EU ME PERDI E NÃO SEI COMO EXP
CAPITULO OITO – EU ME PERDI E NÃO SEI COMO EXPLICAR
“Sim, certo, eu confesso. Não me preparei psicologicamente para enfrentar tudo. Enfrentar minha familia, e principalmente enfrentar Harry. Era como se estivesse vivendo num universo alternativo. E encarar a realidade de repente, é como um balde de água fria numa noite de inverno. Mas não se pode viver a margem. Temos que encarar a realidade, os fatos, as verdades. Por mais que doa tenho que fazer isso. Mas é tão dificil. Eu me acostumei com a estrada errada que eu segui. Com a minha própria lei.”
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Ginny embala o filho na sua cama no seu antigo quarto.
- “Posso te falar do sonho, das flores, de como a cidade mudou/ Posso te falar do medo, do meu desejo, do meu amor/ Posso falar da tarde que cai, e aos poucos deixa ver/ No céu a lua, que um dia eu te dei.”
Harry sobe as escadas, e no segundo andar, ouve a voz melodiosa de Ginny.
Anda até a porta entreaberta, e a vê sentada na beirada da cama, cantando para o filho. Fica parado ali olhando aquela imagem. Nuca havia a visto tão maternal.
Lembrava daquela Ginny extrovertida e bem humorada em Hogwarts. Lembrava daquela Ginny triste e indiferente no casamento de Gui. E lembrava daquela Ginny doce e sensual na noite que fizeram amor na cachoeira.
Não coseguia compará-la com aquela Ginny ali.
Ficou a fitando ali por alguns minutos, absorto naquela visão.
- “Sei que não há no mundo/ Quem possa te dizer/ Que não é sua/ A lua que eu te dei/ Pra brilhar por onde você for/ Me queira bem/ Durma bem/ Meu amor.”
Ginny parou de cantar e cobriu mais o filho. Se levantou da cama, e olhou em volta do quarto. As paredes pintadas de rosa, fazem Ginny rir.
- Meu Deus! É tudo tão… rosa. Como é que eu conseguia dormir aqui dentro?
Harry ainda na porta, dá uma risadinha de prazer.
Ela abre uma das gavetas e vê o uniforme da Grifinória.
- Grifinória…
Ela leva as vestes ao nariz e inspira o perfume que ainda consta ali.
Encontra também um album de fotos, e o puxa para ver.
Vê as fotos que tirou no Salão Comunal da Grifinória junto com o irmão e seus amigos: Luna, Neville, Hermione, e Harry.
- Ai, ai, a boa velha Hogwarts. Neville, Ron, Mione, Luna, Colin, Harry… Como as coisas são engraçadas… Ah, se eu pudesse voltar no passado… Se eu pudesse… Acho que faria tudo diferente… Começando por você, Harry Potter…
Harry, ainda na porta, arregala os olhos.
“Se eu pudesse voltar ao passado… começaria por mim?”
Ginny guarda o album e fecha a gaveta, se virando para sair.
Harry imediatamente foge dali, subindo a escadaria acima, se refugiando no quarto de Ron.
Ele a ouve fechar a porta e descer as escadas.
Aquela frase ainda martelava sua cabeça:
“Começar por mim? Como será que ela faria diferente?”
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Harry desce as escadas um minuto depois, e encontra Ginny, Hermione e Ron se despedindo de Neville e Luna.
- Já estão indo? – pergunta ele.
- É, minha vó vai infartar se ficar com crianças mais um pouco. – diz Neville, rindo.
- Mas nós voltamos. Que tal fazermos umas compras em Londres? – pergunta Luna.
- Claro. – responde Ginny. – Vou mostrar a Paul um pouco desta cidade. Ele acha Londres fria e sem personalidade.
- Eu nunca disse isto. – ele se defende.
- Disse sim.
- É, talvez tenha dito. – ele admite.
Eles se despedem e saem.
Os Weasley se sentam e Ginnyse acomoda entre Fred e Ron.
- E aí, vai contar tudo pra gente? – pergunta Jorge.
- Bom, vou. Então tá.
- Vai dizer tudo, né? Mesmo que demore. – diz Gui.
- Vou tentar.
- Sem mentiras ou enrolações. – diz Hermione.
- Bom, então… por onde começar…
- Vose podde começarr pele comesse… - diz Fleur.
- Pelo começo? – repete Ginny, pensando.
Ela coça a testa franzida.
- Bom… na época, eu me sentia totalmente impotente. Queria lutar na Guerra, mas não podia. – ela pára e respira fundo. – Achei que mesmo não podendo lutar, achei que poderia dar suporte, apoio…
Harry fica em pé, com os braços cruzados.
- Mas eu passei por uma grande… decepção. – ela continua, e olha para Harry. – E essa decepção foi mais forte do que qualquer responsabilidade que pudesse ter na Guerra. Eu sei que eu fui tola e infantil, mas a unica coisa que conseguia pensar era em fugir. Ir embora. Fugir da Guerra, da frustração, da humilhação, de tudo…
Ela leva as mãos aos cabelos, os remexendo, nervosa.
- Nossa, como isso é dificil! – ela exclama.
Não podia falar sobre Eddie, não podia fazer isso sem falar com Harry.
- E então, falei com Luna. Eu sabia que ela tinha tios nos Estados Unidos. E… ela e o pai me ajudaram, me conseguiram documentos e um visto.
- Visto? – pergunta Ron.
- É, um visto de entrada. É uma autorização do Governo pra você poder entrar e ficar em outro país.
- Nossa, que besteira! – exclama ele.
- Cala a boca, Ron! – diz Hermione. – Ninguém pediu sua opinião. Continua Gin!
- E fui recebida pela familia Lovegood. Sr. John e Elizabeth Lovegood. Sr. John é irmão do pai da Luna. E eles tem tres filhos, Paul, – e aponta para o amigo. – Richard e Isabella. Que me trataram como uma filha. Fiquei feliz por terem pessoas querendo meu bem do outro lado do Oceano.
- É bom você contar essa historia direito! – exclama Paul.
- O que? – ela grita.
- É melhor você contar essa historia direito. Você sabe que não foi bem assim.
- Paul?
- Ela não era feliz coisa nenhuma.
- Paul!
- Ela passou semanas trancada no quarto. Não descia nem pra comer. Vivia vermelha e inchada de tanto chorar.
- Paul, por favor!
- Não, agora eu vou dizer a verdade. – ele se levanta, ficando quase no meio da sala. – Quando ela chegou, parecia um bichinho. Nunca tinha visto algo tão grotesco.
- Paul!
- Ela era uma coisinha branca e magricela. Não levantava os olhos quando falavam com ela. Não sorria. Não falava com ninguém. Parecia que se fosse lhe dar um tapa, ela fosse sair voando.
- Por favor, Paul. Não me humilhe.
- Ela não fazia outra coisa além de chorar. Todos nós tentamos. Mas parecia que, o que tinha vindo para minha casa era o corpo. A alma dela tinha ficado aqui.
Ginny abaixa a cabeça e suspira. As lembranças daquelas primeiras semanas lhe voltam a cabeça. A saudade e a raiva a completavam. Tinha vontade de morrer. Só tinha sobrevivido pela força e a idéia do filho.
A familia Weasley junto com Harry ouviam Paul, observando Ginny.
- Até que um dia, eu invadi o quarto dela, e a obriguei a conversar. Ela se abriu comigo, contou os problemas e, foi aí, que ela parou de chorar.
Ele parou de falar, e olhou para Ginny.
- Obrigada, Paul. – ela agradece. – É, eu resisti a muita coisa. Sofri, chorei, estava triste, frustrada, decepcionada, me sentia sozinha e abandonada, mas consegui viver de novo. Com a ajuda de John, pai do Paul, montei meu restaurante, e consigo estabilidade.
- Restaurante? – pergunta a mãe.
Ginny afirma com a cabeça.
- E seu marido? – pergunta Harry, sério.
Sra. Weasley a olha confusa.
- Você casou?
- É, mãe, eu me casei faz três anos e meio com Richard, irmão do Paul.
- Mass seu filhe non tem quatrre annes? – diz Fleur.
“Droga!”
- Ah, é… - ela leva as mãos a cabeça, respirando com dificuldade. – É… bom… acontece que…
- Você não perdeu filho nenhum, não é? – diz Harry, aparentando raiva. – Essa era a “verdade”, não era?
- Harry…
- Por que fez isso? Por que não me contou?
- Porque… - “ah, dane-se tudo!” – Porque eu queria tirar algo de você. Assim como você tirou de mim.
- Peraí, o que tá acontecendo? Harry? Não estou entendendo nada!
- Mãe! – diz Ron. – Ginny não perdeu o bebê que ela esperava antes de sair daqui.
- Isso eu entendi. O que o Harry tem a ver com isso?
- Mãe, o filho é dele. – diz Gui.
- Do Harry? Quer dizer que…
Ginny e Harry se fitavam profundamente.
Harry tinha uma feição dura e triste. Podia se ver a mágoa estampada nos seus olhos. Ginny tinha os olhos molhados com lágrimas, e uma expressão de raiva.
- Você destruiu a minha vida aquele dia, Harry. – ela diz ignorando o protesto da mãe. – O dia que você preferiu outra mulher.
Harry agora entendia tudo.
- Você me matou aquele dia. – ela continuava. Ginny olhava Harry, como se não houvessem mais ninguém naquela sala a não ser eles. – Decidi que você jamais saberia que tinha um filho. Tinha tanta mágoa, tanto ódio, aque tinha que destruir algo em você.
- Ginny…
- Só que… agora eu percebo que tomei a decisão errada. Você, de uma certa maneira, foi verdadeiro comigo. Me falou da garota, não me deixou eternamente esperando. Deveria ter sido… honesta com você. Deveria… desculpe, Harry, me desculpe.
Os Weasley, Hermione e Paul assistiam aquilo inertes. Hermione e Sra. Weasley choravam silenciosamente.
- Eu preciso lhe pedir desculpas também. Na verdade, não fui verdadeiro.
Ela fica em silêncio.
- A verdade que você sabe não é bem a verdade. – diz ele. – Ginny…
Ela pára para ouvi-lo atentamente.
“Ele vai me pedir perdão por ter me deixado.”
- Nunca houve garota em Godric’s Hollow.
Ginny pisca tentando conceber o que ele tinha dito.
- O que? – ela pergunta quase sussurrando.
- Não havia garota nenhuma na minha vida, além de você.
Ginny abre e fecha a boca tentando dizer alguma coisa, mas não sai nada compreensivel.
- Eu inventei essa historia toda.
- O que você tá dizendo? – ela pergunta, sussurrando de novo.
“Aquilo não podia ser verdade! Aquilo não podia ser verdade!”
- Eu inventei isso pra manter você longe de mim enquanto procurava Voldemort. Ele sabia que tinhamos ficado juntos em Hogwarts. Malfoy contou a ele. Se Voldemort acreditasse que não estávamos mais juntos, ele não chegaria perto de você.
- Mas… por que você não me disse isso na época?
- Porque precisava que você parecesse mais… enfática quando dissesse que não estavamos juntos. Eu queria que você me odiasse.
- E eu odiei. Odiei por muito tempo.
- Me perdoa, Ginny.
- Você decidiu nosso futuro, Harry. Percebeu isso? Você decidiu o futuro de nós três: meu, seu e do Eddie.
- Não achei que você chegaria ao pnto de ir embora.
- Não podia ficar aqui. Me desculpe por ter escondido Eddie de você.
- Eu entendo o porque agora. Foi minha culpa.
Os dois se olham. Agora eles sentem a mesma coisa. A dor de ter o destino alterado.
Sra. Weasley se levanta, se aproximando dos dois.
- O importante é que tudo foi esclarecido. Fico feliz que vocês tenham resolvido tudo. Agora o Eddie é a coisa mais importante, certo?
- Claro, mãe.
O celular de Ginny toca novamente.
Ela dá um gritinho de raiva.
- Com licença. – e anda na direção da cozinha. – O que é Richard?
Na sala, o clima começa a se acalmar.
- Acho melhor a gente ir dormir, Ron. – diz Hermione.
- É melhor irmos todos. – diz Sra. Weasley.
Todos começam a subir as escadas para seus seus aposentos.
Harry anda até a cozinha, e encontra Ginny, apoiada com as duas mãos na mesa de jantar, de olhos fechados, chorando.
Ele se emociona com aquela cena.
- Gin…
Ginny se vira e encara Harry. Enxuga as lágrimas e anda até o fogão. Pega um bule, e o enche com água.
- Quer um chá?
Harry sorri com a gentileza.
- Claro.
Ela coloca o bule no fogão e se senta a mesa, Harry a segue.
Olha o olha nos olhos.
- Sabe? Nós poderíamos ter tido um vida fantastica juntos, Harry.
Harry fica mudo diante daquela afirmação. Uma lágrima solitária lhe cai.
Ela suspira.
- Se você tivesse dito a verdade, nós poderiamos ter feito um plano. Sei lá… - ela leva uma das mãos aos cabelos os bagunçando, como ele costuma fazer. -… teria ido pra casa dos tios da Luna enquanto a Guerra durasse, pra que eu pudesse ter meu bebê em paz.
Harry baixa a cabeça, pensando naquelas palavras.
“Oh, Merlin, o que foi que eu fiz?”
- Você mesmo disse, - continuou ela. – que Voldemort não sabia do meu paradeiro. Vai ver que ele nem se importava. Você se precipitou.
Ele pensa como aquilo agora parecia ser tão verdadeiro. As lágrimas lhe caem molhando seu rosto. Ele chora na frente dela sem pudores.
- Nós podíamos ter dado um jeito nisso. – diz ela.
Ele levanta a cabeça para ela, com o rosto lavado de lágrimas e os olhos vermelhos.
- Podíamos. Nós podíamos sim. – ele responde.
- Podíamos hoje ter uma vida tão diferente. Poderiamos estar juntos. Nós três.
- E nós podemos, Gin.
- Harry, não é assim que as coisas funcionam. Eu sou casada. E o Richard é doente de ciumes de você.
- Mas Gin, mesmo assim, você não acha que o que nós tivemos, é base pra tentarmos alguma coisa?
- Não sei, Harry.
- Eu te amo. Nunca deixei de amar você. Mesmo achando que você estava morta, era disso que eu vivia. Do amor que sentiamos, da lembrança que tivemos.
- Harry…
- Eu sei que eu meti o pé pelas mãos. Mas Gin… você não sente mais nada por mim?
Aquela pergunta não era difícil de responder. Ela o amava com a mesma força que antes. Até mais. Não era mais uma paixão juvenil. Era amor. Amor de uma mulher por um homem.
- Harry… - por mais que o amasse não podia aceitar isso. – Você me tornou uma mulher diferente. Eu não sei se consigo amar de novo. Eu sequer amo meu marido.
- Nós podemos consertar isso. Eu largo tudo. Vou embora pros Estados Unidos só pra estar perto de vocês dois. De você e do Eddie. Do meu filho. – ele engasga e as lágrimas lhe caem. – Eu faço qualquer coisa por você agora.
Ele se aproxima mais e se senta ao lado dela.
Ginny chora junto com ele. Ela o abraça. Ela sente o calor daquele corpo, sentia o perfume cítrico que ele usava, sentia o toque das suas mãos nas suas costas.
- Eu ainda amo voce… - diz ela.
Ela se afasta e Harry a olha nos olhos.
- E isso é o que… me mas dói.
Harry se aproxima dela, quase tocando seus labios nos dela.
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N/A: He, he.. até que enfim! Peço mil desculpas pela demora. Mas as coisas estão complicadas. Tava trabalhando adoidado e a minha mente é muito ativa. Tenho mais tres fics pra escrever, e escrever sobre três Ginnys diferentes, é dose pra leão. Mas agora a fic já tá chegando no fim. Falta pouco. Agora só vou trabalhar a confiança dos dois.
Ps1: Pra quem não sabe, a musica cantada por Ginnny para embalar o filhote é A lua que eu te dei, de Herbert Vianna, cantada lindamente por Ivete Sangalo (olha que eu não curto axé, hein.).
Ps2: Ganha um presente quem acertar de onde tirei a frase do primeiro paragrafo: “Eu me acostumei com a estrada errada que eu segui. Com a minha própria lei.” Facinho, hein?
Ps3: Se você gostou dessa fic, leia “O Presente de Ginny”, “O maior escandalo de Hogwarts” e “Selvagem”, todas no site Fanfiction.net.
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