Entre amigos... Final (?!)
Harry olhava sonhadoramente para as peças de xadrez bruxo, que estava jogando com Ron, enquanto Hermione fora comprar coisas para o almoço. Como coisas que há tão pouco tempo pareciam estar tão no lugar, podiam se bagunçar tão rápido? Há poucos dias ele tinha certeza do que sentia. Hermione era sua amiga e Marian sua paquera. Agora, os sentimentos se embaralharam... Não podia dizer que não se sentia mais atraído por Marian, mas de alguma forma, parecia estar também atraído por Mione...E pior, sentia que tinha que tomar uma decisão rápido. Marian já não parecia estar muito paciente com a indefinida situação deles, e a Hermione tinha o Malfoy...
Ele não pode continuar pensando, pois Hermione voltou com um monte de compras, disposta a fazer os amigos comerem algo “mais saudável”. Ron fechou a cara, afinal, já tinha que fazer dieta normalmente por causa dos treinos...
Mione cozinhou, eles almoçaram animados. Cada momento que passavam juntos, era como recordar os melhores de Hogwarts, das suas infâncias, das suas vidas. Decidiram aparatar perto de Hogsmead, e passear pela comunidade bruxa na qual viveram tantas aventuras também.
Caminhavam de braços dados, com Mione no meio dos rapazes. Todos os três gostariam de eternizar aquele passeio. Fazer com que a noite nunca chegasse, que a segunda-feira sumisse do mundo. Apesar de gostarem das profissões que escolheram, faltava aquele contato constante. Mesmo Hermione e Harry estudando juntos, não tinham tempo, nem ambiente para estarem tão próximos, ainda mais depois que ela havia se envolvido com Malfoy.
Aproveitaram cada minuto, rindo, conversando, fazendo guerra de bola de neve, comendo doces. Sendo felizes. Talvez mais até do que quando eram estudantes. Não tinham uma sombra maligna os espreitando. Nenhum dor na cicatriz de Harry para se preocuparem. Não havia a morte trágica de alguém querido os esperando. Definitivamente, os três se sentiam muito felizes. Que aquele dia não acabasse nunca!
Mas, como é lógico, acabou. Logo o sol que já era fraco no inverno, foi baixando no horizonte, e o frio começou a intensificar. Resolveram jantar no Três Vassouras, e depois voltar para casa de Harry.
- Vamos dormir cedo! – falava agitada Hermione. – Assim a gente acorda cedo amanhã, e aproveita mais o dia juntos!
- Ah, Mione! Você parece minha mãe! Que história é essa de dormir cedo? – Ron resmungava.
Mione respondeu mostrando a língua. Todos riram, e a menina se emocionou. Os envolveu no mesmo abraço, com os olhos marejados.
- Eu amo tanto vocês!
- Nós também de amamos, Mi. – Harry respondeu, enquanto Ron tentava manter a pose de indiferente.
A menina acabou vencendo, e eles foram se deitar cedo. Quando chegaram no quarto, o ruivo se encostou na parede, com uma expressão maliciosa.
- Mas se vocês preferirem dormir sozinhos, me avisem que eu vou dormir lá no sofá...
- Do que você está falando? – Hermione voltou-se, indignada.
- Oras, eu vi como vocês acordaram hoje.
Harry e Mione ficaram absurdamente vermelhos. Com muito esforço, eles tentaram não pensar em como tinham dormido... em como havia sido bom acordar abraçados... Tentando amenizar, Harry disse.
- Bom, acho melhor conjurar mais camas hoje...
Hermione concordou, e fez surgir mais duas camas de solteiro, tornando o quarto subitamente apertado. Ela mesma ia deitar em uma das camas, mas Harry fez questão de deixa-la com a de casal. Estavam tão cansados, que pouco conversaram antes de adormecer.
No meio da noite, Mione acordou, levemente incomodada com os roncos de Ron. Sentiu a boca seca, provavelmente a magia que Harry usava para aquecer o ar estava desregulada, pois apesar de ser inverno, ela sentia muito calor.
Levantou-se no escuro, tentando não fazer barulho para não acordar os amigos. Foi para a cozinha, beber um pouco de água.
Assustou-se quando ouviu barulhos na cozinha. Pensou em voltar para buscar a varinha, quando a lógica lhe avisou que não devia ser um desconhecido. Afinal, nem mesmo na época do auge de Voldemort os Comensais conseguiram encontrar aquela casa.
Um pouco mais tranqüila, ela entrou no cômodo. Viu Harry sentado sobre a pia, sem a camisa do pijama, tomando suco de abóbora. Ela não pode deixar de observa-lo um pouco. Sempre fora bonito, mas ultimamente estava mais ainda. Devia ser porque finalmente ele estava em paz. Não tinha mais os tios para o atormentarem, nem Voldemort, nem culpa. Agora ele era só um jovem bruxo, pronto para seguir sua vida, ser feliz. Mesmo que ele nunca a olhasse como ela gostaria, sentia-se muito bem em saber que havia contribuído para a nova vida dele.
Não demorou muito, Harry notou a amiga.
- Oi Mi. Também está com calor?
- É sim. Qual o problema?
- Não consigo regular o aquecimento. – o rapaz sorriu sem graça. – Ou faço ficar muito quente, ou muito frio. Então prefiro deixar quente.
Mione assentiu. Podia se oferecer para consertar a temperatura, mas uma vontadezinha de continuar vendo-o sem camisa a impediu.
- Engraçado como só notei agora o calor.- ela disse só para puxar assunto.
- É sim.
Os dois ficaram se olhando, sem ter o que dizer. Harry ofereceu à amiga suco, que ela aceitou. Mais alguns instantes se passaram, com um silêncio constrangedor.
- Acho que vou deitar.
Mione disse isso, afinal, o que adiantava ficar ali, tão perto dele, e ao mesmo tempo tão longe? Era apenas se torturar...
- Não, Mi. Fica.
Harry a segurou pelo braço, a puxando para si. Ela sentiu os braços fortes, moldados pelos anos de quadribol, o cetim do pijama roçando no peito nu dele.
O rapaz não a queria deixar ir embora. A queria perto, queria entender o que estava sentindo. E se deixou mergulhar naqueles olhos acastanhados, tão queridos para ele.
Quase que espontaneamente, eles se beijaram. Calidamente, pareciam pedir licença um ao outro para prosseguir. Os braços de Harry a envolviam, com força e ao mesmo tempo carinho.
Hermione não podia acreditar, parecia um sonho! Estava sendo beijada por Harry!
Por sua vez, Harry também não acreditava no que estava fazendo. Alguma coisa lhe dizia que havia se antecipado, que devia ter aguardado mais...
Quando os lábios se afastaram, eles se abraçaram.
- Harry...
- Shhhh.
Ele fez um sinal de silêncio para ela. Não queria explicações, não naquele momento.
- Não vamos falar nada hoje, está bem?
Hermione concordou. Estava muito feliz para dizer alguma coisa.
Sentaram-se no sofá da sala, e logo recomeçaram a se beijar. Beijos longos e carinhosos, que os ocuparam por horas.
Era a primeira vez em que palavras eram totalmente desnecessárias. Agir era infinitamente mais importante.
Quando já estava quase amanhecendo, ainda em silêncio, eles voltaram para o quarto, com o cuidado de não acordar o Ron.
O ruivo acordou bem disposto, querendo aproveitar ao máximo o domingo ao lado dos amigos, afinal, naquela noite iria embora, voltar para os longos treinos de quadribol. Levantou-se, sem se importar com o barulho.
Olhou para os lados, e viu os amigos ainda dormindo. Espreguiçou, fazendo questão de bocejar alto.
Nada, continuaram dormindo. Sem a mínima paciência para esperar que acordassem, ele atirou o travesseiro em Hermione.
-Aiiiiiiiiiiiii!
Com o grito de Mione, Harry pulou da cama, já calejado por anos de sobressaltos noturnos.
- O que foi?!
Ron riu com a expressão séria do amigo, e a cara assustada de Hermione.
- Vamos seus dorminhocos! Estou com fome e alguém tem que fazer meu café da manhã!
Todos riram, mas subitamente, quando os olhares de Harry e Hermione se cruzaram, ambos ficaram sérios. Também coraram um pouco, comprovando que os beijos da noite anterior não haviam sido apenas um sonho. Haviam acontecido de verdade.
Ron, alheio a tudo isso, foi direto para cozinha, arrastando Hermione, enquanto gracejava, dizendo que, mesmo ela cozinhando tão mal, ele queria que ela fizesse o café.
Harry ficou no quarto uns minutos, tentando arrumar a bagunça que estava em sua mente, e sobretudo, em seu coração. Não sabia como deveria agir com Hermione, nem mesmo separar o que realmente sentia por ela. Só o que tinha certeza que estava sentindo, era um latejamento na cabeça, uma coisinha bem leve, mas incômoda. Como se algo o tentasse avisar que ele estava esquecendo de alguma coisa...
Hermione aprontou um café da manhã rápido, enquanto fazia um discurso sobre como era injusto relegar às mulheres o trabalho doméstico, ou pior, aos elfos.
Quando a moça terminou, Harry já estava sentado à mesa, rindo muito das caretas que o ruivo fazia enquanto ela falava. Assim que os três estavam prontos para comer, uma coruja branquinha, já velha conhecida deles, entrou pela janela, trazendo uma carta, que jogou na frente de Harry. Ele se assustou, como se uma súbita lembrança tomasse conta dele.
Antes que ele se recuperasse do susto, Ron pegou a carta, e a abriu. Parece que o rapaz havia conseguido ler no envelope quem era o remetente.
- Meu querido Harry, - Ron começou a ler em voz alta, enquanto o amigo tentava tomar a carta das mãos dele.- Estou ansiosa pelo nosso encontro de hoje, devo confessar, que, pessoalmente não teria coragem de dizer o que vou escrever nesta carta, mas a verdade é que eu também estou apaixonada por você. Então é claro que eu aceito o seu pedido de namoro. Te vejo às 7... muitos beijos, da tua Marian. – Ron riu um pouco.
- Você está namorando, cara! Meus parabéns!
Harry voltou-se para Mione, tentando ver qual fora a reação dela. Depois de tudo o que aconteceu, ele havia se esquecido que havia mandado uma coruja para Marian, a pedindo em namoro, já que tinha muita vergonha de faze-lo pessoalmente. Mas é claro que, depois da noite passada, tudo mudara de figura!
Mas o que ele viu foi uma Hermione estática, que olhava para o papel na mão de Ron como se visse o próprio Voldemort reencarnado. Antes que o-menino-que-sobreviveu pudesse dizer qualquer coisa, ela se levantou e correu para a saída da casa.
Harry ainda tentou alcança-la, mas ela já havia desaparatado quando ele passou pela porta. Ron o seguiu, ainda segurando a resposta de Marian.
- Perdi alguma coisa? – o confuso ruivo perguntou.
- Acho que fui eu que perdi, Ron.- dizendo isso, ele voltou para a casa, cabisbaixo.
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