Química Perfeita



Capítulo Seis

QUÍMICA PERFEITA

Gina estava sentada à beira do lago, em um local mais afastado. Costumava ir sempre ali, quando sentia necessidade de pensar. E ultimamente, vinha sentindo muita.

- Oi, posso me sentar?

Ela ergueu os olhos, sentindo o coração bater mais forte.

- Malfoy, você não deveria estar tendo aula agora?

- Weasley, eu perguntei primeiro. Então, posso ou não posso?

- Tá, pode... A grama é pública...

E fez menção de levantar-se para ir embora, mas o rapaz segurou-lhe o

braço.

- Por favor, fique. Preciso falar com você.

"Um Malfoy pedindo por favor? Esse mundo está de cabeça pra baixo

mesmo... Bom, não custa ouvir, custa?"

- O que é que há?

- Há, que preciso da sua ajuda pra resolver um problema. Do jeito que

a minha vida está, não dá pra continuar. Não estou conseguindo me concentrar em nada do que faço e a culpa é desses malditos sonhos que não consigo esquecer. Vou te falar mais uma vez, vê se desfaz o maldito feitiço que você fez! Resolve isso!

- Resolver o quê, pelo amor de Merlin? Que sonhos são esses? Você

só fala neles, mas nunca me diz nada. E vou te falar de novo, eu não fiz nenhum maldito feitiço pra você!!!

- Ah, você quer saber que sonhos são, né? Pois eu vou falar e você vai

ter que escutar tudinho!

E começou a contar, pedacinho por pedacinho, nos mínimos detalhes,

todos os sonhos. Ela não queria saber? E se divertia vendo a vermelhidão no rosto dela. No fim, a moça nem o encarava mais...

- Tá bom! Pode parar que eu já entendi!

- Então agora, diz o que eu faço pra ter a minha vida normal de volta.

- E eu é que sei? O homem aqui é você... Pelo que dizem por aí, o rapaz aí já devia estar mais que acostumado com isso. Tua fama te precede. Não deixa passar uma...

- Hum, prestando atenção à notícias sobre mim, Weasley? Interessada na minha pessoa?

- Eu? Por mim você podia nem existir no mundo, Malfoy. Não ia fazer falta nenhuma, e além do ma...

Ela foi pega de surpresa pelo beijo. Intenso, quente, íntimo. Por um

momento, a resistência dela. Depois, a entrega.

Dois corações pulsando juntos, no mesmo ritmo. Desejo insano, indesejado pelos dois. Mãos livres percorrendo caminhos, reentrâncias, desbravando receios e marcando territórios.

A boca do rapaz deixou-se passear pelo pescoço dela, os dentes resvalando na jugular que pulsava furiosamente, denunciando uma intensa carga de energia. Não resistiu e cravou os dentes no pescoço alvo, antes de descer a boca para os ombros.

Ela gemia baixinho, às vezes aquiescência, outras negação... Uma mistura de sensações tão grande quanto confusa.

O som de vozes à uma certa distância despertou-os para a realidade.

Confusos, olharam-se por um instante, os olhos ainda nublados pelo desejo. Draco foi o primeiro a recompor-se. Nervosamente, como querendo convencer-se do que ele diria a seguir, vestiu novamente a máscara de arrogância.

- Como você é patética, Weasley! Eu sabia que poderia fazer com você o que quisesse. É exatamente como todas as outras: não resiste a mim. Eu só quis tirar a prova...

- E você, Malfoy, como é ridículo e narcisista! Pensa realmente, que eu perco o meu tempo pensando em você? Esse é o seu papel e não o meu. Afinal, quem aqui anda tendo sonhos com o outro?

- Está querendo insinuar o que? Que eu te amo? - disse o rapaz, apavorado com a possibilidade de que aquilo poderia vir a se tornar verdade - É isso?

- Eu não disse nada... mas isso é típico de você. Esse lance de tirar conclusões precipitadas. Que foi, por acaso é verdade?

- Não viaja, garota! Vê se eu ia amar uma Weasley... Pobre, sem educação. Nunca teria classe para ser uma Malfoy!

- Escuta aqui, depósito de blondor ambulante. Primeiro: eu não estou interessada em me tornar uma Malfoy. Segundo: Não conseguiria viver com alguém tão exasperante, irritante e arrogante como você. E terceiro: se sou pobre, agradeça ao desonesto e canalha do seu trisavô!

- Mas o que você...

- Dá licença, ok? Tô indo. Hum, veio tão calminho, atencioso... Eu já devia desconfiar. Um Malfoy não muda mesmo... E mais uma coisa: sem educação é a mãe!

E deixou-o ali, com seus pensamentos.



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Draco enfiou a cabeça no meio das pernas e soltou um suspiro alto.

"Que garota azucrinada!"

Também, o que dera nele? Fora até ela com a melhor das intenções, chegara até a pedir por favor!

Mas não, ele não podia se controlar! Tinha de beijar a Weasley de novo, só pra ver se o beijo era tudo aquilo que se lembrava! Era mais, muito mais... Draco Malfoy, seu idiota!

Ela era doce, perfeita, a pele lisinha e quente, quente demais. Por um instante, quisera mandar tudo às favas, esquecer onde estavam, deitá-la na grama e fazer tudo aquilo que tinha vontade já fazia tempo. Quem sabe, aí, voltaria a dormir em paz.

E se não fossem as benditas (ou seriam malditas?) vozes, com certeza era o que ele teria tentado fazer no calor do momento.

E que estória de trisavô dele era aquela? Guria mais doida...

Em todo caso, Malfoy, é como disse uma vez um filósofo trouxa chamado Jean-Paul Sartre: "Ninguém deve cometer a mesma tolice duas vezes. A possibilidade de escolha é muito grande". E você já cometeu a tolice de beijar aquela garota duas vezes. É um rematado tolo...

Era hora de analisar melhor as outras possibilidades de escolha, entre as tantas garotas que faziam parte de seu fã-clube. Mesmo que isso não lhe desse muito ânimo.

Para ver se tirava a Weasley da mente.



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Gina entrou em seu quarto, batendo a porta com força.

"Quem esse sujeito pensa que é?"

Encaminhou-se para o banheiro, despiu-se e entrou debaixo do chuveiro.

Queria livrar-se de cada vestígio dos dedos dele em sua pele. Ainda se sentia queimar pelos beijos e carícias que Malfoy lhe fizera.

E pelo que ouvira dele.

Quando ficara sabendo sobre os sonhos, quisera morrer de vergonha, e ao mesmo tempo se sentira lisonjeada. Afinal, um dos caras mais cobiçados de toda Hogwarts perdia noites de sono tendo sonhos eróticos com... ela!

Ficou pensando se aquela garota ardente dos sonhos dele existia de verdade. Se ela seria capaz de seduzir alguém daquele jeito. Logo ela, tão tímida...

Verdade que, momentos antes, aquela timidez toda quase desaparecera. Nunca perdera o controle com ninguém, mas com Malfoy... Quase desfalecera quando ele passara a mão em sua coxa, por baixo da saia. Sorte que aquelas vozes fizeram-na voltar à realidade a tempo...

Estar com Malfoy era como se estivesse saltando de um prédio de 20 andares sem pára-quedas. Adrenalina pura... Que química!

Mas o cara era de uma arrogância ímpar. Nunca parava de ofender ninguém, em especial a sua família.

Sentiu vontade de lhe dar uma lição. E decidiu que daria. Ah, se daria!

Faria o idiota cair de quatro por ela. Faria-o comer em sua mão. E pra completar, usaria-o como caminho para reaver a fortuna de sua família.

O sujeito era tão seguro de seu poder de sedução que nem perceberia que ela usaria contra ele o próprio método da sua família: o jogo sujo.

Só teria de resguardar o coração. Ele podia ser um idiota, mas era um idiota de tirar o fôlego.

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