Você é linda
Londres não parecia mais a mesma, e Harry sabia que a culpa devia ser depositada sobre si mesmo e jamais no mundo ao seu redor. O desconforto do apartamento em que morava não serviria mais como base, pois Harry - e somente ele - possuía a responsabilidade pelo marasmo que se instalara instantaneamente sobre sua vida após o fim daquilo que ele considerava essencial: o trabalho de auror. Estava agora desempregado e sem saber como agir, quando se pegou pensando em Rony e, especialmente, em Hermione. Fazia quase um ano que passava as noites com ela em seu pensamento, de uma forma tão incomum que não poderia compreender. Por que a lembrança dela parecia mais persistente que a de qualquer outra coisa?
“Lobotomia… Lobotomia! Alguém incrustou a imagem dela no meu hemisfério cerebral!”.
Talvez fosse verdade… Talvez algum cirurgião excêntrico do Mercado Negro tivesse chantageado extraterrestres para que o abduzissem e executassem nele uma lavagem cerebral, utilizando somente técnicas negras de cirurgia, até que Hermione passasse a ser um neurônio implantado na parte encefálica frontal. Harry acabou rindo de suas próprias teorias absurdas, porque, na realidade, sabia que seu cérebro estava em perfeito estado, sem efeito de qualquer operação, tampouco magia negra.
Na verdade, temia o seu medo, porque tinha quase certeza de que o sentimento em relação à amiga havia se transformado em algo maior e bem mais complicado. Estava sentindo o chamado “Medo do Medo”, o que certamente só lhe causava ainda mais medo. O que faria em uma cidade que não poderia mais o satisfazer? O tédio tomava conta de tudo a sua volta. Pensou seriamente na possibilidade de dormir e propositalmente não acordar no dia seguinte, porém sua varinha não tinha poder para tal; ele nunca vira alguém executar um Avada Kedavra sobre si mesmo. E se tentasse? Havia chances de o plano dar certo, desde que pensasse com firmeza no que realmente almejava.
“Não acho que morrer resolva o caso… Aposto que Cedrico me encontraria no inferno para um duelo, desafiando-me pelo fato de ter beijado sua namorada”.
Falar sozinho não era o que costumava fazer, mas a solidão se tornava tão evidente que Harry passara a bater um papo com as vozes do além. E se descesse até a rua para comprar morfina?
“Não! Não é uma boa idéia! Não sei se os trouxas da farmácia me venderiam algo assim sem… Como é mesmo o nome? Ah sim! Receita médica!”.
O rapaz já estava parecendo um velho, cuja esclerose anuviava a sua “visão interior”. Pensou então em se dirigir até o banheiro, onde poderia entornar todos os recipientes de shampoo e derivados. Mas, claramente, era uma péssima idéia também. Ganharia uma intoxicação e seria encaminhado para o hospital trouxa mais próximo, onde suas forças voltariam com uma simples estada de quarenta e oito horas, uma sopa de legumes daquelas com um gosto insosso e terrível… e talvez uma enfermeira de lábios carnudos e com curvas mais do que definidas
Minha vida é brilhante
Meu amor é puro
Eu vi um anjo
Disso eu tenho certeza
Ela sorriu pra mim no metrô
Ela estava com outro homem
Mas eu não vou perder o sono com isso,
Porque tenho um plano
Estava na hora de tomar alguma decisão; ficar trancafiado em um apartamento sem passatempo algum já havia se tornado algo mortífero e derradeiro. Não poderia voltar a meter a cara no Ministério da Magia, tampouco tentar recuperar seu antigo emprego de auror. Foi então que decidiu por umas férias; bem longe de Londres, é claro. Agora, com pouco mais de vinte anos, poderia aparatar e desaparatar à hora que bem entendesse, sem prestar informações ao Ministro e seus acessores. Usar magia fora de Hogwarts era a coisa que mais gostava de fazer desde o término do último ano letivo, quando se despediu dos amigos já pensando no dia do reencontro. Doce ilusão! Ele não via Rony e Hermione há anos. Sentia até mesmo falta das insinuações maldosas de Draco Malfoy, bem como das divagações despropositadas de Luna Lovegood. Para onde teriam ido todos?
Não importava. Pelo menos não naquele momento. Harry fez as malas e, guardando a varinha nas vestes, aparatou em um lugar claro e frio, onde se podia ouvir o canto de tribos indígenas. Estava em uma montanha no que parecia ser o sul do Texas. Apesar da paisagem desértica, com areia voando em todas as direções, o lugar se tornava mais frio a cada instante, o que não apeteceu o rapaz. Não demorou muito para que desaparatasse e fosse parar no meio de algumas ruínas. Conhecia o lugar, mas não conseguiu identificá-lo. Ainda não era o que procurava. Poderia muito bem ter usado a rede de Flu para ter um lugar definido como destino, como por exemplo: o Caribe, as Bahamas, ou quem sabe até Fernando de Noronha; mas isso implicaria em minuciosas pesquisas para investigar a rede de Flu, ou seja, as lareiras ativadas e desativadas por todo o planeta.
Enfim, após ter conhecido algumas florestas africanas, foi parar em uma cidade litorânea nos arredores de Boston, Estados Unidos da América. Não era o que tinha em mente, mas o lugar parecia acolhedor; nem tão frio, nem tão quente, simplesmente calmo e perfeito para o que viriam a ser dignas e merecidas férias. O neurônio chamado Hermione Granger voltou a latejar e Harry segurou a cicatriz quase urrando de dor.
“Droga de marca! Bom, pelo menos é a testa que dói e não outro lugar mais…”.
Interrompeu esse devaneio infeliz e pôs-se a procurar uma estalagem, um hotel, uma pensão… Qualquer coisa serviria, desde que pudesse ter paz de espírito. Ainda pensava em Hermione.
Você é linda.
Você é linda,
Você é linda, é verdade.
Eu vi seu rosto num lugar cheio,
E eu não sei o que fazer,
Porque eu nunca estarei com você.
Alguns dias haviam se passado desde o último domingo, quando se hospedara em um pequeno hotel, sem nem mesmo se preocupar em desfazer as malas, pois quando quisesse, desapareceria em um piscar de olhos. Lagos, praias, lindas mulheres… Aquilo tudo seria o paraíso se não fossem os pensamentos insistentes que pulsavam em sua mente sem pedir permissão. Harry sempre achara que os pensamentos deveriam ser voluntários, assim filtraria tudo que passasse por sua cabeça, escolhendo no que pensar de verdade. A voz de Hermione a ecoar já estava lhe cansando… Por que diabos isso estava acontecendo agora?
Mesmo em um ambiente aprazível e de certa forma rejuvenescedor, Harry sentia-se devastado, letárgico, quase morto. Não estava vivendo, estava apenas existindo. A seu ver, essa sua existência soava patética. Que diferença estava fazendo para o mundo? Antigamente, um simples bater de olhos em sua testa afirmava cada vez mais a sua fama inacreditável. Agora, ele vivia à espreita. Poucos o reconheciam… Ninguém mais o idolatrava. Quem dera estivesse ao menos presente em matérias fúteis e exageradas redigidas por Rita Skeeter. Tinha certeza agora, de que preferia ser lembrado, mesmo de forma equivocada, a perecer sozinho, sem ninguém para lhe estender a mão. A fama jamais perdura, essa foi a conclusão a que chegou.
Mais um domingo acabava de chegar. Quase uma da manhã e Harry vislumbrava a paisagem externa pela sacada de seu quarto de hotel, no segundo andar. Era tudo tão calmo! Sem ruídos irritantes como buzinas de automóveis, motocicletas e trens a rondar. Ao contrário da calmaria vista em terra, o mar se agitava sem trégua, quando Ela veio à tona da forma mais brusca possível. Sua simples emersão fez com que Harry saísse de dentro do hotel em disparada, indo parar na areia, onde levou um tombo tão feio que imaginou ter se quebrado de vez.
Sim, ela 'prendeu' meu olhar
Enquanto nós passamos um pelo outro
Ela pode ver em meu rosto que eu estava
Voando alto
E eu não acho que vou vê-la denovo,
Mas nós dividimos um momento que ficará para sempre
- Oh, Merlin! Harry? – a garota correra da água, encharcada até os ossos, sacudindo-se ao deparar-se com o corpo inerte do amigo no chão.
O silêncio veio em resposta e Harry acordou quando o dia recém amanhecia, em um lugar que ele nunca vira antes. Estava deitado em uma cama macia, coberto com suaves lençóis, mas um sacolejo o fez levantar-se de repente, observando tudo ao redor. Estava em um barco, oceano adentro. Seu corpo parecia normal, mas sua cabeça doía e latejava como nunca. Deu alguns passos em direção à porta e avistou Hermione sentada na proa do iate, observando a água com um olhar triste e vazio.
Não pensei que fosse acordar tão cedo… – falou ela, deixando Harry surpreso, pois ela nem mesmo virara a cabeça para notar a presença dele ali, ainda na porta.
- Ok! Vamos a um pequeno flashback… Eu estou em Londres, dormindo e sonhando que viajei até a América, bati a cabeça em uma pedra no meio de uma praia e fui encontrado por Hermione Granger… É! – exclamou ele. – Acho que até faz sentido!
- Talvez faça mesmo… – concordou ela, ainda com o olhar vago, sem fitá-lo.
- O que aconteceu? Por que estamos em alto mar? – nesse instante, Hermione voltou-se para ele finalmente e ficou contemplando o silêncio que ela mesma impusera. Harry andou alguns passos… – Quero dizer, o que aconteceu com a gente? O que fez com que Rony, você e eu nos afastássemos? Tem tanta coisa que eu preciso entender. Tudo mudou de maneira repentina e nem tivemos tempo de pensar nisso porque…
Ela, agora em frente a ele, o calou com o dedo indicador, apontando na direção do mar. Harry entendera o silêncio. Não chegara a hora de nenhuma explicação, apenas o momento de aproveitar a paisagem e o vento que soprava de leve em seus rostos. Os dois passaram algumas horas apenas sentados na proa, lado a lado, em silêncio.
- Está com fome? – perguntou ela, indo até a pequena cozinha na tentativa de iniciar um almoço.
- Não vamos fazer da maneira convencional! – ele a impediu. – Com magia é tudo muito mais rápido!
Harry então apontou a varinha para as águas e, com um pequeno aceno, diversos peixes voaram para as suas mãos. Ele ainda improvisou o fogo, onde colocou os peixes para tostar. Hermione apenas observava, incrédula.
- Está se saindo um ótimo cozinheiro! Você reconhece esse peixe? Arenque, o que comíamos sempre em Hogwarts! – novamente, um silêncio se instalou. – Ah Harry! Venha aqui! – e puxou-o para um abraço, da forma que deveria ter sido logo quando avistaram um ao outro, ainda na praia, durante a madrugada.
- Vamos quebrar esse gelo, ok? – pediu ele. – Bom, afinal, o que aconteceu com você depois do sétimo ano?
- Estudei em Oxford… Depois me mudei para a Escócia e passei a trabalhar no Ministério da Magia de lá… Nunca vi regras tão bem cumpridas! Mas e você?
- Bom, consegui certo destaque como auror, mas o meu comportamento “extravagante” não agradou ao novo Ministro e desde então caí no esquecimento e me demiti, sem remorsos. Sinceramente, nem sei quem sou agora!
- Faz quatro anos, não é? Quatro anos se passaram após a nossa despedida… Realmente não sei o que aconteceu com a nossa amizade. Nós três éramos tão unidos! – a garota suspirou. - Rony me escreveu uma carta há alguns meses… Mudou-se para a Romênia com Carlinhos.
- Nunca mais o vi! É uma pena… O destino é realmente inexorável! – o silêncio voltou mais uma vez.
- Eu estive noiva, sabe? – ela riu sem graça. – É uma coisa muito estranha, se quer saber… Mas não deu certo… Com o tempo, se aprende...
- Afinal, como veio parar aqui? – perguntou ele, ignorando o que ela acabara de revelar.
Hermione se aproximou, levando a boca ao ouvido dele ao sussurrar:
- Acho que nós dois sabemos o porquê… Viemos parar aqui pelo mesmo motivo… É complicado, mas muito óbvio!
- Isso tudo é muito absurdo! – explodiu ele, se afastando e gesticulando. – É LOUCURA!
- Entre a verdade e a loucura, flui um pequeno riacho… – Hermione permanecia com o tom de voz muito baixo, porém ainda claro.
Você é linda.
Você é linda.
Você é linda, é verdade.
Eu vi seu rosto num lugar cheio,
E eu não sei o que fazer,
Porque eu nunca estarei com você.
Harry parou de dar atenção ao peixe e postou-se de chofre diante de Hermione, com as mãos trêmulas e os olhos fitando-a sem parar. O que aconteceu depois é mais do que previsível. Seria injusto se os dois tivessem tido a chance de um reencontro, onde poderiam dizer tudo o que precisavam, e no final, o esperado se tornasse inesperado e os dois tomassem rumos opostos, sem nem ao menos tentar.
Ainda em meio a milhares de trocas de olhares e beijos, os dois tentavam entender o que estava acontecendo. Haviam se encontrado depois de quatro anos longe um do outro… Haviam se esquecido dos sete anos em que a amizade significava mais do que tudo, tanto para ele, quanto para ela. Estavam confusos e, ao mesmo tempo, receptivos ao que o destino lhes preparara.
- Eu não quero deixar isso piegas, a transbordar romance… – informou Harry. – Eu amo você e você me ama… É o suficiente, sabemos disso… Creio que o excesso de palavras carregue demais uma relação, então o que acha de mudarmos essa parte do “e foram felizes para sempre?” – e riu divertido.
- Por mim está ótimo! Vamos ver se tem mesmo coragem suficiente para me acompanhar…
A garota despiu-se sem pudor algum, deixando o seu lado recatado guardado para outra ocasião. No instante seguinte, jogou-se do barco, imergindo na água gélida. Logo reapareceu, sorriu para Harry, agora perplexo, e pôs-se a nadar na direção de uma ilha próxima. Harry teve a feliz idéia de lançar âncora antes de acompanhá-la nessa insana e pervertida façanha.
A ilha parecia pequena para os dois… Harry então murmurou:
- Quero ouvir você dizer… – e passou a acariciar a nuca molhada dela.
- Dizer o que exatamente? Que você se precipitou ao concluir que eu era apaixonada pelo Rony?
- Bem, é uma forma de dizer…
- Vou completar então… Eu odiava o jeito como olhava para Cho Chang e todas as outras que vieram depois… E se eu tivesse chance agora, encontraria seus pais e o pediria em casamento…
Os dois puseram-se a rir. O dia realmente estava sendo incrível. Harry concluiu que até gostara de ter batido a cabeça em uma pedra, pois isso foi a catapulta que o impulsionou para tudo o que viria depois – o encontro, a viagem mar adentro, a revelação mútua e, no final, os dois nus, deitados na beira da praia, falando sem parar, até que finalmente adormecessem.
Harry acordou novamente atordoado. Ainda estava nu, enquanto Hermione o observava de dentro do barco, o qual agora estava atracado na areia fina que tomava conta de quase toda a extensão da ilha. O sol resplandecente se mostrava forte ao extremo, queimando todas as criaturas da Terra. Harry subiu a bordo e se vestiu, sentindo cheiro de café fresco, porém a expressão de Hermione não parecia nada feliz.
- Preciso voltar! – comunicou ela.
- Tudo bem! – concordou ele, mordendo um biscoito. – Voltamos juntos!
- Não, Harry! Preciso voltar sozinha…
- Como assim? Por quê?
- Creio que tenha que acabar assim… Eu sinto muito! Se eu pudesse voltar no tempo…
- Que história é essa? – ele aumentou o tom de voz, enquanto ela começava a soluçar.
- Eu menti para você! Eu não estive noiva… Eu ainda estou noiva! – passou então a chorar em desespero.
- Como é? Como você consegue agir assim? – Harry berrou, com uma fúria enorme se apossando dele. – Quer voltar no tempo, não quer? Pois use um Vira-Tempo… Para você foi sempre tão fácil não é? Tudo é manipulável, inclusive o tempo, não é mesmo?
- Por favor, não venha com ironias… Isso me machuca!
- E como acha que estou agora? Curado? Com certeza não! Não sei nem o que estou fazendo aqui… Obrigado pela viagem! Tenha um feliz casamento! – Harry pulou do barco, voltando a pisar na ilha.
- Desculpe-me, Harry! Se eu pudesse mudar tudo isso... – gritou ela.
Harry sentou-se na areia e não se importou em derramar as lágrimas da sua raiva reprimida. Não fazia isso há muito tempo.
Hermione, agora também em terra firme, o observava calada, em um misto de tristeza e arrependimento. O que diabos estava fazendo consigo mesma?
- Quem é ele? – Harry ousou perguntar.
- Isso não é importante agora… Acredite!
- QUEM? – insistiu, angustiado.
- Draco…
Foi a gota d’água! Não se pôde mais ouvir palavra alguma, nem vindo dela, nem dele. Harry a fitou uma última vez, melancólico, enxugou as lágrimas e levantou-se. Hermione se aproximou mais.
- Eu realmente sinto muito por isso! - ela acariciou a face dele de leve, antes que ele pudesse desaparecer, sem nem um breve adeus.
A garota subiu em seu iate alugado, chorando como nunca, e partiu, com milhares de pensamentos e lembranças explorando sua mente. Ela tinha duas certezas: a primeira, de que amava Harry; a segunda, de que precisava se afastar dele. Talvez não para sempre, mas, naquele momento, era o que realmente deveria fazer. Draco Malfoy a esperava em seu futuro lar.
Harry voltou a Londres um pouco menos arrasado. A raiva diminuía a cada dia, assim como as boas lembranças que guardava dela. Isso era o que temia: perder também a Hermione de seu pensamento. Apesar de ter mentido e sido injusta, a garota provara sua hesitação de consciência. Tinha um compromisso a cumprir e Harry sempre soubera que ela dava prioridade ao que considerava correto. A ele essa explicação pareceu acalmar, mas isso, em hipótese alguma, o restabeleceu e o devolveu a vida que desperdiçara nos últimos anos.
A dor aumentou, porém a sua visão em relação ao mundo se modificou, dando-lhe grande fibra moral. Como Hermione dizia, com o tempo, se aprende… Retroceder com um simples Vira-Tempo não seria a solução. Não valeria a pena passar toda a sua existência a se lastimar. O que realmente seria válido era a magia da música que pairava no ar, a lembrança daquela manhã de domingo - mas tão somente a lembrança - porque o tempo perdido jamais é encontrado.
Você é linda.
Você é linda.
Você é linda, é verdade.
Deve ter um anjo com um sorriso no rosto,
Quando pensou que eu estaria com você.
Mas é tempo de ver a verdade,
Eu nunca estarei com você.
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