Um Dia Especial parte II
Cap. 4 – Um Dia Especial parte II
Entre os meus gritos, consegui dizer:
- Harry… poção… azul… no… malão… – disse pausadamente e com dificuldade. – Traz-ma… por favor…
Vi Harry a levantar-se e entrar em casa a correr. Em pouco tempo, Petúnia estava ao meu lado, tentando-me acalmar, devem ter sido os meus gritos, pois acho que a quase toda a vizinhança deve me ter ouvido. Passaram-se mais alguns segundos, quando Harry finalmente chegou com a poção. Lentamente, fez com que eu a bebesse toda. Aos poucos, senti que as dores estavam a desaparecer, mas eu estava tão fraca, que quando as dores acabaram, eu desmaiei. Quanto tempo se passou até eu acordar, eu não sei, pois quando acordei estava deitada na minha cama acompanhada de Harry e de Petúnia, que pelas expressões deles, estavam bastante preocupados. Harry sentiu-se mais aliviado quando eu abri os meus olhos e Petúnia saiu do quarto, deveria ir me buscar alguma coisa para comer, pois eu deveria estar branca. Chegou pouco tempo depois, com uma chávena de chá e com umas bolachas que eu rapidamente comi, pois estava fraca e com fome. Após eu ter terminado, ela saiu deixando-me a sós com Harry.
- Hermione! Estás melhor? – perguntou Harry, visivelmente preocupado.
- Sim, Harry. Agora estou melhor. – respondi eu, ainda um pouco fraca.
- O que aconteceu lá em baixo no jardim? – ele perguntou.
- Lembras-te daquela maldição que eu recebi do Dolohov, lá no Ministério? – perguntei eu, ao que ele assentiu e eu continuei. – Aquelas dores todas são os efeitos daquela maldição. A Madam Pomfrey disse-me que o objectivo daquela maldição causar-me muitas dores, efeito da maldição Cruciatus, mas como o meu agressor estava mudo, o resultado foi diferente, pois desmaiei.
Harry ficou branco e eu sabia porque. Ele sentia-se muito culpado pelo facto de eu ter sido atacada e por Sirius ter morrido.
- Não te preocupes, Harry. – falei eu, na expectativa de o acalmar. – A maldição não resultou, porque só me fez desmaiar, devido ao facto de Dolohov ter perdido a voz. Mas a Madam Pomfrey disse-me que eu iria sentir dores devido à maldição, mas desde que eu tomasse as poções que ela me recomendou, tudo acabaria por passar.
- Eu não sabia. – falou Harry, sentando-se à beira da minha cama. – Eu nunca vos deveria ter levado para o Ministério. Eu deveria ter-te ouvido quando me avistaste que poderia ser uma armadilha. A culpa é toda minha.
E Harry começou a chorar. Abracei-o e sussurrei ao seu ouvido:
- Não te culpes, Harry! – exclamei eu. – A culpa não foi tua, mas sim daquele maldito elfo. E Sirius morreu feliz, sabendo que estava a defender a pessoa que ele mais gostava, tu. Achas que ele morreu para te ver triste?
- Não Hermione, não. – falou ele e também me abraçou. – Tens razão. Acho que o Sirius não iria querer que ficasse a sofrer.
- Vês! – disse eu sorrindo. – Até tu sabes como ele próprio reagiria se te visse triste. Tens de continuar a tua vida, mas nunca esquecendo as pessoas que mais gostas e que já não estão junto de ti.
- Sabes, vou seguir o teu conselho Hermione. – falou ele, olhando nos meus olhos. – E achei a maneira perfeita de esquecer a dor.
- Ah sim! E que maneira é essa? – perguntei na brincadeira.
- Me declarando à pessoa que amo! – afirmou ele, com um brilho alegre nos olhos.
Mas isso me tocou bastante no fundo. Quem me dera que fosse eu a pessoa que ele amasse.
- Ah é? E quem é essa pessoa? – perguntei, tentando esconder a minha tristeza.
- Bem ela é uma rapariga muito bonita e muito inteligente. – disse Harry.
- Só? Há muitas raparigas que são assim. – falei eu.
- Que queres que eu diga mais? – perguntou ele. – Que te diga que é a rapariga mais formidável e carinhosa que eu já conheci até agora. Que está sempre ao meu lado quando eu preciso. Que limpa as minhas lágrimas e que me faz sorrir quando eu preciso. Que me dá bons conselhos. Que se tornou a minha melhor amiga e que me conhece como ninguém mais me conhece.
Como Harry estava a olhar pela janela, não reparou que lágrimas começaram a descer pela minha face. E não era lágrimas de tristeza, eram lágrimas de alegria. Harry tinha acabado de me descrever. Quando ele finalmente olhou para mim, reparei que uma lágrima solitária tinha descido pelo seu rosto. Levei a minha mão ao seu rosto e limpei-lhe a lágrima, mas continuei a acariciar-lhe a cara. Harry também limpou as minhas lágrimas.
- Já adivinhaste de quem eu gosto, não é? – perguntou ele, ao que eu me limitei a afirmar positivamente e a sorrir. – Depois daquela ida ao Ministério e quando tu foste atacada eu senti-me tão mal. Não te queria perder, mas vi que as coisas às vezes nem sempre correm como queremos. Passei muito tempo junto da tua cama a ver-te dormir. E foi quando tu finalmente acordaste é que eu me dei conta de que a minha vida sem ti, não era nada. Mas não disse nada, tive receio de ser rejeitado, tinha medo de que não me amasses. Por isso é que hoje eu fiquei surpreendido quando tu me beijaste. Era algo de que não estava à espera. Por isso me remeti ao silêncio, fiquei a pensar se deveria me declarar, mas ainda tinha o receio de não gostares de mim, que fosse apenas um impulso do momento.
- Não, Harry. Não foi. – falei. – Foi um beijo sincero. E eu tinha os mesmos sentimentos. Tinha medo de ser rejeitada, pois pensava que ainda gostavas da Cho.
- E eu tinha medo de que tu gostasses do Ron. – confessou ele. – Eu sentia que olhavas para ele de uma maneira diferente daquela que tu usavas quando olhavas para mim.
- Num certo aspecto, tens razão. – confessei. – Eu já gostei do Ron. Mas vi que me tinha enganado, Ron só olharia para mim como uma amiga. Foi por isso que eu desisti, quando acabamos o quarto ano. Passei a sentir-me melhor na tua companhia e o meu carinho foi aumentado, mas eu sempre neguei a possibilidade de te amar. Pelo menos tentei, até ao dia no Ministério. Quando eu finalmente acordei e te vi ao meu lado, vi que estavas preocupado comigo e isso mexeu comigo. Nunca antes alguém amigo se tinha preocupado tanto comigo, como tu o fizeste. E foi aí que eu vi que já não podia negar os meus sentimentos, pois já há muito tempo que o que sentia por ti não era só carinho, mas também amor.
Fiquei a olhar para ele, pelo menos até à altura em que ele me beijou, que terminou um longo tempo depois e tanto eu como ele estávamos um pouco vermelhos.
- Bem, agora que já confessamos os nossos sentimentos. – falou Harry, após recuperar o fôlego. – Só resta uma coisa.
- E que coisa é essa? – perguntei curiosa.
- Queres namorar comigo, Hermione? – falou ele, olhando directamente nos meus olhos, com um sorriso bobo que eu adorei.
Dei a minha resposta, beijando-o.
- Bem, acho que posso tomar isso por um sim. – disse ele, aumentado ainda mais o sorriso bobo dele e se deitado ao meu lado, acariciando-me a cara.
Mas antes que pudéssemos avançar mais, ouvimos batidas na porta. Foi ele que abriu a porta à tia, mas em vez de lá ficar, foi-se embora para o quarto dele. Eu também fiquei um pouco contente quando fomos interrompidos e cheguei a questionar-me se Petúnia não seria uma adivinha, pois interrompia-nos na hora H. De um certo modo, agradeci-lhe mentalmente, pois tanto eu como Harry tínhamos nos descontrolado e na minha opinião era um pouco cedo para fazermos amor. Ficamos um pouco a conversar e eu expliquei-lhe a razão das minhas dores. Acabei também por lhe confessar que eu tinha começado a namorar com Harry, notícia essa que ela recebeu muito bem, pois já estava à espera dela, desde o dia em que eu tinha ido para lá. E Petúnia pediu desculpa por nos ter interrompido, mas é que vinha avisar o jantar estava quase a ser servido e pediu-me para avisar Harry. Decidi que era melhor ir falar com ele, acerca daquilo que aconteceu e dos meus receios. Levantei-me da cama e dirigi-me ao quarto dele. Quando entrei, sei que ele me sentiu, mas não deixou de contemplar o tecto e vi que ele estava visivelmente contrariado. Aproximei-me mais da cama, mas não me sentei.
- Harry! – chamei. – Não fiques chateado.
Mas ele não me respondeu.
- Harry! – chamei novamente, aumentado o meu tom de voz. – Deixa de ser criancinha e de fazer birras.
Ele continuou a ignorar-me e eu já estava a ficar irritada, mas em vez de o deixar sozinho, surgiu-me uma ideia melhor e pu-la em prática: sentei-me na beira da cama e comecei a fazer-lhe cócegas, que tiveram efeito imediato: Harry começou a rir às gargalhadas, e nem mesmo quando ele me pedia para parar, eu parava, estava a gostar da situação. Quando ele finalmente conseguiu-se livrar das cócegas, começou a perseguir-me pelo quarto e rapidamente me apanhou, pois ele era muito rápido. Pegando-me ao colo, deitou-me na cama dele e devolveu-me a brincadeira. Dessa vez foram as minhas gargalhadas que encheram o quarto dele. Ele só parou quando viu que eu já estava a chorar de tanto rir. E ele largou um sorriso bobo, pois tinha adorado a brincadeira eu sentei-me para normalizar a respiração. Harry passou um braço pela minha cintura, impossibilitando-me de fugir. Para evitar o que se seguia, eu comecei a falar daquilo que tinha receio.
- Harry, é melhor não. – falei eu, sem conseguir esconder o nervosismo.
- Desculpa. – falou ele, tentando desculpar-se, ao notar que eu estava nervosa. – Há pouco perdi o controlo das minhas acções.
- Não faz mal. Eu também me descontrolei. – desculpei-me, mas eu sabia que por ele, teríamos continuando e eu não o censurava. – Mas antes, será melhor deixarmos passar um tempo, pois ainda agora começamos a namorar. E para mim seria a primeira vez, sou um pouco inexperiente nessa matéria e tenho muito receio de ficar grávida, pois só tenho 16 anos e tu 15. Ainda somos muito novos para sermos pais.
E naquele momento, vi pela sua expressão que só quando eu mencionei gravidez é que ele se lembrou dos riscos que corríamos em fazer amor sem nenhuma protecção
- Eu compreendo-te, Hermione. – falou ele. – Eu tinha-me esquecido da possibilidade de poderes ficar grávida.
Tivemos mais um pouco a conversar, antes de descermos para a cozinha. Quando lá chegamos só lá estavam a tia e o primo de Harry. Petúnia serviu o jantar e disse que como o marido iria chegar mais tarde, pois estava numa reunião, não iríamos esperar por ele. Sentei-me ao lado de Harry e de vez em quando íamos trocado carinhos, escondidos de Petúnia, mas não de Dudley que pareceu ficar um pouco embaraçado quando eu dei um beijo em Harry. Fiquei com a impressão de que Dudley tinha ficado com ciúmes do meu namorado, por causa de mim e na minha opinião deve ser por causa de que o anormal (como Vernon e Dudley chamam a Harry) tenha conseguido arranjar namorada primeiro que ele.
Após termos jantado, eu e Harry saímos para a rua e sentamo-nos atrás da mesma árvore, onde tínhamos estado à tarde quando começaram as minhas dores. Ficamos aí algum tempo, abraçados a observar as estrelas. E enquanto eu estava nos braços, sentia-me bastante protegida. Acho que a melhor coisa que me aconteceu até agora foi namorar com Harry, pois sinto-me tão protegida quando estou com ele. É como se tivesse a sensação de que nada de mal me podia acontecer se ele estivesse junto a mim. Acariciei-lhe as mãos que estavam em redor da minha cintura e comecei a chorar, pois a minha vida seria tão complicada a partir de agora. Senti Harry a abraçar-me mais fortemente, acho que ele deve ter percebido que eu estava a chorar. Pensei no meu futuro, será que tanto eu, como Harry sobreviveremos à guerra que se aproximava. Eu tinha um certo pressentimento de que o destino de Harry estava ligado ao de Voldemort e sentia que desde aquele dia em que vimos que Harry tinha uma profecia, que ele está esconder algo de mim e de Ron. Mas eu não toco nesse assunto, pois sei que quando Harry estiver preparado irá contar aquilo que esconde.
- Hermione. – sussurrou Harry ao meu ouvido. – Estás bem?
- Sim, Harry, eu estou bem. – respondi, limpando as minhas lágrimas.
- Então porque estavas a chorar? – perguntou ele.
- Estava a pensar no futuro, Harry. – respondi eu. – Fiquei a pensar se conseguiremos sobreviver à guerra que se aproxima.
- O futuro é sempre incerto. – falou ele. – Acho que devemos nos concentrar no presente e viver cada dia de cada vez.
- Mas eu tenho tanto medo de te perder! – exclamei, largando duas lágrimas solitárias. – A minha vida não seria nada sem ti.
- Hermione, querida, mesmo que eu morra, o que não vai acontecer, eu estarei sempre do teu lado. – ele disse e eu senti uma lágrima cair no meu ombro. – Eu tenho mais receio é pela tua vida. Eu morreria se tu morresses, pois não imagino a minha vida sem te ter ao meu lado.
Ficamos mais um tempo ali em silêncio. Ambos sabíamos que poderíamos não sobreviver, mas que pelo menos tentaremos aproveitar todos os momentos possíveis para estarmos juntos. Nesse momento, vimos ao longe a figura de Dudley aparecer e achamos melhor entrarmos e irmos dormir. Tinha sido um dia cansativo.
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