O Prado









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SEMPRE HÁ UM AMANHÃ


 CAPITULO 28


O PRADO


 


Às 10 horas
da manhã seguinte Hermione estava parada na fila comprida à entrada do Museu
do Prado. As portas se abriram, com um guarda uniformizado operando uma roleta,
que só deixava passar um visitante de cada vez.


Ela comprou
um ingresso e acompanhou a multidão para a rotunda grande. Duda e Pereira, o
detetive trouxa, permaneceram bem atrás dela. Duda começou a experimentar um
crescente excitamento. Granger não estava ali como uma visitante comum.
Qualquer que fosse o seu plano, começava a ser executado.


Hermione foi
de sala em sala, andando devagar, passando pelos quadros de Rubens, Ticiano,
Tintoretto e Bosch, contemplando as pinturas de Domenikos Theotokopoulos, que se
tornou famoso com El Greco. Os Goyas estavam em exposição numa galeria
especial embaixo, no andar térreo.


Logo de cara,
Hermione notou que havia um guarda uniformizado postado à entrada de cada sala,
tendo a seu lado um botão de alarme vermelho.


Ela sabia
que, no instante em que o alarme fosse acionado todas as entradas e saídas do
museu seriam fechadas, não haveria a menor possibilidade de escapar.


Mione sentou
no banco no centro da Sala das Musas, repleta de quadros dos mestres flamencos
do século XVIII, deixando o olhar vaguear pelo chão. Avistou dois artefatos
redondos nos lados da porta. Deviam ser os fachos infravermelhos que eram
ligados à noite. Nos outros museus em que visitara, Hermione percebia guardas
sonolentos e desatentos, não prestando muita atenção ao fluxo de turistas
excitados. Mas ali, ela observou, os guardas se mantinham alerta. (Obras de arte
vinham sendo desfiguradas por fanáticos em museus do mundo inteiro e o Prado não
ia correr qualquer risco de que isso se repetisse ali).


Em uma dúzia
de salas diferentes, pintores haviam armado seus cavaletes, se concentrando em
copiar os quadros dos mestres. O museu permitia isso, mas os guardas se
mantinham atentos até aos copiadores.


Depois que
terminou de percorrer as salas no andar principal, Mione desceu para o térreo,
ao encontro da exposição de Francisco de Goya. O detetive trouxa disse a Duda:


- Ela não
está fazendo coisa alguma além de olhar. Acho que...


- Você está
enganado.


Duda começou
a descer a escada apressadamente.


A impressão
de Hermione era de que, a exposição de Goya, estava ainda mais intensamente
vigiada do que o resto. E bem merecia. Uma parede depois de outra se achava
coberta por uma exibição incrível de beleza eterna.


Fascinada,
ela passeava de uma tela para outra, constatando o gênio que o homem fora. O
Auto-Retrato de Goya, fazendo-o parecer um pai de meia-idade... O retrato
colorido refinado da família de Carlos IV... A Senhora Vestida e a famosa
Senhora Desnuda.


E no meio
dessas magníficas obras, estava o Puerto. Hermione parou e contemplou-o
fixamente, o coração batendo forte. Em primeiro plano, havia uma dúzia de
mulheres e homens muito bem vestidos, parados na frente de um muro de pedra,
enquanto ao fundo, vistos através de uma névoa luminosa, havia barcos de pesca
numa enseada e um farol distante. No canto inferior esquerdo do quadro estava a
assinatura, de Goya.


Aquele era o
alvo. Meio milhão de dólares.


Ela olhou ao
redor. Um guarda se mantinha parado à entrada. Além dele, através do corredor
comprido que levava a outras salas, Hermione podia avistar mais guardas. Ela
ficou ali por um longo tempo, estudando o Puerto. Quando começou a se afastar,
um grupo de turistas descia a escada. E Harry estava no meio deles. Mais que
depressa Hermione virou o rosto e saiu pela porta lateral: queria evitar ser
vista por ele.



Será uma corrida, Potter. E irei vencê-la.



- Ela está
planejando roubar um quadro do Prado.


O Comandante
Ramiro olhou para Duda com uma expressão de incredulidade.


- Cagajón!
Ninguém pode roubar um quadro do Prado.


Duda (que
conhecia Hermione e seu segredo) disse, obstinado:


- Ela passou
a manhã inteira lá.


- Nunca houve
um roubo no Prado e nunca haverá. E quer saber por quê? Porque é impossível.


- Ela não
tentará por qualquer dos meios usuais... Deve...- ele parou meio incerto do que
ia dizer (sabia que a ladra usaria de magia pra roubar o Prado, mas o comandante
não podia saber). Até que uma idéia veio-lhe socorrer -... Mandar proteger os
tubos de ventilação do museu, para a eventualidade de um ataque com gás. Se
os guardas tomam café durante o serviço, descubra de onde vem e se pode ser
drogado. Verifique a água que eles bebem...


Os limites da
paciência do Comandante Ramiro estavam esgotados. Já era bastante terrível
que fosse obrigado a aturar aquele americano grosseiro e desgracioso durante a
última semana, desperdiçando homens valiosos para seguir Hermione Granger 24
horas por dia, quando a sua Polícia Nacional operava com um orçamento de
austeridade. Mas agora, diante daquele “pito”, o americano lhe dizendo como
devia dirigir o seu departamento de polícia, ele não podia mais suportar.


- Na minha
opinião, a mulher se encontra em Madri de férias. E estou suspendendo a vigilância.


Duda ficou
aturdido.


- Mas não
pode fazer isso! Hermione está...


Comandante
Ramiro levantou-se, empertigado.


- Hermione é?
Desde quando tem tanta intimidade com um caso? - escarneceu o ser à sua
frente - Não me diga o que posso ou não fazer Sr. Dursley. Esta é a minha
cidade, e eu resolvo as coisas por aqui. - O Comandante Ramiro apontou para
porta num gesto seco. -   E
agora, se não tem mais nada a dizer, queira se retirar, pois sou um homem muito
ocupado.


Duda
continuou onde estava, dominado pela frustração.


- Neste caso,
eu gostaria de continuar sozinho.


O comandante
sorriu.


- Para manter
o Museu do Prado a salvo da terrível ameaça dessa mulher? Mas é claro, Senhor
Dursley! Agora posso dormir tranqüilamente à noite.


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As
possibilidades de sucesso são bastante limitadas, dissera-lhe Sirius. “Será
preciso muita engenhosidade”.


Da sua suíte,
Hermione olhava para a clarabóia do Prado, revendo mentalmente tudo o que
descobrira a respeito do museu.


Ficava aberto
das 10 horas da manhã às 6 da tarde. Os alarmes permaneciam desligados durante
esse período, mas havia guardas em cada entrada e em todas as salas.


Mesmo que
alguém conseguisse retirar um quadro da parede, pensou Hermione, não há
qualquer meio de sair com ele do museu.


Todos os
pacotes eram verificados na saída.


 Ela
estudou o telhado do Prado e considerou a possibilidade de uma incursão
noturna. Havia vários inconvenientes. O primeiro era a estrema visibilidade.
Hermione observara os refletores se acendendo à noite, iluminando o telhado,
tornando-o visível por quilômetros ao redor. E mesmo que pudesse entrar no prédio
sem ser vista, ainda havia os fachos infravermelhos no interior e os vigias
noturnos.


O Prado
parecia inexpugnável.


O que Harry
estaria planejando? Fosse o que fosse, Hermione tinha certeza de que ele faria
uma tentativa de roubar o Goya. “Eu daria qualquer coisa para saber o que ele
tem em sua mente astuciosa.” Mas de uma coisa ela tinha certeza: Não deixaria
que Harry Potter chegasse lá na sua frente. Tinha de encontrar um meio!


 


Ela voltou ao
Prado na manhã seguinte.


Nada mudara,
exceto os rostos dos visitantes. Hermione procurou atentamente por Harry, mas
ele não apareceu; ao que ela pensou: “Ele já imaginou um meio de roubar o
quadro”.


Desgraçado!
Todo aquele seu charme era apenas para me distrair e impedir que eu chegasse
primeiro.


Ela reprimiu
a raiva e substituiu-a pela lógica fria e objetiva.


Foi novamente
se postar diante do Puerto, os olhos vaguearam para as telas próximas, os
guardas alerta, os pintores amadores sentados em bancos diante de seus
cavaletes, os visitantes entrando e saindo da sala. E enquanto olhava ao redor,
seu coração começou a bater mais depressa.


Sei como
poderei fazê-lo!


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Ela fez uma
ligação de uma cabina telefônica na Gran Via.


Duda, parado
na entrada de um café, esperando, daria um ano de salário para saber quem era
a pessoa para a qual Hermione estava telefonando. Ele tinha certeza que era uma
ligação internacional e que ela telefonava a cobrar; assim, não haveria
qualquer registro. Estava também consciente do vestido verde de linho e que as
pernas de Hermione se achavam à mostra. A fim de que os homens possam ficar
olhando, pensou ele. Puta!


Duda foi
dominado por uma raiva intensa.


Na cabina
telefônica, Hermione concluía a conversa:


- Cuide para
que ele seja rápido, Sirius. Terá apenas cerca de dois minutos. Tudo dependerá
da rapidez.


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PARA: J. J.
Reynolds Ficha      N?
Y-72-830-412


DE: Dudley
Dursley      CONFIDENCIAL


 ASSUNTO:
Hermione Jane Granger


 


É minha
opinião que a mulher em questão se encontra em Madri para cometer um grande
ato criminoso. O alvo provável é o Museu do Prado. A polícia espanhola não
quer cooperar, mas eu a manterei pessoalmente sob vigilância e a prenderei no
momento oportuno.


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Dois dias
depois, às nove horas da manhã, Hermione estava sentada num banco nos jardins
do Retiro, o lindo parque que se estende pelo centro de Madri, dando milho aos
pombos. O Retiro, com seu lago e árvores graciosas, gramados bem cuidados e
palcos em miniatura com espetáculos para crianças, era um verdadeiro imã para
os madrilenos.


Mundungo
Fletcher, agora um homem idoso, ainda tinha a mesma bolsa em baixo dos olhos que
lhe dava a impressão de um cão de caçar lebres, foi se aproximando devagar
pelo caminho. Sentou-se no banco, ao lado de Hermione, abriu um saco de pão e
começou a jogar migalhas para os pombos.


- Buenos días, senhorita.


- Buenos días. Acha que há algum problema?


- Nenhum
senhorita. Tudo o que preciso agora é do dia e da hora.


- Ainda não
tenho - respondeu Hermione. - Mas será muito em breve.


Ele sorriu,
um sorriso meio vago ainda.


- A polícia
ficará maluca. Ninguém jamais tentou fazer algo antes.


- É por isso
que dará certo - comentou Hermione presunçosa. - Aguarde notícias minhas.


Ela jogou os
últimos grãos de milho para os pombos e levantou-se. Foi andando, o vestido de
seda balançando de maneira provocante em torno dos joelhos.


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Enquanto
Hermione se encontrava no parque, conversando com Dunga, Duda revistava seu
quarto no hotel.


Observara do
saguão quando Hermione deixou o hotel e se encaminhara para o parque. Ela não
pedira coisa alguma à copa e ele concluíra que saíra para tomar o café da
manhã fora do hotel. Ele esperara meia hora. Entrar na suíte fora uma questão
simples de evitar as camareiras e usar uma gazua.


Sabia o que
estava procurando: uma cópia de um quadro. Não tinha idéia de como a bruxa
planejava efetuar a substituição, mas estava absolutamente convencido de que
esse era o plano dela.


Ele revistou
a suíte com uma eficiência rápida e silenciosa, nada lhe escapando e deixando
o quarto para o final. Revistou o armário, verificando cada vestido, depois
passou para a cômoda. Abriu as gavetas, uma a uma. Estavam cheias de calcinhas,
soutiens e meias-calças. Ele pegou uma calcinha rosa e esfregou contra seu
rosto, imaginando o cheiro suave de carne. A fragrância de Mione estava
subitamente por toda à parte. Ele tornou a guardar a calcinha e examinou
rapidamente as outras gavetas. Nenhum quadro.


Duda foi para
o banheiro. Havia gotas de água na banheira.


O corpo dela
estivera deitado ali, coberto de água tão quente quanto o útero. Ele
visualizou-a, nua, a água lhe acariciando os seios, os quadris ondulando, para
cima e para baixo. Sentiu o início de uma ereção. Levantou a toalha úmida da
banheira, levando-a aos lábios. O odor do corpo de Hermione envolveu-o,
enquanto baixava o zíper da calça. Esfregou um sabonete úmido na toalha e
usou-a para se masturbar, diante do espelho, fitando seus olhos ardentes.


Saiu poucos
minutos depois, tão discretamente quanto chegara, e seguiu direto para uma
igreja próxima.


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Na manhã
seguinte, quando Hermione deixou o Ritz, Duda seguiu-a. Havia uma intimidade
entre eles que não existira antes. Ele agora conhecia o cheiro dela; vira-a no
banho, contemplara seu corpo nu a se mexer na água quente. Hermione lhe
pertencia completamente; era sua para destruir. Observou-a caminhar pela Gran
Via, parando para admirar as mercadorias oferecidas nas vitrines, seguindo-a
pelo interior de uma grande loja de departamentos, tomando cuidado para
permanecer fora de vista. Viu-a falar com uma vendedora e depois se encaminhar
em direção ao banheiro das mulheres. Duda parou perto da porta, frustrado. Era
o único lugar para onde não podia segui-la.


Se ele
houvesse entrado, teria visto Hermione falando com uma mulher muito gorda, de
meia-idade.


- Amanha -
disse Hermione, enquanto aplicava batom nos lábios, diante do espelho. - Amanhã
de manhã, às onze horas.


A mulher
sacudiu a cabeça.


 -
Não, senhorita. Ele não gostará disso. Não poderia escolher um dia pior. O
Príncipe de Luxemburgo chega amanhã em visita oficial e os jornais dizem que
irá ao Museu do Prado. Haverá guardas de segurança extras e a polícia estará
por todo o museu.


- Quanto
mais, melhor. Amanhã.


Hermione saiu
pela porta e, a mulher ficou olhando para ela,
murmurando:


-
La ninã es loca...


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A comitiva
real deveria chegar ao Prado pontualmente às 11 horas. As ruas ao redor do
museu haviam sido bloqueadas pela Guarda Civil. Mas, por causa de um atraso na
cerimônia no Palácio presidencial, a comitiva só chegou perto de meio-dia.


Soaram
sirenes, enquanto as motocicletas da polícia apareciam, escoltando meia dúzia
de limusines pretas até à escadaria na frente do Prado.


À entrada, o
diretor do museu, Christian Machada, aguardava nervosamente a chegada de Sua
Alteza. Machada efetuara uma inspeção cuidadosa naquela manhã para
certificar-se de que tudo se achava em ordem. Os guardas haviam sido avisados
para se manterem especialmente alerta. O diretor tinha orgulho de seu museu e
queria causar uma boa impressão no príncipe.


Nunca faz mal
ter amigos nos lugares mais altos, pensou Machada. Quem sabe? Eu posso até ser
convidado a jantar com Sua Alteza esta noite, no palácio presidencial.


O único
pesar de Christian Machada era a impossibilidade de reprimir as hordas de
turistas que circulavam pelo museu. Mas os guarda-costas do príncipe e os
seguranças do museu garantiriam uma proteção adequada. Tudo estava pronto.


A excursão
real começou pelo andar superior, o principal. O diretor concedeu uma recepção
efusiva a Sua Alteza e escoltou-o, seguido por guardas armados, através das
rotundas, entrando nas salas em que se encontravam em exposição os pintores
espanhóis do século XVI: Juan de Juanes, Pedro Machuca, Fernando Yánhez.


 O
príncipe andava devagar, deleitando-se com o banquete visual que lhe era
oferecido. Era um patrono das artes e amava sinceramente os pintores que podiam
fazer o passado adquirir vida e permanecer eterno. Não tendo pessoalmente
qualquer talento para a pintura, o príncipe mesmo assim invejava os pintores
que se postavam diante de seus cavaletes, tentando absorver centelhas do gênio
dos mestres.


Depois que o
grupo oficial visitara os salões superiores, Christian Machada disse,
orgulhosamente:


- E agora, se
Sua Alteza me permite, eu o levarei à nossa exposição de Goya lá embaixo.


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Hermione
passara uma manhã exasperante. Quando o príncipe não chegara ao Prado no horário
marcado, às 11 horas, ela começara a entrar em pânico. Todos os seus planos
haviam sido formulados com uma exatidão de segundos, mas precisava do príncipe
para executá-los.


 


Ela foi de
sala em sala, misturando-se com os visitantes, tentando evitar qualquer atenção.
Ele não virá, pensou Hermione, finalmente. Terei de cancelar a operação. E
foi nesse momento, de maximo desespero,  que ela ouviu o barulho das sirenes se aproximando pela rua.


Observando
Hermione da sala ao lado, Duda também ouviu as sirenes. A razão lhe dizia que
era impossível para qualquer pessoa roubar um quadro do museu, mas o instinto
garantia que Hermione tentaria... E Duda confiava em seu instinto. Ele chegou
mais perto dela, escondido pelas multidões. Tencionava mantê-la sob sua vista
durante todo o tempo.


Hermione se
achava na sala ao lado daquela em que o Puerto estava em exposição. Através
do portal, ela podia ver cão de caçar lebres, Dunga, sentado diante de um
cavalete, copiando a Senhora Vestida de Goya, pendurado ao lado do Puerto. Um
guarda se encontrava parado a um metro de distância. Na sala com Hermione, uma
pintora se postava diante de seu cavalete, copiando meticulosamente A Leiteira
de Bordeaux, tentando capturar os marrons e verdes brilhantes da tela de Goya.


Alguns
turistas japoneses entraram na sala, falando rapidamente, como um grupo de aves
exóticas. Agora!, Disse a si mesma. Aquele era o momento pelo qual esperava.
Seu coração batia tão alto que teve medo que o guarda pudesse ouvir. Ela saiu
do caminho dos japoneses que se aproximavam, recuando na direção da pintora.
Quando um japonês passou por perto, Hermione caiu para trás, como se tivesse
sido empurrada, esbarrando na mulher e derrubando-a, assim como seu cavalete,
tela e tintas.


 -
Oh, lamento profundamente - exclamou Hermione em tom compungido. - Deixe-me ajudá-la!


 Enquanto
ela se adiantava para ajudar a atordoada pintora, seus calcanhares pisaram nos
tubos espalhados, as tintas manchando o chão. Duda, que a tudo observava,
adiantou-se apressadamente, todos os sentidos alerta. Tinha certeza de que o
primeiro movimento acabara de ser executado. O guarda se aproximou, gritando:


- Qué pasa?
Qué pasa?


O acidente
atraíra a atenção dos turistas, que se concentraram em torno da mulher caída,
espalhando as tintas dos tubos pisados em imagens grotescas pelo assoalho de
madeira de lei.


Era uma horrível
confusão e o príncipe deveria aparecer a qualquer momento. O guarda entrou em
pânico e gritou:


- Sergio! Ven
acá! Pronto!


Hermione
observou quando o guarda da sala ao lado veio correndo para ajudar. Mundungo
Fletcher ficou sozinho na sala com o Puerto.


Hermione se
achava bem no meio do tumulto. Os dois guardas tentavam em vão afastar os
turistas da área do assoalho toda manchada de tinta.


- Vá chamar
o diretor! - berrou Sergio. - En seguida!


O outro
guarda afastou-se apressadamente para a escada. Que birria! Que trapalhada!


Dois minutos
depois, Christian Machada estava no local do desastre. O diretor lançou um
olhar horrorizado para a cena e prontamente gritou:


- Tragam
algumas faxineiras para cá... Depressa! Com panos de chão, água e
terebintina! Pronto!


Um jovem
assistente correu para cumprir a ordem. Machada virou-se para Sergio e disse-lhe
bruscamente:


- Vá para o
seu posto!


- Pois não,
senhor.


Hermione
observou o guarda abrir caminho pela multidão, a caminho da sala em que Dunga
trabalhava.


Duda não
desviara os olhos dele por um instante sequer.


Esperava pelo
próximo movimento. Mas não houve. Ela não se aproximara de qualquer quadro, não
fizera contacto com nenhum cúmplice. Apenas derrubara um cavalete e derramara
algumas tintas pelo assoalho. Mas ele tinha certeza que isso fora feito
deliberadamente. Mas com que objetivo? Duda tinha a impressão de que o plano,
qualquer que fosse, já fora executado, de alguma forma. Ele correu os olhos
pelas paredes da sala. Nenhum dos quadros estava faltando; seguiu apressadamente
para a sala ao lado. Não havia ninguém ali, além do guarda e de um idoso,
sentado diante de seu cavalete, copiando a Senhora Vestida. Todos os quadros se
encontravam em seus lugares. Mas alguma coisa estava errada. Disso, Duda não
tinha menor dúvida.


Ele se
aproximou rapidamente do angustiado diretor, com quem já conversara
anteriormente, e disse-lhe:


- Tenho
motivos para acreditar que um quadro foi roubado daqui nos últimos minutos.


Christian
Machada olhou para o americano de olhos desvairados.


- Mas do que
está falando? Se isso tivesse acontecido, os guardas acionariam o alarme.


- Acho que de
alguma maneira um quadro falso substituiu um verdadeiro.


O diretor
concedeu-lhe um sorriso tolerante.


- Há uma
coisinha errada com sua teoria, senhor. O fato não é conhecido do público em
geral, mas há sensores escondidos por trás de cada quadro. Se alguém tentasse
remover um quadro da parede... o que certamente seria necessário fazer para pôr
um quadro falso no lugar... o alarme soaria instantaneamente.


Mas Duda não
ficou satisfeito.


- Seu alarme
não poderia ser desligado?


- Não. Se
alguém cortasse o fio elétrico, isso também acionaria o alarme. Senhor, é
impossível roubar um quadro deste museu. Nossa segurança é o que os
americanos gostam de chamar de infalível.


tremendo de
frustração, Duda permaneceu onde estava,. Tudo o que o diretor dissera era
convincente. Parecia mesmo impossível. Mas então por que Hermione derrubara
deliberadamente aquelas tintas? Ainda não se sentia disposto a desistir.


- Poderia
fazer o favor de pedir a seus assistentes para verificarem se não está
faltando alguma coisa no museu? Estarei em meu hotel aguardando uma resposta.


Não havia
mais nada que ele pudesse fazer.


Christian
Machada telefonou para Duda às sete horas daquela noite.


- Efetuei
pessoalmente uma inspeção, senhor. Não falta nada do museu.



Então está acabado. Aparentemente, fora um acidente. Mas
Duda, com o instinto de um caçador, sentia que sua presa tornara a escapar.



 


Harry tornou
a convidar Hermione para jantar no restaurante principal do Ritz Hotel.


- Você está
parecendo especialmente radiante esta noite - elogiou-a.


- Obrigada.
É que eu me sinto absolutamente maravilhosa.


- É a
companhia. Vamos juntos para Barcelona na próxima semana, Mione. É uma cidade
fascinante. Você adoraria...


- Lamento,
Harry, mas não posso. Estou deixando a Espanha.


- É mesmo? -
A voz dele era pesarosa. - Quando?


- Dentro de
poucos dias.


- Ahn...
Estou desapontado.



E ficará ainda mais desapontado quando souber que eu
roubei o Puerto, pensou Hermione satisfeita. Ela se perguntou como ele
planejara roubar o quadro. Não que isso tivesse mais qualquer importância.
Fui mais esperta do que o menino-que-sobreviveu. Contudo, por alguma razão
inexplicável, um tênue vestígio de pesar, se infiltrava em seu bom-humor.



 


Christian
Machada se encontrava sentado em seu escritório, tomando a sua xícara matutina
de café forte e se dando os parabéns pelo sucesso da visita do príncipe.
Exceto pelo lamentável incidente das tintas derramadas, tudo correra exatamente
de acordo com o planejado. Sentia-se grato pelo príncipe e sua comitiva terem
sido desviados até que a sujeira fosse limpa. O diretor sorriu ao pensar no
investigador americano idiota que tentara convencê-lo de que alguém roubara um
quadro do Prado. Não ontem, não hoje, não amanhã, pensou ele, presunçosamente.


Sua secretária
entrou na sala nesse momento.


- Com licença,
senhor. Há um homem aqui desejando lhe falar. Pediu-me para lhe entregar isto.


Ela entregou
uma carta do diretor. Era no papel timbrado de um museu de Genebra.


Meu Estimado
Colega:


Esta carta
visa a apresentar Monsieur Gideroy Lockarth, nosso maior perito em arte.
Monsieur Lockarth que realiza uma excursão pelos museus do mundo está
particularmente ansioso em ver a sua coleção incomparável. Eu agradeceria
todas as cortesias que pudesse lhe oferecer.


A carta
estava assinada pelo diretor do museu de Genebra.


Mais cedo ou
mais tarde, pensou o diretor do Prado, feliz, todos vêm a mim.


- Mande-o
entrar.


Gideroy,
continuava exatamente igual ao que era antes de passar uma temporada
desmemoriado no St. Mungus. Os cabelos loiros reluzentes e um sorriso que
mostrava mais dente do que se é possível ter. Mas uma coisa realmente mudara
ele: a descoberta de um talento melhor que desmemoriar as pessoas. Gideroy era
um exelente ator, e usava dessa habilidade para passar a pernas em trouxas e
bruxos.


Quando se
apertaram as mãos, Machada notou que o visitante tinha um grande anel, com uma
opala resplandecente, na mão esquerda. Muito Cerimonioso, Lockart disse:


- Agradeço a
sua gentileza. É a primeira oportunidade que tenho de visitar Madri e estou
ansioso em conhecer as suas renomeadas obras de arte.


Christian
Machada respondeu, modestamente:


- Creio que não
ficará desapontado, Monsieur Lockart. Por favor, acompanhe-me. Eu o escoltarei
pessoalmente.


Eles se
deslocaram lentamente pela rotunda, com seus mestres flamencos, Rubens e seus
seguidores, visitaram a galeria, com os mestres espanhóis. Gideroy estudou cada
quadro atentamente. Os dois homens falavam como peritos, avaliando o estilo,
perspectiva e senso de cor dos vários artistas (Hermione ensina isso tudo para
ele).


- E agora -
disse o diretor do Prado - vamos ao orgulho da Espanha.


Ele conduziu
o visitante para baixo, até a galeria repleta de Goyas.


- É um
banquete para os olhos! - exclamou Lockart, impressionado. - Por favor,
deixe-me ficar parado por um momento, em silêncio, só contemplando!


Christian
Machada esperou, feliz com a reverência do homem.


- Nunca vi
nada tão espetacular - murmurou. Andando lentamente pela galeria, Lockart
estudava um quadro de cada vez. - O Sabá das Feiticeiras. Brilhante!


Eles seguiram
adiante.


-
Auto-Retrato de Goya... fantástico!


Christian
Machada estava radiante. Pararam em frente ao Puerto.


- Uma
excelente cópia.


Ele começou
a se afastar. O diretor agarrou-o pelo braço.


- Como? O que
foi mesmo que disse, senhor?


- Disse que
é uma excelente cópia.


- Está
completamente enganado.


O diretor
sentia-se profundamente indignado.


- Não creio.


- Claro que
está - insistiu Machada, rigidamente. - Posso lhe garantir que o quadro é genuíno.
Tenho a proveniência. 


Gideroy
aproximou-se do quadro e examinou-o mais atentamente.


- Então a
proveniência também foi falsificada. Este quadro foi feito pelo discípulo de
Goya, Eugenio Lucas y Padilla. Deve saber, é claro, que Lucas pintou centenas
de falsos Goyas.


- Claro que
sei disso - respondeu Machada, asperamente. - Mas este não é um deles.


Com um
displicente dar de ombros, Lockart concordou.


- Eu me curvo
a seu julgamento.


Ele fez menção
de se afastar.


- Comprei
este quadro pessoalmente. Foi submetido ao teste do espectrógrafo, ao teste de
pigmentos...


- Não duvido
disso. Lucas pintou no mesmo período de Goya e usou os mesmos materiais. -
inclinou-se para examinar a assinatura no fundo do quadro. - Pode se certificar
com muita facilidade, se desejar. Leve o quadro para a sua sala de restauração
e teste a assinatura.


Ele riu,
divertido, antes de acrescentar:


- O ego de
Lucas levava-o a assinar seus próprios quadros, mas a bolsa forçava-o a
falsificar o nome de Goya por cima do seu, aumentando o preço
consideravelmente. - Gideroy olhou para seu caro relógio. - Peço que me
perdoe. Eu não tinha idéia de que era tão tarde. Infelizmente, já estou
atrasado para um compromisso. Muito obrigado por partilhar comigo os seus
tesouros.


- Não foi
nada - disse o diretor, friamente.


O homem é
obviamente um idiota, pensou ele.


- Estou no
Villa Magna, se precisar de alguma coisa. E novamente obrigado, senhor.


Christian
Machada ficou observando-o a se afastar. Como aquele idiota se atrevia a
insinuar que seu Goya era falso? Ele virou-se para observar o quadro novamente.
Era uma obra-prima. O diretor inclinou-se para examinar a assinatura de Goya.
Absolutamente normal.


Mesmo
assim... seria possível? A pequena semente de dúvida recusava-se a sumir.
Todos sabiam que o contemporâneo de Goya,
Eugenio Lucas y Padilla, pintara centenas de
falsos Goyas,
construindo
uma carreira nessa base. Machada pagara três milhões e meio de dólares pelo
Puerto de Goya. Se ele fora enganado, seria um descrédito terrível, algo que não
suportava sequer pensar.


O tal Lockart
dissera uma coisa que fazia sentido: havia de fato um meio simples de comprovar
a autenticidade. Testaria a assinatura e depois telefonaria para o lunático,
sugerindo polidamente que talvez ele devesse procurar uma vocação mais
apropriada.


O diretor
chamou seu assistente e ordenou que o Puerto fosse levado para a sala de
restauração.


O teste de
uma obra-prima é uma operação extremamente delicada, pois pode destruir, se
houver qualquer negligência, algo de valor inestimável e insubstituível.


Os
restauradores do Prado eram peritos, quase todos pintores malsucedidos que
haviam optado pelo trabalho de restauração a fim de poderem permanecer próximos
de sua amada arte. Começavam como aprendizes, estudando com os mestres
restauradores, trabalhavam por anos antes de se tornarem assistentes e terem
permissão para manipular obras-primas, sempre sob a supervisão do restaurador
sênior.


Juan Delgado,
o homem no comando da restauração de arte no Prado, colocou o Puerto numa
estante de madeira especial, enquanto Christian Machada observava.


- Quero que
teste a assinatura - informou o diretor.


Delgado
disfarçou a sua surpresa.


- Sim, Senhor
Diretor.


Ele despejou
álcool isopropilo numa pequena mecha de algodão e pôs na mesa ao lado do
quadro. Despejou numa segunda mecha petróleo destilado, o agente neutralizador.


- Estou
pronto, senhor.


- Pois então
pode começar. Mas tome todo cuidado.


Machada
descobriu subitamente que lhe era difícil respirar. Observou Delgado pegar a
primeira mecha de algodão e encostar gentilmente no G da assinatura de Goya. No
mesmo instante, Delgado pegou a segunda mecha e neutralizou a área, a fim de
evitar que o álcool penetrasse mais profundamente. Os dois homens examinaram a
tela. A primeira letra se desbotara um pouco. Delgado franziu o rosto.


- Lamento,
senhor, mas ainda não dá para dizer. Preciso usar um solvente mais forte.


- Está
certo.


Delgado abriu
outro vidro. Cuidadosamente despejou dimentilpentona em outra mecha de algodão
e tocou-a novamente na primeira letra da assinatura, aplicando imediatamente em
seguida a outra mecha. A sala ficou impregnada do odor penetrante dos agentes químicos.
Christian Machada se mantinha imóvel, olhando fixamente para o quadro, incapaz
de acreditar no que estava vendo. O G no nome de Goya estava-se desvanecendo,
surgindo em seu lugar um L, perfeitamente visível. Delgado virou-se para o
diretor, o rosto muito pálido.


- Devo...
devo continuar?


- Deve -
balbuciou Machada, a voz rouca. - Continue.


Lentamente,
letra a letra, a assinatura de Goya se diluiu sob a aplicação do solvente,
dando lugar à assinatura de Lucas.


Cada letra
era um golpe violento no estômago de Machada. Ele, o diretor de um dos museus
mais importantes do mundo, fora enganado. O conselho curador tomaria
conhecimento; o Rei da Espanha seria informado; o mundo ficaria a par. Estava
arruinado.


Christian
Machada voltou quase cambaleando a seu escritório e, telefonou para a Villa
Magna. Em duas horas os dois homens estavam sentados na sala de Machada.


- Você tinha
razão - murmurou o diretor. - É um Lucas. Quando a notícia se espalhar, eu me
tornarei o alvo dos risos gerais.


- Lucas já
enganou muitos peritos - comentou Gideroy,no seu melhor estilo confortador. -
Acontece apenas que suas falsificações são um hobby meu.


- Paguei três
e meio milhões de dólares por aquele quadro.


Machada
recebeu uma encolhida de ombros como resposta.


- Pode
recuperar seu dinheiro?


O diretor
sacudiu a cabeça, desesperado.


- Comprei-o
diretamente de uma viúva, que afirmou estar o quadro na família de seu marido
há três gerações. Se eu a processasse, o caso se arrastaria
interminavelmente pelos tribunais, haveria uma publicidade perniciosa. Tudo
neste museu se tornaria suspeito.


Gideroy, com
muito cuidado, deu a sua idéia.


- Não há
realmente motivo para qualquer publicidade. Por que não explica a seus
superiores o que aconteceu e se livra discretamente do Lucas? Pode mandar o
quadro para a Sotheby's ou Christie's, deixar que o vendam em leilão.


Machada
tornou a sacudir a cabeça.


- Não. O
mundo inteiro saberia assim do que aconteceu.


- Talvez você
esteja com sorte. Lembro-me agora de um cliente que poderia comprar o Lucas. -
explicou ele, como se acabasse de ter a idéia - Ele os coleciona. E é um homem
discreto.


- Eu teria o
maior prazer em me livrar dele. Nunca mais quero vê-lo. Uma falsificação
entre os meus lindos tesouros! - Uma pausa e o diretor acrescentou, amargurado.
- Eu gostaria até de dá-lo de presente


- Isso não
será necessário. Meu cliente provavelmente estará disposto a pagar... digamos
uns cinqüenta mil dólares. Posso fazer um telefonema?


- É muita
gentileza sua, Senhor Lockart. à vontade.


Numa reunião
convocada às pressas, os atordoados curadores do Prado decidiram que era
preciso evitar a qualquer custo a exposição de um dos valiosos quadros do
museu como uma falsificação. Ficou acertado que a ação mais prudente era se
livrarem discretamente do quadro, o mais depressa possível. Os homens de ternos
escuros saíram da sala em silêncio. Ninguém falou com Machada, que permaneceu
parado a um canto, tremendo em seu desespero.


Uma transação
foi concluída naquela tarde. Lockart foi ao Banco da Espanha e voltou com um
cheque visado no valor de 50 mil dólares. O Eugenio Lucas y Padilla foi-lhe
entregue, embrulhado numa lona discreta.


- O conselho
ficaria consternado se o incidente se tornasse público - disse Machada,
delicadamente. - Mas eu garanti que seu cliente é um homem discreto.


- Pode contar
com isso.


Deixando o
museu, ele pegou um táxi para um bairro residencial ao norte de Madri, subiu
uma escada com a tela, para um apartamento no terceiro andar. Bateu na porta.
Foi aberta por Hermione. Atrás dela estava Dunga. Hermione olhou inquisitiva
para Lockart (como ele pode ser ainda mais bonito?) e ele sorriu.


- Eles
estavam ansiosos em se livrarem disto! - informou, jovialmente.


Hermione abraçou-o.


- Entre.


Dunga pegou o
quadro e colocou-o sobre uma mesa.


- Agora -
disse ele - vocês, vão testemunhar um milagre... um Goya que renasce.


Ele pegou a
varinha e com um aceno delicado, um floreio estranho, uma luz branca saiu da
ponta e se dirigiu diretamente para onde estava a assinatura de Lucas;
Gradativamente, a assinatura de Lucas foi-se apagando. Por baixo estava a
assinatura de Goya.


Lockart
observava fixamente e murmurou:


 -
Brilhante!


 -
A idéia foi da Senhorita Granger - admitiu Dunga. - Ela perguntou-me se seria
possível cobrir a assinatura original do pintor com uma falsa assinatura e
depois cobrir tudo com o nome original.


- Mas foi ele
quem imaginou como isso poderia ser feito - acrescentou Hermione, sorrindo.


Dunga disse,
modestamente:


- Foi
ridiculamente simples. Não levou mais do que dois minutos. O truque estava no método
que usei. Primeiro, com um feitiço, cobri a assinatura de Goya a fim de protegê-la.
Depois, por cima eu colei o nome de Lucas,que estava previamente pronto. Depois
passei o mesmo feitiço de proteção e colei o nome de Goya do mesmo modo. 
Quando a assinatura de cima foi removida, apareceu o nome de Lucas. Se
eles seguissem adiante, descobririam que a assinatura original de Goya estava
escondida por baixo. Mas é claro que eles não se lembraram de fazer isso.


Hermione
entregou a cada homem um envelope recheado e disse:


- Quero
agradecer muito aos dois.


- A qualquer
momento que precisar de um perito em arte, estou às ordens - disse Gideroy
Lockart, piscando um olho.


Dunga
perguntou:


- Como
planeja tirar o quadro do país? Correio-Coruja?


- 
Não. Um mensageiro virá buscá-lo aqui. Espere por ele.


Hermione
apertou as mãos dos dois homens e saiu. Voltando para o Ritz; estava dominada
por uma sensação de exultação. Tudo era uma questão de psicologia, pensou
ela. Desde o início ela compreendera que seria impossível roubar o quadro do
Prado.


Portanto,
tivera de enganá-los, colocá-los num estado de espírito em que tomariam a
iniciativa de se livrarem do quadro. Hermione visualizou a cara de Harry ao
saber que ela fora mais esperta do que ele e soltou uma risada.


Ela esperou
em sua suíte no hotel pelo mensageiro. Assim que ele chegou, telefonou para
Dunga.


 -
O mensageiro está aqui comigo - disse-lhe Hermione, com uma voz objetiva - Vou
mandá-lo buscar o quadro agora. Cuide para que ele...


- Como? -
gritou Dunga. - Do que está falando? Seu mensageiro levou o quadro à meia hora


 


 





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