O Erro de Malfoy



Faltavam apenas duas semanas e meia para o Baile de Inverno. Malfoy já não precisava ler suas falas no papel, estava tudo decorado.
- "Como alguém pode carregar tanta beleza em um único corpo?" - disse Malfoy em tom meloso.
- "Não tentes me seduzir com palavras bonitas, Sr. Stallman" - respondeu Hermione - Acho que já está bom por hoje.
- Sabe Granger, acho que estou tão bom com minhas falas que não preciso mais de suas aulas - disse naquele tom arrogante.
- Você é quem sabe - disse Hermione. Realmente, se ele quisesse parar com os ensaios que estavam tendo seria um compromisso a menos para os dias dela.
- Mas ainda vou decidir. Amanhã eu te falo - disse ele pegando suas coisas.
Hermione concordou e também pegou seu material, indo direto para a sala comunal da Grifinória. Encontrou Harry e Rony, concentrados, escrevendo uma redação.
- Hermione! Por Merlin, ainda bem que você chegou - disse Rony - Será que você não poderia nos ajudar nessa redação aqui? - Hermione girou os olhos.
- Tudo bem, Rony. Deixe-me dar uma olhada.
E ficaram os três fazendo as redações até tarde da noite. Rony, como sempre, aproveitou para adiantar algumas tarefas, já que Hermione estava ali para lhe ajudar. Harry acompanhava os dois, também fazendo suas tarefas, que estavam atrasadas.

Andava novamente por um corredor, e viu a porta de uma sala entreaberta. Ela conhecia aquele lugar, já estivera lá antes. Viu alguém de costas. Alguém que ela já tinha visto pelo castelo. Alguém que ela conhecia.
- Hermione... Não pode mais esconder isso de mim - disse a pessoa balançando a cabeça.
- Esconder o quê? - respondeu a garota assustada.
- Esconder que me quer - disse novamente a pessoa.
- Como pode ter tanta certeza disso?
- Eu sei, por que eu sinto.
A pessoa virou-se de perfil, mas Hermione não o reconheceu. Ela sentiu um arrepio na espinha.
- Você está enganado. Eu amo Harry, e você sabe. Todos sabem.
- Não, Hermione. Só eu sei, porque eu sempre prestei atenção em você. Aquele Harry... Ele não merece o seu amor. Não te merece...
- Você não sabe de nada! Harry também me ama!
- Tanto faz... Você sabe que na verdade eu não me importo com você.
Hermione acordou com um baque. Estava na beira da cama, quase caindo dela. Ficou feliz por ter acordado antes de levar o maior tombo, mas com raiva de si mesma. Estava prestes a ver o rosto da pessoa que lhe atormentava tanto em sonho quando acordou.

No café da manhã Rony contava seu sonho para os dois. Hermione não sabia se contava para os amigos o que também tinha sonhado, mas se contasse, teria que tirar várias partes, porque nelas ela declarava seu amor por Harry. Resolveu ficar quieta, e quando desse, contaria apenas para Gina.
- Eu estava pensando em visitar Hagrid, hoje - disse Harry - Ele tem reclamado muito que vocês não vão vê-lo.
- Vamos hoje, de tarde - disse Rony.
- Bem, hoje eu não precisarei ir á aula de teatro porque Trelawney dispensou-me, e Malfoy também. Ela quer trabalhar a parte dos que tem menos falas - disse Hermione.
- Então ta, de tarde a gente termina os deveres e vamos visitá-lo - terminou Harry, mas Hermione lembrara de algo. Malfoy havia lhe dito que lhe avisaria se ele quisesse treinar as falas mais tarde. Mas não queria procurá-lo na mesa da Sonserina porque seus amigos estavam por perto. "Meio difícil encontrar o Malfoy sozinho" - pensou. Resolveu esperar até as aulas daquele dia pela resposta dele.
As duas primeiras aulas do dia foram Transfigurações, e depois tiveram Defesa Contra as Artes das Trevas. Almoçaram, e logo depois tiveram dois tempos de Poções, quando juntou a Sonserina e a Grifinória. Malfoy não chamou Hermione, muito menos falou com ela, apesar de em algumas vezes seus olhares se cruzarem. A aula havia terminado, e todos recolhiam seus materiais. Não teria outra chance de falar com Malfoy senão ali. Disse para Harry e Rony irem à frente porquê queria passar na biblioteca - coisa que Rony odiava fazer - antes de estudar. Malfoy e sua turma foram os últimos a sair quando Hermione o chamou.
- O que você quer hein, Granger? - disse ele num tom muito arrogante.
- Só ia perguntar se a gente ia se encontrar depois da aula da Trelawney, hoje - todos os rostos das pessoas que andavam com Malfoy se viraram pra ele, como se esperassem uma resposta digna de um sangue-puro para uma sangue-ruim. Malfoy olhou para o armário ao lado de Hermione, pensativo, e depois se virou para ela:
- Só se for nos seus sonhos, Granger - não houve nenhuma pessoa ali, naquele grupo, que não deu uma risada, que ia de abafada até escandalosa. Dentre eles havia Bill Watterson, uma cópia escrita de Malfoy. Hermione suspirou levemente, e balançou a cabeça como se dissesse "Então é assim, Malfoy", e se retirou. Tinha vontade de chorar, mas a vontade de socar Malfoy e depois lhe atacar com um Crucio era maior. Não queria ver Harry nem Rony, porque não queria admitir que estivesse errada, afinal, aquela história de dar "aulinhas de teatro" para Malfoy não acabara bem, como Harry previra. Não queria ver Gina, pois teria que lhe contar toda essa história, e ter passado por ela uma vez já estava ruim demais. Não queria ver ninguém, por isso subiu ao dormitório, e lá se deitou em sua cama, remoendo tudo o que havia se passado. Ela ajudara tanto Malfoy, e sem ela ele não conseguiria dizer nada além de duas palavras inteiras, além de passar o maior vexame na frente de toda escola. Mas isso não superaria o que ela havia passado na frente de umas oito pessoas. Ela não percebeu, mas uma lágrima de ódio desceu de seu olho até seu travesseiro.

A garota ficou trancada naquele quarto a tarde toda. Nem Harry nem Rony poderiam procurá-la, pois os meninos não conseguiam subir ao quarto das meninas. Ela acabou pegando no sono depois de ler um livro extremamente grosso e velho que ela ainda não tivera a oportunidade de ler.
Harry e Rony estavam no Salão Comunal. Estava quase escurecendo, e se quisessem visitar Hagrid teriam que ir naquele momento. Esperaram mais um momento por Hermione, mas ela não apareceu. Resolveram ir sem ela, afinal, se fossem pegos fora do castelo quando já não estivesse claro, perderiam muitos pontos para a Grifinória (em terceiro lugar ainda), além de uma bela detenção.
Bateram á porta e ouviram Canino latindo atrás dela.
- Já vou! - ouviram Hagrid dizer. Os dois rezaram para que ele não estivesse cuidando de um bicho diferente, ou de, quem sabe, um outro dragão - Harry! Rony! Entrem, entrem.
Os dois entraram depois de cumprimentá-lo. Rony, por um momento, fez menção de chutar Canino, pois este não parava de babar em sua perna. Ele se sentou numa poltrona e Harry numa cadeira.
- Onde está Hermione? - disse Hagrid.
- Bem, nós não a vemos desde a última aula desse dia - disse Harry - Ela pediu para que fossemos na frente porque ela queria passar na biblioteca, e depois nos encontraria, mas ela não apareceu.
- Isso é estranho - disse ele - Mas de qualquer forma, quando a encontrarem, venham aqui. Quase não a vejo, porque agora que vocês desistiram da minha matéria... - disse ele fazendo uma voz de choro.
- Ah, Hagrid! - disseram os dois, juntos.
- Eu sei, eu sei que essa matéria não é usada para o que vocês querem ser quando crescerem. Só estou dizendo que é muito mais difícil vê-los sem ser em aulas - Hagrid deixou uma grossa lágrima descer pelo rosto barbudo - Sinto tanta falta de vocês pequenininhos... Quando vocês ainda tinham aula comigo. E agora só temos mais este e outro ano juntos - e afundou o rosto nas mãos.
- Hagrid, não precisa chorar por isso. Também gostávamos de suas aulas, mas é que com o tempo que usávamos nela, podemos fazer os deveres, que estão piores esse ano - disse Harry como se estivesse falando com um bebê gigante.
- Ah, venham aqui! - disse Hagrid abrindo os braços. Harry e Rony se entreolharam, receosos, mas ele não percebeu. Tanto Harry quanto Rony sentiram seus ossos quebrarem quando Hagrid os abraçou. Despediram-se, e prometeram trazer Hermione para visitá-lo.
Quando Hermione resolveu sair do quarto já estava de noite. Avistou Harry e Rony sentados esperando o jantar, e logo foi interrogada pelos dois.
- Hermione onde você estava? - perguntou Harry.
- E porque não nos procurou? A gente foi ver o Hagrid sem você hoje! - disse Rony.
- Ah, eu me senti mal, e resolvi me deitar. Foi só isso - disse ela servindo-se de chá.
- E agora você está bem? - disse Rony.
- Estou ótima! - respondeu. Era óbvio que era uma mentira, mas Rony não percebeu.
- Mione, você não me engana. Não foi só isso o que aconteceu - disse Harry num sussurro para ela.
- É claro que foi! Eu passei na biblioteca, e quando estava indo ao encontro de vocês eu comecei a passar mal, resolvi me deitar e melhorei! - disse ela - Estou morrendo de fome - acrescentou, apesar de ter apenas tomado um gole de chá.
Harry ficou lhe encarando. Rony fora convencido de que o que tinha acontecido era isso mesmo, mas ele não. Conhecia Hermione melhor do que ninguém, e sabia quando ela estava mentindo. Só não queria tocar mais nesse assunto porque parecia que ela não gostaria de falar sobre isso.


N/A: Quem quis matar o Malfoy levanta a mão!

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