Tumultos silenciosos



Hermione lia um livro na sala de aula vazia, a cabeça repousando em uma das mãos. Estava tão interessada na leitura, que nem percebeu quando alguém se abaixou diante dela.

- Oi Mione.

Ela levantou os olhos devagar, talvez um tanto sonhadoramente.

- Ah, Oi Harry.

Ele franziu a testa, não havia gostado do tom do “ah”. Parecia decepcionada.

- Esperando outra pessoa? O Malfoy?
- Não.

Ela voltou a ler, ignorando o amigo. Harry sentiu um aperto na boca do estômago. Ao mesmo tempo que tinha vontade de pedir desculpas a ela por tudo de mal que, mesmo inconscientemente havia feito a ela, aquela expressão perdida e sonhadora dava-lhe vontades de esgana-la!
Decidiu por não fazer nem uma coisa nem outra, mas apenas sentou-se ao seu lado. Era a primeira vez que iam sentar juntos desde que ela começou aquela história com o Malfoy.

- Recebi uma carta do Ron, sabia?
- Sério!? – Hermione parecia muito animada com a notícia.
- Sim, ele concordou em passar este fim de semana com a gente lá em casa, o que você acha?
- Acho ótimo! – a menina sorria largo, genuinamente feliz.

Estava ansiosa para ver o Ron. Não que achasse que ele podia aconselha-la maravilhosamente a respeito do que estava acontecendo, mas tinha vontade de conversar com alguém diferente, com alguém engraçado, que a fizesse esquecer toda aquela confusão na qual se metera.
Quase não havia dormido, pensando na proposta que Malfoy havia lhe feito no dia anterior. O pior era que, há apenas alguns dias, ela nem mesmo admitia estar apaixonada pelo Harry, e agora já tinha que, de novo com relutância, admitir que estava atraída pelo Draco. Ela riu baixinho, pensando que se alguém tivesse lhe dito isso na época da escola, certamente teria sido azarado até a quinta geração.
- Rindo do que? – perguntou curioso Harry.
- De nada. Estava lembrando dos bons momentos que passamos juntos com Ron em Hogwarts.
- Bem... – começou o rapaz de olhos verdes.- Acho que você e Ron passaram mais bons momentos juntos do que comigo...
Hermione corou. Sempre ficava sem graça quando falavam da época em que tinha namorado Ron no colégio.
- Harry! Nós também passamos ótimos momentos!
- Mas não do mesmo jeito não é?
Harry encarou os olhos dela, tentando ler a reação que a frase causava. Não entendia direito porque a estava provocando daquele jeito... Talvez quisesse uma confirmação, alguma coisa qualquer que o fizesse ter certeza do que Ron havia escrito naquela carta.
- Na verdade a maior parte do tempo que passamos juntos foi igual. – Hermione não o encarava, mas olhava para a mesa. – afinal, eu namorei muito pouco o Ron, se compararmos com todo o tempo da nossa amizade. Além disso, não é porque não namoramos que não tivemos bons momentos não é?
- Claro que não. Foram os melhores.

E Harry estava sendo sincero. Os melhores momentos que havia passado em sua vida foi com Ron e Hermione. Alguns dos piores também, mas isso só provava que eles estavam com ele na alegria e na tristeza . Ele riu alto - Como se fossemos os três casados.
Malfoy entrou na sala, vendo os dois conversando animadamente. Sorriu debochado. Os dois faziam realmente um par perfeito de panacas. Adiantou-se e cumprimentou:
- Oi Hermione, Potter.
- Oi Draco!
- Bom dia Malfoy. – respondeu mal humorado.
Draco sentou-se a algumas carteiras de distância, displicentemente. Hermione ficou nervosa, imaginando que ele podia estar pensando sobre ela e Harry.
- Draco, sabe que boa noticia o Harry me deu? – ela começou a falar a primeira coisa que veio a cabeça, só para puxar assunto.
- Não, qual seria? – Draco a olhava sem conseguir esconder o cinismo.
- Ron vem nos ver este fim de semana! – os olhos dela brilhavam.

Eu disse “par de panacas”? Como pude me esquecer que são um trio?, pensava Malfoy, mas o que ele respondeu foi outra coisa.

- O Weasley? Soube que ele está se saindo muito bem no quadribol profissional.
- É sim. – Hermione estava empolgada.

Draco virou-se e começou a ler, mostrando que não queria continuar a conversa. Por que havia sido tão gentil? Aos diabos se todos os Weasley do mundo resolvessem se juntar a Potter e Cia Ltda! Olhou por cima do livro para Hermione. Por que ela estar tão contente com a volta do Weasley o deixava tão irritado?

Harry observou as duas palavras que eles trocaram. Estava estranhando o clima entre os dois, será que tinham terminado? Tentou pensar em outra coisa, mas não conseguiu. Para poder perguntar sem que o Malfoy ouvisse, puxou um pedaço de pergaminho.
Assim que Hermione viu que Harry lhe passava o pergaminho, olhou para cima. Novamente???

Mi, você e o Malfoy brigaram?

Ela olhou algum tempo para ele, antes de perguntar.

Não, por quê?
Vocês estão muito diferentes do que estavam ontem. Ele te fez alguma coisa? Fala, porque se ele aprontou...


Hermione pensou que o melhor era tentar mentir o menos possível:

Na verdade, eu é que estou um pouco indecisa.

Harry sentiu o coração disparar.

Indecisa com o que? Outro cara?

Não sei Harry, são tantas coisas na minha cabeça... Mas, sim, talvez exista mais alguém, mas eu ainda não tenho certeza.


Hermione ficou olhando a ponta dos sapatos, enquanto Harry a encarava. Vários alunos entraram na sala, entre eles Marian, mas ele estava alheio a tudo isso. Estava morrendo de vontade de perguntar quem era, mas ao mesmo tempo, tinha medo.

Draco observava tudo. Havia percebido a troca de bilhetinhos. Não é romântico? – pensou ironizando. Dois idiotas. Claramente morriam um pelo outro, mas não tinham coragem de admitir. Patéticos. Simplesmente patéticos. Mas ele não pode deixar de sentir um pouco de raiva, por Hermione não ter continuado o joguinho deles.
Logo a aula começou. Foi uma aula muito interessante, ou teria sido, se cada um não tivesse perdido em seus próprios pensamentos. Hermione queria cavar um buraco e sumir, cada vez que olhava para um dos dois. Como podem ser tão lindos? Ela pensava. E como eu posso ser volúvel assim? Como eu posso não saber quem eu quero?
Draco lutava cada vez que Hermione surgia em sua mente. Tinha vontade de se esbofetear, de esbofeteá-la, de matar o Potter. De qualquer coisa, menos ficar ali sentado.
Harry tentava tomar uma decisão. Chamar a Marian para almoçar de novo? Ela era linda, e muito agradável... Mas isso significava deixar Hermione almoçar com Malfoy. E isso ele não queria de jeito nenhum... Ele ficou pensando nisso toda a aula, sem chegar a decisão nenhuma. Até que a aula acabou, e ele viu Malfoy se aproximando de Hermione.
- Malfoy.
- Potter?

Draco olhava divertido o ar nervoso de Harry.

- Será que posso almoçar hoje com minha amiga?- dizendo isso ele pôs as mãos nos ombros de Hermione.
- Sim, pode. – Draco pegou em uma das mãos de Hermione e a puxou para si, praticamente a arrancando de Harry.
- Será que posso me despedir?

Hermione já ia protestar, irritada por estar sendo tratada como se não estivesse ali. Mas o loiro não lhe deu tempo, pois a beijou avidamente. Seus protestos se esvaíram, sentiu o corpo todo mole nos braços dele, a mente completamente incapaz de pensar em alguma coisa além daqueles lábios que estavam nos seus.
Harry apertava os punhos, com vontade de socar Malfoy até que ele implorasse misericórdia. E sentia mais raiva, ao notar como Hermione correspondia. Nem quando ela beijava o Ron no colégio ele a viu tão entregue nos braços de um homem. Ele estava tão entretido, que nem percebeu quando Marian saiu, cansada de esperar que ele parasse de olhar o casal e a chamasse para almoçarem novamente.
Draco soltou Hermione depois de alguns minutos.

- Tchau Mione.
- Tchau Draco.

Ela voltou-se para sair, quando notou que alguém a abraçava. Virou-se para a pessoa, mas para sua surpresa, não encontrou os olhos azul-acinzentados. Viu um par de olhos verde-esmeralda, que pareciam muito nervosos. Harry a tirou da sala, a abraçando pela cintura.
Hermione não sabia onde sua cabeça ia parar. Desde que saíra de Hogwarts não andava abraçada com Harry, mas definitivamente, nunca haviam andado daquele jeito. Ele sempre a abraçara pelos ombros, não pela cintura.
Calma, calma Harry! – ele dizia para ele mesmo. – Mas não conseguia se controlar. Só o que queria era tirar Mione de perto daquele homem, leva-la para um lugar onde só estivessem os dois... O que isso quer dizer Harry Potter?
Mas ele não teve tempo de terminar seu questionamento interno, pois Mione o interrompeu:

- Ei, você acaba de passar do refeitório? Quer me matar de fome?
- Eu não faria isso. - Ele sorriu.- Você já esta magra o suficiente.
- Ei!!!

Hermione começou a dar socos fingidos em Harry, e ele se conformou por hora, pensando: Não preciso de todas as respostas, pelo menos não agora.
E rindo muito, os dois foram almoçar.

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Demorei muito para atualizar?? Culpa da minha patroa não minha, juro! ^_^

Muito obrigada pelos comentários, vocês são muito gentis e incentivadores ^_^VVV

Ah, mas peço desculpas por este, e pelo capítulo anterior! Não tive tempo de revisa-los, e tenho certeza de que devem estar cheios de erros de português e coisas do gênero...

Aliás, já notaram que sou péssima em dar nomes aos capítulos não é?

Bom, vou viajar este fds... então só volto a atualizar semana que vem!

beijos a todos!






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