O que é o amor para você ?
Os olhos perdidos numa parte qualquer do céu, que estava tão brilhante, convidativo, tão inebriante e grande... Toda a imensidão pra si. Seu pensamento só queria estar livre, despreocupado. Pelo menos uma vez o peso do mundo saia de suas costas.
O céu sempre lhe proporcionou a calma que a tempo não obtinha em nenhuma situação. Responsabilidades, trabalhos escolares, sentimentos confusos e estranhos que o próprio não conseguia entender, não o deixavam pensar em diversão ou em tempo para si.
-Harry? Você ainda está ai... Não quer dormir?
-Acho que não me dei conta do tempo. – Ele disse ainda olhando a janela, no salão comunal.
-Temos aula amanhã. Você deveria descansar. – A voz preocupada se aproximava.
Ele deu um sorriso.
-Eu já vou... Mas é que hoje, essa noite parece me hipnotizar...
-Realmente está uma bela noite...
Harry se virou pra menina ao seu lado.
-Você acredita amor, Hermione?
A jovem franziu a testa, que conversa estranha pra se ter no meio da noite...
-Claro. O amor é um sentimento puro e nobre que sentimos por pessoas especiais. Por que a pergunta?
Ele novamente olhou a janela.
-Curiosidade...
-E você, acredita?
Harry pensou um pouco:
-Não acreditava. – Ele disse vagamente.
-Não acreditava? Só isso?
-Só. – Ele disse com simplicidade e sorriu levemente pela expressão confusa no rosto da amiga. – Boa noite, Mione. Como você disse, está tarde. – Então ele se dirigiu as escadas do dormitório masculino e sumiu.
*****
Hermione ainda lembrava-se da intrigante conversa com seu amigo. O que, afinal de contas, ele queria dizer com ‘não acreditava’? Várias coisas passavam em sua cabeça, e todas levavam a uma conclusão muito irritante, Harry estava amando alguém. Mas quem? Por que não lhe contara? Será que estava fazendo tempestade em copo d’água? Talvez fosse só imaginação, ele sempre foi muito atencioso com Gina mesmo... É, é isso, ele está sendo prestativo com ela.
O que lhe incomodava tanto? Talvez o fato de Rony estar namorando, assim estando um pouco distante de Harry e Hermione. E agora o Harry com esse ar misterioso, pensativo, fazendo ela ficar atordoada só com a hipótese dele gostar de outra pessoa que não seja os Weasley ou ela... E Hermione lá, ficando pra ‘titia’, realmente era assustador ela se imaginar uma velha ranzinza, muito parecida com Snape, só que de saias.
-Isola! –Mione pensou alto.
-O que, você não gosta de torta de chocolate?
-Quê?!
-Hermione, você está se sentindo bem? – Rony perguntou sério.
-Por que não estaria?
-Eu sei lá! Você não prestou atenção a uma palavra minha, não é?
Mione suspirou:
-Me desculpe... Estou um pouco estressada, acho melhor eu me deitar mais cedo.
-Certo. Qualquer coisa é só chamar.
-Obrigado Rony.
-Está tudo bem mesmo?
-Sim, só estou cansada...
*****
Ela rapidamente se retirou do salão principal e foi diretamente pro o segundo lugar em que mais se sentia segura: o salão comunal da grifinória.
Hermione franziu a testa, estava preocupada demais com a vida dos outros, na realidade, muito preocupada com a vida de Harry. E daí que ele estava com alguém? – Ela tentou conter sem sucesso o rastro do pensamento egoísta, invejoso e ciumento que teve.
Sua mente estava a uma linha de pensamentos perigosa.
“Novamente, me vejo ligada a Harry de alguma forma errônea, ainda que ele mesmo não esteja muito pra isso, isto é, ele nem sabia que eu estou bastante inquieta... Ou com ciúmes de uma pessoa que suponho existir. Ele, talvez, nem saiba que alguém gosta dele. Ou talvez esteja, agora mesmo, com alguma pessoa em um lugar escuro, de preferência”
Ela começava a se chatear com suas idéias. Não era bom ficar pensando nisso, precisava ocupar a mente, isso! Ocupar a mente. Hermione correu até seu dormitório e pegou seu livro favorito: “Hogwarts, uma história”.
–Então se eu aprender a aparatar, eu posso vir pra Hogwarts... – Disse Rony olhando de canto de olho pra Hermione, queria irrita-la, obviamente.
-Rony! –Harry exclamou antes de Hermione. E com uma voz de metido a sabe-tudo, continuou. – Você não leu “Hogwarts uma história”?! – Ele riu debochado. – Todo mundo que leu, isto é, o autor e Hermione, -sabe que não se pode aparatar em Hogwarts.
Rony gargalhou e Hermione lançou um olhar de reprovação pra Harry. Ela estava contendo o riso, mas não iria dar o braço a torcer, de modo algum.
-Parece que a Srta. Granger está entretida com esse pequeno livro...
Ela sorriu:
-Você sabe que eu gosto muito dele.
-Quantas vezes você já leu? Cinqüenta?
Hermione corou:
-Na verdade, cento e vinte três vezes.
-Por Merlin! Você ainda não decorou as palavras não?
-Ah! Harry pára com isso... – Hermione bateu no braço dele.
-Não. Mas é sério. Você não cansa não?
-Claro. Mas mudando de assunto, onde você está? – E muitas coisas muito feias se passavam pela cabeça dela agora...
Harry corou e depois de um tempo respondeu olhando pros sapatos:
-Estava pensando.
-Verdade? – Ela ergueu uma sobrancelha, sinal de desconfiança.
-Sim... – Ele disse lentamente. – Eu queria te contar uma coisa.
Ela o olhou, “Por favor, só não me diga que está namorando, não me diga que gosta de alguém, você não sabe como eu poderia ficar...”
-O que?
-Eu... Eu, - Ele não conseguia achar as palavras certas.
-Você?
-Er... – Ele coçou a cabeça.
-Você está namorando, Harry. É isso? – Ela perguntou engolindo a seco.
-Não.
-Está gostando de alguém? – Ele corou violentamente.
-Gostar não é bem o termo apropriado. Eu estou... Amando. E é tão bom e assustador ao mesmo tempo. – Ele suspirou constrangido.
-Está tudo bem, Harry. – Ela segurou na mão dele, estava se sentindo um trapo.
Eles ficaram calados por um tempo:
-Lembra quando lhe perguntei se você acreditava em amor? – Ele repentinamente perguntou.
-Claro. – Ela falou rouca, estava tentando conter o choro ”Ele ama alguém... Ele disse amor, uma palavra forte demais pra ser utilizada em qualquer ocasião...E ele usou sem medo... Por Merlin”. – E você disse que não acreditava, confesso que não entendi o que quis dizer.
Ele olhou diretamente nos olhos da jovem ao seu lado:
-Eu não acreditava no amor de um homem para com uma mulher. Acreditava no amor de pais com filhos e amigos, mas não nesse que antes eu citei. – Ele explicou. – Eu não acreditava, como antes também não acreditava em magia, até que ela se apresentou para mim e descobri que nunca devemos ser céticos, principalmente quando se trata de magia, mesmo não vendo, ela está lá... – Ele respirou e continuou. – e assim é o amor, mesmo não o vendo, ele continua ali. Mas, eu continuei cético. Como poderia acreditar no que não vejo? Talvez fosse o meu erro, pode não parecer, mas eu sempre esperava uma explicação lógica pra tudo, mas quando cheguei aqui, descobri, de um modo difícil devo admitir, que para muitas coisas não existe lógico e o amor é uma delas. – Ele sorriu.- Um dia me disseram que o amor era a magia mais impressionante de todas, que ele não escolhia ou via a quem estava se instalando, entrava em seu coração e não pedia licença. E eu ri quando me disseram, disse que ele nunca me pegaria, - Ele sorriu de se próprio – Disse que era idiota não controlar seus sentimentos, e eu havia aprendido que o que há de mais insensato é não controlar seus atos e sentimentos. – Ele deu uma pauso, lembrando-se de Sirius. –Ai aconteceu... E eu paguei feio com minha língua... Eu não podia estar gostando dessa pessoa desse modo. No entanto, cada vez que eu a via, a olhava, a tocava, mesmo sem querer, me sentia nas nuvens e um completo idiota e pervertido pensando em vo...
-Em quem? – Ele havia parado.Os olhos de Hermione flamejaram com as palavras dele, sentiu-se mais miserável ainda por não ser pra ela que os olhos tão verdes daquele belo rapaz brilhavam.E agora, ela só queria pelo menos saber quem era a garota de sorte por quem Harry estava apaixonado. De certo a machucaria, magoaria e Mione tentava se preparar pra dar um belo sorriso (falso) quando ele lhe dissesse.
-Eu prefiro mostrar, OK?!
Ele assentiu minimamente.
-Mas não hoje, amanhã é sábado.Tem um passeio pra Hogsmead amanhã, será uma oportunidade perfeita.
-Como você quiser...- Hermione foi pro seu quarto, se trancou lá e chorou uma boa parte da noite, até que o cansaço a venceu e finalmente pôde dormir.
*****
Mione acordou sentindo-se péssima e não mais sabia se era uma boa idéia ver a tal pretendente de Harry. Provavelmente, esta seria como Cho, linda, esbelta, inteligente, desimpedida e com algum problema psicológico...
Hermione suspirou e foi tomar banho, se teria que ir pra ‘forca’ era melhor ir cedo.
Tomou seu banho, colocou um vestido azul céu de alça que ia um pouco acima dos joelhos, uma sandália branca e deixou seu cabelo, que não era mais lanzudo, com uma tiara branca. Nos lábios só passou um brilho. Deu uma olhada no espelho e se dirigiu para o que prometia ser um dia não muito bom.
*****
-Bom dia! – Harry exclamou muito feliz, lhe dando um beijo no rosto.
-Bom dia... Onde está o Rony?
-Ele foi se encontrar com a Luna. – Deu uma piscadela. Hermione não pôde deixar de sorrir. – Vamos. Tome seu café, que daqui a pouco vamos pra Hogsmead, quero ser um dos primeiros.
-Vejo que está animado.
-E não deveria estar?!
Ela não disse nada, passou a comer.
Logo, estavam em uma das avenidas do vilarejo.
-Então pra onde a Srta gostaria de ir primeiramente?
-Hum... Não sei. Você não disse que iria me mostrar a tal garota?
-Por que a pressa Mione? – Ele sorriu. – Não se preocupe com isso, não agora. – Ela olhou e sorriu, não queria mesmo saber quem era...
-Que tão a dedos de mel?
-Ótimo! É o que estava pensando. – Ele a pegou pela mão e a guiou até a loja.
Eles brincaram, conversaram e riam muito lá, também compraram muitos doces. As horas estavam se passando e Harry ainda não parecia ter visto a ‘garota’. Não que Hermione se importasse com isso, na verdade esperava que não a visse, que a menina estivesse em detenção e não aparecesse naquele dia tão esplendido.
-Que tal dar uma volta pelos arredores?
-Certo.- Ela encolheu os ombros.
Eles andaram por muitos lugares, encontram muitos casais no caminho, andando felizes e fúteis com sua própria felicidade. Isso a estava incomodando, e principalmente o fato de Harry estar muito calado e olhando a volta diversas vezes. “Ela desse estar por aqui”
Então estavam próximos à casa dos gritos. O lugar estava relativamente vazio.
-Harry? Você está bem?
-Por que a pergunta? – Ele deu um sorriso calmo.
-Você está tão calado.
Ele a olhou quieto por alguns segundos e então desviou o olhar.
-Só não sei como começar o que tenho pra dizer.
-Seria bom se fosse do começo. – Ela ironizou. – Certo, vou facilitar pra você. Cadê ela?
-Quem?
Ela o olhou descrente:
-Oras! A garota. Que você disse que me mostraria.
Ele a olhou novamente, desta vez com mais intensidade.
-E eu mostrarei... – Ele se aproximou dela com uma passada larga e a segurou firme em seus braços, sem nem um segundo desviar os olhos dos dela. Hermione estava atônita, ela ainda não tinha acordado? Se não, preferia morrer dormindo...
Harry, delicadamente, com uma das mãos, colocou uma mecha de cabelo da jovem para trás de sua orelha, seus olhos perdendo-se nos castanhos dela. E então a puxando mais pra si, abaixou o rosto e colou seus lábios no dela. A cabeça da menina girava com pensamentos incoerentes e ela não pôde deixar de notar no quando a boca de Harry era morna e aconchegante. Ela o apertou contra si, acabando com qualquer distância existente entre os dois corpos, que ferviam em desejo e amor. “Como isso aconteceu? Foi tão repentino... Isso significa que ele me ama? Ou é atração? Ele realmente me beijo ou fui eu? Deixa isso pra depois...” E Hermione seguiu o que a consciência mandou, deixou tudo pra depois e se concentrou em Harry.
Harry gentilmente se afastou dela e com as duas mãos segurou o rosto dela, para que o olhasse, ela deu um sorriso tímido, mas continuou a encará-lo.
-Você... Você é a minha pessoa especial, Mione. Sempre foi e sempre será. Porque eu te amo muito, mas do que a mim mesmo, não tem uma coisa que eu não faça ou deixe de fazer por você.
Hermione o olhou encantada, em seu rosto marcas do fascínio, suas lágrimas, que escorregavam por suas bochechas, delicadamente. Ela fechou os olhos quando ele, carinhosamente, secava suas lágrimas.
-Não quero que chore...
-Estou chorando, por estar feliz. – Ela deu um largo sorriso. – Não sabe o quando sofri por pensar que você esta gostando de alguém...
-Mas eu estou! – Ele afirmou. – Estou amando você. – Ela o encarou hipnotizada por aqueles olhos tão verdes.
-Eu te amo, Harry. – Ela o abraçou fortemente.
Ficaram assim por inúmeros minutos, que pra eles eram tão valiosos quando o ar que respiravam...
E assim começou a grande aventura de Harry Potter e Hermione Granger. Uma história de amizade, carinho e acima de todo amor.
*Fim*
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