Dudley Dursley



DudleyDursley

Uma inspetora aproximou-se de Hermione e anunciou:


- Um visitante, Granger .


Hermione fitou-a com uma expressão de surpresa.


- Um visitante?


Quem poderia ser? E subitamente ela compreendeu. Rony. Ele viera procurá- la,
no final das contas. Mas chegara atrasado demais. Não estava ali quando
precisava dele desesperadamente. Pois nunca mais precisarei dele. Nem de
qualquer outra pessoa.Hermione acompanhou a inspetora pelo corredor até a sala
das visitas.


Hermione entrou.


Um homem totalmente estranho estava sentado a uma pequena mesa de madeira.
Era um dos homens mais desprovidos de atrativos que Hermione já conhecera. Era
alto e corpulento, não tinha pescoço e os cabelos eram tão loiros e curtos que
pareciam peruca. Usava um bigode horroroso que cobria quase sua boca
inteira.Tinha uma expressão amargurada,olhos castanhos que pareciam maiores por
causa das lentes grossas dos óculos. Ele não se levantou.


- Meu nome é Dudley Dursley Dursley, O diretor me concedeu permissão especial
para falar com você.


- Sobre o quê? - indagou Hermione, desconfiada. Aquele nome despertou alguma
coisa em sua lembrança. Mas o que?- Sou um investigador da AIPS... Associação
Internacional de Proteção do Seguro, um de meus clientes segurou o Renoir que
você roubou do Sr. Joseph Romano.


Hermione respirou fundo.


- Não posso ajudá-lo, pois não roubei o quadro,.


Ela encaminhou-se para a porta, mas parou ao ouvir as palavras seguintes de
DudleyDursley:


- Sei disso.


Hermione tornou a virar-se e fitou-o, todos os sentidos alerta, cautelosa.


- Ninguém roubou o quadro. Foi vítima de uma armadilha, Senhorita Granger.


Lentamente, Hermione se arriou numa cadeira.


O envolvimento de Duda Dursley com o caso começou três semanas antes, quando
fora chamado à sala de seu superior, J. J. Reynolds, na sede da AIPS, em
Manhattan.


- Tenho um trabalho para você, Dley.


Duda Dursley detestava ser chamado de Dley.


- Serei breve.


Reynolds tencionava ser o mais breve possível porque Dursley o pusera
nervoso. Na verdade, Dursley sempre o deixava nervoso, e não só ele como a todos
na organização. Era um homem estranho - esquisito, como muitos o descreviam.
Dudley Dursley se mantinha totalmente isolado. Ninguém sabia onde ele morava, se
era casado ou tinha filhos. Não confraternizava com ninguém, jamais comparecia
às festas do escritório ou mesmo às reuniões. Era um solitário.


Reynolds só o tolerava porque o homem era um verdadeiro gênio. Era,
excepcional, tendo um computador como cérebro. Dudley Dursley era responsável
sozinho por recuperar mais mercadorias roubadas e denunciar mais fraudes de
seguros do que todos os outros investigadores da organização reunidos. Mas
Reynolds bem que gostaria de saber quem era Dursley afinal. Sentia-se inquieto
só de ter o homem sentado à sua frente, com aqueles olhos castanhos profundos a
fitá-lo. Reynolds disse:


- Um dos nossos clientes segurou um quadro por meio milhão de dólares e...


- O Renoir de Nova Orleans, Joe Romano, Uma mulher chamada Hermione Granger
foi condenada a quinze anos. O quadro não foi recuperado.


Filho da puta!, - pensou Reynolds. Se fosse qualquer outro, eu pensaria que
estava se exibindo.


- Isso mesmo - confirmou Reynolds, relutantemente. - A mulher Granger
escondeu o quadro em algum lugar e o queremos de volta. Cuide do caso.


Dursley deixou a sala sem dizer mais nada. Observando-o se retirar, J. J.
pensou, não pela primeira vez: Algum dia descobrirei o que faz esse desgraçado
se mexer.


Dursley passou pelo escritório, onde 50 funcionários trabalhavam lado a lado,
programando computadores, datilografando relatórios, atendendo a telefonemas.


Era um tumulto total. Quando Dursley passou por uma mesa, um colega comentou:


- Soube que pegou o caso de Romano. Sorte sua. Nova Orleans é...


Dursley seguiu adiante sem responder. Por que não podiam deixá-lo em paz, era
tudo o que pedia aos outros, mas estavam sempre atormentando-o com suas
aberturas intrometidas.


Tornara-se um jogo no escritório. Todos estavam determinados a romper sua
misteriosa reserva e descobrir quem ele era realmente


- O que vai fazer na noite de sexta-feira, Dley...?


- Se não é casado, Sarah e eu conhecemos uma garota sensacional, Dley...


Será que não podiam compreender que não precisava de nenhum deles... e não
queria nenhum deles?


- Vamos tomar um drinque, Dley...


Mas Dudley Dursley sabia ao que isso podia levar. Um drinque inocente podia
levar a um jantar, um jantar podia iniciar amizades, amizades podia levar a
confidências. Era perigoso demais.


Dudley Dursley vivia no terror mortal de que um dia alguém pudesse descobrir
o seu passado. Deixarque os mortos enterrem seus mortos, era uma mentira. Os
mortos nunca permaneciam enterrados. A cada dois ou três anos, uma das
publicações sensacionalistas desencavava o velho escândalo e Duda Dursley
desaparecia por vários dias. Eram as únicas ocasiões em que ele se embriagava.


Duda Dursley poderia manter-se ocupado em tempo integral, seria até capaz de
expor suas emoções. Mas nunca seria capaz de falar do passado a ninguém. A única
peça de evidência física que conservava daquele dia terrível, há tanto tempo,
era um recorte de jornal, desbotado e amarelo, trancado seguramente em seu
quarto, onde ninguém podia encontrá-lo. Ele o olhava de vez em quando, como uma
punição, mas cada palavra da notícia se achava gravada a fogo em sua mente.


Ele tomava um banho de chuveiro pelo menos três vezes por dia, mas nunca se
sentia limpo. Acreditava firmemente no inferno e sabia que a sua única Salvação
neste mundo era a expiação. Tentara ingressar na força polícial de Nova York,
mas fora reprovado no exame físico, por estar dez centímetros abaixo da altura
mínima. Tornara-se então um investigador particular. Pensava em si mesmo como um
caçador, perseguindo aqueles que violavam a lei.


Era a vingança de Deus, o instrumento que lançava a ira de Deus sobre as
cabeças dos malfeitores. Era a única maneira pela qual podia expiar o passado e
preparar-se para a eternidade.


E ele especulou se haveria tempo de tomar um banho de chuveiro antes de pegar
o avião.


A primeira parada de Dursley foi em Nova Orleans. Passou cinco dias na
cidade. Antes de terminar, já sabia de tudo o que precisava saber a esse
respeito de Joe Romano, Anthony Orsatti, Perry Pope e o Juiz Henry Lawrence.
Dursley leu as transcrições da audiência inicial de Hermione Granger e da pena a
que ela foi condenada. Conversou com o Tenente Miller e soube do suicídio da mãe
de Hermione Granger.


Procurou Otto Schimidt e descobriu como a companhia das Grangers fora
roubada.. Dursley não tomou qualquer anotação em todas as conversas, mas poderia
repetir cada uma literalmente. Tinha 99% de certeza que Hermione Granger era uma
vítima inocente. Mas, para Dursley essa era uma percentagem inaceitável. Ele
voou para Filadélfia e conversou com Clarence Desmond, o vice-presidente do
banco em que Hermione Granger trabalhara. Ronald Weasley, seu noivo, recusou-se
a recebê-lo.


Agora, olhando para a mulher sentada à sua frente, Dursley estava cem por
cento convencido de que ela nada tinha a ver com o roubo do quadro. Estava
pronto para escrever seu relatório.


- Romano a incriminou falsamente, Senhorita Granger. Mais cedo ou mais tarde
ele alegaria o roubo do quadro e reclamaria o seguro. Você simplesmente apareceu
por acaso no momento oportuno e facilitou-lhe tudo.


Hermione podia sentir seu coração disparar. Aquele homem sabia que ela era
inocente. Provavelmente dispunha de suficientes motivos contra Joe Romano para
inocentá-la. Falaria com o governador, haveria de tirá-la daquele pesadelo,
Descobriu subitamente que tinha dificuldade para respirar.


- Então vai me ajudar?


DudaDursley ficou perplexo.


- Ajudá-la?


- Isso mesmo. Obter um perdão ou...


- Não.


A palavra foi como uma bofetada.


- Não? Mas por quê? Se sabe que sou inocente...


Como as pessoas podiam ser tão estúpidas?


- Meu trabalho está encerrado - murmurou Duda Dursley, indiferente.


Quando voltou a seu quarto no hotel, a primeira providência de Dursley foi
despir-se e entrar debaixo do chuveiro. Esfregou-se da cabeça aos pés, deixando
que a água quente enxaguasse o corpo por quase meia hora. Depois de se enxugar e
vestir, sentou e escreveu seu relatório.


PARA: J. J. Reynolds Relatório N Y-72-830-412


DE: DudleyDursley


ASSUNTO: Deux Femmes dans le Café Rouge, Renoir - óleo sobre Tela


É minha conclusão que Hermione Granger não está absolutamente envolvida no
roubo do quadro acima.


Creio que Joe Romano fez o seguro com a intenção de simular um roubo, cobrar
a apólice e vender o quadro a um colecionador particular. A esta altura, o
quadro provavelmente já se encontra fora do país. Como a obra é bastante
conhecida, eu esperaria que aparecesse na Suíça, onde existe uma lei de proteção
à compra de boa fé. Se um colecionador declarar que comprou uma obra de arte em
boa fé, o governo suíço permite que a mantenha, mesmo sendo roubada.


Recomendação: Como não há prova concreta da culpa de Romano, nosso cliente
terá de pagar. Além disso, seria inútil procurar Hermione Granger para
recuperação do quadro ou a cobrança de indenização, já que ela não tem
conhecimento do quadro nem quaisquer bens para cobrir os prejuízos, ao que eu
pudesse descobrir. Acrescente a isso o fato dela estar encarcerada na
Penitenciária Meridional de Louisiana Para Mulheres, pelos próximos 15 anos.


Dursley fez uma pausa, pensando em Hermione Granger. Calculou que outros
homens poderiam considerá-la bonita. E especulou, sem


qualquer interesse real, o que 15 anos na prisão lhe fariam. Mas não era
relevante.


Dursley assinou o relatório e debateu-se pensando se havia tempo para outro
banho de chuveiro.



Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.