Vida e Morte



NOVE MESES PARA AMAR

CAPÍTULO XXV

VIDA
E MORTE

Embora seu corpo estivesse ali naquela festa que Neville havia
preparado, Harry sentia a cabeça a milhões de
quilômetros de distância. O copo de vinho em sua mão
já se tornara quente. Hermione não saia de sua cabeça,
era quase como uma obsessão.

- Gostaria que estivesse aqui. – resmungou Harry baixinho.

- Que? O que você disse? – gritou Rony. O som estava tão
alto quanto possível dentro do bar.

- Nada! Eu não disse nada! – e riu, como se tudo fosse uma
piada. O amigo riu também, e apontou para a balburdia dos
colegas de treinamento de Harry envolta de uma mulher semidespida.

- O noivo! – gritou um deles – Onde está o noivo!

Ao que Harry foi praticamente agarrado e levado para frente da loira
de barriga de fora. Seu rosto ficou vermelho como um pimentão.
A mulher dançava e se requebrava tanto que mais parecia uma
cobra, sem nenhum tipo de osso.

Pressionado pelos colegas a ficar ali, “aproveitando” o presente
que haviam trazido, Harry sentiu aos poucos a imagem de Hermione se
tornar cada vez mais forte. Mais insistente.

Mas, só quando a porta do bar abriu-se de supetão,
quando o som alto parou de repente e todos olharam para a pessoa da
porta, foi que Harry teve a certeza de que tudo estava ido muito mal.

- Harry! – gritou Dumbledore desesperado da porta – Hermione está
em perigo! Precisamos ir rápido!

Sem esperar nenhum segundo, Harry se lançou para frente. Tudo
se passando em um borrão de pessoas e mais forte do que nunca,
a imagem de Hermione lhe grudou na cabeça.

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Ela estava sentindo dores. Muitas dores. Todo o corpo parecia pesar
chumbo e as costas ardiam terrivelmente.

Hermione percebeu, embora ainda estivesse lutando para ficar
consciente, que não estava em um lugar conhecido. O chão,
embaixo de suas costas, só era amaciado por um fino catre de
palha. E o cheiro também era diferente. Era cheiro de corpos
suados e sem banho, de um lugar que há muito tempo não
é limpo.

- Hermione?- ela escutou alguém sussurrar a sua esquerda. –
Hermione está acordada?

Virando lentamente a cabeça, e sentindo o corpo protestar
terrivelmente, Hermione viu Draco Malfoy deitado em outro catre, com
o rosto totalmente desfigurado por alguma surra que havia tomado.

- Draco? – Hermione achou que o som havia saído forte e
claro, mas Draco escutou apenas um murmúrio seco.

- É perigoso Hermione – ele disse apressado – estamos
correndo muito perigo.

- Quem... – outro murmúrio – está por detrás
disso?

- Eu não sei – Draco tentou virar o corpo para a direita,
mas a dor foi tão intensa, que ele achou que havia quebrado
alguma costela – nunca vi esse homem antes, embora em algumas
coisas ele me lembre alguém... Mas não consigo
raciocinar direito.

Hermione compreendeu que ele devia estar sofrendo muito.

- Você está aqui desde que sumiu?

Ele acenou afirmativamente e desejou não ter feito isso. O
rosto doía demais.

Hermione ia perguntar mais coisas, mas ao ouvir passos de alguém
subindo uma escada, ela simplesmente começou a fingir que
ainda não havia acordado.

Da porta ela ouviu alguém dizer, e outro completar com uma
risadinha:

- Ora... Ora... Ora... Mas já estamos acordados!

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O apartamento de Sirius e Lupin havia virado uma loucura. Todos os
colegas do CTA de Harry queriam ajudar a resgatar Hermione, embora
nenhum deles tivessem a mínima idéia do que fazer.

E foi só depois de algumas ameaças muito bem escolhidas
por Sirius é que todos eles deixaram o apartamento, sobrando
ali apenas Harry, Dumbledore, Sirius, Lupin, Rony e Tonks.

- Com muitas boas intenções eu acredito – Sirius
resmungou – mas não precisamos de mais boas intenções,
precisamos de ação.

Harry concordou. Por ele já estavam lá fora procurando
por sua mulher e filho, e não perdendo tempo com a bobagem de
planejar as coisas.

- Afinal o que estamos esperando? – rugiu finalmente, depois que
viu que ninguém tomava providências.

- A chegada de uma pessoa. Eu encarreguei Fawkes de chamá-la.

- Dumbledore? – perguntou Rony – como o Sr. sabe que Hermione
está correndo perigo?

- Porque no dia da formatura de vocês, eu dei dois presentes à
ela. – ela olhou para o teto como se lembrasse de algo – um foi
um espelho da verdade – que achei que poderia lhe ser útil
em sua profissão – e o outro presente foi um pingente do
perigo.

Harry fez cara de quem não havia entendido. E Dumbledore sacou
de dentro das vestes um cordão com um pingente vermelho
sangue.

- Eu tenho esse, e Hermione o outro par. Então toda vez que um
de nós dois estamos em perigo o outro para deixa de ser azul e
passa a ficar vermelho.

Eu me afeiçoei um bocado a ela, quando ficávamos em meu
escritório conversando.

Harry fez cara de entendido. Sabia do que Dumbledore estava falando.

- Então esta noite seu pingente ficou vermelho. – argumentou
Tonks – mas como pode saber onde ela está? Você tem
alguma idéia?

- Nenhuma minha cara Tonks – ouviu-se um muxoxo coletivo na sala –
mas a pessoa que estamos esperando, deve nos elucidar esse mistério.

Depois disso todos ficaram em silêncio. Em compasso de espera
por aquela desconhecida que vinha chegando. Quando quinze agonizantes
minutos se passaram sem ninguém mexer nenhuma palha, Harry
explodiu:

- Mas que droga! Porque não saímos logo caçando
Hermione, ao invés de ficarmos aqui sentados como bestas!

- Concordo com Harry! – disse Sirius se levantando de supetão
– não podemos ficar aqui parados sem fazer nada! Temos que
agir!

- Mas você pode começar agindo Sirius – disse
Dumbledore amavelmente – pode começar abrindo a porta. Nossa
convidada acaba de descer do elevador.

Sirius abriu a porta antes que a mulher pudesse sequer tocar a
campainha. Parada na porta, com um olhar de quem correra muito para
estar ali, Vanessa segurava um envelope na mão como se ele
valesse ouro.

Acho
que tenho uma idéia do que ouve com Hermione.

Ela anunciou dramaticamente.

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O homem avançou na direção em que Hermione
estava, vendo naquele negrume que somente a noite trazia aos lugares
fechados, o ventre completamente dilatado dela.

- Não temos médico aqui – ele disse em tom de deboche
– mas você pode gritar o quanto quiser. Essa mansão é
completamente isolada.

Talvez Hermione tivesse respondido a provocação, mas no
momento estava ocupada demais com mais uma contração,
que doía tanto e era tão intensa, que anunciava o
impossível: seu bebê estava querendo nascer!

- Deixe-me ajuda-la – disse Draco com a voz tão seca quanto
sua garganta, talvez houvesse uns dois dias que não tomava um
só gole d’água.

- Não se meta inútil! À não ser que
queira outra rodada de surras! – o homem disse com voz cortante
como aço – será bom para ela sofrer um pouco agora.

- Será? – outra voz interrompeu a discussão e desta
vez Draco, que estava mais lúcido e menos dolorido, pode
deduzir de quem era. Afinal, durante anos escutara seu avô fala
daquela maneira, e uma vez que o filho dele estava morto, só
havia uma possibilidade. O outro homem era seu tio: Alexander Jonas.

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- Srta. Woodcrofth – começou Dumbledore - acredito que agora
tenha tudo o que precisava, para nos ajudar a solucionar esse
mistério?

- Sim – Vanessa apertou mais um pouco o envelope e entrou no
apartamento. – segui umas pistas que Hermione havia me dado e tenho
uma idéia de onde ela e Draco Malfoy podem estar!

- Malfoy? Malfoy? – esganiçou-se Rony – foi ele quem pegou
Hermione? Aquele merdinha de uma figa...

- Não, Sr. ... Desculpe-me, mas qual é o seu nome? –
Vanessa perguntou polidamente, mas a pergunta parecia querer dizer “o
que você está fazendo aqui?”

- Ronald Weasley – Rony respondeu na mesma frieza. – sou o melhor
amigo dela.

- Agora... Não... É... Hora... Para isso! – sibilou
Harry contrariado. – continue, pelo amor de Merlin!

- Okay! Eu estava na China, quando Alvo me chamou. Estava na pista do
que poderia ter acontecido com Malfoy. Por que isso foi uma idéia
realmente brilhante de Hermione. – ela inspirou fundo – ela
pensou que se ele havia sumido, assim – como parecia ser do nada –
talvez sobrasse algum resquício de magia lá. Algo que
pudesse nos indicar para onde ele havia ido.

- Sim – concordou Dumbledore – a magia sempre deixa rastros.
Sempre.

- Exato, e nesse caso, essa magia deixou. Agora eu sei que Draco
voltou para a Inglaterra, mas não posso precisar exatamente o
local.

- Mas que porcaria! – desabafou Sirius.

- Exatamente! – Vanessa deu um pequeno sorriso constrangido. – e
qual não foi a minha surpresa ao voltar para os escritórios
hoje e descobrir que Hermione havia feito um feitiço de
memória em um dos colegas de trabalho?

Todos na sala fizeram caras de espanto. Hermione não seria
capaz de fazer algo assim!

- Mas fez. E eu, astutamente, desfiz o feito e vi que ela foi atrás
de uma testemunha de um caso. Mas quando cheguei lá, só
encontrei isso.

Abrindo o envelope, Vanessa mostrou duas fotos de um cadáver
de que ninguém conhecia.

- Ele foi morto hoje de à tarde. Não devia nem ter três
horas quando cheguei lá.

- Mas então chegamos a um beco sem saída! – exclamou
Harry furioso!

- Acalme-se Sr. Potter – ela pediu com paciência – eu
demorei porque estava investigando!... Então eu voltei aos
escritórios e encontrei a papelada em que Hermione estava
mexendo... e vi porque ela foi atrás dessa testemunha.

Tirando mais alguns papeis da mesa, Vanessa se lançou em sua
teoria.

- O pai dele, junto com a família foi assassinado há
alguns meses atrás. Eram trouxas. E então Hermione
descobriu isso aqui no nível cinco, e foi ai que tudo ficou
claramente confuso para mim.

- O que? O que? – todos chegaram mais para perto para ver os
papeis.

- O homem que foi morto, marcou uma viagem bruxa para a China, uma
semana antes de Draco sumir e no mínimo, dois meses depois de
ter morrido!

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Os dois homens saíram do quarto abafado. Foram discutir longe
dos ouvidos alheios, e Draco aproveitando essa oportunidade
maravilhosa chamou mais uma vez por Hermione.

- Você está melhor? – sussurrou apresado.

- Não! – Hermione rangeu entre os dentes – estou tendo meu
filho aqui Malfoy, e não sei o que esse lunático pode
estar querendo conosco!

Draco deixou passar. Ela devia estar sofrendo muito e eles tinham
pouco tempo. Quando ia falar de novo, seu olhar foi atraído
para o ventre de Hermione. Naquele exato momento ela estava tendo uma
contração e toda a barriga se mexia, se contorcendo.
Era uma visão aterrorizante.

Hermione soltou o primeiro grito de dor da noite. Suas costas ardiam
tanto e a os músculos estavam fazendo tanto esforço.
Ela tinha medo de não conseguir. Gotas grossas de suor
porejavam a sua testa, caindo nos olhos e embaçando sua visão.

Ela nem mesmo percebeu que começou a chorar.

- Está doendo? – perguntou o homem com um tom de prazer na
voz – você ainda não viu todas as surpresinhas que
preparamos para você esta noite!

Largando o orgulho de lado, Hermione agarrou as mãos do homem,
e suplicou:

- Eu preciso de um médico. Meu filho está nascendo. Se
você precisa da gente, vai precisar que fiquemos vivos!

- Ahnn... Eu não te contei? – o homem fez um ar de falsa
preocupação – Eu não preciso de você...
Só do seu filho – ele sorriu e largou as mãos dela
num gesto brusco – mas ele não precisa estar vivo... Mesmo
morto me serve!

Ao ouvir isso Hermione mais uma vez gritou. Só que não
era dor de contração, era de medo. O que poderia
acontecer ao seu bebê?

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- O que você está olhando ai fora Luna? – Gina
perguntou de repente, largando os exercícios que estava
fazendo.

- A lua.

- Sei, e o que a lua tem de tão bom assim para olhar para ela
por – gina olhou no relógio – mais de quinze minutos?

- Sangue. – respondeu Luna simplesmente.

- O que? Que? – Gina piscou confusa. - Sangue na lua? Você
pirou de vez?

-
É claro que não Carol! –
Luna se dignou a olhar nos olhos de Gina – se você prestasse
mais atenção em algumas aulas saberia que estou vendo
um pressagio de mau agouro!

- Luna – Gina disse entredentes. Detestava que falasse naquele tom
condescendente com ela – eu nunca assisti a uma aula de adivinhação
na vida! Então explique, por favor!

- Quando há nuvens em torno da lua... Como nesse momento –
ela apontou para o céu e Gina viu algumas nuvens escuras em
volta da base da lua – é sinal de que algo realmente ruim
está para acontecer.

- Al-algo ruim?- Gina arquejou – ruim
como?

- A morte – Luna disse sombria – uma morte importante.

- Importante como? Pra quem? Pra você? É o Draco?

- Não adianta me olhar assim! – Luna esbugalhou os olhos –
eu também não sei. Eu também não sei.

Gina olhou para a pena e o pergaminho a sua frente e se sentiu
estranhamente vazia.

- Draco... Onde está você? – perguntou baixinho.

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- Então você acha isso possível Dumbledore? –
Harry perguntou, como se somente o professor pudesse colocar um pouco
de sanidade em tudo que a chefe de Hermione havia dito até
aquele momento.

- É provável Harry – o diretor disse de forma calma –
mas o que mais me preocupa nesse momento é saber onde hermione
pode estar. Isso sim, eu acho, é algo em que nós
devemos nos concentrar.

- Acho que tem razão Alvo – disse Lupin pela primeira vez –
todas essas investigações podem esperar um pouco, mas
Hermione não.

- Mas nós não temos a mínima idéia de
onde ela pode estar! Droga! – Harry desabafou – eu devia ter
obrigado ela a largar esse emprego agora que está grávida.

- Não ia adiantar, se voce quer a minha opinião –
Vanessa disse de modo arrogante.

- Obrigado, mas não quero saber. – Harry saiu de perto da
janela onde estava – voce se acha muito melhor que todos nós
aqui, mas tudo o que conseguiu com essas investigações
foi chegar a becos sem saídas!

- Ao menos eu conheço sua noiva melhor do que você
mesmo! Ou pelo menos, segui as pistas certas... ao invés de
correr atrás de amantes por ai!

Harry ficou com o rosto rubro de vergonha. Todos os outros
acompanhavam a conversa como se fosse um jogo de tênis, movendo
a cabeça de um para outro. Somente Dumbledore parecia alheio
aquilo tudo.

- Quem voce pensa que é? – ele perguntou, muito perto de se
descontrolar – acha que pode julgar...

- Agora chega. – Dumbledore sentenciou – eu já sei onde
Hermione está.

Todos olharam para ele e em seguida para o pingente vermelho que o
diretor de Hogwarts segurava.

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- Hermione? – Draco chamou de novo. Mais uma contração
havia passado e ela agora tentava respirar fundo e se acalmar. –
acha que consegue se mover?

- Pra... Que? – a respiração saia curta, e Hermione
sentia que seu bebê não ia demorar a chegar, porque já
sentia outra contração chegar e os espaços entre
elas estavam diminuindo muito!

- Quero ver uma coisa – os lábios inchados de Draco o
impedia de sussurrar como queria. Estava morrendo de medo que seu tio
e o outro homem voltasse – ali naquele cantinho, perto dessas
caixas. O que é isso meio brilhante?

Hermione virou a cabeça para onde ele apontava e tentou
esticar o braço para pegar o pequeno objeto. A mão
roçou em algo dentro do bolso da calça e Hermione se
lembrou do Espelho da Verdade que estava ali. Esticou mais um
pouquinho, mas viu que para pegar o objeto teria que mudar de
posição.

Um barulho na porta avisou aos dois que os homens haviam voltado e
desta vez traziam alguma coisa em suas mãos. Mais um pouco de
barulho e um fogo baixo iluminou fantasmagoricamente o ambiente,
deixando Hermione e Draco na penumbra e os dois iluminados.

Ela arquejou. Finalmente reconhecia quem era o outro homem. Alexander
Jonas. Um espasmo de triunfo passou por seu corpo, precipitando outra
contração. Mas ela viu ali a chance de pegar o objeto.

Gritando e fingindo muito mais dor do que sentia, Hermione foi
lentamente de mexendo. Os homens que já haviam escutado
bastante seus gritos apenas riram:

- Grávidas! Quem entende porque tanto tem que gritar? - o
outro bruxo disse para Alexander.

Quando a contração parou, Hermione também parou
de se mover. Estava mais perto do pequeno objeto e esticando as
pontas dos dedos, ela conseguiu apenas roçar nele, fazendo-o
rolar para o lado.

Mais uma tentativa, e o pequeno broche, ela pode ver agora, estava em
suas mãos.

- E agora? – ela sussurrou para Draco.

Ele esfregou a mão no assoalho, como se quisesse dizer para
ela mandar rolando. Ela mandou e o broche fez um barulhinho em
contato com o chão.

- O que é isso? – assustou-se Jonas.

- Seus amigos... Os ratos – riu-se o outro.

Draco e hermione suspiraram aliviados. Virando-se um pouco para a
luz, Draco pode contemplar o broche. E por pouco, muito pouco, não
gritou de alivio.

Aquela era uma cópia do broche Malfoy, que ele tinha certeza,
ficava no sótão da sua casa.

- Hermione... – o sussurro saiu tão urgente que Draco
poderia ter gritado e não teria percebido. - eu sei onde nós
estamos! Eu sei.

Hermione olhou para ele e pode ver nos olhos o brilho de
reconhecimento que passava por ali.

- Onde então?

- Na minha casa! Olhe a audácia! Estamos na Mansão
Malfoy!

Nesse momento o outro homem voltou para perto do caldeirão e a
conversa entre os dois morreu. Mas Hermione não precisava mais
falar. Enfiou a mão no decote da blusa grudenta de suor e
tirou o pequeno pingente que tinha ali.

Estou na mansão malfoy. Estou na mansão malfoy”.
Pensou se concentrando. Mas quando uma nova contração
chegou, ela não pensou mais nada de racional. Seu ultimo
pedido, antes de querer que aquela dor parasse, era que Dumbledore
recebesse seu recado!

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Os setes iam chegando perto da Mansão Malfoy e cada vez mais
se assustavam com ara fantasmagórico que o local tinha. As
árvores do jardim estavam desfolhadas e peladas, prontas para
o inverno, deixando a paisagem ainda mais desoladora.

- Esse deve ser um péssimo lugar para morar – resmungou
Rony, apertando a varinha dentro do bolso.

Ninguém concordou com palavras, mas pelos rostos tensos via-se
que as pessoas ali pensavam como ele.

Quando eles chegaram no portão todos puderam escutar um grito
enlouquecido que veio de dentro da casa.

- Mione! – Harry avançou para cima do portão, sendo
segurado no ultimo instante por Sirius e Lupin. No silencio que fez
depois, eles puderam ouvir outros dos gritos dela.

- Ela já está em trabalho de parto – Tonks disse
calma, mas vendo as caras de interrogação, explicou
simplesmente – tive treinamento médico em St. Mungus, quando
estava me formando auror... Eu vi alguns partos.

- Ótimo! – disse Vanessa com eficiência, já que
ninguém parecia pensar – vamos nos dividir.

- Sim... Rony – disse Dumbledore – você vai até
Hogwarts buscar Gina e Caroline Blair, se Hermione está em
trabalho de parto, precisamos delas aqui.

- Ok...

- Traga madame Pomfrey também Rony.

Ele concordou antes de desaparatar.

- Agora, nós vamos entrar. Lupin e Vanessa vocês ficam
por trás, cuidado da retaguarda. Vasculhe a casa toda a
procura de pistas.

- Sirius, pelo que Vanessa falou, pode ter mais de um lá.
Quero que me ajude a cuidar desses.

- Mas... – começou Harry e foi interrompido.

- Você e Tonks vão cuidar do parto de Hermione até
que Rony chegue com Madame Pomfrey. Está tudo entendido?

Todos acenaram positivamente e Dumbledore abriu cuidadosamente o
portão.

- Eles não precisam saber que chegamos não é
mesmo? – disse para todos e a ninguém em especial.

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Mais uma contração se fora e Hermione arquejou
novamente. Com cuidado, aproveitando o curto tempo que tinha, pegou o
Espelho da Verdade de seu bolso. Tinha que ver o que aquele estranho
chamado Eric Smith queria. Qual seria a aura em torno dele.

- Escute – disse com a voz rouca de sede – preciso de água.
Não... Não tenho mais forças.

Smith largou de lado o caldeirão e veio andando na direção
de Hermione que nesse momento fez o pequeno espelho refletir a figura
do homem. O susto foi tão grande que ela teve outra contração.

- Então – ele disse pegando o espelho no chão –
sempre se adiantando a tudo não é Srta. Granger? Nunca
pode esperar pelo melhor da surpresa?

Ele esperou até que ela pudesse falar novamente.

- Querendo me ver nisso? – ele agachou e ficou cara a cara com
Hermione, ora se olhando no espelho, ora olhando para ela. – não
era mais fácil ter me perguntado? – ele riu.

- Você não me responderia não é mesmo? –
Hermione disse com a voz forçada – afinal um homem que
fingiu a própria morte não iria contar seu segredo
assim, não é Sr. Malfoy?

Draco susteve a respiração.

- Malfoy? – ele disse – Lucio Malfoy? Meu pai?

Lucio se levantou de um salto. – Agora o ingrato diz pai, sendo que
a vida toda, desde que aprendeu a falar, só me chamava por
Lucio! Não é estranho ver o que a falta de um ente
querido produz nas pessoas, Srta. Granger? – ele ironizou.

- Mas como pode ser verdade? Eu vi seu corpo! – Draco se arrastou,
com muita dor, até se sentar com as costas na parede. – eu
fui busca-lo em Azkaban! Granger, seu cérebro está
bitolado?

- Claro que não! – ela replicou azeda – ele fez um feitiço
de troca de corpo. Não sei como, mas ele mudou de corpo para
sair de Azkaban e... – ela parou e alguma coisa passou por sua
memória. Ainda podia ver os corpos de Pettigrew e Nott
estendidos no chão – quem está no seu lugar?
Pettigrew ou Nott?

- Sua capacidade me impressiona – Lucio disse debochado –
gostaria de ter tido um filho inteligente assim... é uma pena
que seja uma Sangue – ruim.

- Você é Lucio Malfoy? – Draco se meteu de novo na
conversa! – mas isso é potencialmente impossível!

- É para você que abandona o próprio pai me uma
cela fedida por causa de uma Weasley! – ele chegou perto de Draco.
Jonas que ainda mexia o caldeirão nem se mexia: Lucio esperara
tempo demais por aquele momento – mas não para mim que tenho
uma inteligência superior!

Draco parou de contestar o fato. Aquele modo arrogante de falar era
característico de seu pai.

- Vocês querem saber como eu fugi? – ele olhou para trás
– com a ajuda do meu inestimável meio-irmão aborto. –
eu vou contar... Depois de hoje, o mundo bruxo vai mesmo saber que eu
voltei.

Jonas aqui, me trouxe, enfeitiçado Pettigrew... Mas como ele
não podia fazer isso, já que era aborto, usou de todo o
seu poder de persuasão para convencer o Nott a enfeitiçar
Pedro. Feito isso, nós gastamos uma boa parte de nossos
recursos subornando dois ou três dementadores.

Então fizemos a troca. Do meu corpo com o de Pedro. – ele
olhou para trás de novo – foi um momento sublime deixar
aquele verme morrer.

- E Nott então? – perguntou Hermione. – eu vi o corpo de
Pedro e de Nott. Eles estavam juntos!

- Usei um corpo de um mendigo. Daí nos livramos do Nott. O que
foi muito providencial, já que ele começava a dar
mostras de arrependimento... Idiota.

- Mas você não está num corpo de um mendigo! –
disse Draco com raiva – você está bem saudável
pelo que posso ver e...

- Cale-se! – Lucio ordenou e deu um tapa no rosto já ferido
do filho – eu já havia matado a família de Alexander
e então vi que matar outros trouxas seria fácil... Ele
precisava de mais uma família eliminada... E foi ai que Smith
entrou na jogada! – ele abriu os braços e apontou para si
mesmo – nada muito difícil enganar a policia – Lucio
desdenhou – tanto a trouxa como a bruxa.

Um silêncio caiu sobre essa declaração. Como se
Draco e Hermione não tivessem mais nada o que dizer. Então
eles escutaram um ruído abafado no andar de baixo.

- Rápido – Lucio ordenou ao irmão – vá ver o
que é!

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Alexander desceu as escadas devagar.lá de baixo nõ
vinha mais nenhum ruído. Mas mesmo assim ele tinha um medo
pavoroso daquela casa mal-assombrada. Os quadros e armaduras que se
mexiam.

- Tenho a sensação que nunca vou me acostumar! –
reclamou para si mesmo.

Mais dois lances e estava no corredor dos quartos, no segundo andar
da casa. Foi quando ele viu alguém subindo as escadas do outro
lado do corredor que resolveu se esconder.

A luz de velas estava ficando cada vez mais perto. Como ele não
tinha varinha, sacou a pistola semi-automática do bolso. Os
humanos, bruxos ou normais – ironizou ele – morriam de qualquer
maneira.

Quando a luz da vela chegou próximo o suficiente, Alexander
saiu de seu esconderijo já apontando a arma. As duas pessoas
tomaram um grande susto.

- Narcisa! – ele soltou um ruído fraco – posso saber o que
está fazendo?

- Estou indo ver meu marido – agora os dois estava novamente no
escuro – Huny contou que Draco está de volta – à
voz estava naquele tom característico da demência –
tenho que ir avisar Lúcio!

Ele ia mandar ela desaparecer, mas foi o ruído de vozes no
andar de baixo que distraiu sua cabeça. Sem dizer mais nada
ele passou por ela e seguiu para o primeiro andar. Quem estaria na
sala da mansão Malfoy?

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Hermione se desligou de tudo tendo mais uma violenta contração.
Restaram somente Draco e Lucio, que na penumbra se encaravam.

- Minha mãe não estava louca não é? Pelo
menos não de tudo... – ele disse devagar – ela sabia que
você estava escondido nesse sótão. Ela sabia o
tempo todo.

- Sabia – ele disse displicentemente – e a elfo também.
Elas têm me ajudado muito. Me contaram da Weasley... De quando
ela esteve aqui – Lucio riu, um riso amargo e sombrio – eu a
vi... De longe, mas a vi... Não pude reconhecer é
claro. Seu gosto para mulheres é decepcionante Malfoy!

- Ela é só sexo! – Draco disse depressa demais.

- Com medo do que eu vá fazer com ela? Seu amor patético
me comove. – Lucio colocou a mão no peito. – não vê
como são frágeis e medíocres? – ele apontou
para Hermione que se contraia toda de dor – sua mãe foi uma
mulher descente ao te ter... Isso eu posso dizer dela... Não
houve gritos e gemidos. Foi rápido e limpo.

- É posso imaginar – o desdém de Draco ficou
arruinado pelo sangue que cuspiu da boca. – mas o que você
quer comigo e Hermione?

- Agora é Hermione, é? – ele meneou a cabeça –
com você... Quero apenas extirpar a vergonha que é para
o nome Malfoy e com ela – ele apontou para Hermione e se acalmava
nesse momento – apenas o sangue que vem com o filho. Ele é a
ultima parte para eu ter meu corpo de volta.

Draco se lembrou de Gina lhe contando sobre a poção. E
pode entender o que era aquele caldeirão enfim.

- E a carta? Pra que me mandou aquilo? Você sabia que eu não
iria lá te buscar!

Pela primeira vez Draco pode ver um resquício, embora muito
fraco, de humanidade no rosto de Lucio.

- Foi um gesto desesperado! – disse enfim, com um dar de ombros –
acha mesmo que gosto de ter um aborto como seguidor? Você, no
fim das contas – havia um desagrado intenso na voz – era meu
filho!

- Estou vivo Lúcio. Ainda sou seu filho! – Draco desdenhou.

- Coisa que podemos resolver facilmente – Lucio ergueu a varinha –
Avada...

Mas antes que pudesse completar o feitiço foi interrompido por
grito desesperado e com o impacto de um corpo em suas costas ele
tropicou para frente, quase caindo em cima de Draco. Assustado, Lucio
arregalou os olhos sem poder acreditar no que via.

- Você disse que não ia fazer nada de mal a ele! – a
voz de Narcisa tremia de tanta raiva, e pela primeira vez em meses,
Draco pode ver, estava completamente lúcida!

- E quem é você para me impedir? – ele desdenhou e
teria atingido Narcisa com um feitiço, se naquele exato
momento não tivesse escutado tiros de arma trouxa vindos do
andar de baixo.

- Acertaremos nossas contas depois! – ele ameaçou e partiu
para o andar debaixo.

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Foi como em uma cena de filme de ação trouxa. Ele
chegou no alto da escadaria e viu todas aquelas pessoas com capas,
deduzindo que eram bruxas. E, talvez fosse por heroísmo, por
burrice ou até por um medo aterrador, o fato foi que Alexander
Jonas, com sua pequena pistola automática saiu descarregando-a
encima de todo mundo.

É claro que seis varinhas bruxas e donos excepcionalmente
talentosos ganhariam aquela briga. E ninguém nunca chegou, a
saber, qual intenção Jonas tinha ao descarregar a arma,
ele caiu estuporado e ficou rolando escada abaixo.

- Morto. – Sirius constatou gravemente. – quebrou o pescoço
na queda.

Eles ouviram barulho de passos descendo do terceiro andar e
Dumbledore ordenou rápido.

- Sirius, quero que vá ao Ministério e chame os
Aurores. Precisamos de reforços policiais. E Não
discuta, não temos tempo!

Lucio apareceu no alto da escadaria, no exato momento em que Sirius
abria a porta da rua. Este ainda olhou para trás, mas há
um aceno de cabeça de Dumbledore saiu da casa.

- Agora, quero que vocês façam exatamente como
combinamos. – Dumbledore não tirava os olhos do homem o alto
da escada – Isso é uma coisa para ser resolvida entre mim e
Lucio Malfoy.

- Bravo velho Mestre – Lucio ia descendo as escadarias com o
sarcasmo afiado – vamos tirar as crianças do caminho, não
é mesmo?

Os outros tentaram avançar em Lucio, mas Dumbledore lançou
um feitiço ao redor deles, como uma parede invisível,
de onde eles não poderiam passar.

- Dumbledore, não! – gritou Harry, mas o diretor nem ao
menos o escutava de tão concentrado que estava em Lucio
Malfoy.

- Vamos Harry – chamou Tonks – não vamos conseguir passar
por esse escudo sem machucar Dumbledore. – mas Harry não
queria sair do lugar – Vamos temos que ajudar Hermione!

Por
fim eles saíram do living
e quando chegaram ao alto da escadaria, viram os reflexos dos
feitiços por toda a sala.

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- Vamos seguir por aqui – resolveu Lupin – vamos investigar os
quartos Wolf.

Eles seguiram para a direita e Tonks e Harry subiram à escada
que dava para o terceiro andar.

- Consegue se levantar Hermione? – era Draco que perguntava,
solicito agora que sua mãe havia lhe desamarrado os pulsos.

- O que pensa que está fazendo Malfoy? – Harry perguntou com
raiva da porta e partiu para cima dela. Parou no ultimo minuto, ao
ver o rosto totalmente desfigurado de Draco.

- Tentando ajudar ela a se levantar – Draco estava tão
cansado física e emocionalmente que não sentia nem
vontade de brigar.

- Harry... – Hermione soltou as mãos de Draco e estendeu-as
para o noivo – me tire daqui, por favor! Acho que nosso filho está
nascendo!

- Vai ficar tudo bem Hermione – Tonks chegou do lado dela – eu já
fiz um parto antes, vou tentar te ajudar.

- Por... – mas ela nem acabou de agradecer, porque outra contração
começou e hermione se concentrou em gritar!

- Quando foi a ultima contração? – perguntou Tonks
para Draco – há quanto tempo foi?

- Há menos de cinco minutos – ele respondeu assustado – eu
não sei!

- Merda! Merda! – xingou Tonks – Droga e Droga!

- O que foi? Droga, Tonks o que está havendo?

- Ela vai ter o filho Harry e é agora!

XXXXXXXXXXXXX

- Minha nossa, seu velho patético, você deixou o ainda
mais patético do meu irmão de acertar? – ele riu,
enlouquecido, vendo a mancha de sangue empapar as vestes de
Dumbledore.

- Nada que me incomode mais do que uma mosca. – Dumbledore retrucou
calmamente. Porque já havia percebido que quanto mais calma
aparentava, mais descontrolado Lucio ficava. E a mente dele, ficava
então, um livro aberto.

Mais uns cinco minutos se seguiram naquela confusão, com um
perseguindo o outro, quando Dumbledore se conscientizou que, naquela
luta só havia um destino possível para Malfoy. E era um
destino terrível, mas para ele, Dumbledore.

Talvez, algo tivesse mudado na expressão de Dumbledore, talvez
fosse algum instinto atávico de sobrevivência, mas fosse
pelo que fosse um segundo antes do feitiço ser proferido,
Lucio soube, e naquele ultimo segundo, experimentou o mais abjeto
terror de sua vida.

Mesmo sabendo que aquilo ia destroçar a si mesmo, que seria um
ato completamente contrário a sua natureza, Dumbledore ergueu
a varinha e disse o feitiço que mudaria sua vida para sempre:

- Avada Kedrava!

E antes mesmo que Lucio chegasse ao chão já estava
morto. E todos na casa sentiram o estremecimento que deu, quando
Dumbledore caiu, logo após Lucio, desmaiado.

XXXXXXXXXXXXXXX

- Ele já está voltando a si, madame Pomfrey – gritou
uma voz distante de Dumbledore – ele abriu os olhos!

Todos em volta comemoraram, mas madame Pomfrey que estava no quarto
com Hermione nem ao menos deu mostra de ter ouvido as pessoas no
corredor falar.

- Como está indo o parto? – Dumbledore perguntou para Remo
que estava na cabeceira da sua cama, em outro quarto.

- Tem quinze minutos que Papoula chegou, ela disse que Tonks estava
no caminho certo. Mas acredito que Hermione se sinta mais tranqüila
com uma profissional lá dentro.

- É eu posso imaginar. Ajude-me a levantar aqui, Remo.

- Dumb...

Remo ainda tentou impedir, mas como Dumbledore já estava
fazendo força para cima, ele acabou por ajudar. Bastou sentar,
para que o velho corpo do Diretor protestasse, e ele acabou desabando
novamente na cama.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXX

- Ahh! Draco - Gina tinha os olhos rasos d'agua - o que foi q ele fez
com você?

Draco não conseguiu responder essa pergunta. Todo seu corpo
estava doído e ele se sentia pesado como chumbo.

- Ele tentou me destruir Gina - mesmo fraco, Draco reuniu forças
e a abraçou - mas meu amor por você não deixou
que isso acontecesse.

Todos os que estavam no corredor, acabaram por ouvir a declaração
de amor de Draco, e Rony só não estragou tudo, porque
nesse momento Carol o segurou firmemente pelo braço ("Ahh,
Rony, deixa de ser bobo!")

- Nasceu! - eles escutaram Tonks e Harry gritarem lá dentro.
E todos respiraram aliviados, rindo e alguns chorando.

- EU QUERO VER MEU FILHO!

Eles escutaram Hermione gritar lá dentro, e então todos
se deram conta de um fato assuntador. O bebê não havia
chorado!

XXXXXXXXXXXXXXXX

- Meu filho - Hermione esticou os braços cansados - me deixe
vê-lo.

Mas ninguém pareceu escutá-la. Madame Pomfrey estava
ocupada com a varinha e Tonks chorava de maneira desconsolada em um
canto. Harry parecia estar a quilometros de distância.

De repente, Hermione teve que fechar os olhos para uma luz muito
branca que saía da varinha da enfermeira. E essa luz envolveu
o pequenino corpo do seu recém-nascido.

- EU QUERO VER MEU FILHO!

Desta vez ela gritou e os três pareceram enfim ver que ela
estava lúcida.

- Mione. - Harry engoliu em seco e piscou loucamente - Nosso filho,
ele... ele...

Harry nem precisou terminar de dizer. Num raio de compreensão
Hermione entendeu o que estava acontecendo, e não pode
acreditar.

- Não... - disse, e as lágrimas, que ela nem havia
percebido, já escorriam por seu rosto - não... Harry,
diz que é mentira. DIZ QUE É MENTIRA!

Ele também começou a chorar. Uma dor que não
tinha limites avassalava seu corpo.

- Não posso - sussurrou - ele está... ele está...

- Morrendo, mas ainda pode ter salvação. Ele não
morreu! E Dumbledore pode salvá-lo! - anunciou Madame
Pomfrey, direta e objetiva

Nesse momento, a porta do quarto se abriu e Dumbledore entrou,
carregado por Lupin.

- Papoula?

- Ainda vejo chance Alvo, mas é um feitiço tão
complexo de se fazer. Eu jamais soube fazer direito, e você
conhece as consequências... tudo pode sair tão
barbaramente errado!

- Eu posso fazer - disse Harry desesperado - me digam e eu faço
o que tem que ser feito!

- Não Harry...

- Droga, ele é o meu filho!

- Eu vou fazer - Dumbledore se empertigou - pode me soltar agora
Remo. Quero que saiam todos menos Hermione.

Foi preciso que Lupin desse uma chave de braço em Harry para
tirá-lo do quarto, mas enfim, todos deixaram os três ali
dentro.

Com os passos lentos, de um velho, Dumbledore, pegou o pequeno bebê
envolto na luz fortemente branca e levou ele para perto de Hermione.

- É um lindo menino, Hermione - disse emocionado - vocês
têm muita sorte.

Ela sorriu, por entre as lágrimas e estendeu os braços
para o filho. Era perfeito, tinha todos os pequenos dedinhos e os
pés... eram tão pequenos!

- Ele res...respira tã...tão pouco! - Hermione
constatou, fungando o choro.

- É raro isso acontecer - explicou Dumbledore - mas as
crianças bruxas têm muita ligação com a
mãe, no periodo de gestação. Ele é
saudável, apenas todo os problemas por que vocês
passaram nas ultimas horas, o deixou extremamente fraco. Por isso ele
precisa desse feitiço.

- Ele vai viver? - ainda havia lágrimas escorrendo pelo rosto
de Hermione.

- Sim... essa luz que está ao redor dele, o protege, como uma
encubadora protege um bebê trouxa. - Dumbledore sentou-se na
beira da cama - Agora vou precisar da sua ajuda para fazer o feitiço.

- Pode dizer, minha varinha...

- Não querida, sua parte é outra. Enquanto eu estiver
dizendo o encantamento, quero que você o coloque para mamar.
Sinto dizer que isso vai doer, porque essa luz pode queimar a sua
pele, mas ela é importante para que o feitiço dê
certo.

- Faço o que for preciso Dumbledore. O que for preciso.

Ele assentiu com a cabeça e esperou que Hermione levasse o
pequeno menino ao bico do peito.

- Ai! - ele reclamou baixinho, pois a luz branca queimava como
água-viva na pele. - Pronto, estou sentindo ele puxar o leite.
- ela constatou, e fez uma cara de que não estava sentindo dor
com a queimadura.

Dumbledore se levantou e esticou a varinha para frente e com um
meneio em circulo, fez surgir uma bolha roxa ao redor de Hermione.

O leite que dá vida

O feitiço que traz energia

O amor que cuida

O carinho que zela

Com outro aceno da varinha, a cor da bolha mudou para amarelo ouro.

Que por toda a magia que há em mim

Um pedaço passe para frente

Nesse momento, Dumbledore apontou a varinha para sí e uma
pequena bolinha vermelha saiu de dentro dele, da direção
do coração e lentamente foi andando na direção
do filho de Hermione.

Que se cresça forte e saudável

E muitas alegrias traga

A bolinha vermelha chegou enfim ao seu destino, e o corpinho que
estava nos braços de Hermione deu um pequeno tranco. O bebê
soltou o bico do peito da mãe e abriu seus pulmões,
enchendo a casa com seu choro.

E que assim seja!

Mal Dumbledore acabou de dizer essas palavras e as luzes sumiram,
deixando-os na semi-escuridão e o choro do bebê
reclamando saúde.

- Como vai chamá-lo Hermione? - Dumbledore ainda teve forças
para querer saber.

Mas antes que a mamãe respondesse, todos que estavam no
corredor entraram no quarto apressadamente.

- Brian. - ela disse olhando nos olhos de Dumbledore. Que nesse
momento piscaram loucamente e ele caiu para trás.

- Dumbledore! - Hermione gritou e Sirius que estava na frente, correu
para impedir que o Diretor caísse no chão.

- O esforço deve ter sido demais para ele - Madame Pomfrey
sentenciou, enquanto tentava chegar até onde Sirius segurava o
corpo magro de Dumbledore.

Ela pôs as mãos na testa e depois na garganta. E
enquanto ela examinava Dumbledore, um silêncio pesado ia caindo
no ambiente, na mesma medida que Brian chorava cada vez mais alto.

- Santo Merlin! - o sussurro saiu apavorado - Santo Merlin!

- O que? O que houve?

- Dumbledore - ela engoliu em seco - Alvo está morto!

FIM

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