Largo Grimmauld, 12

Capítulo 14

Harry não respondeu, apenas acenou com a cabeça. Aos poucos, todos foram cumprimentando-o, restando por fim, Lupin:
- É bom te ver de novo Harry – disse abraçando-o.
- Digo o mesmo.
- Harry, escuta... eu sei que vai ser muito difícil voltar a um lugar onde as lembranças de Sirius estão tão vivas, tão recentes. Não está sendo fácil pra todos nós, mas não há lugar mais seguro pra Ordem do que o Largo. Queria que você soubesse que se precisar, pode contar conosco.
- Obrigado professor, mas eu vou ficar bem, não precisa se preocupar. Onde deixo minhas coisas? – mudou de assunto
- Peça pra Tonks te mostrar – respondeu virando-se pra Hermione – Vejo que está cada dia mais bonita Hermione. Como está passando?
- Bem, professor. – disse retribuindo o abraço de Lupin
- E seus pais, onde estão? Preciso falar com eles antes.
- Eu te mostro. – O conduziu até a sala de visitas, onde o Sr. e a Sra. Granger conversavam animadamente.
- Mãe, pai? – interrompeu – o prof. Lupin gostaria de falar com vocês. Vou lá em cima terminar de arrumar as coisas – saiu deixando por fim os três na sala.
Ela sentiu-se triste. Não sabia ao certo, mas sentia como se fosse à última vez que veria seus pais. Seu coração apertou, e ela sentiu medo de que algo acontecesse – “Vai ficar tudo bem” – dizia sua consciência, não muito convincente no momento. Abriu a porta de seu quarto e quase morreu de susto com Tonks do lado de dentro:
- Tonks?! Quer me matar de susto é? - falou, levando as mãos ao peito.
- Desculpa Mione! Nossa, seu quarto é demais! –observava Tonks deslumbrada
- Obrigada...
- Escuta Mione... E você e o Harry, como estão? Afinal, vocês estão juntos agora né? - Hermione congelou. Como Tonks podia saber disso? Olhou-a com o rosto corado. – Você deve estar se perguntando como eu sei disso né? Achei sinceramente que você era mais esperta Mione.... – disse num tom divertido – Você acha mesmo que Harry passaria um dia inteiro andando pelas ruas com você, sem a guarda por perto?
- Não tinha pensado nisso. Escuta Tonks, quem mais sabe disso? – perguntou fingindo inocência. “Já pensou se algum Weasley tiver visto?”
- Só eu e o Lupin... Por quê? – perguntando já suspeitando da resposta.
- É só que bem... Ninguém pode saber Tonks, pelo menos por enquanto! Não fala nada pra ninguém, me promete?
- Claro Mione! Mas antes tenho que te dar os parabéns... Você e Harry formam um belo casal... Vê se cuida bem dele tá?
- Pode deixar... – disse num tom mais aliviado. – Vamos? Quero me despedir dos meus pais...
Saíram do quarto sem pressa. Tonks dirigiu-se até o carro, enquanto Hermione procurava por seus pais.

- Mãe, pai? – chamou quando pode avistá-los no quarto. Aparentemente a conversa com Lupin não tinha sido muito boa, pois sua mãe encontrava-se chorando.
- Mãe... O que aconteceu? O que o Lupin te disse?
- Mione... É verdade que você pode não voltar? – perguntou aos prantos. O coração de Hermione pareceu parar por um momento. Sabia que Lupin iria esclarecer a situação a seus pais, era necessário, afinal eles também corriam riscos, mas desejou que ele não o tivesse feito.
- É verdade sim mãe.
- Mione... Você pode ficar. Você sabe disso. Talvez Hogwarts não seja o melhor lugar pra você... Com essa guerra tão próxima... Não acho que você deva participar disso. Quero dizer: Você está correndo risco de vida! – disse seu pai desesperado. Hermione não conseguia acreditar no que ouvia. Seu pai queria que ela fugisse?
- Não esperava ouvir isso de você pai... Entendo que queira me proteger, mas eu não vou fugir disso, não mesmo. O senhor mesmo me ensinou que se deve encarar os desafios com a cabeça erguida, e é isso que farei. Não se preocupem, ficarei bem. Vocês ainda sentirão muito orgulho de mim – disse por fim, com os olhos cheios de lágrimas.
- Mione... já somos eternamente orgulhosos de você, não se esqueça. – pronunciou-se a Sra. Granger – Se cuida tá?
- Pode deixar – despediu-se dos dois com um longo abraço e encaminhou-se ao carro, as lágrimas escorrendo livremente por seu rosto.
- Não estão esquecendo de nada, estão? – perguntou Moody, sempre atento a todos os lados da rua. Harry e Hermione simplesmente acenaram com a cabeça, negando.
- Agora escutem – dizia Lupin com um tom de quem tem pressa – Inicialmente iremos de carro, mas ao anoitecer seguiremos com as vassouras. As malas de vocês ficarão no carro, Quim as levará para a sede depois. Entrem no carro, não temos muito tempo.
A “viagem” seguiu-se silenciosa. Harry queria conversar com Mione, mas ela demonstrava que não queria conversar naquele momento, queria apenas um momento com seus pensamentos. Horas e horas se passavam e não lhe parecia que chegariam tão cedo. Quando anoiteceu completamente, o carro tomou um novo rumo, dirigindo-se a um beco escuro. Pararam por alguns minutos até que Moody disse:
- Harry, pegue sua vassoura. – Harry obedeceu, retirou sua vassoura do malão – Prestem atenção. Hermione, você irá com Harry, mantenha sua varinha em mãos. Aos outros: O esquema de proteção será o mesmo que o do ano passado. Fiquem sempre atentos, varinha em punhos. Caso ocorra algo, algum de nós deve descer com Harry e Hermione e conduzi-los a um local seguro. Entenderam?
Hermione odiava voar, Harry tinha consciência disso. Lembrou-se de quando foram salvar Sirius montando em Bicuço; ela morria de medo de cair. Antes de dar o impulso para o ar, Harry disse baixo:
- Não precisa ficar com medo viu? Não vou deixar nada te acontecer. Apenas segure-se firme em mim ok? – ela respondeu com um sorriso e firmou seus braços no abdômen de Harry, antes de alçarem vôo. Naturalmente, quanto mais subiam mais sentiam o frio, e Hermione arrependeu-se profundamente de ter escolhido uma blusa de alça. Os membros da ordem formavam um círculo em volta dos dois, protegendo-os nas laterais, enquanto outros se encontravam abaixo deles. Ela perdera a noção do tempo. Sentia-se congelar e só torcia pra que chegassem logo. Muito tempo depois, começaram a descer, sob o comando de Lupin. Quando se encontravam no Largo, puderam ver a casa numero 12 surgindo entre as demais. O estômago de Harry deu cambalhotas seguidas. Podia sentir a presença de Sirius cada vez mais próxima de si, e não sabia se ficava feliz ou triste com isso. Observou Moody dar uma batida na porta com a varinha e pôde ouvir novamente a sucessão de ruídos metálicos por trás da porta. Mergulharam na escuridão da entrada e seguiram em direção à cozinha, onde se encontravam os outros.
- Arthur, eles chegaram! – anunciou a Sra. Weasley – Harry querido, como você está? – Não houve tempo pra responder, pois ela já o abraçava daquela maneira que só a Sra. Weasley era capaz. Vejo que está com um ar mais saudável que o das férias passadas... Isso é bom! – Ela virou-se pra abraçar Hermione e fazer mil e uma perguntas a ela. Cumprimentou o Sr. Weasley, Gui, Carlinhos e os demais que se encontravam na cozinha.
- Que bom que chegaram bem... Quero apresentar um novo membro da ordem, esperem um minuto. - Dirigiu-se a uma sala próxima e voltou à cozinha, acompanhada por ninguém mais, ninguém menos que Vitor Krum.
- Vítor?! - exclamou Hermione ainda incrédula. Vitor Krum, na ordem? Não estava entendendo nada. Olhou pra Harry, que não parecia estar nem um pouco feliz com a presença de Krum – O que você tá fazendo aqui??

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