+ Notícias alarmantes



O Auromóvel, para a sorte de Harry, estacionou em frente ao Ministério da Magia; logicamente, a seção de Aurores ficava por lá, então era mais do que provável que o carro estacionasse sempre naquela vaga. Harry gostaria de voltar para casa (“finalmente, uma casa só minha!” Pensava Harry orgulhoso) e descansar antes de encontrar os amigos, mas agora que já estava perto do local aonde trabalhavam, não havia razão em voltar para o Beco Diagonal. Entrou no Ministério e seguiu suavemente pelos corredores até a Seção de Mau Uso dos Artefatos Trouxas, passando pelo Departamento de Mistérios, o que lhe provocou um suave e desagradável arrepio. Já era quase três horas da tarde, e pensou em tomar um lanche com os amigos na recepção. Mas assim que entrou no Departamento de Rony, constatou que isso era impossível.



Dezenas de recados-interdepartamentos sobrevoavam a cabeça de Rony; o próprio Harry teve que se abaixar quando um aviãozinho minúsculo quase acertou seus olhos ao zunir rapidamente para fora do recinto; uma pilha gigantesca de papéis sobre as mesas ocultava Rony do seu campo de visão; Harry teve que chamar o amigo duas vezes para que o encontrasse.



– Ah, Harry, você está aí! – Disse a voz abafada de Rony, por trás de uma pilha maciça de papéis; o amigo de Harry fez uma força descomunal para arrastar a pilha para outro lado da mesa, afim de abrir uma pequena brecha e vê-lo. – Estou meio ocupado agora... espera um minuto aí! – Rony se abaixou para o lado oposto da mesa, ficando invisível para Harry. Alguns segundos depois, ele “voltou à tona”.



– Pô, cara, desculpa mesmo... olha... – Rony olhou para o relógio de pulso -–, vai na seção da Mione, você sabe aonde fica a seção de inteligência do Departamento Anti-Trevas, não sabe?... daqui à meia hora eu encontro vocês por lá. Pelo jeito, não vou sair daqui tão cedo...



– Não quer uma ajuda, Ron? Se eu puder ajudar em alguma coisa, falaí... eu vivi com trouxas a minha vida toda, é só perguntar, sei lá...



– Err... bom... não sei... – Rony olhou desesperançoso para sua pilha de afazeres – bom... acho que talvez possa... – Rony mergulhou entre os papéis e voltou à tona com um único documento em suas mãos.



– Esse aqui parece importante, já vieram três aviõezinhos avisando que o caso chegou – Disse Rony, mais para si mesmo do que para Harry, e mirou a folha com extrema atenção.



– É importante? – Perguntou Harry, puxando assunto, depois de alguns minutos calado, imerso em pensamentos sobre seu futuro.



– Bom... depende... o que quer dizer “bazuca”?



Harry riu, mas apressou-se em responder a questão do amigo.



– Bem.... é uma arma de destruição em massa, Rony. – Disse Harry, tentando por tudo não rir.



Os olhos de Rony se arregalaram.



– Já vou – E correu porta afora do Departamento, absolutamente desesperado, deixando Harry sozinho. O garoto começou a dar voltas curtas (reduzidas por causa da quantidade de folhas que se espalhava pelo local) pela sala, esperando Rony, mesmo sabendo que inutilmente. Pensou em visitar Hermione, como Rony lhe recomendara, mas algo entre os papéis espalhados chamou a sua atenção.



Era uma foto em um jornal. À primeira vista, a imagem chamou a atenção de Harry por estar levemente amarelada entre tantos papéis branquíssimos; porém, assim que segurou a foto em suas mãos e examinou-a mais detalhadamente, Harry abriu a boca, aparvalhado.



Era uma foto dos Dursley! Ali, todos eles, exceto Duda; tio Válter Dursley, e sua bigodeira escancarada e ameaçadora estremecendo ligeiramente; tia Petúnia e sua costumeira cara de cavalo coberta de lágrimas. Os dois ali, na sala de estar completamente em ruínas, encarando Harry, piscando ameaçadores. Harry percebia aquele olhar assustador e carrancudo que os Dursley volta-e-meia lhe mandavam... o jornal datava de uma semana atrás, e trazia uma manchete, em letras garrafais: “PARENTES DE HARRY POTTER PAGAM CARO PELO MAL QUE FIZERAM”. Interessado, e pode-se dizer até um pouco temeroso, Harry abriu a página do jornal em que saíra a notícia. Harry não conhecia aquele jornal bruxo; só recebia informações pelo Profeta Diário, e achava que estava mais do que bem-informado. Mas desconhecia a notícia que viera a seguir.



Surrey, Londres – Quarta-feira, dia 4 de setembro – 12:54 – Por G.H.K



Parece que os parentes vivos de Harry Potter estão pagando pelos dezessete anos de sofrimento que renderam ao garoto.



Esta noite, a casa trouxa da rua dos Alfeneiros, número 4, foi atacada por uma legião composta de, no mínimo, vinte Comensais da Morte, fortemente armados. O ataque durou mais de uma hora, em que a casa foi completamente arrombada e destroçada.



“Foi absolutamente nojento” Confirma a sra. Arabella Figg, bruxa nascida aborto e que mora na região da Rua dos Alfeneiros, justamente por intervenção de Dumbledore “Não gosto desses panacas, mas tampouco apoio os Comensais da Morte. Foi um massacre.” Diz a senhora, referindo-se à destruição causada pelos terroristas. De acordo com relatos dados pelos próprios Dursley, o filho único da família, Dudley Dursley, foi raptado em meio a confusão. “Só queremos nosso fofinho de volta”, diz a tia de Harry Potter, Petúnia Dursley. O garoto, de 18 anos, pareceu lutar furiosamente contra os Comensais da Morte, antes que fosse levado. Os Dursley imploram por notícias do filho, e estão fornecendo uma recompensa em libras esterlinas para aquele que o encontrar.



Enquanto isso, a vizinhança trouxa da antiga casa de Harry Potter comenta, curiosa, o ocorrido. Os representantes do Ministério da Magia, bastante ocupados para nos escutar, simplesmente recusaram-se a dar maiores informações sobre o ocorrido.



Mais notícias, em breve.




Harry terminou de ler o artigo sem conseguir respirar. Jamais imaginaria, em algum segundo na sua vida, que os Comensais da Morte poderiam ter atacado a casa dos Dursley, em Surrey! Será que os Comensais estariam a sua procura? Não... não era possível, sabiam aonde Harry estava, só não tinham conseguido agarrá-lo, por uma inacreditável coincidência.



Coincidência... essa palavra ficou martelando a cabeça de Harry... todos esses anos no mundo mágico tinham rendido experiência de sobra para não acreditar em... coincidências... nunca era coincidência, nunca! Não havia coincidências... por um único segundo, Harry começou a desconfiar se a tal “emboscada” que teria acontecido no Centro de Treinamento era real. Talvez fosse somente blefe, quem sabe! Não tinha visto rastros de Comensais da Morte, a única coisa que lhe provava a chegada deles era Marienne, que estava desacordada... e se não tivesse conseguido ver quem a atacou? E se fosse tudo simplesmente uma armação, uma armação muito grande, que tinha como núcleo o próprio Harry? O garoto pensou no ódio que os Comensais estavam sentindo, agora que seu Mestre se esvaíra... provavelmente estavam loucos para matá-lo, destruí-lo, vingar a morte de Voldemort. Mas... não! Apenas atacaram uma única vez o quarto de Harry, e não tentaram outra vez depois de atacarem Marienne... talvez conhecessem o fato de que Harry sabia que estavam lá; mas achava isso meio improvável.



Mas no segundo seguinte, Harry desfez todas as suas suspeitas. Duvidar de Marienne era simplesmente ridículo... ela o amava, e estava vivendo sob risco para ficar junto dele... ela jamais iria se arriscar por Harry se não gostasse dele...



Foi tentando se convencer de que Marienne estava acima de qualquer suspeita que Harry chegou até o Departamento Anti-Trevas do Ministério da Magia. Era um lugar amplo, cheio de janelas que exibiam um dia claro e frio lá fora; havia bruxos por todos os lados, alguns pregando cartazes, montes deles anotando coisas em papéis... Harry observava tudo levemente interessado quando uma massa de cabelos castanhos veio voando em sua direção e o impediu de ver qualquer coisa lá fora.



– Er.... oi, Hermione... – Disse Harry sem jeito.



– Ah, Harry, que bom te ver!! Já estávamos aflitos sem notícias suas! – A voz da amiga estava aguda de tanto contentamento. Em seguida, segurou a mão de Harry com firmeza – Vamos, podemos conversar na minha Seção, agora não tem ninguém lá, está todo mundo dispensado, por causa dos ataques dos Comensais da Morte – Hermione deu um leve suspiro, e continuou conduzindo Harry até o final do salão, em que se encontrava uma... “porta” de um material estranho, gasoso. Harry quase enfiou a mão nele para sentí-lo ao tato, mas Hermione segurou o seu braço.



– Harry, não! Isso aí é gás tóxico, justamente para ninguém tentar entrar! Espere um momento. – Hermione pegou um frasco dentro das vestes e jogou seu conteúdo no gás, que foi se dissipando lentamente. Em seguida, empurrou com força o amigo para o outro lado do portal, e também entrou em um salto. Alguns instantes depois, a porta de gás já havia se reformulado novamente. Enquanto Harry olhava para a porta maravilhado, Hermione puxou duas cadeiras e se sentou em uma delas, fazendo em seguida um gesto amplo para Harry imitá-la.



– E então, como está indo o curso de Aurores? – Perguntou Hermione, com um sorriso. A sua sala era bem maior que a de Rony, com o seu Departamento de Mau Uso dos Artefatos Trouxas. E era apenas uma seção! Demorou alguns segundos para Harry absorver a informação que Hermione dissera. Em seguida, com uma certa lentidão, respondeu vagamente:



– Normal. – Harry não queria narrar tudo, tudo o que acontecera no Centro de Treinamento. E estavam afastados à apenas uma semana! Parecia que não se viam há meses, anos, quem sabe, de tantas novidades que Harry tinha para contar. Porém, não tinha a menor vontade de fazê-lo no momento.



– Mentiroso – Riu Hermione, conjurando um prato de rosquinhas e servindo-se de uma. – Sabe, não consegui almoçar hoje, tive muito trabalho...



– Como assim, mentiroso? – Perguntou Harry, fingindo-se ofendido, mas rindo.



– Ah, vai, Harry... como pode ser “normal” um curso preparatório de Aurores, ainda mais sendo a coisa que você mais quer para a sua vida? Com certeza está sendo, no mínimo, emocionante, não acha?



O uso da palavra emocionante despertou uma suspeita em Harry.



– Você anda falando com mais alguém além de mim no Centro de Treinamento? – Hermione deu uma risada gaitada, antes de responder, engolindo um pedaço de rosquinha.



– Obviamente.



– Quem? – Perguntou Harry, imaginando a resposta.



– Neville, é claro. Harry... você sabe que eu e o Neville sempre fomos amigos. É natural que ele esteja me contando as coisas que se passam por lá... além disso, não estamos nos escrevendo por sua causa, eu não preciso de um informante para saber sobre você... Neville está com um problema. – A garota estacou, demonstrando ansiedade.



– Que problema? – Perguntou Harry rapidamente, mas Hermione balançou a cabeça.



– Infelizmente, não posso dizer, Harry. Não é apenas um segredo de amigo, é mais... um segredo de Estado. Vou correr mais riscos do que pode parecer se eu lhe contar. Nem para.. ah... Rony, eu contei. E olha que nos vemos todos os dias.



– Quer dizer que ele pode contar tudo sobre a minha vida, mas você não pode contar uma coisa só que ele lhe falou? Que injusto!



Hermione suspirou.



– Ah, Harry, não é tão simples assim... o que Neville me contou sobre você não faz a menor diferença para a sociedade bruxa. Não interessa ao Ministério da Magia saber se você está ou não namorando a sua professora de Poções...



– Desgraçado! Até isso ele contou! – Exclamou Harry, batendo a mão na mesinha. Algumas rosquinhas rolaram pelo chão.



– ... mas o que Neville contou sobre ele é bem mais importante. Não que eu esteja desmerecendo o seu namorinho com a professora – Hermione deu uma risada; Harry inflou de raiva –, mas o que Neville veio contar nas cartas é confidencial, Harry. Só posso usar as informações que ele passou se tiver sua autorização, coisa que até agora não consegui obter. Aliás... se você quiser conversar com ele, seria bom. Quem sabe ele te conta alguma coisa sobre o que está acontecendo na... família dele. – Terminou Hermione, e ofereceu o prato de rosquinhas à Harry. Ele pegou cinco e enfiou-as todas na boca, de uma vez só, cheio de raiva...



– Certo, e você não acha que sou confiável o bastante para me contar?



– Não comece, Harry... não comece. Você sabe muito bem que as coisas não são tão simples assim. Pensando bem, vamos mudar de assunto. Como estão as aulas?



– Boas – Respondeu Harry, no mesmo tom de voz monótono que adotara quando respondeu a primeira pergunta da amiga, porém desta vez carregada de rancor. Se Neville era tão amigo dele, por que não contou logo o que estava acontecendo? E porque contou tudo sobre sua vida no Centro de Treinamento sem a sua permissão? Pensou que a conversa da madrugada de segunda-feira com Neville iria durar muito mais do que o habitual.



Nesse momento, Rony entrou na sala. Sentou-se ao lado de Harry, conjurando uma cadeira, e começou a roubar rosquinhas do prato, enfiando várias de uma vez só em sua boca, porém, ao contrário de Harry, que comia de raiva, estava cheio de fome. Hermione lhe mandou um olhar de reprovação, mas Rony continuou a conversa como se nada tivesse acontecido.



– Mas... e então, Harry? Voltou do Centro sem nada do que falar?



– Na verdade, tenho sim. Por que vocês não me contaram que os Dursleys foram atacados por Comensais da Morte na semana passada? – A voz de Harry era acusadora, incriminadora, exatamente como Harry queria que soasse. Não era Hermione que tanto sabia sobre sua vida? Então, porque não podia lhe contar esse acontecimento?



Mas a garota manteve-se muito séria, ao contrário de Rony, que enviava constantes olhares para os dois amigos.



– Porque não queríamos que você soubesse. Não ainda, pelo menos. Poderia se preocupar à-toa.



– Bem... acho que vocês devem apreciar muito o meu carinho profundo pelos Dursley – Disse Harry, sarcástico. Rony deu uma risadinha nervosa.



– Você sabe muito bem do que eu estou falando, Harry. Você sabe perfeitamente bem que os Comensais da Morte estão atrás de você, e que não o atacaram quando tiveram oportunidade, e que isso é uma história bastante estranha, que não se encaixa. Não queríamos preocupá-lo dizendo que os Comensais da Morte estão mais próximos do que você imagina.



– Não tenho certeza disso – Comentou Harry, tentando parecer despreocupado. Era exatamente o que estava pensando! Será que Mione tinha aprendido Legilimência nesse meio-tempo em que não se falaram?



– Ah, Harry, não seja cínico. Você sabe perfeitamente bem que existe essa possibilidade. E não queríamos preocupá-lo dizendo que algum dos seus colegas do Centro de Treinamento possa estar traindo você. É isso. Descobrir os passos dos Comensais da Morte é trabalho do meu departamento, e... e confesso que seria uma honra pessoal vê-los todos em Azkaban. Por isso pedi também que Neville me dissesse sobre os acontecimentos no Treinamento. – O rosto de Mione estava corado, mas a jovem tinha uma atitude determinada e até mesmo um pouco afrontada.



– É, mas não precisava falar de Marienne... – Murmurou Harry, deixando Rony confuso e Hermione exasperada.



Mas é claro que precisava. – Disse a garota, sem maiores explicações.



– Por acaso você está desconfiando dela, Mione? – Perguntou Harry, encarando a amiga, que levantou as sobrancelhas.



– Não posso desconfiar de quem não conheço. – Seus olhos carregavam uma expressão de desafio, reluzentes.



– É, tem razão. Então pare de se preocupar comigo, está bem? Estou me tornando um Auror, não vou ter apenas que salvar os outros, vou ajudar a mim mesmo, e espero que estes anos todos que lutei com Voldemort tenham valido de alguma coisa pra vocês. – Harry levantou-se num ímpeto, arrastando a cadeira e fazendo todo o ruído possível. Queria fazer barulho, escândalo, o que fosse.



– É lógico que valeu. Agora, deixe de ser idiota e sente-se. Temos muito o que conversar ainda – Disse a menina, impaciente. Harry abriu a boca indignado, mas resolveu sentar. “Respire, respire, exerça seu auto-controle”, disse Harry para si mesmo. Quando finalmente se tranquilizou, viu que Hermione não estava falando tantos absurdos assim. Ela era sua amiga e pretendia ajudar, como pudesse. Rony, também, se meteu bastante na conversa, dizendo que conseguiria apoio de vários grupos, e até um espaço na Ordem da Fênix, para ajudar em investigações. Harry se lembrou como eram verdadeiros amigos, esses dois. Logicamente, não ia expressar isso com palavras, mas pensou seriamente que nunca mais brigaria com eles, por razão nenhuma.



O resto da tarde foi ainda mais agradável. Continuaram conversando, porém agora sorriam serenamente, conversando sobre tudo o que se lembravam. Ao fim da conversa, Harry não se sentia mais arrependido por Neville ter contado sobre Marienne; Harry falou muito sobre ela, vagamente consciente do embevecimento refletido em seus olhos à menção do nome da Auror; os dois ouviam Harry muito atentos, porém Hermione parecia estar bebendo cada palavra que o amigo dizia sobre a namorada; Harry agora não se incomodava com isso, sabia que Hermione sempre seria desconfiada com esse tipo de coisa. Até pensou, quando estavam se despedindo, que poderia apresentá-las uma a outra no dia seguinte, e disse isso para os dois amigos. Rony parecia extasiado com a idéia, mas Hermione quebrou as esperanças dos dois:



– Harry, eu até gostaria de ir, mas sei que não posso. Imagino como é difícil estarem se encontrando lá no Centro de Treinamento, então não quero interromper um momento que seria de vocês dois. E tenho certeza que Rony concorda comigo, não é, Rony?



– Hum.... sim, é claro... – Respondeu Rony, visivelmente frustrado. Harry (agora concordando intimamente com a amiga) passou o endereço de sua nova casa para os dois amigos, e sem mais delongas (já passava das oito da noite; o Ministério iria fechar à qualquer momento) aparatou diretamente no Beco Diagonal. Resolveu ir caminhando até sua casa, para pegar um pouco de ar fresco da noite e observar os transeuntes, quando percebeu que ainda não havia jantado. Seu estômago doía de fome, e resolveu dar uma passada rápida no Caldeirão Furado, que estava apinhado de gente. Depois de comer três sanduíches, vorazmente, e sugar um copo de meio litro de suco de abóbora, Harry voltou para a rua e caminhou o mais que depressa até a sua casa.



Estava melhor do que Harry esperava; mesmo tendo pago extra ao Reembolso-Coruja para a arrumação da casa, não imaginava que seria tão boa; havia uma cozinha pequena, em comparação à enorme e suntuosa sala de estar da casa. O sobrado era tão gracioso que Harry não cabia em si de contentamento; estava tudo absolutamente perfeito. Correu para testar todos os instrumentos da casa, desde o descascador mágico de batatas até o devorador-de-lixo, encontrado em sua pia. O seu quarto era grande, com uma cama de casal e (pasmem!) um tipo de televisão, de onde saíam milhares de cabos dourados e adjacentes. Quando Harry ligou-a, descobriu que a tal máquina pegava todas as estações de televisores, tanto bruxas como trouxas, mas também funcionava como Espelho-de-Inimigos de Harry. Logicamente, poucos bruxos tinham essa máquina em sua casa, simplesmente porque a achavam desnecessária, um “elefante branco”. Mas para Harry, que crescera sempre entre os trouxas e que se tornava auror, era hábito assistir ao televisor e útil verificar o Espelho. Evidentemente, porém, Harry preferia fazer outras coisas além de ficar horas em frente à televisão, observando o vulto de seus inimigos ou a novela das seis dos trouxas; estava louco de vontade de ir fazer uma longa caminhada pelo Beco Diagonal, afim de comprar acessórios para sua casa nova. Faria isso no próximo fim de semana, prometeu Harry a si mesmo. Tratou de colocar alguns de seus pertences, que agora estavam ocupando seu utilíssimo malão, dentro dos armários; pensou também em fazer umas comprinhas no Beco pela manhã, já que as últimas vestes decentes que comprara estavam la lavandeiria do Caldeirão Furado. Pensou em demorar-se na Madame Malkin, para comprar a melhor roupa para receber Marienne. Quase sem perceber, deitou-se na cama e dormiu.



*




A porta do Departamento de Mistérios estava bastante próxima; não tinha mais o significado dos sonhos passados de Harry, agora o garoto simplesmente sonhava com ela, ocasionalmente, e nunca mandava em nenhuma cobra gigante ou torturava um Comensal da Morte; eram sonhos normais, naturais, como qualquer outro. Desta vez, não seria diferente.



Harry girou a maçaneta, a porta abriu-se com um clique baixo e suave. O garoto empurrou a porta sem esforço e entrou; sabia exatamente aonde queria ir. A Câmara da Morte continuava da mesma maneira; os cérebros continuavam imersos no tanque. Harry se aproximou do reservatório, e abaixou-se para ler algo preso ao tanque; as luzes fracas pouco auxiliavam na tentativa de leitura de Harry, e o garoto começou a tatear o tanque; buscava uma plaqueta dourada...



– O que você está fazendo aqui? – Disse uma voz ríspida, às suas costas. Harry virou-se, assustado. Seus óculos caíram do rosto, e ele abaixou-se para procurá-los, mas mantendo sempre os olhos no vulto às suas costas. Só conseguia ver seus contornos, mas tinha uma idéia de quem era. Aqueles cabelos ondulados... só poderia ser Marienne... levantou a varinha, murmurou “Lumos” e atirou a luz bem no rosto do vulto, que recuou. Não! Não era Marienne! Era Bellatrix! Como confundira as duas?



– Repito, Potter, o que você está fazendo aqui? Pensa que pode derrotar a todos, achar que esqueceremos o Mestre? Está muito enganado, Potter... ele morreu por uma mera fatalidade, um pequeno descuido, humano e irreversível... meu Mestre era um humano, mas tornou-se um mito... agora, você... não passa de um garoto sortudo que se acha talentoso. Esqueça esse título, Potter. Você vai morrer.



Bellatrix levantou a varinha. Por um momento, o tempo pareceu correr mais devagar; Harry alcançou os óculos no chão, colocou-os no rosto.. pôde ver as feições contraídas de ódio de Bellatrix Lestrange... a varinha da bruxa tocou o ar, e foi descendo com rapidez... por um instante, Harry achou que a bruxa bateria nele com a varinha... mas o feitiço verde já atingira Harry em cheio... sentiu a alma saindo do corpo... sentiu-se desfalecido, como se estivesse caindo no chão.



– Ôôô! – Exclamou Harry, acordando bem à tempo, quando percebeu que estava despencando da cama. Segurou-se nos lençóis, mas a queda foi inevitável; caiu com um baque forte no chão, os lençóis caindo sobre ele. Harry sentou-se no chão e deu uma risada exasperada... ajeitou-se na cama, ainda rindo assustado, e pensou que não havia jeito melhor e mais eficiente de se acordar em um domingo ensolarado do que despencando da cama. Arrumou os lençóis com desleixo, e saiu apressado do quarto. Mesmo sabendo que os sonhos não tinham o mesmo significado de antes, não gostava de tê-los; geralmente acordava assustado, sempre surpreendido por um lampejo de feitiços fatais, o que não era muito agradável às oito horas da manhã. Decidido, atravessou o corredor, entrou no banheiro e enfiou-se no chuveiro gelado, despindo o pijama com um único gesto. Somente quando viu sua vista estranhamente desfocada e impermeável, percebeu que estava de óculos. Tirou-os.



A água caindo na cabeça de Harry pareceu refrescar seus pensamentos; depois de dez minutos, estava Harry novamente atravessando o corredor, tiritando de frio, porque se esquecera de levar roupas para o banheiro; os óculos já estavam repostos no rosto, e Harry entrou no seu quarto o mais rápido que suas costas molhadas permitiram. Escolheu um conjunto de vestes, vestiu-as com pressa e desceu as escadas, pensando que tomaria café em qualquer lugar do Beco... abriu a porta de casa de sopetão, e rodopiou sobre a capa para trancá-la novamente. Em seguida, virou-se para o dia ensolarado que fazia lá fora e andou tranqüilamente pelas ruas tortas do Beco Diagonal. Parou em frente à uma doceria, nova para ele, bem ao fim da rua, e tomou um café e comeu algumas torradas; a comida lembrava vagamente à Hogwarts, mas o ambiente, todo cor de rosa e cheio de cortinas de renda, também lembrava a traumática casa de chás que visitou com Cho, em Hogsmeade, no quinto ano.... sem pensar mais no assunto, Harry foi visitar Madame Malkin. Passou um tempo relativamente grande na loja de vestimentas; mas, na verdade, só reparou que o tempo passara quando seu estômago o informou, pedindo comida; com o bolso de moedas bem mais leve, e as mãos estufadas de sacolas, Harry visitou em seguida um restaurante no começo do Beco, e almoçou rapidamente; voltou para casa afobado, acreditando que tinha se demorado muito passeando e observando as vitrines, mas não havia sinal de Marienne quando chegou em casa, então ficou aliviado. Subiu as escadas, vestiu-se com agilidade, e quando estava arrancando as etiquetas da veste, a campainha tocou. Com a mesma pressa que subira as escadarias de sua casa, desceu-as e lançou-se para a porta.



Destruindo todas as suas esperanças, quem estava na porta da casa não era Marienne, e sim um bruxo corcunda e de rosto enrugado. O ancião mirou a bengala à sua frente e arriscou um passo mais próximo ao da porta. Seus olhos emanavam um brilho conhecido, mas Harry não acreditava que já tinha visto aquele ancião antes em sua vida. Seus cabelos eram branquíssimos, e realmente lembravam à Harry alguém que o garoto já vira. Por isso que simplesmente não fechou a porta na cara do ancião. Estava preso ao portal da casa, sua curiosidade fixando-o no chão. O ancião estendeu a mão muito velha e enrugada para Harry.



– Uma moedinha, por favor? – Disse o bruxo, a voz roufenha. Harry entrou para o lado interno do portal, tateou contrariado a sua bolsa de moedas e entregou alguns nuques ao bruxo, que fechou a mão quase instantaneamente; murmurou um rouco “Obrigado”, e saiu andando, descendo as escadinhas da casa de Harry, que caíam diretamente na rua. No quinto degrau, tropeçou e caiu. Estranhamente, murmurou um “Droga!” com uma voz curiosamente feminina, levantou-se com uma vitalidade impensável para um ancião e agarrou sua bengala. Virou-se para trás, aflito, querendo visualizar a reação de Harry, e em seguida recomeçou sua marcha lenta até a rua. Em seguida, desaparatou.



– Coisa esquisita... – Murmurou Harry, e voltou para dentro da casa. Estava subindo novamente as escadas quando a campainha tocou outra vez; olhou pela janela e avistou Marienne aguardando-o, as mãos arrumando a frente das vestes longas e bonitas, azuladas, que vestia. Suspirando de alívio, Harry remexeu-se nervoso e foi atender a porta. Marienne exibiu um largo sorriso ao vê-lo, mas entrou rapidamente na casa, com sigilo.



– É arriscado me virem aqui, sabe.... a essa altura, tem muitos Aurores vigiando esta região...



Harry não entendeu o que Marienne quis dizer com “a essa altura”, mas tampouco se importou. Abraçou a namorada com carinho, e os dois subiram lentamente as escadas, abraçados um ao outro.



**********




E aí, gente, o que estão achando?? Agora as coisas vão começar a se explicar, e tem muuuuuuuuuuuuita coisa vindo por aí!! Acho que vocês vão gostar!! Esse cap foi meiow grande, né? Rs.... Bom.... aí vai: Fer_Flores, você não tem idéééééia do que foi pra mim receber um comment seu tão lindo na minha fic!! ^__^ Nussa, valeu mesmo.... bom.... o Harry começa a desconfiar da Marienne porque, na verdade, não houve nenhum tipo de agressão de nenhum comensal e então, naturalmente, eles não teriam ido até o Centro pra brigar! E a Marienne era a única que estava no meio da confusão dos Comensais ^^'' Mas como é só isso que deixa Harry desconfiado, ele não leva muito a sério.... Bom... ainda tem muuuuuuuita coisa sobre a Mari pela frente, a história vai se auto-explicando, hehehe ^^ Espero q tenha ficado mais claro ^^ Realmente, quando eu estava escrevendo, fiquei com um pouco de medo de ficar bem confuso ^^'''' Mas o desenrolar da história vai ajudar a entender melhor as aflições de Harry Potter, hauahua ^^ Gente... o começo é a pior parte da história, fiquei MUUUITO feliz que você gostou, poxa!! ^^ Hehehe ^^ Hum... sobre o ambiente lá dos aurores, eu achei q ia ficar legal, assim, imaginar como seria ^^''' E pode deixar, o banho do Harry desse cap aí em cima foi dedicado pra você, hahauaua ^_______^ Hum.... e sobre o Neville..... hahaha..... nesse cap deu pra ter uma idéia de como o Neville vai passar a ser, mais ou menos.... huahau ^^'' Meu, coitado, sempre colocam ele como casal da Luna Lovegood!! Vamos deixar o rapaz escolher, hauhauhauha ^^'' E quanto ao final do Harry.... vc vai ver, heheheh ^^ Nossa, fiquei realmente MUITO feliz com o seu comment ^^ Nem sei se eu mereço tanto elogio, hauahauhahuahua ^^'' Ahh, e a sua fic está PERFEITA!! A Robin, meeeu.... Ahn.... melhor comentar por lá ^^... BJSSS, e espero que você continue gostandu da fic!! ^__^ BaBi Evans, nossa, brigadíssima pelo comment, amei recebê-lo! ^^ Bom.... existem umas partes fundamentais na história que vão acontecer no CT, q é o Centro de Treinamento dos Aurores, mas o Harry vai visitar vááários ambientes no desenrolar da história, inclusive a própria casa dele... ops, falei demais ^^''' E a sua fic está realmente ótima, logo logo eu vou dar uma comentada por lá! Valeu!! ^^



Bom, galera, continuem comentando, tá? Vou ficar suuuuper feliz ^^''' Bjus!

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