Natal
Antes do Amanhecer
por snarkyroxy
traduzido por bastetazazis
beta-read por ferporcel
Summary: Hermione vai para casa no Natal. Têm presentes, corujas e encontros inexperados, e uma coisa é certa... será um Natal a ser lembrado.
Disclaimer: Qualquer coisa que você reconheça pertence ao talento imensurável de J. K. Rowling; eu só os pego emprestado para brincar um pouco!
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Capítulo Quinze: Natal
A viagem de trem de Hogsmeade até a Estação King’s Cross foi sossegada. Hermione alternou o tempo entre patrulhar os vagões e sentar pensativamente à janela, assistindo a Harry e Rony jogarem Snap explosivo e imaginando que tipo de recepção ela receberia dos seus pais.
Desde que Hermione se machucara no Departamento de Mistérios, seus pais ficaram impassíveis à idéia dela viver no mundo mágico. No verão do seu quinto ano, eles tiveram uma briga terrível, onde coisas que não deveriam ser ditas foram reveladas, e todos saíram magoados.
Ela tomara uma decisão antes disso, toda vez que fosse para casa durante os feriados, contaria a seus pais tudo o que podia sobre o que acontecia no mundo mágico, desde as coisas corriqueiras até as assustadoras. Ela queria fazê-los sentirem-se parte do seu mundo tanto quanto possível. Entretanto, depois de ouvirem sobre a caminhada inútil que Harry a conduziu, junto com os outros membros da AD, até o Departamento de Mistérios, seu pai tentara convencê-la a cortar todas as suas relações com seu amigo de olhos esverdeados, receando que ele a colocasse em perigo novamente.
Hermione explodira, dizendo que ele era seu melhor amigo e que ela colocaria sua vida em risco por ele com prazer. Ela também cometera o erro de dizer, na sua fúria, que isso até poderia acontecer, se o confronto final com Voldemort ocorresse como todos esperavam.
Tanto seu pai quanto sua mãe ficaram atordoados pelo que viam como uma atitude negligente, juvenil e insensata frente a uma situação séria, e tentaram proibi-la de voltar à Hogwarts para sempre. Ela não os vira mais depois daquilo, escolhendo passar os feriados seguintes na Toca, ou no Largo Grimmauld, nº 12.
Houvera um silêncio frígido entre os dois lados por uns bons seis meses, até que Hermione descobriu, depois do ataque a Hogsmeade no ano passado, que seus pais ainda estavam recebendo o Profeta Diário. Ela aparecia ao fundo de uma das muitas fotos do ataque que se esparramava no jornal, com uma ferida profunda sangrando na testa, resultante de uma azaração direta, ajudando outro aluno. No dia seguinte, recebera três corujas furiosas dos seus pais, sendo que o último pássaro fora instruído para bicá-la incessantemente até que ela escrevesse uma resposta.
As correspondências entre eles haviam retornado hesitantemente depois disso, e embora eles pareciam ter voltado às boas maneiras pelas cartas, Hermione tomava o cuidado de nunca mencionar nada relacionado a Voldemort ou à Ordem novamente. O Profeta andava quieto ultimamente, depois de noticiar apenas o primeiro ataque dos muitos à Ordem, e Hermione contava com o fato de seus pais contarem apenas com o jornal para as notícias do mundo bruxo.
Chegando à Estação King’s Cross, ela deu um abraço de despedida em seus melhores amigos e respondeu às animadas despedidas de seus outros colegas com um aceno, antes de levantar o Bichento debaixo do braço, agarrar a alça do seu malão e atravessar a barreira para encontrar os seus pais.
– Olá, querida – Jane Granger disse, envolvendo sua filha num abraço. – É tão bom vê-la de novo.
– Você também, mãe – Hermione disse, antes de virar-se para seu pai. – Oi, pai.
Adam Granger baixou os olhos para sua filha seriamente por um instante, e Hermione teve a distinta impressão que ela estava para ser repreendida, antes que um cintilar nos olhos dele o entregasse, e ele envolveu sua única filha num abraço apertado, tirando-a do chão.
– É ótimo vê-la de novo, Hermione – ele disse, trazendo-a de volta ao chão. – Olhe só para você! Você cresceu tanto; não é mais a minha garotinha, é?
– Pai – ela disse, exasperada, beliscando o braço dele divertidamente.
– Venha – ele disse. – O carro está ao virar a esquina. Vamos para casa. Já fez as suas compras de Natal?
Ela balançou a cabeça. – Eu achei que a mãe e eu pudéssemos voltar para a cidade amanhã – ela sugeriu, olhando para sua mãe, que sorriu.
– Parece ótimo, querida.
A viagem de carro para casa foi estranha para Hermione, depois de ficar fora do mundo trouxa por quase um ano e meio, mas uma vez que eles saíram da cidade e seu pai conseguiu falar e dirigir ao mesmo tempo, eles quase não pararam de conversar até chegarem em casa.
Hermione os atualizou em muitas das coisas que estivera fazendo, embora fosse cuidadosa para não mencionar nada que pudesse dar aos seus pais motivo para se preocuparem, ou começarem outra discussão. Seus pais adoraram ouvir sobre o trabalho que ela tinha assumido com Snape; aos olhos deles, Poções assemelhava-se à Química e era uma disciplina que eles conseguiam, de certa forma, entender.
Ela foi para cama naquela noite e ficou deitada, acordada por algum tempo, ouvindo os sons exóticos do mundo trouxa à sua volta, sabia que jamais conseguiria voltar a viver ali de novo. Mesmo sendo uma nascida trouxa e ainda lutando para se encaixar no mundo mágico às vezes, ela certamente fazia mais parte daquele mundo do que jamais faria no mundo onde seus pais viviam. Pela primeira vez em anos, entretanto, sentia que seus pais haviam finalmente aceitado quem, e o que, sua filha realmente era.
* * * * * * *
No dia seguinte, Hermione passou um dia exaustivo com sua mãe, lutando contra multidões na cidade para comprar presentes de Natal a seus amigos e familiares. Depois do almoço, e já carregando muitos pacotes, Hermione fez uma viagem rápida ao banheiro feminino e voltou sem nada, para a angústia da sua mãe.
– Você esqueceu os pacotes! – sua mãe gritou, obviamente visualizando que alguém teria um Natal muito feliz, com presentes no valor de centenas de libras de graça.
– Está tudo bem, mãe – Hermione voltou com uma risada, pondo a mão no bolso e tirando pequenas miniaturas das compras. – São muito mais fáceis de carregar desse jeito.
Sua mãe riu e balançou a cabeça. – Você tem um feitiço para tudo, não é, querida?
Elas se separaram logo depois disso por algumas horas. Hermione, esquivando-se num beco imperceptível, concentrou-se e aparatou no Beco Diagonal à procura de alguns presentes mágicos.
A maioria dos seus amigos era fácil de ser presenteada: luvas de quadribol novas para o Rony, um livro sobre Magia Consangüínea para o Harry, que se tornara uma fascinação para ele depois que descobriu sobre a proteção que o sangue da sua própria mãe lhe proporcionava contra Voldemort, e um par de brincos para Gina.
A surpresa especial para os seus pais também já estava organizada, e ela franziu a testa, olhando para sua lista. A última pessoa que faltava comprar um presente era Snape. O que será que ela poderia lhe dar? Não podia ser nada muito caro; ela não queria embaraçá-lo ou fazê-lo achar que precisava retribuir, e não podia ser muito pessoal, para que não lhe desse a impressão errada.
Atencioso e útil – finalmente decidiu. Um livro era a escolha óbvia, mas depois de ver a coleção dele, ela duvidava que conseguiria achar um título que ele ainda não possuísse e que o interessaria. Apenas passara os olhos rapidamente pelos livros de ficção nas prateleiras dele, assim ela realmente não tinha a mínima idéia do que ele lia por diversão.
Perambulou pela Floreios e Borrões por algum tempo, esperando a inspiração aparecer, quando chegou na sessão para escritores. É uma idéia – pensou, sorrindo maliciosamente. Talvez seu suprimento de tinta vermelha precisasse ser reabastecido depois de todos os comentários sarcásticos que ele havia distribuído até então, neste ano.
Ela pensou em comprar-lhe uma pena, mas alguma coisa na sessão de pergaminhos chamou a sua atenção. Era um feixe de pergaminhos, encadernados como num livro por meios invisíveis. A capa era grossa e preta, gravada com motivos célticos verdes e prateados. Bem Sonserina – pensou.
Virando-o, ela leu a nota do artesão anexada à contra capa e descobriu que não eram apenas pergaminhos, mas pergaminhos auto-indexáveis. Os feitiços combinados no livro durante sua criação sentiriam, automaticamente, as palavras-chave na escrita e indexariam o conteúdo do livro alfabeticamente, incluindo o número das páginas.
Hermione testemunhara algumas das pesquisas de Snape logo depois que começaram a trabalharem juntos; era uma mistura ao acaso de ingredientes, encantamentos, feitiços e fórmulas, indecifráveis a qualquer um a não ser ao autor. Até Snape tinha, em mais de uma ocasião, passado algum tempo embaralhando as várias pilhas de pergaminhos a procura de uma idéia ou receita em particular.
É perfeito para ele – pensou com um sorriso, dando um passo em direção ao caixa e riscando Snape da sua lista. Com as compras feitas, ela voltou ao Empório das Corujas para organizar as entregas aos seus amigos.
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O resto da semana passou rapidamente, e antes que ela percebesse, estava tropeçando escada abaixo, de olhos cansados, na manhã de Natal.
Seu pai estava na cozinha, preparando os waffles que sempre comiam no café da manhã, acompanhando com uma voz grave e lábios fechados a música natalina que tocava suavemente no saguão de entrada.
– Feliz Natal, pai – Hermione disse, esticando-se para beijá-lo no rosto.
– Feliz Natal, querida – ele disse, devolvendo o beijo. – Eu acho que tem uma coruja esperando por você no saguão.
Hermione sorriu. – Eu acho que ele está esperando por você, na verdade – ela respondeu –, e pela mãe, onde quer que ela esteja.
– Bem aqui, Hermione – Jane Granger chamou, descendo as escadas. – O que está esperando por mim?
– Os presentes – disse Hermione, dando um beijo em sua mãe e, depois, tomando a máquina de waffles do seu pai, apontou para o saguão. – Vão, tem um presente para vocês dois que deve ser, é..., aberto agora.
Eles fitaram a filha com um olhar curioso, mas foram para o cômodo ao lado. Hermione deu uma risadinha quando ouviu a exclamação da sua mãe: – Oh!
Um dos presentes que ela havia comprado no Beco Diagonal no início da semana era para os seus pais. Eles estiveram usando as corujas de celeiro da escola para se comunicarem durante o último ano, mas assim que Hermione deixasse a escola, ou se os seus pais precisassem contatá-la às pressas, não tinham como transportar suas cartas.
Por esta razão, ela forai até o Empório das Corujas, comprara uma linda coruja amarela-escura e cuidara para que chegasse em casa na manhã de Natal. Não havia nenhuma lei contra trouxas terem uma coruja como animal de estimação, e Hermione achou que acalmaria seus pais se eles fossem capazes de contatá-la facilmente, se preciso.
– É maravilhoso, Hermione – seu pai exclamou, voltando para a cozinha com o pássaro empoleirado firmemente no braço. – Como vamos chamá-lo?
– Isso é com vocês – ela disse, e depois deu uma risada. – Embora é melhor ter cuidado. Depois que vocês lhe derem um nome, ele não vai atender a mais nenhum outro.
Eles tomaram o café discutindo nomes, enquanto a coruja observava-os curiosamente, empoleirada no encosto de uma cadeira desocupada. Ao final da refeição, os pais de Hermione decidiram por Mercúrio, o nome do mensageiro alado dos deuses romanos. A coruja piou alegremente e voou para fora pela janela aberta da cozinha.
Um momento depois, havia outra lufada de asas, mas ao invés de Mercúrio retornando, Hermione virou-se para encontrar Edwiges, Pichí, uma coruja grande de celeiro e uma coruja Bufo Real preta e brilhante, todas carregadas com pacotes de diferentes formas e tamanhos.
– Parece que seus presentes chegaram – sua mãe riu. – Traga-os para o saguão por um momento e poderemos abrir todos os presentes juntos.
Hermione tirou um pacote na forma de uma caixa de Edwiges e dois pacotes menores que Pichí e a coruja de celeiro carregavam. Sem esperar pela quarta coruja, as outras saíram pela janela e desapareceram no céu.
A Bufo Real preta observava Hermione em expectativa.
– E de quem você é? – ela cochichou gentilmente, acariciando suas penas sedosas por um instante. A coruja piou e mostrou uma dos suas garras, onde um pequeno envelope estava preso. Assim que a coruja livrou-se da carta, também voou em direção a luz do sol.
Franzindo a testa, Hermione virou o envelope de costas, e prendeu a respiração.
Dizia simplesmente: Hermione. Mas ela reconheceria o rabisco elegante do seu autor em qualquer lugar.
Ela olhou para o relógio do fogão. Era apenas um pouco mais de oito horas. Ela instruíra ao corujal para não entregar o presente do Snape antes que o horário do café da manhã em Hogwarts, assim não seria possível que já fosse uma nota de agradecimento. Será que ele tinha realmente pensado nela sem saber que ela comprara um presente para ele também? Era apenas um envelope, mas, numa inspeção mais detalhada, um volume no canto do pacote denunciou a presença de mais alguma coisa além de pergaminho.
– Hermione! Você não vem? – sua mãe chamou, um pouquinho impaciente.
Balançando a cabeça, ela colocou o envelope embaixo do braço e carregou seus pacotes para o saguão da casa. Ela os colocou ao lado de uma pequena pilha de presentes dos seus pais, escondendo secretamente o envelope embaixo de tudo. Como em todos os anos que passara o Natal em casa, ela assistiu a seus pais abrirem seus presentes primeiro.
Além de Mercúrio, ela também comprara para seus pais uma variedade de pequenos presentes, a maioria do mundo mágico. Seu pai ficou encantado com as camisas que não precisavam ser passadas, compradas na loja da Madame Malkin, comumente usadas pelos bruxos da Sessão de Ligação com os Trouxas do Ministério. Ela achou que eram perfeitas para seu pai, e sua mãe parecia impressionada também.
Para a sua mãe, ela havia comprado um lindo anel de prata encravado com uma marcassita. A chama esguia dentro dela mudava de cor de acordo com o humor de quem o usava, refletindo a cor de volta na superfície limpa e transparente da pedra. Quando sua mãe o colocou, Hermione ficou feliz ao vê-lo ficar numa cor azul forte de felicidade.
– Obrigada, querida – Jane murmurou. – É maravilhoso.
Hermione deu um sorriso largo e foi para sua própria pilha de presentes. Rony e Gina compraram para ela uma seleção de doces e brincadeiras da loja dos seus irmãos, e a Sra. Weasley mandara para ela o tradicional pulôver de tricô e uma caixa de torta de carne, que o pai de Hermione olhava ansiosamente. O presente do Harry foi uma bela pena preta que, observando melhor, parecia ser da mesma espécie da coruja do Snape. Ela deu uma risadinha, esperando que não tivesse vindo da coruja do Snape.
Por último, ignorando o envelope, ela pegou a pequena caixa que era o presente dos seus pais para ela.
– Eu sei que parece pequeno – o pai dela disse –, mas significa muito.
Ela olhou seu pai de maneira estranha –ele não era normalmente um sentimental – e então abriu a caixa cuidadosamente. Dentro havia uma linda gargantilha prateada segurando um pingente com o símbolo de Pir.
– Oh, mãe, pai – Hermione sussurrou, olhando da gargantilha para os seus pais, maravilhada. – É lindo, mas como você sabia...?
– Você deixou alguns dos seus livros em casa este ano – sua mãe explicou. – Eu estava dando uma olhada neles na esperança de encontrar uma idéia de algo para lhe dar que tivesse significado no seu mundo, e então cruzei com o alfabeto rúnico.
Hermione apanhou a gargantilha da caixa e o levantou, os finos cristais ao longo do desenho principal da runa brilhavam com a luz. Sua mãe sempre teve aptidão para achar o presente perfeito para qualquer ocasião, mas mesmo Jane Granger provavelmente não tinha percebido a sagacidade do seu presente. A runa antiga Pir era o símbolo de proteção, e embora a forma não tivesse nenhum poder mágico em si, dava uma sensação de bem-estar, e traria uma medida de segurança para quem a usasse no seu dia-a-dia.
Não foi apenas o significado do presente que levou Hermione quase às lágrimas, mas as palavras que sua mãe usara. Alguma coisa que tivesse significado no seu mundo. Os Granger finalmente passaram a aceitar o fato que sua filha fazia parte de um mundo diferente, um mundo que eles não entendiam totalmente e nem nunca fariam parte. Em vez de sentirem ressentimento, entretanto, como tantas vezes sentiram antes, eles finalmente perceberam que isso apenas formaria um abismo ainda maior entre eles do que o de viverem em dois mundos diferentes já formava.
Hermione reconhecia o presente como um sinal de que sua mãe e seu pai tinham finalmente aceitado que ela jamais abandonaria o mundo mágico, o mundo a que ela pertencia, e ela estava arrebatada pela idéia de que poderia entrar no mundo além de Hogwarts sabendo que ainda teria o apoio e o amor dos seus pais.
– Feliz Natal, querida – sua mãe disse, ajudando-a a colocar a gargantilha em volta do pescoço e depois envolvendo-a num abraço apertado. Quando ela se afastou, Hermione viu lágrimas reluzindo nos olhos da sua mãe.
– Mãe? O que foi?
– Oh, nada, querida – disse a mulher mais velha, sorrindo tristemente para sua filha. – É tão maravilhoso ver você, depois de todo esse tempo.
Hermione mordeu os lábios e baixou os olhos. – Eu sinto muito – disse suavemente. – Não é que eu não quisesse vir para casa... Eu queria. Eu só... Depois da última vez… eu não sabia se vocês tentariam me impedir de voltar de novo ou não, e eu não podia arriscar. É o meu mundo, não vê? Meu lugar é lá.
– Nós sabemos, querida – disse seu pai, colocando as mãos nos seus ombros. – Nós estávamos preocupados, e aterrorizados, e havia – há – um monte de coisas que nós não entendemos sobre magia, e isso torna mais difícil para nós deixarmos você partir.
– Mas isso não importa agora, querida – sua mãe continuou. – Contanto que esteja feliz, nós estamos felizes. E estamos tão orgulhosos de você, não importa o caminho que escolha para a sua vida.
– Obrigada, mãe – Hermione disse, uma única lágrima escapando dos seus olhos quando ela abraçou sua mãe novamente, e depois o seu pai.
– Hermione, veja, você esqueceu um presente – seu pai disse, apanhando o envelope de Snape e entregando-o para ela.
– Oh. – Ela o pegou, hesitante.
– Bem, vá em frente, abra-o – sua mãe impeliu. – De quem é? Vamos ver o que é!
Com um nó no estômago, ela abriu o envelope e retirou o pergaminho. O volume que sentira anteriormente caíra em suas mãos, e ela se viu segurando um livro minúsculo, obviamente encolhido para a entrega. Ela logo pensou em por que nunca havia pensado neste feitiço; custara-lhe uma fortuna mandar todos os presentes para Harry e os Weasleys.
– Oh, minha varinha está lá em cima – ela disse de repente, repreendendo-se por deixá-la longe do alcance. Alguns dias no mundo trouxa, e ela já estava se esquecendo do senso-bruxo-comum. – Eu só vou até lá em cima.
No seu quarto, ela sentou-se na beira da cama e recitou o feitiço para aumentar o livro, ofegando ao reconhecer o título.
Éguas – Apaixonadas.
Era o livro que ela tinha lido na sala de estar do Snape, aquele que ele havia tirado dela, temendo que ela lesse demais sobre a razão dele se relacionar tão bem com a criatura. Não era a cópia dele, entretanto; era mais nova, com uma encadernação azul escura, não preta.
Ela moveu o olhar do livro para o pergaminho na sua outra mão. A mensagem trazida pelo livro em si já era mais tocante para ela que qualquer desejo de Feliz Natal, mas o pôs de lado e rompeu o selo de cera do bilhete.
Hermione,
Eu percebi, depois de tentar encontrar alguma coisa adequada para o seu presente de Natal, que não tenho a menor idéia dos seus gostos e desgostos.
É imperdoável, da minha parte, conhecer tão pouco uma amiga, e espero mesmo que você me ajude a corrigir esta situação quando nos encontrarmos novamente.
Feliz Natal,
SS
Hermione olhou fixamente para o pergaminho durante alguns minutos, lendo e relendo as palavras. Era um bilhete tão simples, mas o significado por trás das palavras a encheu com uma alegria que ela não conseguia explicar. Uma felicidade – pensou com um leve remorso, maior que a que sentira pela aceitação e pelo presente dos seus pais.
Na casa dos seus pais, longe de Hogwarts, o tempo que passara com o Mestre de Poções parecia quase uma coisa saída de um sonho, sua amizade com ele apenas fruto da sua imaginação. E ainda assim, ali estava a prova, absoluta e definitiva, de que ele não apenas aceitara verdadeiramente a sua amizade, mas também havia oferecido a dele em troca.
Hermione não percebeu a sua mãe parada na porta do quarto, observando-a, até ela falar:
– Quem é ele?
Hermione largou o pergaminho, assustada, e então se abaixou para pegá-lo, segurando firme tanto a carta quanto o livro nas mãos quando olhou para a sua mãe. – O quê?
Jane Granger sorriu e atravessou o quarto, sentando-se na cama ao lado da filha.
– Ora, vamos, Hermione, eu não estou tão velha – sua mãe repreendeu. – Eu conheço esse olhar quando o vejo. Você não vai me contar sobre seu rapaz?
Hermione corou de vergonha. – Não, mãe, francamente – ela disse. – Não é nada disso, é...
Sua mãe a dispensou um olhar irritantemente sábio e riu. – Bem, ele deve ser um rapaz esperto. Ele sabe que o caminho para o coração da minha filha é através de um livro.
Hermione corou ainda mais, dando a sua mãe a idéia errada novamente. Finalmente, frustrada, ela disse: – É de um dos meus professores.
– Ah – sua mãe falou –, bem, então, vamos ver o que tem aí.
Suspirando, ela entregou o livro para sua mãe, mas não o pergaminho.
– É um livro adorável – a mulher mais velha comentou, após folheá-lo brevemente. – Entretanto, eu não sabia que os professores mandavam presentes de Natal para seus alunos.
– É do Professor Snape – Hermione explicou. – Lembra que eu disse que estava trabalhando com ele?
– Sim – sua mãe disse vagarosamente.
– Bem, o livro é sobre uma das coisas em que nós estamos trabalhando.
– Ah, entendo – sua mãe disse, devolvendo o livro para Hermione. – Bem, é melhor você escrever para ele então, agradecendo. Foi um gesto gentil.
Hermione teve a distinta impressão que havia mais alguma coisa que sua mãe não estava dizendo, e ela estava certa, como se mostrou mais tarde.
Elas estavam na cozinha naquela noite, lavando a louça depois de um jantar maravilhoso de Natal, quando Jane Granger trouxe o assunto à tona novamente.
– Eu tive uma queda por um dos meus professores na universidade.
Hermione encarou sua mãe, que lhe deu aquele mesmo olhar sabido de novo.
– Ora, vamos, querida – sua mãe chamou-lhe a atenção –, não é vergonha nenhuma admitir que você tem uma queda por um professor. Todas nós já passamos por isso.
– Mãe! – Hermione exclamou, corando tanto que seu rosto combinava com o chapéu bobo de Natal que ela estava usando.
– Negar não vai levar a lugar algum – a mulher mais velha disse cantarolando.
Hermione encarou-a novamente, não porque a idéia era tão absurda, mas porque sua mãe, que ela não encontrara por boa parte dos últimos dois anos, tinha acabado de perceber sentimentos que ela mal conseguia admitir para si mesma, muito menos para outra pessoa.
– Mãe, você está falando do Professor Snape – Hermione suplicou. – Eu não venho dizendo por todos esses anos como ele é sórdido? Lembra quando ele foi horrível sobre os meus dentes?
– Isso foi há alguns anos – sua mãe a lembrou. – Eu diria que todos no seu mundo amadureceram um pouco desde então. Além disso, você mal conseguiu parar de falar sobre ele no caminho para casa no outro dia; de como ele é brilhante, de como você gostaria que Harry e Rony mostrassem mais respeito por ele.
– Eu sou tão transparente assim? – ela falou sem pensar, repentinamente mortificada com a idéia de que mais alguém fosse capaz de perceber seus sentimentos... especialmente uma pessoa em particular com a comprovada habilidade de ler mentes.
A Sra. Granger sorriu com malícia e balançou a cabeça. – Chame isso de intuição materna – disse. – Eu estava certa, não estava?
Hermione mordeu os lábios e assentiu com a cabeça. – É bobo, mesmo – ela murmurou, tentando convencer a si mesma, assim como a sua mãe. – Eu só... Ele é tão diferente quando não está na aula, e ele é realmente brilhante.
Sua mãe riu. – Se você diz.
Hermione corou de novo.
– Apenas tenha cuidado – sua mãe advertiu, parecendo séria novamente.
– Oh, mãe – ela respondeu –, é só uma quedazinha de menina; eu vou superar isso. Além disso, ele é um professor. Ele nunca deixaria que nada acontecesse, se sentisse o mesmo.
A mãe de Hermione assentiu com a cabeça, e Hermione quase se convencera que o que dissera era verdade... quase.
* * * * * * *
Na noite seguinte, depois de um dia agradável visitando parentes, Hermione estava sentada na sala de estar com seus pais. Eles estavam assistindo televisão, mas Hermione estava absorvida no livro que Snape lhe dera. Era fascinante, e ela mal conseguia deixá-lo de lado, mantendo-o sempre encolhido em seu bolso no caso de ter cinco minutos de folga.
Estava ficando tarde, entretanto, e seus olhos estavam ficando cansados depois de ler por tanto tempo. Ela encolheu o livro novamente e, espreguiçando-se longamente, deu boa noite a seus pais e seguiu através da sala em direção às escadas.
Ela estava no meio da sala quando ouviu: Crack!
Procurou em volta pelo inconfundível som de alguém aparatando na sala de estar e se viu cara a cara com uma figura alta, vestida de preto e mascarada.
Ela deu um passo para trás, aterrorizada. Seus pais, atrás da figura, levantaram-se de onde estavam, mas ela sabia que não havia nada que eles pudessem fazer. Estupidamente, percebeu que havia deixado a varinha no quarto no andar de cima novamente.
No instante seguinte, a figura tirou seu capuz e máscara, e ela quase desmaiou de alívio quando reconheceu o mestre de Poções.
– Professor! O que...
– Não há tempo – ele ofegou. – Eles estão atrás de vocês. Nós temos que sair agora.
O pai de Hermione, despertando do seu estado mudo de choque, adiantou-se a passos largos. – O que significa isso? – exigiu.
Snape virou-se para os outros ocupantes da sala. – Sr. Granger, Sra. Granger – disse apressado. – Eu peço desculpas, mas não há tempo para explicações. Comensais da Morte estarão aqui a qualquer momento. Temos que partir.
– Eu não vou deixar a minha casa para aqueles animais – o pai de Hermione vociferou furiosamente.
– Mãe, pai, vocês têm que escutá-lo – Hermione implorou, chegando para ficar ao lado de Snape.
– Se eles encontrarem vocês aqui, vão matá-los – o mestre de Poções acrescentou.
Percebendo de repente a gravidade da situação, os Granger assentiram assustados, e Snape tirou um relógio de bolso de dentro das suas vestes. – Isto é uma Chave de Portal – ele explicou. – Vai levá-los para um lugar seguro. Tem força apenas para transportar duas pessoas. Eu seguirei momentaneamente com a sua filha.
– Eu não vou sem a Her... – a Sra. Granger começou a falar, mas Snape a cortou.
– Não há tempo – ele disse, a voz ficando mais alta a cada palavra. – Eles estarão aqui há qualquer momento. Vocês têm que ir agora.
– Vão – Hermione insistiu, pegando o relógio de Snape, colocando-o na mão da sua mãe e agarrando a mão do seu pai para que também tocasse no objeto. Dando um passo para trás para não ser pega pelo feitiço, ela sussurrou silenciosamente: – Eu amo vocês – para os seus pais, antes que a Chave de Portal fosse ativada e eles desaparecessem.
– Venha – disse Snape, esticando-se para pegar o braço de Hermione.
– Espere – ela gritou. – Minha varinha! Está lá em cima!
Ela quis ir apanhá-la, mas Snape a impediu.
– Não há tempo para isso – ele sibilou. Ela tentou protestar, mas ele levantou a própria varinha, chamando: – Accio varinha da Hermione!
No momento seguinte, a varinha estalou nas mãos dela, mas no mesmo instante houve um outro Crack, e eles se viram confrontando a forma alta de Lúcio Malfoy.
– Merda – Snape resmungou baixinho.
– Ora, ora, Severo – ele falou arrastado. – Você certamente não perdeu tempo para chegar até aqui. Esperando ficar com a melhor parte dos espólios?
Snape moveu-se subitamente para o lado, colocando-se entre Hermione e Malfoy quando o homem louro avançou em direção a eles pela sala. De sua parte, Hermione apertou sua varinha firmemente atrás das costas e retrocedeu pela sala na direção oposta a Malfoy, assegurando-se de manter Snape entre ela e o Comensal da Morte.
– Seria uma pena tão grande matá-la rapidamente – Malfoy continuou, alisando negligentemente a empunhadura da sua bengala, que ela sabia guardava a varinha dele. – Por que nós não... brincamos um pouco enquanto esperamos para ver se aqueles prodígios medrosos que ela chama de amigos virão salvá-la.
Hermione levantou o queixo em desafio. – Você pode esperar sentado. Eles nem sabem que você está aqui e nunca seriam tolos o bastante para caírem numa armadilha tão óbvia.
Lúcio deu uma risada espalhafatosa, e Hermione encolheu-se num canto afastado da sala quando mais três Comensais da Morte apareceram.
– Ora vamos, Severo – Lúcio falou arrastado. – Nós não podemos deixá-lo desfrutar de toda a diversão. Seja um bom camarada; passe-a para cá para que todos possamos brincar um pouco.
Hermione deixou o menor dos soluços escapar assim que Snape deu uma olhada por cima dos ombros para ver onde ela estava. Ela percebeu a precariedade da situação em que ele estava, a posição em que ela o deixara por atrasar a partida deles para reaver sua varinha. Ela não via como ele poderia negar o pedido de Malfoy sem estragar seu disfarce.
– Não será dessa vez, Lúcio – ele disse numa voz tão baixa que Hermione teve que esforçar-se para ouvi-lo. – Esta aqui não é para você.
Os olhos de Malfoy escureceram, e ele agarrou a empunhadura da bengala com mais força.
– O que você disse? – ele sussurrou malevolente.
Snape não recuou.
– Você sabe como a minha posição com Dumbledore é precária. Eu não posso dizer que ignorava um plano para atacar a Monitora-Chefe, muito menos a melhor amiga do Potter. Se ela morrer, Dumbledore não vai mais tolerar a minha presença. Ele me jogará em Azkaban, e o Lorde das Trevas perderá não apenas o seu espião, mas também o preparador de poções. Você está preparado para se responsabilizar por isso, Lúcio?
Os olhos de Malfoy estreitaram-se ainda mais. – Não pense que você pode me ameaçar, amigo – ele alertou, com uma ênfase doentia na última palavra. – Você não é tão insubstituível quanto o nosso Lorde gosta que você acredite.
– Não presuma que você conhece todos os planos do Lorde das Trevas, Lúcio – Snape sibilou como resposta. – A garota é muito mais útil do que você gostaria de creditar a uma sangue-ruim, e seria melhor deixá-la comigo.
Os Comensais da Morte que estavam atrás de Malfoy sacaram suas varinhas, e os olhos de Snape passavam deles para a bengala que Lúcio segurava.
Malfoy não disse nada por um instante, e Snape deu alguns passos para trás em direção a Hermione, sem tirar os olhos das figuras de vestes pretas na frente dele.
– Pare. – Hermione prendeu a respiração quando Malfoy sacou vagarosamente sua varinha da bengala.
Snape não parou de se mover, mas disse em voz baixa: – Hermione, venha em minha direção, mas fique atrás de mim.
Em vez disso, hesitando por um instante, Hermione deu um passo para o lado repentinamente, o que assustou Malfoy e o fez voltar a varinha para ela. No mesmo instante, Snape sacou a sua varinha de dentro das vestes e disparou uma série rápida de feitiços nos três Comensais da Morte que estavam atrás de Malfoy.
Dois deles perderam as varinhas, e o outro se encolheu no chão sob um jato de luz vermelha. Snape direcionou a varinha para Malfoy, mas o louro já tinha disparado seu próprio feitiço.
A varinha de Snape voou das mãos dele assim que bateu com as costas na parede devido à força do feitiço, e Malfoy voltou-se para Hermione, com um lampejo feroz nos olhos enquanto lançava um feitiço encarcerador na sua direção.
Ela atirou-se para o lado no último minuto, o feitiço roçou pelo seu braço enquanto desviava. Com a adrenalina correndo nas veias, recobrou o equilíbrio e gritou: – Expelliarmus!
O medo fez aflorar a força da sua mágica. A varinha de Malfoy voou da mão dele, e ele fora atirado através da sala, colidindo contra a estante de livros e caindo como um monte disforme perto dos outros Comensais da Morte, dois dos quais estavam se levantando do chão perto da porta da cozinha.
Ela virou-se para Snape, que já tinha se levantado.
– Pegue-os! – Lúcio guinchou, lívido de fúria. – Matem os dois!
O tempo parecia mover-se em câmera lenta quando Snape correu em sua direção. Os Comensais da Morte recuperaram as varinhas e não hesitaram em cumprir as ordens de Lúcio. Snape cambaleou quando outro Expelliarmus o atingiu, mas ele já havia perdido a varinha, então isso não fez diferença.
Chegando até Hermione, ele a agarrou e puxou ao encontro do corpo dele, envolvendo-a nas vestes negras e pesadas e se colocando entre ela e os furiosos seguidores de Voldemort. Ela sentiu um arrepio correr pelo corpo dele quando uma azaração o atingiu pelas costas.
Ele não pode nos aparatar sem varinha – pensou freneticamente. Ele vai nos estrunchar. Uma azaração explodiu na parede ao lado deles assim que a mão do Snape encontrou a varinha dela. Os dedos dele fecharam-se ao redor dos dela na varinha, e ela sentiu sua mágica crescer ao encontro da dele, combinando-se no centro da sua varinha para ampliar os seus poderes.
Um pouco antes da guinada entorpecedora da Aparatação arrancar o seu corpo da sala, ela ouviu os Comensais da Morte lançarem a esmo uma torrente de feitiços.
– Expelliarmus!
– Stupefaça!
– Avada Kedavra!
Depois, tudo ficou escuro.
* * * * * * *
Continua
N/A: Sim, eu sei, outro maldito suspense. Meu estilo de escrever parece atraí-los *rs*.
Pir é a runa para proteção contra a loucura, vento e fogo segundo os livros de Ursula Lê Guin sobre Earthsea. Coincidentemente, fazendo uma pesquisa, eu descobri que no Alfabeto Fae o símbolo para a runa Pir é Eihwaz (http://www.darkages.com/2002/community/lore/Whisper_Fae_Abc.html)
Esta runa é mencionada pela Hermione em “O Prisioneiro de Azkaban”. No seu exame de Runas Antigas do terceiro ano, ela confunde Ehwaz (parceria) com Eihwaz, que, segundo a JKR, significa defesa.
Mercúrio, como mencionado previamente, era o mensageiro alado dos deuses romanos: http://www.astrocentral.co.uk/mercurypage.htm
Obrigada a todos que leram e deixaram reviews! Comentários, dúvidas e especulações são sempre bem-vindas!
N/T: Na verdade, as runas estão citadas em “A Ordem da Fênix”, quando a Hermione faz seus testes NOMs no seu quinto ano em Hogwarts. Para quem gosta do assunto, Ursula Lê Guin é a criadora de Terramar (Earthsea), apresentado pela primeira vez no seu livro “The Word of Unbinding”, publicado em 1964. Mas sua obra mais conhecida é o romance “A Wizard of Earthsea”, de 1968, publicado em Portugal com o título “O Feiticeiro de Terramar”. (http://www.ursulakleguin.com/)
Bufo Real é o nome em português da coruja da espécie Bubo bubo, que na Europa é conhecida como eagle owl. Para quem quiser conhecê-la, basta acessar o site da Discovery, em :
http://www.discoverit.co.uk/falconry/europeow.htm; ou
http://www.treknature.com/gallery/Europe/France/photo25579.htm
Segundo informações do site, é a coruja mais forte e poderosa da Europa. Tem aproximadamente 69 cm, bico largo e garras enormes, mas sua característica principal são seus surpreendentes olhos alaranjados. Ela caça tanto insetos como pequenos animais, como lebres e até aves de caça.
Muitíssimo obrigada à Suviana, capaz de rastrear informações nos livros de HP em questão de minutos, e a Claurabelo, pois sem ela, essa pequena aula sobre corujas seria impossível! E, é claro, meus agradecimentos infinitos a minha beta, ferporcel, que mesmo sendo chateada todo dia com a perguntinha “Cadê meu cap?” ainda consegue revisá-lo esplendidamente.
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