou Harry assustado
- É. Você é amigo dos dois, e ... ela talvez te ouça, já que você também não gostava muito da Lilá quando agente tava namorando e se juntava com ela pra falar mal da garota. – falou o amigo como se cobrasse uma dívida, mas ainda implorando.
- Ei, eu nunca...
- Lá vem ela. Vai lá. – incentivou Rony sem ouvir o que o amigo dizia.
- Ta. – concordou Harry – Mione, eu tava notando que você e o Ron...
- Não adianta ser o porta voz daquele bruxo de quinta categoria. Se ele quiser que venha conversar pessoalmente. – disse a garota ofendida porém decidida.
- Mas Hermione...ele está arrasado. E ele não tem culpa se a Lilá continua assediando ele. – continuou o garoto.
- Ah não? – perguntou a amiga ironicamente. – pergunta o que foi que ele respondeu pra ela quando ela disse que se arrependia de ter dado um fora nele.
- Bom, vai ver ele só tentou ser educado e...
- EDUCADO??? – bradou a garota perdendo o controle de seus movimentos – Harry, ele disse pra ela que também sente muito!
- Mas você sabe que ele não gosta dela. Quero dizer, ele torceu o tempo todo pra que ela desse um fora nele pra ele ficar “livre” – respondeu Harry sem entender.
- Ah é? Estou me lixando pro que ele disse. Acho que ele é que não está se lixando nem um pouco pro que ELA disse. – respondeu Hermione ainda indignada.
- Bom, eu tentei. Acho que você devia pensar bem, sabe, ele realmente gosta de você. Acredite. – disse o amigo se retirando e voltando à companhia de Rony que parecia ter assistido a tudo e agora estava incrédulo.
- Ela me odeia – disse o garoto quando o amigo chegou mais perto.
- Que nada. Ela só está um pouco...hã...chateada, acho – disse Harry tentando amenizar o pavor que estava na cara de Rony.
Nos dias que se seguiram, Rony e Hermione continuaram sem se falar, e isso era péssimo para Harry, que tinha que conviver com os dois e suportar o clima de tensão entre o casal. Quando não estava mais agüentando, Harry disse:
- Ron, agora é sua vez. Eu já tentei falar com ela e ela não me ouviu. Talvez só esteja esperando que você vá falar com ela...
- Você acha? – perguntou o garoto inseguro
- Acho – respondeu o amigo.
Rony tomou coragem, dirigiu-se até Mione e falou:
- Hermione, acho que agente precisa conversar.
- É? Que bom que você também pensa assim. – retorquiu a garota.
- Sabe, eu gosto de você...não gosto da Lilá...- começou Rony – é só que eu simplesmente não posso mandar ela me esquecer. Eu não quero magoá-la.
- Ah não? Mas a mim você não se importa de magoar não é? – perguntou a garota parecendo um pouco frágil.
- Não é isso... – falou ele sem jeito – você sabe que eu gosto de você e que tudo que eu não quero é te magoar. Mas pense...não posso sair magoando as pessoas assim não é?
- Ah, está bem. Você está certo – falou Hermione abraçando o namorado enquanto lágrimas de arrependimento escorriam de seus olhos. – mas olha, tem que me ajudar a convencer a Lilá a participar da AD. Sabe, quanto mais gente melhor e...vou ter que passar por cima desse meu ciúme bobo, não é?
- Hermione, você leu alguma coisa no profeta hoje sobre a reconstrução do tal vilarejo? – perguntou Harry que acabara de se juntar aos dois namorados.
- Ah, saiu uma nota abafando o caso dos Comensais. Provavelmente Scrimegeur quer provar que está fazendo um bom trabalho não é? – respondeu a garota ainda abraçada em Rony.
- É, provavelmente sim – disse Harry absorto em seus próprios pensamentos.
Ele agora estava disposto a descobrir duas coisas: o que tanto faziam os Comensais da Morte naquele bar e onde estivera Slughorn. O garoto achava que de alguma forma as duas coisas estavam interligadas, mas ainda não sabia como.
- Potter. – chamou a Profa. McGonagall ao fim de sua aula, quando o garoto guardava a varinha no bolso interno da capa e já ia saindo da sala.
- Sim, professora? – respondeu Harry.
- Preciso que me acompanhe – disse ela seriamente.
“Ela descobriu sobre a AD” – pensou Harry.
A professora o conduziu até a sua sala e eles subiram pela gárgula que levava a tão conhecida sala dos diretores e diretoras de Hogwarts. Harry viu o quadro do Prof. Dumbledore e por um momento sentiu-se muito feliz em puder rever aquele senhor que o olhava com aqueles olhos azuis por detrás dos seus oclinhos de meia lua.
- Há tempos ele me pede para te chamar – informou a Profa. McGonagall ao observar o interesse do garoto no quadro do diretor – desejava falar com você.
- Hã? – sibilou Harry incrédulo – falar comigo? O que?
- Pergunte você mesmo – falou a professora.
Ele foi dirigindo-se bem devagar até o quadro do professor e ainda hesitando falou:
- Prof. Dumbledore?
- Olá Harry. Há muito tempo não nos vemos não é? – disse o ex – diretor alegremente.
- É. Mas porque o senhor me chamou aqui? – perguntou o garoto sem entender direito.
- Apenas para lhe tranqüilizar Harry. Para lhe aconselhar. Para lhe dizer que não se deixe levar por só aquilo que se pode comprovar. – respondeu o senhor por detrás do quadro, sabiamente.
- Não estou entendendo, senhor. – falou Harry um pouco confuso.
- O que estou tentando lhe dizer, Harry, é que deve acreditar no seu sentimento também, dar uma chance a ele, afinal, a verdadeira magia está dentro de nós mesmos. E não perca tempo tentando provar para si mesmo que é o culpado pela morte de Sirius, pela dos seus pais ou pela minha.- falou Dumbledore.
- Mas...
- É só. Agora, acho que vou dormir um pouco. Sabe, não há nada melhor pra fazer. – e dizendo isso, o ex – diretor recostou a cabeça na poltrona em que estava sentado e fechou os olhos.
Harry ficou parado ali por alguns minutos tentando entender o que Dumbledor queria lhe dizer com todas aquelas recomendações. Assim que chegou a Sala Comunal da Grifinória, quase uma hora mais tarde, encontrou Rony e Hermione fazendo os deveres de Poções durante aquele tempo vago. Sentou-se junto aos dois e começou a contar tudo que acontecera.
- Como assim seguir seu sentimento? - perguntou Rony parecendo tão confuso quanto Harry no momento em que ouvira esta frase.
- Não sei. – respondeu o garoto – Hermione, o que você acha?
A amiga porém não respondeu. Estava paralisada, trêmula, pálida como se tivesse visto um fantasma, e tinha um olhar longe...Os dois garotos já estavam quase morrendo de preocupação quando a garota finalmente revelou o que estava pensando:
- Harry – falou com a voz chorosa - eu não acredito. Harry, não percebe? Dumbledore está vivo!
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