Em 1 certa torre



O lugar já era em demasiado conhecido, mas estava com um ar diferente, ou não era aquele lugar que estava diferente?



Era ela, ela estava diferente, com um jeito meio estranho, meio sombrio talvez. Eu a via andar de um lado para o outro, como que sem destino e não pudesse sair dali, mas ela estava presa unicamente ao presente, a seus pensamentos.



A medida que a noite avançava - e o fazia rápido demais para quem precisava ficar ali por toda eternidade - o tempo ficava mais frio, o vento tornava-se congelante e feria sua face pálida, como finas agulhas. Era como se pedissem para que ela voltasse para o aconchego se seu salão comunal, para sua poltrona favorita ao lado da lareira, onde nenhum mal poderia alcançá-la.



Mas ela teimava em ficar ali, como era teimosa, desde que a conheci ela é assim teimosa, impaciente, do tipo que sofre por antecipação por coisas simples como o resultado de uma prova que ela sabia que se saíra bem mas achava não ter-se esforçado o suficiente.



Está ficando tarde, vejo que ela treme, esta cedendo ao frio, esquecera sua capa ou a deixara de propósito em cima da cama? não tenho como saber se o que ela quer é congelar aqui. Mas ela não volta. Sinto que não quer voltar.



Minha bela amiga - chamo-a de jovem senhora as vezes, o porque? nem eu mesmo sei, talvez porque ela mereça respeito ou tenha a pose de alguém de sangue azul, mesmo sendo impura é mais pura do que quem a julga - está tão cansada das coisas que vêem acontecendo, das que já aconteceram desde que soube da realidade sobre quem era e que fazia parte de um mundo diferente do que conhecia até então...



Ahh, em tão tenra idade já acumula em seu coração a experiência de toda uma vida...



E ao falar em coração... sinto tanta pena dela! Ela nunca se fez de vitima ou quis ser digna de pena. Tenho que assumir que se não a conhecesse como conheço não teria essa pena toda porque ela se mostra forte e alheia a qualquer sentimento mais forte, mas apenas se mostra.



É tão orgulhosa que chego a ter certeza que se ela descobrisse, em outra ocasião senão esta em que estamos agora, que esta apaixonada - porque eu sei que ela o esta - sei que preferiria uma vida inteira de dor, sofrimento, solidão e angustias a assumir o que sente por esse rapaz.



E tudo isso só porque ela o considerava indigno de qualquer sentimento seu a exceção do ódio, ódio este que já nem repousa mais em seu ser...



Fico quieta no meu canto, imóvel desde que cheguei, só a observa-la. Miss Granger sabe que estou aqui, mas não mo proferiu uma sequer solitária palavra. Sorte que ela sabe que pode contar comigo para conversar ou ate se ela não tivesse vontade de falar com ninguém, prometi que ficaria bem quietinha. Estou a pensar em uma saída para ela, para nos duas... pois sei que sou a única capaz de fazer alguma coisa por ti Hermione, sou consciente disso, mas como ajudar-te se também sou parte de tuas preocupações, sou também parte dos teus problemas...



Estou recordando agora do relato que encontrei dentro de um livro que você me emprestou - tinha esquecido desse pergaminho ou deixou lá para que eu o encontrasse? nunca saberei - você escreveu o que tinha se passado naquele dia em que nos falamos pela primeira vez, foi algo tão... inesperado.



Vi que você tinha descrito o que se passou naquela mesma tarde quente em que saiu do salão comunal de nossa tão amada Grifinória, depois que eu subi para o dormitório depois até do que posso chamar de "nosso primeiro contato".



Estava escrito em seu pergaminho com uma letra que deixou clara a urgência de desabafar tudo aquilo, mas vc tinha seus amigos para tento, e mesmo assim escreveu, para que ninguém soubesse... por vergonha? por medo? ou por orgulho?



O que era para ser um fim de tarde chato, tedioso e ao mesmo tempo normal para você transformou-se em motivo de mais confusão em sua cabeça e até mesmo coração... percebi pelo jeito que estava escrito aquele relato que mais parecia uma confissão, porque a mim você não engana, eu já passei por isso e ainda passo e assim como eu você tem duas saídas, ou assume a si mesma e luta ou aprende a conviver com isso porque esquecer... ahh esquecer você não vai!



O fato de você ter seguido para a biblioteca assim que saiu naquela tarde é já algo tão comum que chegastes ate aquela porta sem saber se queria realmente estar ali, pensou nos livros? mas lembrou-se que não conseguiu ler direito antes e do jeito que estava não conseguiria naquele momento... daí você hesitou ä porta da biblioteca e começou a deixar-se guiar por alguma coisa, alguma idéia mais forte que suas próprias vontades até...



Você seguiu sem rumo ao longo do castelo...



Estava sem idéia de destino quando chegou aqui... um lugar até conhecido mas, esquecido, pouco visitado, a não ser pelas duas almas perdidas que estão nele agora. Você não sentiu calor humano algum aqui quando chegou, nenhum vestígio de vida...



Mas falastes da vista, disse que podia ver o infinito daqui, que podia ver alem dos portões e muros que cercam o castelo e sua vida...



Nesse momento para mim não há nada de tão maravilhoso nessa vista, mas como você um dia já vi esse lugar assim também. Esta nos olhos de quem vê, o especial foi a maneira como você viu... as flores das arvores que deram lugar a minúsculos pontos de esperança...



Vias todo o jardim daqui, ele estava quase que completamente vazio exceto por aquele que perturba teus pensamentos e também não tinha ido para Hogsmeade naquele sábado, não há descrições dele... esta tentando o esconder de você mesma?



Falastes então, do lago, disse que a água refletia a luz do sol dando a ele um brilho excepcionalmente mágico... os arbustos ao seu redor e era lá que ele estava, sentado na grama recostado a um dos arbustos, um grande o suficiente para fornecer-lhe sombra... e você disse que ele olhava o lago com a mesma expressão que vejo em você contemplando o céu agora... uma expressão vazia de quem olha o infinito, fria, solitária, uma expressão de quem esta a ponto de chorar se alguém lhe der um abraço, um colo, um conforto... um consolo.



Levanto calmamente e vou ate você... percebestes meu ato e que estou me aproximando cada vez mais e sabes bem o que vou fazer... talvez você não queira sair daqui e continua a contemplar o céu, tinha parado de andar de um lado para o outro sem destino nessa torre solitária e eu nem havia percebido, absorta em meus pensamentos.



Vou me aproximando aos poucos e você de repente abaixa sua cabeça fitando o lago, que agora reflete metade da lua como se estes se tocassem... te vejo movimentar a cabeça em outra direção e olhar para as arvores... você começa a cantar baixinho, mas eu sei que é baixinho mas que quer que eu escute...



Eu quero sol nesse jardim
Quero justiça e paz
Quero andar nas ruas sem temer
Eu quero o brilho do luar
Eu quero viajar pelo azul dos céus



Coloco meu braço em volta de seu ombro e diferentemente do que eu imaginei você deixa sua cabeça cair em meu colo, mas não chora e eu sei o porque e também sei que essas lagrimas não são para agora.



Passamos um tempinho assim como que para aliviar sua dor ou apenas traze-la de volta a realidade.



Conduzo-te para a porta, pois esta muito tarde nos duas temos aula pela manha.



Paramos a porta e você se vira e olha para o sitio onde estávamos e de lá para o céu, como se fosse olhar pela ultima vez mas ouço-te apenas murmurar:



-Obrigada Soffie.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.