"Está tudo bem"



Tinham dois tempos de Poções. No caminho, Draco contou exatamente tudo que sabia para ela. Tudo o que tinha ouvido, tudo que tinham lhe dito, e acima de tudo, tudo o que era sua obrigação nessa guerra. Era assustador. Na aula, as palavras entravam e saíam pelo ouvido de Hermione. Fôra bastante difícil para ela acreditar que a guerra estava próxima. E ela estremecia cada vez que pensava no que a Profecia tinha dito, que só um poderia sobreviver. Ela lutaria ao seu lado até o fim, mas sabia que chegaria o momento em que ele teria que enfrentar Voldemort sozinho. Mas agora seu único objetivo era contar para Harry tudo que Draco tinha lhe dito. Fechou os olhos e respirou fundo. Estava suando frio, não via a hora daquela aula acabar.

Como sempre, Gina estava esperando por Harry do lado de fora da sala. Hermione não sabia o porquê, mas Harry sempre a perguntava se ela estava lá, e quando ela respondia que sim, ele fazia uma cara de desânimo. Ela jurava ter ouvido ele sussurando "De novo, por Merlin!" uma vez, mas quando ela perguntava o que ele tinha dito, ele conseguia mudar de assunto rapidamente.
Draco despediu-se de Hermione e Rony, Harry e Gina já tinham saído de lá sem lhe esperarem por acharem que ela ficaria com Malfoy. Ela saiu no corredor para procurá-los, principalmente para encontrar com Harry e lhe contar tudo, mas antes que pudesse fazer isso alguém chamou sua atenção.
- Olha só, não é a Granger? - ela ouviu a voz desprezível de Pansy Parkinson, mas sequer olhou para trás, não queria encrenca com ninguém, principalmente com ela e o resto dos Sonserinos - Escute, você não devia dar as costas para quem lhe é superior, Granger! - ouviu ela novamente, mas não tinha parado de andar. Foi quando sentiu uma mão em seu braço - Já lhe disse que não é para me dar as costas - o sorriso tinha desaparecido do rosto de Pansy. Atrás dela havia mais alguns Sonserinos, dentre eles Bill Waterson.
- Me solta - Hermione disse calmamente.
- Não antes de você ouvir o que eu tenho a dizer.
- Não sei se você sabe, mas ainda escuto com os meus ouvidos, Parkinson - ela respondeu, olhando para a mão da garota em seu braço.
Pansy contraiu o rosto numa expressão de fúria. Hermione deslocou sua mão para o bolso onde estava sua varinha, porém não precisou usá-la. A garota soltou seu braço, e deu alguns passos para trás.
- É tão idiota que não consegue nem enxergar quanto a estão usando - ela disse, sorrindo maldosamente.
- Do que você está falando? - disse Hermione.
- Estou falando do Draco, Granger - Pansy quase cuspiu o nome da garota - Ou você acha realmente que ele gosta de você?
- Você não sabe o que fala.
- Ah, sei sim. Sei muito bem do que estou falando - Pansy começara a rir baixinho - Granger, me disseram que você era a menina mais inteligente da escola. Agora estou começando a duvidar - Hermione engoliu um seco.
- Ele não está me usando - ela respondeu baixo. A outra começara a rir um pouco mais alto.
- Aquele-que-não-deve-ser-nomeado tem um plano. Draco faz parte desse plano, Granger. Ele está te usando para chegar no Potter, sua burra - Hermione não conseguira mais segurar sua raiva. Sentiu uma lágrima rolando por seu rosto, mas logo a enxugou, e disse decidida:
- Prove.
- Não preciso provar... Acho que, ao menos, você é capaz de enxergar isso. Um dia, quem sabe! Só pense... O que um Malfoy iria querer com uma sangue-ruim? - ela olhava para Hermione com nojo e desprezo. Ela não aguentava mais essa humilhação. Poderia ter pegado sua varinha, mas não conseguiu... Empurrou Pansy com toda a força que tinha, e tentou andar o mais longe possível das risadas que agora ecoavam por todo o corredor. Os pensamentos tinham esvaziado de sua mente, seu coração batia acelerado... Tudo estava começando a ficar escuro quando ela sentiu dois braços envolvendo-a. Olhou para o rosto da pessoa, e viu alguém que ela já não imaginava mais ver da mesma forma. De alguma maneira, ela sentia que tudo o que Pansy havia lhe dito sobre Draco era mentira. Draco colocou suas mãos em seu pescoço. Os dois agora se encaravam.
- Está tudo bem - sussurou ele, de forma que a garota sentiu que nada, nem ninguém no mundo poderia fazê-la mal. Ele caminhou em direção ao grupo que agora não dava mais risadas. Pegou Pansy pelos braços, e mantinha uma expressão muito séria.
- Quero que repita na minha cara tudo o que disse para Hermione, Parkinson - disse ele, apertando cada vez mais os braços da garota, que agora tentava inutilmente sair dali.
- Larga ela, Draco - Bill, pela primeira vez, havia se proncunciado. Empurrou Draco para trás, e ele soltou Pansy.
- Vai dizer que você gosta mesmo dessa sangue-ruim, Draco?! - disse ele, apontando com a cabeça para Hermione, mas ele não teve chance de continuar pois Draco havia partido para cima dele, empurrando-o contra a parede.
- RETIRE O QUE DISSE! - Draco encontrava-se totalmente vermelho, uma das mãos no pescoço de Bill, a outra em seu peito - VOCÊ NÃO PENSAVA EM SANGUE-RUIM QUANDO ME FALAVA DELA!
- SANGUE-RUIM! É ISSO O QUE ELA É! - por um instante, por uma fração de segundos, todos os presentes acharam que Draco iria recuar quando ele soltou Bill, e virou de costas, porém num movimento muito rápido, o garoto acertou um soco no meio da boca do outro. Ele colocou a mão na face, no sangue que saia de seu nariz e boca, e logo depois já estava brigando com Malfoy. Era estranho como garotos tinham a estranha mania de usar as mãos na hora de brigar sendo que existiam varinhas. Hermione mantinha as mãos na boca. Pansy olhava horrorizada para o que estava acontecendo. Seu objetivo era magoar Hermione, fazê-la sofrer, e fazê-la terminar com Draco, porém tudo tinha dado errado. Os dois tinham sacado a varinha, e encaravam-se. Por mais que a situação pedisse um feitiço, nenhum dos dois teve coragem de dizer nada.
- Eu não quero te machucar - disse Draco, que respirava fortemente. Baixou sua varinha, mas não tinha desviado seu olhar de Bill. Ele também abaixou a varinha e os dois, mesmo que fossem muito amigos, agora olhavam-se com uma intensa raiva.
- Você está fora - sussurrou Bill depois de alguns segundos.
- Ótimo.
Draco arrumou uma mecha de seu cabelo que estava caída sobre seus olhos. Olhou uma última vez para Pansy, com extremo nojo. Virou-se e passou a mão pelos ombros de uma Hermione abalada e incrédula pelo que tinha acontecido.
- Draco... - ela sussurou. Ele balançou a cabeça, como se dissesse que nada queria dizer sobre o assunto. Além de um corte no rosto, e uma boca um pouco inchada, estava tudo bem com ele. Ela se sentia mal pelo ocorrido, mesmo não tendo muita culpa de nada. Quem tinha começado a briga fôra Pansy, e ela tinha se segurado o máximo que pôde. Draco ainda tinha medo que ela acreditasse em alguma coisa que a outra tinha lhe dito, mas talvez fosse esperar que tudo isso passasse para ver qual seria a reação dela. Hermione, por outro lado, não tinha mais dúvidas de nada. Não restavam dúvidas dos sentimentos de Draco, eles eram verdadeiros. O que Pansy havia lhe dito tinha lhe ferido muito... Mas ninguém faria o que ele tinha feito por ela. Havia deixado suas amizades, não tinha mais ninguém. Logo saberiam da briga, e os Sonserinos passariam a odiá-lo também. De repente ela parou.
- Como sabia que estávamos lá? - perguntou. Seria muita coincidência se Draco estivesse apenas passando por lá. Ele demorou um pouco para responder.
- Pode parecer meio idiota, mas... - disse ele, olhando para o chão. Hermione o olhava curiosa - Eu senti... - Draco não estava brincando, pelo menos foi isso o que ela sentiu.
- Mas... - começou ela.
Ele a puxou para mais perto e a abraçou forte. Seria possível um amor ser tão forte, capaz de sentir o que o outro estava sentindo?


N/A: Um dos meus capítulos preferidos. Espero que gostem!
Beijo
Isabella.

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