A Quarta-feira Negra



HERMIONE GRANGER E O BEBÊ QUE VAI NASCER

CAPITULO III

A QUARTA – FEIRA NEGRA

Se entrasse, no salão principal, um observador atento naquela manhã de
quarta-feira, ele com certeza veria coisas estranhas acontecendo.

À começar por Hermione, que não estava sentada do lado de Harry e Rony, e
também não havia um livro na sua frente.

Ela apertava as mãos por baixo da mesa, o olhar fixo no prato à sua frente,
lutando bravamente para o cheiro de peixe defumado não enjoá-la.

Sentado à esquerda de Hermione, mas bem distante dela, estava Harry, que
tinha os cabelos em um de seus piores dias. (absoluto horror!- comentara
Parvati com Lilá – esse garoto parece não pentear nunca os cabelos!)

Sentada na frente de Harry e de costas para a mesa da Sonserina
(coincidência?) estava Gina. Que ao invés de conversar e rir como toda
manhã estava pálida e triste (oh Merlin! Eu queria beijar um Malfoy!)

Saindo do eixo Grifinória, Draco também não se encontrava de bom humor.
Além de sentir repugnância por si mesmo (Uma Weasley!), Lucio, seu mais
que odiado pai, mandar uma carta cobrando uma posição sua. E Draco não
queria decidir nada no momento.

E para coroar os fatos estranhos que, separados não é nada, mas juntos dá o
que pensar, vem Rony. Que inexplicavelmente não comia nada nessa manhã.

Na cabeça do garota ainda se martelava a conversa que tivera com Harry.

Hermione Grávida!

Aquilo mais parecia um mantro na sua cabeça. Seus melhores amigos seriam
pais!

Era o pesadelo deles, Rony sabia, mas como gostava demais dos dois, ele se
sentia péssimo também.

Pensando que aquilo tudo era muito triste, afinal um bebê era para ser
celebrado e nesse caso isso seria uma coisa difícil de acontecer, Rony deu
uma segunda olhada na mesa da Corvinal.

“Como em 7 anos de Hogwarts, não repara naquela garota?”

Ela era linda! Com os cabelos castanho-claros soltos, o sol brilhava
intensamente ali. O rosto de pele branquinha, de bochechas rosadas dando
uma impressão de inocência e peraltice. O Grifinório ficou babando.

Com os problemas temporariamente esquecidos, Rony perguntou para Gina que
estava na sua frente:

- Gina?

Nada.

- Gina?

Nenhuma resposta.

- GINA! Com o berro Rony conseguiu a atenção da irmã, e de metade da mesa
da grifinória.

- ahn?... O que foi Rony? Não tem necessidade de gritar! – percebia-se que
Gina estava longe dali.

Rony bufou.

- Gritei por que você parece incapaz de escutar - estava irritado. As
pessoas pareciam somente querer prestar atenção nos dois.

Soltando o ar para se acalmar, Rony chegou o corpo para frente e disse bem
baixinho, para somente Gina ouvir:

- Quem é aquela Corvinal sentada do lado do apanhador do time?

Virando a cabeça para trás discretamente Gina viu quem era.

- Vai querer a ficha completa? – perguntou voltando a cabeça para o irmão.

Vendo que os colegas de casa voltavam sua atenção para outra coisa, Rony
acenou afirmativamente.

- Aquela é Carolina Blair. Ela é filha do primeiro –ministro trouxa Tony
Blair. Ela herdou a magia da avó materna, eu acho. Ela também está no
sexto ano e faz algumas aulas comigo.

Gina deu uma parada dramática neste ponto.

- E...? – pediu Rony.

- Ela não namora garotos bruxos.

Aquele era sem dúvida o pior dia da vida de Hermione.

Começara passando 40 minutos no banheiro, botando o jantar para fora.

Isso sem contar que passara a noite inteira chorando “Como vou falar para
meus pais?”

Estava desatenta e altamente nervosa. E para completar, enjoara com o
cheiro da poção para emagrecer e vomitara em cima do professor Snape.

Isso resultou em uma detenção e uma ordem para ir a enfermaria. Coisa que
Hermione não fez, afinal Madame Pomfrey descobriria tudo na hora.

Por isso, Rony a encontrara perto da hora do almoço, encolhida numa
poltrona no fundo do salão comunal.

- Mione, você está bem?

Mesmo enquanto perguntava Rony sabia que não.

- Oh Rony...-fungou Hermione, caindo num pranto compulsivo, abraçada ao
amigo.

- Isso ... calma Mione... vai dar tudo certo você vai ver... não fique
assim...

Depois de uns bons cinco minutos a garota pareceu se acalmar o suficiente
para parar de chorar. O que deixou Rony imensamente aliviado.

- inc... ah Rony... inc... eu não ...inc... queria ... inc...que isso...
inc... tivesse...inc... acontecido...inc.

- Ninguém queria Mione, ninguém. Mas olhe, o Harry é um tapado mas vai
recobrar o juízo e não vai deixá-la sozinha nessa!

Hermione ficou olhando para o amigo. Claro que Harry contara a ele, eram
muito amigos. Mas o que a incomodava nem mais era a reação do ex-namorado,
no momento o que a preocupava era como contaria aos pais.

- Eu realmente não sei como você vai fazer isso Mione, mas se precisar de
ajuda, pode contar comigo. Seu pai é muito severo?

- Sim. E é isso que me preocupa, Rony, tenho certeza que ele não vai reagir
bem a essa notícia. Tenho medo do que ele possa fazer comigo.

- Oh Mione!E os amigos deram mais um abraço apertado.

Burro! Burro! Burro!

Era disso que Hary se xingava enquanto saia das masmorras para o salão
principal, na hora do almoço!

Harry conseguira perder vinte pontos e ainda arrumara uma detenção. E o
pior é que sabia que Mione não gostaria de vê-lo!

Rony está com ela agora, pensou. E isso o confortou um pouco. Vê-la passar
mal o fizera se sentir doente de preocupação.

Ainda não entendia por que tinha danada relutância em aceitar o fato de sua
gravidez, mas depois do que aconteceu, isso virou um fato incontestável.

Sentando na mesa da Grifinória, Harry ficou mexendo na comida, fazendo-a
dar longas viagens pelo prato.

Olhando para o lado Harry viu Gina comer toda comida de seu prato com uma
vontade indecente. Isso o fez se sentir com menos fome ainda.

Pelo menos, pensou Gina, se faço alguma coisa não penso naquele estúpido do
Malfoy.

O que em si, era uma grande mentira, porque mesmo atarefada do jeito que
ficara durante a manhã não tirara o loiro da sua cabeça.

“É ridículo e degradante!”

Quem aquele idiota pensa que é? E eu sou ainda mais estúpida do que lê por
dar satisfações!
- Ei Gina – Chamou Helen Hogthy, da Corvinal- É verdade o que andam
dizendo?

Ao ver a confusão no rosto de Gina, Helen se explicou:

- Andam dizendo que você e Simas Finnigan terminaram. É verdade Gina?

A única coisa que Gina pensou foi em ...

- Malfoy...

- Que?

- Ah.. nada Helen... nada mesmo. Mas é verdade sim.

E dando seu almoço por encerrado, Gina virou-se para a mesa da Sonserina.
Ao ver o loiro sentado, como um gato refestelado, seus cabelos da nuca se
ouriçaram.

Draco nem teve chance, quando o furacão vermelho passou por ele, achou que
tinha levado junto sua dignidade. Gina gritara tanto na cabeça do loiro,
que ele parecia ainda meio amortecido.

E a escola toda comentou, que se fora Draco que soubera do rompimento de
Gina e o espalhara, como foi que ele ficou sabendo primeiro?

A hora do jantar se aproximava, e Rony se sentia nervoso. Primeiro que
depois de conversar com Hermione, ele concordava completamente com ela e
achava um absurdo tirar o bebê. E o segundo motivo era Carol Blair. A
garota não saira dos seus pensamentos o dia inteiro. E para onde ela andava
hoje, nos corredores depois das aulas de feitiço,ou subindo o gramado
depois de Trato das Criaturas Mágicas, ele vira Carol.

E em cada vez ela lhe parecera mais bonita que na anterior.

Agora no salão principal, com as velas iluminado os cabelos dela, Rony se
sentia perdido num mundo de sonhos.

- Rony, você está me ouvindo, cara?

- Que?.. Ahh, desculpe-me Harry, mas estava longe. Do que você falava?

- Que você não me contou o que conversou com Hermione. E como ela está. E o
que foi aquele enjôo. Você não falou nada a tarde inteira Rony! – Harry
estava extremamente frustrado com o silêncio do amigo.

- Bom, cara. Ela meio que me pediu segredo. Mas tem umas coisas que acho
que não teria importância te contar. Ela falou que tem passado mal todos os
dias de manhã, acho que são os enjôos e tal, e que o cheiro da poção fez o
estômago dela embrulhar. Como ela leu em um livro, isso são coisas normais
da gravidez – ao dizer essa palavra, Rony que já estava sussurrando,
abaixou a voz mais um pouco - ela está muito brava com você também, cara.
Isso eu posso garantir!

- É eu sei...Mas o que eu vou fazer, Rony?- Somente porque detectara um
desespero muito grande no sussurro de Harry, foi que Rony resolveu falar
uma idéia que tivera.

- Por que não se casa com ela? Afinal vocês fizeram esse bebê juntos, e
juntos tem que arcar com as responsabilidades. - vendo o choque do amigo
ele se explicou melhor- e, nem vai ser muito ruim, vai? Você a ama, cara!
Está escrito em sua testa, e esse neném vai nascer de qualquer modo, então
é melhor para ele que seja dentro de uma família!

Harry prometeu pensar no assunto. Parecia afinal uma boa solução!

Quem será que está grávida? Pensou Neville. Isso que dava escutar conversas
pela metade! Mas mesmo assim foi correndo contar para Colin que havia uma
menina em Hogwarts grávida!

Isso era uma boa fofoca!

“Estou aqui apenas para pedir desculpas nada mais que isso. Mesmo que ele
não mereça!” Era isso que Gina dizia a si mesma enquanto aguardava quieta
na torre de astronomia.

- Novamente aqui, Weasley? – a voz de Draco, “Não, Malfoy” vinha de uma
canto mais escuro e afastado do parapeito, onde Gina estava.

- Novamente me dando susto Malfoy?

Draco olhou a garota, na certeza que ela não conseguia lhe ver. Ela era
realmente bonita. Com a luz da lua atrás de si, Gina parecia quase irreal.
Os cabelos vermelhos davam a impressão de pegar fogo, enquanto a pele
ficava mais branca ainda.

- Será que terei que lhe dar detenção, Weasley, para aprender a não vir
aqui em cima? – “Melhor falar do que pensar na beleza dessa Weasley
pobretona”.

- Não Malfoy – respondeu Gina, saindo do parapeito e indo em direção à ele.
“Não! Em direção à porta!” – Na verdade vim aqui lhe pedir desculpas por
ter gritado como uma maluca no almoço com você. Não podia ter feito isso.

Draco estava espantado! Se ele tivesse feito o que ela fez, se bem que
jamais baixaria o nível e gritaria no salão principal, não pediria
desculpas. Isso nunca!

- O.K., garota. Dessa vez passa, afinal seu showzinho rendeu boas risadas
na Sonserina. Nada como ver um Weasley se descontrolar e pagar mico. Nada
mesmo.

Gina sentiu o sangue ferver. Mas não ia brigar com esse nojento. Depois que
descobrira que fora Simas que contara a todos que terminaram, para que as
garotas soubessem que estava livre, ela se sentiu tremendamente culpada e
envergonhada do que acontecera.

- Não vou mais brigar com você, Malfoy. Simplesmente não vou.

Vendo a ruiva sair, Draco foi tomado por um forte sentimento de solidão, e
sem nem mesmo pensar no que fazia, com quem fazia e o que isso podia
acarretar, ele segurou Gina pela mão e puxou-a de encontro ao seu peito.

- Mas não pode ir embora assim, Weasley, antes tem um castigo.

Ao ver os olhos castanhos aveludados se arregalarem, Draco deu um lento
sorriso. E com um sussurro rouco, roçou os lábios na orelha dela, dizendo:

- Não vai doer nada, você vai ver.

E beijo-a. Não um, gesto carinhoso de namorados, mas sim uma explosão de
paixão. E o que Draco pensou ser a punição da pequena ruiva virou o seu
próprio tormento.

Gina, parara de lutar. Queria aquilo mesmo, pensou honesta. A boca macia do
Malfoy era uma perdição. Aquele era o beijo que esperara durante toda a sua
vida. Forte e exigente, sem deixar de ser doce e amoroso. Uma mistura de
paixão e carinho.

Quando ele interrompeu o beijo, Gina se sentia drenada de toda a sua
energia, quando teve forças para abrir os olhos, viu ele sorrindo de um
modo arrogante e zombeteiro. A delicia se fora.

E a energia drenada voltara toda de uma vez, fazendo com que a raiva, magoa
e confusão explodissem dentro de Gina.

Sem nem pensar ela estapeou a cara daquele cretino, se virou e foi embora.

- Bom... – sussurrou Draco, enquanto massageava o rosto – Amanhã ela terá
mais uma coisa com que se desculpar.

Mas esse pensamento também o deixou confuso.

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