Curtindo a noite




Lupin se sentia agora como se nada o pudesse impedir, se esqueceu de tudo todos. Neste instante só importava ela, e se dirigiu para a casa de Tonks, mas se lembrou que era num prédio trouxa, não poderia simplesmente aparatar por lá sem chamar atenção, então resolveu dar um passada em sua casa para pegar um pouco de dinheiro dos trouxas, decidiu que chegaria de metrô.
Já em casa, ao passar por uma janela deu uma olhada em seu reflexo, e concordou com Moody sobre o fato de ele estar horrível, sua roupa estava mais desgastada e sua aparência era doentia, como sempre fora, mas nunca ligara para isso antes. - Maldito reflexo- ele pensou, e riu mais uma vez, por que isso também era correto! Tomou um banho, colocou outra roupa, puída também, mas menos. Agora sim, nada mais o impediria de se desculpar com Tonks.
Já estava tarde, ele sabia disso mas achou que a surpresa valeria a pena, afinal ela gostava tante dele, talvez não se importasse, e ficasse até contente por sua decisão, por que finalmente ele colocaria um fim naquela situação, e assim foi pensando enquanto aparatara em um beco escuro perto de um metrô em Londres. Imaginou quão irritada ela estaria por ter esperado, e pela separação, mas sabia que ela entenderia, talvez ele aprendesse alguns xingamentos novos neste percurso mas, ainda era um preço baixo a pagar... Já não sabia mais o que pensar.
Saiu do metrô e seguiu para um prédio no final da rua, já o conhecia, já havia deixado Tonks ali algumas vezes, e como ela mesmo sugeriu uma vez, com o toldinho mais útil que ela já vira, fazia sobre a porta a sombra essêncial para que ela a abrisse com sua varinha quando esquecia as chaves (será que um dia ela já as teve?), e achou que não seria de todos o mal se utilizasse também o tal truque. Craque, abriu a porta e subiu os quatro lances de escada que levariam ao apartamento nº 42.
Cheio de animação e esperanças, respirou fundo e bateu a porta. Nada aconteceu, mas até aí tudo bem, ele não avisou que viria, e por mais entusiasmado que estivesse não achava que ela estivesse atrás da porta esperando por ele. Bateu novamente, a nada. Bateu com um pouco mais de força, mas com cautela para não acordar os vizinhos, e insistiu em vão, a porta parecia uma barreira intransponível, mas também parecia não haver ninguém por trás dela.
Sozinho no corredor, em dilema muito importante, lá estava Lupin, se questionando sobre entrar ou não naquele apartamento, e cometeu a imprudência de aparatar por lá. Suas supeitas estava certas, Tonks não arrumara o apartamento desde sua última visita, nem colocara o feitiço anti-aparatação que ele havia arranjado, e o mais importante, ela não estava por lá.
Claro, como não pensou nisso antes! Ele se surpreendeu tentando ler os pensamentos dela, claro que ela não ficaria chorando por ele em casa, já havia chorado demais, certamente ela estaria se divertindo na danceteria de sua amiga Leena Kane, A Bruxa Histérica, ela sempre o chamava para ir lá com ela! Nunca foi, agora se arrependia, talvez ela estivesse lá, mas agora, não saberia com chegar...Aha! A lareira! Ainda em brasas, provavelmente ela não havia saído muito tempo antes de ele chegar.
Apesar de ser uma área de trouxas, certamente deveria estar ligada a rede de Flu, então porque não tentar? Não sabia como chegar lá mesmo. E como ainda havia um pouco de brasas, pegou um pouco de pó – A Bruxa Histérica., disse sumindo na lareira.

O lugar onde foi parar certamente correspondia ao nome da danceteria, música alta e uma bruxa pintada no teto que parecia estar cantando histericamente! É as dúvidas foram por água abaixo quando a próxima atração fora anunciada:- Agora, n’A Bruxa Histérica, com vocês a banda sensação do momento: Estuporadores de Ouvidos! E bruxos e bruxas que fariam Tonks e seu cabelo cor de chiclete parecer só mais uma na multidão se agitaram festivamente.
—Senhor, com licença? Uma moça trajando um avental coma tal bruxa cantante do teto tentou chamar a atenção de Lupin.
—Como? Respondeu Lupin ainda assustado com o ambiente.
—Esta parado aí faz algum tempo, veio da rede de Flu, não? Pois o senhor vai prezzzzzzzzz...
Lupin sentiu realmente como se a banda estivesse cumprindo a sua função e indicou para a moça que não entendia nada, então ela o chamou para uma salinha ali ao lado. Ela bem poderia dizer o contra-feitiço da música estuporante, mas isto estragaria a emoção das pessoas a sua volta, bem como sua, e ainda, poderia vir a agradar o intruso!
—Bem melhor! Disse Lupin aliviado com o silêncio. - desculpe você ia dizendo?
—O senhor conseguiu entrar pela rede de Flu, esta entrada é reservada apenas para clientes VIW’s (very important witches / wizards), é, bem, embora às vezes nos confundimos um pouco sobre eles, tenho certeza que você não pertence a este grupo, portanto quero que se retire, antes...
—Está certo – interrompeu ele - realmente, não sou freqüentador da casa, mas minha namor...quer dizer, amiga, é, e a estou procurando. Nimphadora Tonks, você a conhece? Sempre vem aqui...Acho que é amiga de Leena Kane. É muito importante que eu a encontre esta noite, foi através da lareira dela que eu vim parar aqui, não sabia onde ficava...
—Certo, eu a conheço, aguarde aqui um instante. E saiu da salinha apressadamente.
Neste momento, sozinho na salinha ele refletiu onde sua impulsividade o levou, em meio a pessoas as quais nunca viu, tendo seus ouvidos seriamente torturados e agora preso em uma sala! Preso em uma sala, repetiu assustado o pensamento, será que descobriram que ele era um Lobisomem? Sua animação foi substituída por uma agonia. Que bobagem não havia como descobrirem, assim, tão rápido, mas sempre tinha uma pulga atrás da orelha com relação a isto. Afinal ele saíra no Profeta como professor “mestiço” de Hogwarts.
A porta se abriu: dois bruxos empunhando suas varinhas entraram, com cara de quem definitivamente sabia quem, ou melhor o quê ele era, e em seguida uma bruxa com os cabelos tão coloridos que parecia que se alguém tinha pendurado casacas de laranjas em sua cabeça, calmamente começou a falar:
—Acho que sei o que você é, e posso dizer que não parece assim tão perigoso. Veio sozinho?
—Sim...e posso lhe afirmar que não ofereço perigo algum, só vim aqui procurar por uma amiga, como já informei a outra garota...
—Sei disso, ela me informou - interrompeu ela secamente – acha realmente que vou entregar minha amiga a você?
Lupin se sentiu muito mal ouvindo estas palavras, e concluiu que não seria fácil ter sua Tonks de volta, ela realmente devia ter sofrido muito e devia estar decidida a não se entregar novamente a ele, o idiota que brincou com seus sentimentos.
—Sinto muito, eu só queria conversar com ela, mas se ela não quiser me ver mais, então é só me mostrar como faço para ir embora daqui - Disse ale amuado.
—Não posso te deixar ir, tenho a obrigação de te entregar ao ministério da Magia, afinal não é todo dia que um comensal da morte vem a minha danceteria, sozinho, você deve ser muito bom ou muito burro.
—Comensal da Morte? – Repetiu ele ainda surpreso,nem ligando para a ofensa e até aliviado com a confusão, mas ainda com medo. - Deve haver algum engano, não sou nenhum comensal da morte, de onde você tirou esta idéia maluca?
—Não devo satisfações a você...
—Está havendo um engano – atropelou a voz dela, - eu sou, era namorado da Tonks, só isso... Como posso ter sido tão mal interpretado. Só queria falar com ela, só isso!- Disse ele firmemente.
—O quê? Pode provar isso?
—Bom, se ela estiver por aí, é só chamar e confirmar o que eu digo.
A bruxa deu uma boa olhada em Lupin, tentando ver como sair deste impasse. Não poderia entregar alguém ao ministério que não estivesse envolvido com as artes das trevas, tão pouco deixá-lo livre sem saber a verdade.
Fitou Lupin por mais alguns instantes, notando que realmente lembrava a descrição de Tonks lhe dera sobre seu ex-namorado (falecido, morto e enterrado em terreno salgado como ela mesma havia a informado apenas alguns minutos atrás), que ele tinha um ar doentio e sábio, cabelos curtos e começando a branquear, incríveis olhos azuis e o sorriso mais sexy que ela já tinha visto, mas nesta ocasião específica era difícil de verificar este último item.
—Minha garçonete me alertou sobre um homem estranho, que veio procurar por minha amiga auror, chamada Nimphadora, que eu saiba, ninguém que a conheça a chama assim, o que você quer que eu pense a respeito disso?
—Honestamente, - concluindo - que tem alguém suspeito em suas mãos. Mas não é o caso. –Continuou. - Hoje ela me deu um ultimato, e depois de um tempo, sai meio sem pensar muito, fui atrás dela, correr atrás do tempo perdido, neste momento Tonks é a única coisa com a qual me importo...
—Está certo, acredito em você, mas preciso de uma confirmação...Meninos podem aguardar lá fora, se precisar de ajuda e chamo.
Remus sentiu um frio na barriga, sabia o que aquilo significava, mas não estava brava com sua Tonks por isso, pois parecia que ao final isto seria sua salvação, e então ela começou:
—Bom, já deve saber a confirmação de que eu preciso certo? E então o que é que faz o ex-namorado de minha amiga tão especial?
—Além de eu ser um idiota por deixá-la ir, digamos que o fato de ser um lobisomem me incomoda bastante...-disse meio sem graça.
— Leena Kane, as suas ordens- finalmente se apresentou.
—Remus Lupin, seu suspeito - disse ele finalmente sorrindo e confirmando Tonks – agora você poderia me levar até ela?
—Sinto muito por tudo isto, mas não posso te ajudar... ela chegou pouco antes de você, mas como hoje é a festa de casamento do baixista da banda, de presente ele só permitiu casais na casa, claro que dei permissão a Tonks, mas ela não estava muito a vontade e se foi...
—Ao menos meu palpite sobre este lugar estava certo. – Disse ele recobrando a animação. - Sabe para onde ela foi? Como posso encontrá-la? Será que foi para casa?
—Ela não disse nada, mas de qualquer forma, tomei seu tempo por demais... Agora está livre para ir atrás dela. E a propósito, sobre a história do Lobisomem, foi minha sobrinha Arleen Kane, era sua aluna em Hogwarts, é por isso que eu sabia...- Disse ela limpando a barra da amiga- Desculpe por isso...- Continuou sem graça.
—Tudo bem, contanto que você me mostre a saída... Parece que tem um feitiço anti-aparatação eficiente por aqui.
—Pois é, foi a Tonks que me arrumou, não é bom? –Disse já mostrando o caminho da saída.
Lupin passou por um pequeno mar de gente, que somente agora notou ser formado apenas por casais, que a esta altura do show estavam completamente surdos, seguiu em direção a rua, e descobriu finalmente a localização da danceteria, há um quarteirão da casa de Tonks.
Avistou o apartamento dela da rua mesmo, não havia sinal de vida. Se arrependeu de não ter deixado um bilhete... Já estava muito tarde, e resolveu que não era uma idéia muito boa acordá-la agora, mas de qualquer forma tinha uma história interessante para contar... Amanhã, quando a encontrasse.
Assim seguiu em direção a sua casa.
A procuraria pela manhã, antes de ir para a Ordem...

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