Voltando à Rotina
(Normal – Sirius / Negrito - Remo)
“É assim, e sempre seja assim, que não se acabe nunca, e não mude jamais!” (Forfun – Apague a Luz)
Estávamos todos nós sentados no fundo da sala, como sempre. Remo e Pedro na frente, eu e Tiago atrás. As garotas estavam sentadas um pouco mais para frente e na nossa diagonal, mas podíamos enxergá-las facilmente.
Falando sério, História da Magia era realmente entediante. Não entendo como alguém conseguia prestar atenção naquela aula, aliás, duvido que alguém preste. Com exceção de Remo e Lílian, é claro.
--- Almofadinhas? --- Pontas me chamou baixinho, interrompendo meus pensamentos.
Olhei para ele e fiz um sinal com a cabeça, para que continuasse.
--- O que você acha de começarmos os treinos de Quadribol semana que vem?
--- Semana que vem? --- perguntei, erguendo uma sobrancelha. Todo santo início de ano era a mesma coisa.
--- É! Você sabe, esse ano é nosso último ano e não podemos...
--- Deixar de ganhar a taça, McGonnagal me mataria, precisamos vencer a Sonserina... E o que mais mesmo? --- imitei seu habitual discurso, no que ele me olhou, fingindo indignação.
--- Muitíssimo engraçado, Sirius Black!
--- Os senhores querem compartilhar sua interessante conversa conosco, ou será que eu posso continuar minha aula? --- o professor Binns nos perguntou.
Ele havia se aproximado, e nós nem havíamos notado.
--- À vontade! --- eu e Pontas respondemos juntos, sorrindo marotamente.
Ele se afastou, no que eu me inclinei um pouco para o lado, chegando mais perto para poder falar sem ser ouvido.
--- Sabe, Pontas. Só há um assunto no qual você é mais insuportável do que quando se trata da Lílian: Quadribol!
Ri, no que ele fechou a cara. Mas não se agüentou, e acabou por rir também.
--- Sou o capitão, tenho responsabilidades! --- gabou-se, no que eu ri.
Pude ver ele olhar para a ruivinha, praticamente sonhando acordado. Eu realmente debochava muito dele por causa desse amor, mas no fundo, é claro que torcia para que conseguisse conquistá-la, de uma vez. Que tipo de amigo vocês acham que eu sou, oras?
Lílian virou para trás e, coincidentemente, seu olhar acabou encontrando o do Pontas. Ele atirou um beijo, no que ela revirou os olhos, murmurando algo como “poupe-me”.
Esses dois, vou te contar!
Finalmente Pontas despertou do transe, e voltou a olhar para mim, com um sorriso maroto.
--- Você vai me pagar quando se apaixonar também, Almofadinhas. Ah se vai...
--- Me apaixonar, eu? Só no dia que Merlin voltar a Terra! --- debochei, rindo.
Me apaixonar era algo totalmente impossível e fora dos meus planos. Não era nem uma hipótese. Eu gostava da minha vida de solteiro-garanhão, gostava mesmo! Para eu gostar de uma garota a ponto de abrir mão de todas as outras, ela teria que ser realmente fantástica.
E eu não conhecia nenhuma garota assim.
Ou pelo menos achava que não...
--- Querem calar a boca, vocês dois? --- eu disse, virando para trás discretamente.
--- Não precisa nos tratar assim, Aluado! --- Pontas fingiu-se de magoado. Como se essa colasse comigo.
--- Caso não se lembrem, alguém tem que fazer as anotações sobre a matéria, e a conversa de vocês aí atrás está atrapalhando bastante! --- ralhei, sério.
--- Falou Remo Lupin, a vergonha dos Marotos. --- Sirius debochou, levando as duas mãos à cabeça em sinal de desapontamento.
--- Ah, vocês dois... --- eu ri, virando-me para frente de novo.
Tentei voltar a prestar atenção no professor, que falava alguma coisa sobre a Revolta dos Duendes de 1800 e lá vai cacetada, mas não consegui.
Acabei pousando meu olhar em uma certa garota de cabelos castanhos, que se encontrava sentada junto com suas amigas. A cabeça apoiada na mão, e, pude ver pela parte de seu rosto que conseguia enxergar, completamente entediada.
Ah, como eu gostava dela... Isa era fantástica, diferente de qualquer outra que eu tivesse conhecido.
Certo, Remo Lupin, ora de voltar aos estudos!
Tornei a pegar a pena, antes largada em cima da mesa, e fazer anotações sobre o que Binns falava.
Não demorou muito e o sinal tocou, no que Rabicho deu um pulo ao meu lado. Ele não conseguia permanecer acordado uma aula sequer, chegava a ser irritante! Todos levantaram rapidamente, recolhendo os livros e se encaminhando para a saída.
--- Deveria controlar seus amigos, Remo. --- Lílian me disse, quando cheguei perto da porta, onde ela também estava.
Não havia percebido a presença da garota, no que virei o rosto para encará-la.
--- Esses dois não tem mais jeito! --- ri, no que ela deixou escapar um tímido sorriso.
Lily não conseguia esconder, no fundinho ela gostava de nós. Quer dizer, de mim ela sempre gostou, considerando que eu sou o mais certinho dos quatro, mas eu digo de Tiago e Sirius.
Saímos todos da sala, juntos. Caminhamos quase todo o corredor, quando decidi observar a situação, por pura falta do que fazer mesmo.
Isa estava mais a frente, seguida por Remo, e logo atrás vínhamos eu e Tiago, Pedro, Nat e Lily. De repente, me ocorreu uma idéia, que eu rapidamente compartilhei com o Pontas. Ele sorriu marotamente para mim, e fez um sinal para que todos nós parássemos.
Os outros três nos olharam, sem entender.
--- O que você pensa que está fazendo? --- Lílian falou, olhando para o Pontas, com aquele olhar de você-é-insuportável.
--- Ajudando o Remo e a Isa? --- ele questionou, sorrindo, e me indicando com a cabeça. Eu já estava com a varinha na mão, apontando-a para a garota mais a frente.
--- Não é disso que eu estou falando. --- ela disse, revirando os olhos (e tenho meus motivos para crer que ela pensou algo do tipo além de arrogante, ainda é burro!) e tirou a mão do Pontas que antes estava na cintura dela. --- É disso!
Ele apenas riu. Devo dizer que fiz o mesmo, era muito engraçado ver Lílian cortando meu caro amigo.
Voltei a me concentrar no outro casal, mirando a bolsa de Isabella cuidadosamente e murmurando “diffendo!”.
No mesmo momento o feitiço fez com que a bolsa dela rasgasse no meio, deixando os livros caírem no chão.
--- Droga! --- Isa falou, pegando a bolsa e a examinando. --- Mas como foi arrebentar?
Ela e Remo se abaixaram prontamente para pegar os livros, cada um juntava um deles, sem nem se olhar. O que a timidez não faz? Quando restava apenas o último livro, os dois foram pegá-lo ao mesmo tempo e suas mãos acabaram se tocando.
Levantei os olhos e a encarei, no que ela fez o mesmo. Tenho que dizer que estávamos próximos.
Certo, estávamos muito próximos.
Aquele olhar... Era tão doce, tão gentil, tão carinhoso! Parecia que eu poderia me perder dentro daqueles olhos azuis durante toda a eternidade. Isa era linda!
Sorri, admirando-a.
Ela sorriu de volta. E, Merlin, que sorriso! Senti meu rosto corar, e desviei o olhar.
Conhecendo-os como eu conheço, tenho certeza que nesse momento Sirius e Tiago pensaram algo como ”esse Aluado é lerdo demais!”, mas tudo bem, eles não entendiam.
Se bem que nem eu conseguia entender mesmo.
Por que tudo tinha que ser tão complicado? Por que eu tinha que ser um lobisomem? Por que eu tinha que amá-la?
Merlin, por que eu?!
Eu jamais poderia fazê-la sofrer, definitivamente não. Então, era melhor nem me envolver, embora meu coração pedisse por isso piamente.
Depois de segundos, que pareceram horas, tomei uma iniciativa e peguei o livro que restava no chão, levantando e estendendo a mão para ajudá-la a fazer o mesmo.
--- Obrigada. --- ela disse, dando um sorriso envergonhado, no que eu devolvi o livro.
--- Não há porque agradecer. --- falei, sorrindo também --- Ah, espere! Me dê sua bolsa.
Ela fez o que eu havia pedido, e em seguida eu murmurei um feitiço para que ela tornasse a ficar novinha em folha.
--- Prontinho. --- sorri, e ela fez o mesmo.
Virei para trás, encarando Pontas e Almofadinhas, que possuíam sorrisos marotos no rosto. Eu devia ter desconfiado.
--- Vocês não vêm? --- Aluado perguntou, sem conter um leve sorriso. Acho que ele tinha percebido nosso plano mau-sucedido de juntá-lo com Isa.
Assentimos com a cabeça, começando a caminhar também.
--- Droga! --- Nat estacou, no que eu a olhei --- Esqueci meu livro, vou buscá-lo e encontro vocês depois.
Ela deu as costas e seguiu pelo corredor, tendo como destino a sala de História da Magia.
A observei caminhar. Seus longos cabelos loiros esvoaçavam para o lado, e ela andava graciosamente. Como era linda, até de costas. E tinha um corpo... Meu Merlin! Arre, pare com isso, Sirius Black!
Sacudi a cabeça, espantando aqueles pensamentos.
Continuamos a caminhar, quando de repente uma quintanista, também loira, pula no meu pescoço, me abraçando. Olhei para os Marotos como que pedindo socorro, mas eles apenas riram e abanaram pra mim, continuando a caminhar.
Grandes amigos!
--- Ah Sirius, que saudade! --- ela disse, me dando um selinho.
Garota atrevida, não? Saí com ela algumas vezes, e já vem se achando no direito! ‘Ta, não posso negar que ela é bonita. Mas o que tinha de bonita, tinha de chata.
--- Oi Lu. --- falei, fingindo estar alegre.
--- E então... --- ela murmurou no meu ouvido. --- Quando vamos nos ver de novo?
Eu não era de negar encontros, mas, francamente, já estava cansado dessa daí. Sempre a mesma chatice!
--- Ah, sabe o que é... --- comecei a enrolar, pensando em alguma desculpa plausível, até que vi minha salvação se aproximando.
Natalie vinha vindo pelo corredor, carregando o livro que tinha esquecido, distraída. Por sorte, ela levantou os olhos e me viu.
Rezando para que ela fosse boa em ler lábios, murmurei um “socorro” inaudível. Nat sorriu, fez um aceno com a cabeça, indicando que havia entendido, e começou a se aproximar.
--- Hey, Sirius. Preciso falar com você, pode vir comigo? --- ela falou, no que a outra se virou, fuzilando-a com o olhar, eu tinha certeza, mesmo sem poder ver.
--- Claro! --- falei, contente, piscando para Nat. --- Nos vemos outra hora, Lu.
Me desvencilhei do abraço dela, passei um braço pelos ombros de Nat, e fomos caminhando, deixando a quintanista para trás.
--- Merlin, que garota irritante! --- falei, quando já estávamos longe o suficiente para que ela não escutasse --- Obrigado por me salvar. --- complementei, com aquele meu sorriso conquistador.
Nat sorriu também, no que eu lhe dei um beijo na bochecha, e, pelo que pude ver, ela corou.
Entramos no Salão Principal, ainda abraçados.
--- Parece que suas fãs ficaram com ciúmes. --- ela murmurou, percebendo, assim como eu, os milhares de olhares que caíam sobre nós.
Apenas ri, e dei de ombros.
Então nos dirigimos para a mesa da Grifinória, sentando junto com nossos amigos.
Comíamos, quando Sirius e Nat chegaram. Lily e Tiago discutiam como sempre. Isso já estava cansando, será que nem no último ano eles podiam parar? Se bem que, se pudesse, o Pontas já tinha parado com isso há muito tempo.
--- Sai comigo, vai ruivin... --- ele começava, sorridente.
--- Já disse que não, Potter! --- ela falou, tentando se manter calma.
Já devia ser a quinta vez que ele pedia para sair com ela, só naquele dia. Sem dúvida, era de irritar qualquer um. Se ela cedesse seria tudo mais fácil, não? Mas o que eu posso fazer, ela não escuta ninguém quando o assunto é Tiago Potter.
--- Mas por que, Lily? Sai comigo, vai... --- era incrível como aquele sorriso bobo dele não se apagava nunca, nem quando ela o dispensava.
--- Não!
--- Lily...
--- É EVANS! --- ela levantou a voz, no que alguns grifinórios olharam para onde estávamos sentados, e a ruiva sorriu amarelo. --- Guarde bem minhas palavras, Potter: Eu-nunca-vou-sair-com-você!
Ela marcou bem cada palavra, como que querendo que isso entrasse na mente dele, de uma vez por todas. Mas se querem saber minha opinião, eu acho que isso tudo é apenas uma máscara para esconder o que ela realmente sente por ele.
--- Isso é o que nós veremos! --- ele concluiu, com um sorriso maroto.
Merlin me livre de ter que participar de qualquer plano que ele estivesse bolando naquela cabecinha maluca. Já bastava os planos que ele teimava em bolar a meu respeito, se é que vocês me entendem. Vivia insistindo que precisava juntar o lobo e sua cordeirinha de qualquer jeito.
Eu mereço!
--- É, parece que estamos voltando à rotina... --- comentei, no que todos assentiram, pensativos.
--- Mas, no fundo, não há nada melhor do que isso, não é mesmo? --- Lily falou, distraidamente.
Nem ela, e acredito que ninguém mais além de mim, percebeu o discreto sorriso que Tiago deu. Mas o motivo era óbvio: era rotina ele importuná-la, e se ela gostava da rotina, então gostava dele.
Para alguns seria um teoria pouco provável, mas para mim --- e pelo jeito para Tiago também --- fazia muito sentido.
--- Então, vamos? --- Lily perguntou, levantando da mesa. --- Temos muitas aulas pela frente.
--- E temos outra opção? --- Nat brincou, levantando também, no que todos fizemos o mesmo.
N/A: Antes de mais nada, desculpem pela demora absurda desse capítulo. Não pensem que eu sou sempre assim para atualizar... Mas a minha inspiração resolveu ir passear, e não queria voltar para “casa”, sabe?
Sem contar que está sendo bem difícil escrever esses primeiros capítulos. Eu tenho os de mais para frente prontinhos na minha cabeça, mas desenvolver a fic até lá é o que ‘ta sendo complicado.
Ah, quase ia esquecendo.
Não vou mais responder os comentários um a um. Sempre, no começo das minhas fics, começo assim, mas nunca consigo levar adiante. Eu sempre me perco, e daí acabo esquecendo alguns, ou respondendo duas vezes! Então, qualquer coisa, respondo diretamente para vocês.
Mas me sinto obrigada a agradecer a todos em geral, realmente não esperava ter tantos comentários assim, com só um capítulo... Obrigada!
E, se vocês quiserem, é claro, passem na minha outra fic: Just a Memory - http://www.floreioseborroes.com.br/menufic.php?id=8716
Na verdade tenho mais duas além dela e dessa aqui, mas essa é a única que também está em andamento. Caso se interessem pelas outras, dêem uma olhada no meu perfil.
Beijos!
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