O que deveria ser...

Capitulo 20 – O que deveria ser...

Ver aquele brilho rubro luminoso no meio da tempestade foi um alívio. Draco correu até a escadaria, Gina estava encolhida... estava abraçando as pernas e sua cabeça estava enfiada entre os joelhos. Seu corpo estava ligeiramente apoiado na lateral de pedra que formava o corrimão da escadaria.
- Virgínia Weasley! O que você está fazendo aí? – gritou o garoto enquanto aproximava-se correndo. – Vamos... vamos pra casa.
A ruiva parecia não ter escutado, nem ao menos ter notado a presença de Draco.
- Anda logo! Está frio e chovendo! Pare de fazer drama e vamos embora! – Bradou o garoto colocando a mão no ombro da garota – Às vezes eu acho que você tem um prato de macarrão no lugar do cérebro!

***

“Frio. Estava extremamente frio... O frio congelava meus ossos, por que acho que minha musculatura já congelou... não consigo me mover... não que eu queira, talvez se eu me mover, fique mais frio ainda. Não estou vendo nada, nem sei ao menos se meus olhos estão abertos... se estão... eu não consigo mais controlá-los... Virgínia Weas... Eu devo estar delirando... juro ter ouvido a voz de Draco... Mas é claro que é um delírio, ele não estaria tomando chuva...
O vento cortante parece não estar ajudando muito... está ficando difícil respirar... esse ar gelado está rasgando minhas vias aéreas e meus pulmões. Eu acho que você tem um prato de macarrão no lugar do cérebro! Draco? Draco, é você? Por que eu não consigo falar? Draco! Você está aí...? Macarrão? Draco, o que você está dizendo?
Sua mão está quente, Draco... Você tocou meu ombro... eu consigo sentir... mas não consigo me movimentar...
Agora está quente, eu não sinto mais o chão gelado embaixo de mim, eu sinto estar em seus braços... é um delírio, é minha imaginação, é um sonho... ou é de verdade? Esse calor é real... eu sinto... Como você está quente, Draco, você não está com febre? Ou sou eu que realmente estou tão gelada... Não... não é verdade, não pode ser, sempre fui quente como o fogo... e você? Sempre gelado como o gelo... não faz sentido... nada faz mais sentido... Minha cabeça dói...
Gina, só não morre, não agora! Eu não estou afim de ser acusado da sua morte... Fica tranqüila, já estamos indo embora... É reconfortante estar nos seus braços... é tão quente... por que não consigo te dizer o quanto estou feliz de estar aqui? Você está cansado? Estou sentindo sua respiração ofegante... Me desculpe, Me desculpe? Draco? Me desculpe, assim era para ser melhor... As coisas não deveriam estar seguindo esse rumo... Eu não sei o que fazer. Não deveriam estar indo assim? Assim como? Você precisa me odiar. Você está falando comigo? Te odiar?... Não estou entendendo...
Chegamos? Ouvi a porta abrindo... Draco... Draco?? Eu estou tentando falar... Draco... você está me ouvindo? Draco... Gina... Eu estou aqui... O que você está fazendo? Está frio... não tire a minha blusa... não... está frio é pro seu bem. Você está enchendo uma pia? A banheira?... Por que você está tirando minha calça...? eu disse, está frio... não... Gina, você precisa cooperar...
Bela lingerie... O roxo combina com você... O que? Franzi minha sobrancelha... será que funcionou?
Água quente? Estou começando a sentir novamente meus ossos, meus músculos... agora eles não estão ardendo... Aqui dentro da banheira está tão bom... tão quente.... Claridade... Luz forte... será que abri meus olhos?... Draco, é você mesmo! Estou vendo seu rosto... Escuridão... O que houve? Não! Meus olhos fecharam... eu quero abri-los... Eu quero ver!! Cadê a água? Por que tudo ficou mudo?”

***

”Foi um sonho?” Assim que Gina abriu seus olhos constatou que não poderia ter sido um sonho... Abriu os olhos e viu, estava deitada na cama com Draco Malfoy, estava abraçada com Draco Malfoy, estava apenas de lingerie, e ele com o peitoral nu vestia apenas calças.
Embaixo das cobertas estava quente, bem quente. Estava agradavelmente quente. Tentou lembrar-se da noite anterior... Lembrou-se de estar brigando com o garoto na cozinha, lembrava de ter saído correndo... lembrava de chorar loucamente... lembrava do vento cortante e da chuva fria. Lembrou-se do calor do corpo de Draco, da água quente... E depois? Não lembrou-se de mais nada... todas essas lembranças eram flash confusos em sua mente...
O garoto lentamente retirou os braços do “abraço” em volta da ruiva. Os dois fitaram-se por um momento, ligeiramente constrangedor na opinião da grifinória.
- Obrigada – disse para quebrar o silêncio.
Draco afastou-se lentamente e preparou-se para levantar, ficou sentado na cama enquanto vestia sua camisa. A garota mordeu o lábio inferior.
- A culpa é sua por eu ter tomado chuva – disse ele, sem olhar a grifinória.
- Minha culpa?
- Sim...
- Claro que não! A culpa é exclusivamente sua! Se não fosse por você, não teria saído e estaria perfeitamente bem!
O sonserino virou-se para fitar a garota brevemente.
- Você nunca esteve bem... Você não deve “bater bem da cabeça”, você quem optou por sair naquela chuva...
- Por sua culpa – interrompeu a garota.
- Não! Você é a responsável por suas escolhas...
- Sim! Sou responsável mesmo, e não me arrependo! Não sou como você, que não age naturalmente... Que não tem respeito e nem tem sentimentos... Você é uma pessoa fria! Desprezível!
- Tão desprezível que tive que ir atrás de você... que é uma irresponsável!
- Eu sabia muito bem o que estava fazendo – mentiu a garota.
- Sim, uma suicida consciente! – ironizou o loiro – Devia ter te deixado lá! Deixar você naquela tempestade, deixar você lá desmaiada naquela praça...
- Eu ia me safar dessa, não se preocupe!
- Ia? Duvido! Você ainda não percebeu que você é um ímã para problemas? Você já deveria saber disso! Não tem dó das pessoas que tem o desprazer de conviver com você?
- Desprazer? Não! Tenho dó de quem tem a infelicidade de conviver com você! Você tem um gênio indomável... você é estupidamente irritante, você acha que os outros gostam de você?
O garoto estava cansado da discussão... “Quando essa garota vai calar a boca?” Furiosamente o garoto levantou e virou-se para encarar a ruiva, que já havia sentado-se na cama, mas continuava coberta.
- Você não sabe de nada! – bradou o loiro.
- Eu não sei de nada? Eu sei e muito bem! Te conheço tão bem pra afirmar que as pessoas não gostam de você, não me admira que nem ao menos sua mãe deva gostar de você! Você e sua família são a escória do mundo!
- Não se atreva a falar da minha família... Pois prefiro mil vezes a minha, do que a sua, que além de pertencer a ralé é traidora do sangue! Você não sabe da minha vida, você não sabe de nada! NADA!
Draco começou a andar pelo quarto, precisava se acalmar...
- Por acaso a verdade dói? – a ruiva perguntou acidamente.
- Isso não é verdade! - bradou o garoto.
A ruiva lançou um sorriso amargurado, seus olhos tristemente miraram o cobertor e voltaram a fitar os olhos de Draco.
- Eu já aprendi a suportar você desprezando minha família, falando mal do meu sangue, do meu cabelo... de tudo... Mas é você quem tem a perder... Eu tenho uma família maravilhosa, unida, divertida... e você? Você tem seu diabólico pai... A família Malfoy... – continuou a garota, frisando o sobrenome do garoto. – Sim... esse nome... essa família... Graças a esse estúpido nome de puro sangue, tão nobre que me levou ao fundo do poço... Que me fez testar minha sanidade... Que por um “inocente” ato me levou para um diário... um diário que me carregou ao íntimo de Tom Riddle, talvez você nem saiba quem é esse... Talvez você nem ao menos se lembre deste acontecimento... Mas eu lembro... eu certamente lembro... eu pude senti-lo, eu pude cheirá-lo, eu pude ouvi-lo...
O sonserino já estava quase explodindo de raiva, as palavras da garota estavam tão ácidas... tão cheias de ódio e desprezo.
- Você acha que é bom maltratar as pessoas? – continuou Gina - Pois você não perde por esperar! A única coisa que você atrai é inimigos... Posso até ser um ímã para problemas, mas e você? Você só atrai ódio... desespero... dor... Você não vale nada! É uma pena que você tenha uma vida tão medíocre como a sua.
- Gina, eu não me importo! – apesar de todo o veneno que a ruiva destilava, ele sabia que precisava se acalmar.
- É claro que você não se importa! Quando fui empurrada para o fundo do poço, onde seria meu túmulo, eu fui salva, porque os outros se importam comigo! Você não se importa com nada! E sabe por quê? Porque a sua família e o que você chama de amigos são uma merda, e ninguém se importa com você!
Draco sentia seu sangue correr fervorosamente por suas veias, seu coração estava disparado... Nunca ninguém tinha tido coragem de falar com ele assim, se era verdade ou não, estava com raiva... com muita raiva... com ódio... Nunca desejou tanto socar alguém.
Violentamente ele aproximou da cama, ao lado de onde Gina estava sentada. Fechou suas mãos em punhos, a voz da razão gritava em sua mente... Sabia que ia se arrepender disso depois “Não! Ela é uma garota! Uma garota estúpida... mas continua sendo uma garota!!” Gina congelou onde estava, a atitude exasperada de Draco fez com que ela sentisse um arrepio... ”ele teria coragem de bater em uma garota? Bater em mim?” . A garota deu-se conta do que havia falado, ela estava sendo uma cópia fiel do caráter de Draco Malfoy, fechou os olhos e esperou por uma surra. Sabia que o que ela havia falado era duro demais para qualquer pessoa... Nem que essa pessoa seja Draco Malfoy.
“O que?” Pensou a garota, assim que o loiro atingiu-a.

[N/A: Olá pessoal, bom... este capitulo ficou um pouco mais confuso do que eu imaginava, espero que seja fácil de acompanhar... Bom é isso... Espero que tenham gostado.]

[N/B:como assim? Anne Malfoy! Vc vai me mandar agora mesmo o capítulo 21! Naum quero nem saber se por um milagre do destino o teu primo voltou...ou se a sua amiga tah ai na sua ksa...mas vc vai me mandar...Como assim ele vai bater na Gina...????]

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