Horcrux



Sarcasticamente Planejado
Por Angy e MSM



Cap 1- Horcrux

Suava, suava em bicas, tentando ocultar o nervosismo com sua face arrogante, de alguma maneira, transpondo segurança aos outros dois, mesmo que sua real vontade fosse jogar-se no chão e descabelar-se até não restar absolutamente nada sobre sua cabeça.

Estava simplesmente apavorada.

O amigo olhou-a de soslaio. Sabia muito bem o que ela estava fazendo e de certa forma era grato por isso. Mas sabia, que na verdade, ela estava era desesperada.

Ela sempre fazia isso, sempre tentava de alguma forma aliviar o fardo que ele sentia sobre os ombros, toda vez que acordava. Mas o que o incomodava, é que em sua busca por fazer a vida dele mais fácil, ela complicava a sua.

- Você está bem? – ele sussurrou sobressaltando-a.

- Claro que sim, não seja estúpido e preste atenção no que está fazendo. – respondeu ríspida, mas ele pode jurar vê-la sorrir antes de voltar sua atenção para o caminho ao qual percorria.

O caminho de pedra há muito gasto, estava coberto por uma vegetação que vinha até a altura de sua coxa, apenas podia identificar o caminho, pois de alguma forma, a vegetação nascia enviesada sobre ele.

Olhou para frente, havia um casarão completamente arruinado a cerca de quinhentos metros de onde estava. As janelas eram apenas perceptíveis pela ausência de madeira tosca e podre sobre as mesmas, ao invés disso, podia-se discernir o vidro estilhaçado em cada uma delas, não havia ao menos uma janela inteira.

A casa deveria ter uns dois andares, embora parecesse bem maior pela crosta de sujeira grudada em todo o seu perímetro. Não era possível que aquela casa tivesse sido abandonada há quarenta anos, em sua mente, ela calcularia no mínimo uns duzentos, foi quando o rapaz cortou-lhe a linha de raciocínio.

- Harry, você tem certeza que o Horcrux está aqui? – perguntou Ron medindo a casa de cima a baixo, o garoto não teve muito sucesso em disfarçar o pânico em sua voz.

- Não. – respondeu o moreno simplesmente.

- Então...?

Ron parecia achar simplesmente absurdo que estivesse na frente daquela cena grotesca por uma incerteza.

- É meio lógico, não? – respondeu Hermione parecendo impaciente - O primeiro Horcrux estava na antiga casa dos Gaunt, onde Voldemort conseguiu o anel. O segundo Horcrux, estava naquela caverna, onde Voldemort tinha levado aquelas criancinhas quando ele estava no orfanato. Foi aqui que ele conseguiu dois dos objetos que ele provavelmente usa como Horcruxes. Voldemort parece esconder seus fragmentos de alma em lugares que de alguma maneira, traçaram a sua trajetória. Deve ter pelo menos alguma coisa aqui.

Harry agradeceu mentalmente a amiga por poupá-lo de explicações, mesmo porque, tudo parecia muito mais coerente quando ela dizia.

Estavam a duzentos metros da casa e Harry não podia discernir nenhum traço de magia cortando o ar. Parecia-lhe imprudência de Voldemort permitir que alguém pudesse chegar tão perto da casa sem enfrentar qualquer tipo de desafio, se é que a casa realmente abrigava um Horcrux.

A falta de desafios era o que mais o enervava. Talvez realmente, não houvesse nada na casa, talvez estivesse apenas arruinada.

Odiava o falso conforto. Odiava a incerteza.

Pensamentos similares cortavam a mente de Hermione a cada passo que avançavam em direção a mansão.

Uma ou duas vezes, tentou partilhá-los com Harry, mas o garoto já parecia estar suficientemente aturdido nos próprios pensamentos, não queria alarmá-lo ainda mais, e sobre tudo; Não queria que Ron saísse correndo na direção oposta. Seria um verdadeiro martírio encontrá-lo caso perdesse-se na mata.

Céus, Harry ficaria simplesmente arrasado caso tivesse se preparado todo aquele tempo, especulado tanto e dedicado-se tanto a troco de nada. Não tinha sido fácil encontrar a localização da casa, ela era protegida por uma magia muito antiga, de modo que sua localização não constava em lugar algum.

Fora realmente um suplício encontrar um membro daquela família e convencê-lo a falar sobre a localização da casa.

Embora Hermione sinceramente não pudesse entender porque diabos alguém se daria o trabalho de esconder uma casa como aquela, mesmo porque, os familiares não pareciam se quer tomar consciência que a antiga dona da casa não tivesse morrido envenenado pelo seu elfo doméstico, como dizia a crença popular.

Seus pensamentos jorravam furiosamente em sua mente, quando simplesmente, sentiu o chão se abrir sobre os seus pés.

Um berro desprendeu-se de sua garganta, embora ela tivesse consciência que não fora ouvida por ninguém.

Gemidos, gritos, lamurias, choros. A mistura de todos aqueles ruídos enchiam os seus ouvidos fazendo os cabelos da sua nuca de arrepiarem, era sem favor algum, o pior ruído que já ouvira na vida.

Quando o buraco sob ela abriu-se de vez, Hermione arremessou-se para frente segurando em alguns ramos de plantas a sua frente, enquanto sentia-se puxada por centenas de mãos.

- Harry! Ron! – o desespero era tanto que fazia um esforço Hercúleo para não vomitar, bem como não soltar as plantas e entregar-se para seja lá o que a puxava.

- Hermione! – gritou a voz de Ron em algum ponto a sua frente, não podia dar-se o luxo de levantar a cabeça, estava sendo puxada com tanta força. – Agüente firme, eu vou te tirar daí!

Agüente, agüente.

Eram mãos, braços, pernas. Puxando-a, chutando-a e tentando trazê-la para o fundo do buraco. Hermione arrisco olhar de soslaio para baixo e voltou a fechar os olhos completamente horrorizada.

Inferi. Milhares deles estendiam-se em fileiras e mais fileira abaixo de si. Era impossível ver o fim daquele buraco, os membros cadavéricos estendiam-se abaixo de si até onde a vista podia alcançar.

Estava fraquejando, podia sentir as plantas desprendendo-se do solo. Não teria jeito.

Sentiu seu braço sendo puxado para fora do buraco, no instante em que as últimas plantas se rompiam entre seus dedos.

Agarrou aquele braço com todas as suas forças e em seguida, sentiu mais um par deles juntando-se ao que já a puxava. Sua cintura já estava em terra firme.

Chutando alguma coisa que soltou um lamento simplesmente horrível, Hermione deitou-se a margem do buraco respirando fundo, ao lado de Ron e Harry, completamente brancos pelo pânico.

As vozes lamuriosas ainda enchiam o ar, mas não fazia diferença, não podiam pegá-la agora.

- Você... Você está bem? – arriscou Harry olhando para Hermione, seu rosto ainda estava meio esverdeado.

- Eu... O que foi aquilo? – perguntou a garota sentando-se, Harry fez o mesmo.

- Uma cratera abriu em volta de toda a casa, - disse Harry – não sei como diabos faremos para atravessar de volta, já que é impossível desaparatar daqui.

- E parece que alguém achou que seria divertido, - cortou Ron sentando-se parecendo irritado – se enchesse aquele buraco enorme e sem fim de Inferis loucos e sedentos por companhia.

Hermione piscou aliviada.

- Mas como vocês saíram dali?

- Não caímos. Estávamos andando na sua frente, não estávamos? Achamos que tínhamos escapado e eu já tinha até começado a festejar, quando ouvi o que me pareceu ser a sua voz nos chamando. – respondeu Ron pondo-se em pé com certo esforço, suas pernas simplesmente não paravam de balançar.

- Sorte que conseguimos tirar você a tempo. – disse Harry levantando-se de um salto, tentando parecer muito mais seguro do que na verdade se sentia.

Hermione pôs-se a sorrir tolamente enquanto levantava-se. Harry e Ron trocaram olhares.

- Vocês não vêem? Isso significa que estamos no caminho certo! Realmente há um Horcrux na casa!

E com uma nova injeção de ânimo, os três amigos puseram-se a caminhar cautelosa e decididamente até a casa.

- Alorromora! – exclamou Ron a porta da casa.

- Sinceramente Ron, você acha que Voldemort teria simplesmente trancado a porta? – perguntou Hermione debochando.

Ron parecia extremamente ofendido e Harry apressou-se em deixar o rosto impassível, por mais que concordasse com Hermione.

- Se você é tão esperta, então por que não abre a porta? – perguntou com selvageria.

Hermione deu alguns passos à frente encarando a maçaneta de perto. Aquilo com certeza não se abriria com uma chave, a menos que esta estivesse em volta do pescoço do capeta, acrescentou ponderando.

Aproximou-se ainda mais da maçaneta e reparou haverem desenhos em volta da mesma, não! Eram palavras! Apertou os olhos tentando enxergar, com certeza, já tinha visto aquilo alguma vez na vida.

Runas! Eram runas antigas! Deu graças internamente por ter persistido com aquela matéria. Mesmo não sabendo exatamente o que fazer com aquele conhecimento, seu coração parecia mais leve por pelo menos reconhecer as palavras.

- Então? – perguntou Ron debochando.

- Runas... - murmurou Hermione, agora o seu nariz estava quase colado com a maçaneta.

“O que devo fazer?”, aquela palavra não fazia o menor sentido, era curta demais para formar uma frase e grande demais para ser algum tipo de expressão que ela tivesse conhecimento. A menos que analisasse as letras individualmente.

- Scrifthy? – disse duvidosa mais para si do que para qualquer outra pessoa.

A porta fez um clique e abriu-se rangendo.

- Legal! – disse Harry precipitando-se porta adentro, seguido por Ron de má vontade.

Hermione entrou se sentido levemente feliz consigo mesma, ao entrar, a porta fechou-se atrás de si e não era possível ver mais nada.

Estava tão escuro, que era impossível discernir o vulto dos amigos ao seu lado.

- Lumus. – ouviu o murmuro da voz de Harry ao que parecia ser seu lado direito. Ron e Hermione o imitaram, quando os três apontaram as varinhas para sua frente, perceberam que não estava exatamente a sós.

- Achei que não fossem chegar nunca. – disse uma voz grave à frente de Ron, o salão explodiu em risos e logo e seguida, uma tempestade de vozes bracejava “Lumus!”, apontando suas respectivas varinhas para seus rostos mascarados.

Estavam completamente cercados por Comensais.

- Ora, ora! Então o Potterzinho ainda não desistiu de meter o nariz onde não é chamado, quem será que teremos que eliminar para você finalmente perceber que não deve se meter nos assuntos do nosso Amo? – a voz feminina desagradável vinha no canto oposto à voz do primeiro Comensal que lhes falara e pela imitação grotesca de voz de bebê, Harry reconheceu-a como Belatrix Lestrange.

- Acho que deveríamos eliminar o garoto Weasley, se bem me lembro, era a coisa que Potter mais sentiria se lhe fosse arrancada no Torneio Tribuxo. – aquela voz arrastada só poderia ser de Snape, pensou Harry sentindo o sangue ferver.

- Ou poderíamos eliminar a garota, - sugeriu uma voz ao lado de Snape – ela é sangue-ruím, nem deveria ter nascido em primeiro lugar.

- Harry, não. – disse Hermione pousando a mão sobre o braço de Harry que ela tinha certeza que agora tremia de raiva.

- Terei o maior prazer do mundo em fazer isso. – informou uma voz ao lado de Belatrix – Eu disse que me vingaria daquele tapa um dia.

Malfoy. Pensaram os três garotos ao mesmo tempo, enquanto Harry não conseguia mais conter sua raiva.

- Sectusempra! - vociferou Harry errando Malfoy por poucos centímetros.

A partir daquele momento, era simplesmente impossível discernir qualquer coisa a não ser feixes de luzes coloridas vindo de todas as direções.

Hermione virou de costas para Harry e Ron que agora formavam uma espécie de círculo no centro da sala, disparando todos os feitiços que lhes vinham à mente e tentando desesperadamente impedir a aproximação dos Comensais.

Mas eles eram tantos...

Hermione sentiu seu braço sendo puxado sem qualquer delicadeza por alguém e no instante seguinte, estava arremessada no chão.

- Eu vou acabar com você, Granger. – disse Malfoy parado a sua frente.

Hermione levantou-se de um salto e sem qualquer idéia de onde estivesse sua varinha, tentou empurrar Malfoy.

No instante seguinte, sentia como se tivesse acabado de entrar num tubo, sendo puxada por todas as extremidades do seu corpo...

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