No momento em que o vi chorar.



Capítulo 1 – No momento que eu o vi chorar
Música: Cry- Mandy Moore

I'll always remember
Eu sempre me lembrarei
It was late afternoon
Era fim de tarde
It lasted forever
Durou pra sempre
And ended so soon (yea)
E terminou muito rápido
You were all by yourself
Você era completamente sozinho
Staring up at a dark gray sky
Brilhando em um céu cinzento
I was changed
Eu estava mudada



Sabado, 05 de setembro de 1996


Como começar um diário? Vou começar como nos filmes.

Tá, eu sei que é cafona, mas eu tenho que fazer isso.

Querido diário,

Primeiro, devo me apresentar. Eu sou uma garota comum. Hermione Jane Granger é como me chamo, mas sou chamada de Mione pelos meus amigos. Tenho os cabelos castanhos muito cheios e os dentes da frente meio grandes. Sou uma garota estudiosa, estudo demais, mas gosto disso. Sou filha de pais trouxas, ambos dentistas.Devia ter vergonha de dizer isso, mas não tenho. Orgulho-me de ter nascido trouxa. Sou aluna e monitora da Grifinória e nasci no dia 19 de setembro de 1980 que, por acaso, é daqui duas semanas! Vou fazer 16 anos!

Hoje aconteceu uma coisa que nem nos meus sonhos eu pensei que veria.
Uma coisa totalmente imprevisível e inexplicável. Uma coisa estranha.Bom, vou contar tudo.

Chovia muito nessa tarde de setembro, aqui na escola de magia e bruxaria de Hogwarts.
Chuva de um domingo solitário, em que a maioria dos alunos se ocupava com seus estudos, em seus quartos ou na biblioteca.

O céu estava cinzento, mostrando que a chuva não pararia tão cedo. Mas mesmo assim, quando olhei para a janela, percebi que mesmo com aquele aspecto triste, o jardim continuava magnífico, e seus pássaros continuavam a cantar, mesmo com aquele toró caindo em cima de suas cabeças. Parei por um segundo e fiquei ouvindo. O som do canto dos passarinhos se misturava com o barulho de cada gota de chuva que caía na grama verdinha e podada do colégio.

Senti-me leve, como se estivesse voando. Por um momento, eu esqueci de todos os meus problemas e sonhei. Sonhei que o mundo era melhor e que minha vida era perfeita.

Logo depois eu voltei de meu devaneio e percebi que além da minha vida não ser aquele mar de rosas, eu estava sozinha, e senti uma necessidade de viver, uma necessidade de fazer algo novo, algo imprevisível, algo mágico. Que tal um amor? Não, não, Hermione Granger não tem tempo para essas babaquices. Ela tem que se concentrar nos estudos e tem que fazer de tudo o que for possível e impossível para continuar ser a melhor aluna.

Mas será que isso é suficiente para mim, diário? Às vezes eu me pego pensando. Eu tenho 15 anos e não dei meu primeiro beijo ainda. Mas um dia eu darei, numa pessoa especial que me levará às nuvens. Pelo menos é o que a senhorita Samantha Sullivan diz.

Ah, diário. Esqueci de contar que ela é a minha melhor amiga de todo o mundo. Sei que é meio criancice dizer isso, mas quem se importa? Eu não, então pronto.

Sabe diário, ainda não me acostumei nesse quarto que me foi designado, por eu ter virado monitora. No começo achei que seria divertido, um pouco de privacidade não é ruim para ninguém né? Mas hoje, incrivelmente, estou me sentindo sozinha, sentindo falta do lugar que chamava de quarto, aquele que ocupei durante os meus seis anos nesse colégio.
Sentia falta das companheiras de quarto, e da Sammy principalmente. Só de uma pessoa eu não sentia falta. Uma certa ruiva. Mais isso não vem ao caso.

Agora você se pergunta porque diabos eu estou sozinha? Onde estariam Harry e Ron? E as garotas? Bem.

Ron estava se mostrando um bom irmão mais velho, ajudando Ginevra Molly Weasley, vulgo Gina, com suas tarefas. Como se ela estivesse preocupada com isso. Ela só se preocupa com...bem, deixa pra lá.

As meninas estão na biblioteca, terminando o trabalho que o Snape passou. Eu já terminei e elas, pra variar, deixaram para a última hora. Vão demorar a acabar, com certeza.

Já o Harry, nem quero lembrar. No dia anterior eu tive, digamos... uma discussão realmente ridícula com ele.
Também...quem manda ele ser um VIADO e amar aquela RUIVA RIDÍCULA? Realmente, ele tem que aumentar o grau dos óculos dele. Sinceramente.

Respire Hermione, respire...

***


Eu estava lá sentada no salão comunal. Muito feliz e saltitante (Tá, nem tanto.). Não sei ao certo a hora, só sei que era realmente tarde, tarde mesmo.
Estava com meu uniforme ainda, com o meu cabelo preso e a minha franja com um tictac.

Estava tão entretida com um livro que peguei na biblioteca que nem se Merlin viesse até aqui, eu não notaria.

Foi quando Harry desceu a escada que levava para o quarto masculino. Acho que ele esperava não encontrar ninguém, pois não escondia que seus olhos esverdeados (Lindos por acaso) estavam inchados, de tanto chorar suponho. Seu cabelo estava bagunçado, do jeitinho que ele sempre deixava, e estava sem seus óculos, vestindo somente uma suéter azul, que ganhou da Sra Weasley.

-Mione, já é tarde. O que você está fazendo aqui?-Ele dizia, tentando forçar um sorriso.

-Harry, o que ouve? – Fechei o livro, olhando para ele e ignorando a sua pergunta. Afinal, percebi na hora que ele não estava bem e algo de ruim devia ter ocorrido.

-Nada Mione, nada – Ele tentava me convencer, enquanto passava suas mãos nos cabelos negros e sentava do meu lado.

-Diga Harry, você não me engana. Conte-me, conte-me tudo. – Eu o abracei, sentindo seu perfume cítrico, que realmente era perfeito. Merlim! Não me mande para o inferno por aproveitar que ele estava sozinho e triste e agarrá-lo. Não foi culpa minha. Eu somente quis ser uma boa amiga e.. Tá, respire Hermione.

-Bem, eu discuti com a Gina ontem. –Ele falou sussurrando, quase no meu ouvido, fazendo-me sentir um leve calafrio, um frio que invadia as minhas veias toda vez que ele falava em meu ouvido, me fazendo sentir aquele hálito delicioso de menta.

-De novo, Harry? – Falei inconformada, soltando-o e o olhando com minhas mãos na cintura, mostrando que estava descontente.

-É...-Ele deu um sorrisinho triste e começou a me contar tudo.
Quando ele terminou, diário, eu não agüentei.Acabei explodindo, não teve como. Poxa, ela não podia ter humilhado ele daquele jeito. Ela teria discutido pela milésima vez com ele por besteira e, como sempre, falou coisas que até no mais insensível mortal desse mundo, causaria tristeza. Meu. Ele é Harry Potter, o garoto que todas as garotas desejam - até eu, mais isso não vem ao caso agora. Ele era lindo, perfeito, corajoso. Ele era TUDO DE BOM, meu Merlin!

-Harry, você sabe o que eu acho sobre isso. Ela é somente uma ruiva asquerosa e o senhor seu amigo Ronald Weasley que me desculpe. Ela é uma va*** que sai com qualquer um e agora, quer fazer você de tonto e, com certeza, enquanto você está aqui chorando, ela tá lá, te chifrando.

-Mione – Harry me interrompeu, pasmo. Realmente, eu nunca tinha usado essas palavras, mas ela mereceu. Seus olhos verdes, estavam arregalados, como se tivesse visto algo muito monstruoso.- Mione, eu posso estar bravo com ela, mas você não precisa falar assim. Apesar de tudo, eu ainda a amo, você sabe.

-Harry James Potter, não vou mais falar nada então. Nada, e não me peça nenhum conselho ou ajuda, entendeu?

Meus olhos se encheram de lágrimas. Me deu uma vontade tremenda de olhar naqueles olhinhos perfeitos e dizer: Harry, você ainda não percebeu que eu só falei isso porque eu estou com ciúmes? Eu te amo, Harry, sempre amei, mas você nunca reparou. Só teve olhos para ela e eu, que sou sua melhor amiga, você não percebeu. Mas infelizmente o meu orgulho e a minha raiva eram maiores e não me permitiam que eu lhe contasse esse meu segredo, que guardei durante tanto tempo.

– Continue então, senhor Potter, sendo esse chifrudo e cego de amores por ela. Por Merlin Harry, se toca.

Me levantei e subi rapidamente para meu quarto, antes que começasse a chorar. Nunca. Nunca, você ouviu? Nunca eu vou deixar que alguém me veja chorar por um homem. Mesmo que esse homem seja meu melhor amigo.


***

Não que eu seja feminista. Talvez eu seja um pouco sim, mas voltando ao dia de hoje.Eu estava sozinha, então, resolvi sair para dar uma espairecida e tentar esquecer de uma vez por todas o Harry. Sim, eu estava mudada e não, eu não estava de TPM.

Caminhava lentamente, e acabei por me distrair com o vento balançando meus cabelos, que hoje incrivelmente não pareciam uma juba de leão ambulante. Deve ser o shampoo novo que eu comprei, e também por aquele arzinho geladinho que batia em meu rosto e os pingos de água da chuva que molhavam meu corpo e minha face.

Uma sensação de prazer tomou meu corpo totalmente. Poderia pegar um resfriado, mas a sensata Hermione Granger não se preocupou com isso naquele momento. Acabei por olhar para o horizonte, quando notei que havia outra alma viva no jardim, mas quem poderia ser? Era humanamente impossível alguém estar lá no jardim com esse tempo.

In places no one will find
Em lugares que ninguém encontraria
All your feelings so deep inside (deep inside)
Seus sentimentos estavam escondidos
It was now that I realized
Foi então que compreendi
That forever was in your eyes
Que para sempre estaria em seus olhos...
The moment I saw you cry
No momento em que o vi chorar


Naquele momento, vi a criatura deitada em um banco, parecendo não se importar com a chuva que caia naquele momento e por estar totalmente “avoada”.

Era Draco Malfoy, o garoto que eu mais desprezo nesse mundo. O loiro aguado, a barbie, o ridículo, o estúpido, o grotesco, o tudo. Sinceramente, eu não desejava nutrir um ódio tão forte por alguém, mas ele me provoca, diário, e também ninguém é de ferro.

Então, não sei por que diabos eu resolvi me aproximar. Pés traidores.
Foi então que eu vi. Ele estava chorando, acredite se quiser, diário. Draco Malfoy chorando. Não, eu não estava sonhando.

-Malfoy, o que está acontecendo?- perguntei meio confusa. Afinal, pra mim, achava que nunca o veria chorar. Ele sempre se mostrou muito forte, e eu o acho tão insensível que bem, não imaginava. Não mesmo.

Ele me olhou nos olhos. Aqueles olhos acinzentados estavam combinando muito com o céu, que chorava junto com ele. Incrivelmente eu pude sentir a eternidade no fundo dos seus olhos, e isso me assustou. Eu senti uma vontade de abraça-lo. Calma, o que estou dizendo?

It was late in September
Era final de setembro
And I've seen you before (and you were)
E eu o havia visto antes
You were always the cold one
Você sempre foi frio
But I was never that sure
Mas eu nunca estive certa disso
You were all by yourself
Você era completamente sozinho
Staring up at a dark gray sky
Brilhando em um céu cinzento
I was changed
Eu estava mudada


-Nada que te interesse, Granger. – Ele voltou a olhar para o céu.

Por um momento eu achei que ele não era tão mal assim. Quando o vi chorar, não o vi como o Malfoy de sempre, sabe? O vi como uma pessoa comum, um garoto normal e, por um lado, sensível.
Não me crucifique por isso, diário. Nem me ache louca, por favor. Eu sou somente uma garota inocente.

-Tá bem, nem sei por que perguntei mesmo. – Eu dizia, já saindo de perto. – Ah Malfoy, é por causa de seu pai? –Não agüentei, não agüentei, tinha que perguntar. Ai, estava pedindo pra morrer. Sinceramente.

Aqueles olhos cinzentos olharam novamente para mim, com um jeito triste que nunca imaginei que veria. Sim, ele estava realmente mal e, não sei o por quê, mais eu me importava.

I wanted to hold you
Eu queria te abraçar
I wanted to make it go away
Eu queria fazer isso ir embora
I wanted to know you
Eu queria te conhecer
I wanted to make your everything, all right....
Eu queria descobrir tudo sobre você


- Todo mundo já sabe, né? Sabe, não que eu me importe, mas pode fazer mal para minha reputação, e tal.

-Ai Draco – Por Merlin, eu chamei-o de Draco, sem perceber. – Deixa de ser o Malfoy de sempre e assuma, você está triste.

- Primeiro, não me chame de Draco. Não dei essa liberdade – Sim, o Draco Malfoy de sempre voltou. – E segundo, isso não importa, me deixe sozinho.

A chuva aos poucos ia parando e o sol ia aparecendo novamente entre as nuvens. O céu clareou e ela pôde ver nitidamente o garoto frio, que agora parecia uma criança desamparada. A imagem que eu tinha dele por um momento tinha mudado, e eu sinceramente pude ver por um momento o verdadeiro Draco, o que não se esconde nas aparências do garoto forte, mal e tudo. Eu pude ver o Draco bom, se é que ele existe, ou era só uma alucinação da minha cabeça sonhadora.

-Tá bem. Ah, Dra...digo Malfoy, sei que não devia dizer isso, mas se precisar de algo, pode me chamar. Para qualquer coisa, qualquer coisa mesmo – PORQUE EU DISSE ISSO? Acho que eu pirei. Oh Céus. Acho que eu estou virando uma Madre Teresa e isso é medonho.

Distanciei-me dele e voltei pro quarto. Só quero saber uma coisa. O QUE DEU EM MIM? Preocupar-me com o asqueroso,loiro aguado do Draco! Não. Eu devo estar doente.

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