+ Conhecendo melhor....
“Mas não esperava ser acordado tão cedo” pensou Harry, quando Neville sacudiu-o com vigor da cama, seus olhos reluzindo de empolgação quase infantil. Encarava Harry com um sorriso iluminando seu rosto magro e expressivo.
– Vamos!! Oito horas!! Os treinos já vão começar!! Temos que levantar! – E com mais um gesto vigoroso, puxou o lençol de Harry para arrancá-lo da cama e saiu correndo, quase completamente vestido. Com um pensamento cruel que envolvia Neville e facadas sangrentas no meio da noite, Harry finalmente se levantou. Sacudiu os cabelos, deixando-os ainda mais despenteados do que o natural, e mirou-se em um espelho sujo. Estava tão cansado na noite anterior que mal olhara os seus aposentos; podia ainda ver a mala jogada de qualquer jeito no chão, aberta, as roupas e todo o seu conteúdo abarrotadas loucamente ao pé da cama. Harry empurrou a mala para o lado com um chute, escolheu uma blusa e uma calça emboladas na massa informe que se tornara a sua mala e vestiu-se o mais depressa que pôde, descendo as escadas curtas e rangentes do chalé. Quase trombou com alguém que andava sorrateiramente pelo corredor, e murmurou um “desculpe” muito apressado, até relancear o olhar e se sentir mais constrangido do que o habitual; trombara com Marienne. A jovem simplesmente acenou a mão, em um gesto de “não foi nada”, e saiu tranquilamente pelo corredor. Harry acompanhou-a com o olhar até a moça entrar em uma porta de madeira, ao fim do curto caminho. Em seguida, voltando sutilmente a realidade, lembrou-se que deveria estar no Chalé de Defesa Pessoal, e correu para lá o mais depressa que suas pernas e pulmões permitiram. Cada matéria possuia um chalé correspondende, aonde os alunos tinham salas de estudo e todo o material necessário para estudarem a determinada matéria. Chegando lá, visivelmente ofegante e vermelho, tratou de se reunir ao grupo o mais silenciosamente que pode, que aguardava o professor, todos sentados nas escadas de acesso às portas do pequeno chalé. Harry sentou-se ao lado de Neville, que conversava animadamente com uma garota loira ao seu lado.
– E então, seu nome é Katty mesmo? Parece nome de gato! – Comentou Neville, sorridente. A garota também sorriu, exibindo aparelhos dentários. Tinha olhos grandes e castanhos, e parecia mais nova do que Harry.
– Bem... é, é Katty mesmo, não posso dizerr que meus pais tenham bom gosto parra nomes – Comentou a garota, sorrindo para Harry. Havia um leve sotaque francês em sua voz. Neville nem prestou atenção que o garoto chegara, e quando virou-se para verificar para quem Katty estava sorrindo, levou um susto ao mirar Harry.
– Ahh, nossa! Harry, você está aí, eu nem tinha visto que você chegou... essa é a Katty, ela é da Beuxbatons! E é francesa!
– Meio francesa, você quis dizerr, não, Névill? – Perguntou a garota, sorrindo novamente – Eu sou irrlandesa, mas mons parent decidiram morarr na France.
Harry deu um sorriso para Katty. A garota parecia muito simpática, mas algo estranho emanava dela... como um segredo guardado, e muito bem guardado, por sinal... Harry foi o primeiro a se levantar quando Andrew Lebatofsky surgiu na porta. Trazia uma caixa púrpura e lacrada. Harry sentiu um tremor levíssimo ao mirar a caixa. Com um gesto, mandou-os entrar na pequena casinha, que por dentro era gigantesca; Harry teria rido escandalosamente se já não tivesse visto algo parecido, um local pequeno ser imenso por dentro... mas o Salão de Treinamento era simplesmente fabuloso, com lustres pendendo do teto e tudo mais. Harry segurou o maxilar para não abrir a boca em exasperação.
– Alguns de vocês provavelmente já sabem do que isso se trata – Comentou Lebatofsky, sacudindo a caixa em suas mãos, depois de subir em um banquinho devidamente localizado no fundo do Salão, aonde a turma se reunía. O estômago de Harry também sacudiu. – Alguém, por favor, antes que eu me decepcione, pode informar ao restante da classe o que é esta caixa?
– A caixa de Pandorra – Respondeu Katty prontamente, os cabelos sacudindo, o que lembrou a Harry os trejeitos de Hermione. Neville parecia ter pensado da mesma maneira, pois sorriu para Harry. – A caixa que guarrdava todo o mal do monde.
Andrew assentiu.
– Precisamente. Qual é o seu nome, garota? – Perguntou Andrew, olhando fixamente para Katty.
– Katty.
Andrew a fitou, parecendo desconfiado por um momento, mas então prosseguiu.
– Que bom. Espero ter mais alunos presentes em aula como você. Muito bem. O que estão vendo aqui é realmente a Caixa de Pandora, que provavelmente estudaram em História da Magia (o estômago de Harry revirou de novo; sete anos em Hogwarts e nunca ouviu falar da tal caixa de Pandora; pensando bem, nunca ouviu uma só palavra que Binns dissera). Esta caixa encerrava todos os males do mundo, como inveja, cobiça, ganância, enfim, todo o tipo de mal existente. Porém, um certo dia, a tal Pandora resolveu abrí-la, pois desconhecia seu interior e queria descobrí-lo, e liberou os chamados “males do mundo”. Desde então, o mundo e o homem se tornaram imperfeitos para sempre, irremediavelmente. Pois bem. Para a primeira aula de Defesa Pessoal deste ano, consegui, depois de muita procura, uma infinidade dos tais males, em forma de “espíritos”, por assim dizer. Por favor, formem duplas e preparem-se, pois enfrentarão juntos alguns desses espíritos. Se não vencerem os espíritos, provavelmente serão atacados, dominados e não haverá cura... estou brincando! Mas acredito que a maioria da classe tenha condições de fazê-lo. Vamos lá, o que estão esperando para formar os pares?
Harry fez parceria com Neville, que parecia bastante chateado em abandonar Katty; em compensação, a garota pareceu absolutamente feliz quando se juntou a um garoto alto e moreno, de olhos azuis, como seu parceiro na tarefa do dia.
– É só uma atividade – Disse Neville, que mirava a jovem, cheio de esperanças – Logo, logo, ela volta a trabalhar com a gente.
Lebatofsky estava distribuindo os espíritos para cada par; segurava uma rede estranha, semelhante a um coador, em suas mãos, e tapava a boca da caixa antes de abrí-la. Enfim, chegou em Harry e Neville. Ele olhou para os dois com uma sagacidade incalculável, e em seguida retirou um longo espírito da caixa, sempre auxiliado pelo tal coador.
– Inveja – Comentou o professor simplesmente, soltando o espírito na frente dos dois e dando um sorriso – talvez o mais difícil de se lidar. Mas acho que irão conseguir. Boa sorte. – E continuou se afastando, sempre com um sorriso nos lábios. O espírito olhou para eles; tinha olhos grandes, feitos de fumaça, bem como todo o seu corpo, e tinha uma bocarra escancarada. Lembrava muito o mais feio dos dementadores, porém tinha grandes garras, que mexia descontroladamente; provavelmente as tinha para agarrar qualquer coisa que estivesse ao seu alcance.
Neville gelou.
– Como a gente vai enfrentar essa coisa? – Perguntou a Harry, a voz aguda. Harry não respondeu. Começou a pensar, furiosamente... o que poderia derrotar um espírito invejoso? Foi a voz de Lebatofsky que soou em seus ouvidos, deixando clara uma única solução:
– Lembrem-se de que os espíritos não será derrubada com um simples Expelliarmus; por não serem matéria, é muito difícil atingí-los. Procure descobrir algo que os deixaria fracos, uma fraqueza daquele mal.... qualquer tentativa é válida! Além disso, um espírito jamais pode se tornar outro... pensem bem! – Explicou o professor, parecendo muito longe, mas de voz audível. Lebatofsky era muito baixinho, tinha cabelos ralos e castanhos, porém uma energia inexplicável. Fazia tudo muito rapidamente, pensava muito rapidamente... com esses pensamentos na cabeça, ocorreu a Harry uma idéia, saída de não se sabe onde.
– Rápido, Neville! Pense em alguma coisa que produza muita inveja!
– Ahh... sei lá... uma Firebolt? – Confessou Neville, e Harry olhou de esguelha para ele, mas enfim sorriu.
– Ótimo! Accio Firebolt! – A vassoura leal de Harry saiu voando em disparada até a sua mão, mesmo estando no Beco Diagonal aquelas horas; Harry não sabia como a vassoura chegara tão depressa, mas não teve muita importância; automaticamente exibiu a reluzente Firebolt bem no rosto da criatura invejosa, que instantaneamente sorriu, mansa, porém astuta; Harry percebeu que o espírito desejava mais do que tudo a sua Firebolt. Essa era a idéia.
– Não, não irei dá-la a você! – Explicou Harry, ainda agitando a vassoura na frente do espírito.... seu plano tinha que dar certo, tinha que dar.... tinha que dar...”Um espírito jamais pode se tornar outro, um espírito jamais pode se tornar outro....” Pensava Harry com fervor, desejando que sua estratégia tivesse funcionado.
E realmente funcionou. O espírito foi se dissolvendo em fumaça densa, espiralando continuamente.... foi virando uma massa disforme e negra, sempre girando, parecendo liquefeita.... até que enfim implodiu, fechou-se, tornando-se apenas uma névoa muito clara e malcheirosa, vivamente colorida. Lebatofsky correu até eles, sorridente.
– Meus parabéns, sr. Potter e sr. Longbottom! Conseguiram cumprir a primeira tarefa do ano muito bem! Querem, por favor, explicar a sua linha de raciocínio?
Alguns, como Katty, observavam atentamente a Neville; o garoto, por sua vez, olhou constrangido para Harry, pedindo auxílio, que resolveu explicar o que pensou... era bem mais difícil explicar do qe simplesmente pensar!
– Bem... o professor disse que o espírito não pode se tornar outro espírito... então, eu pensei em deixar o espírito que a gente pegou, o da Inveja, bastante irritado, para que assim se tornasse o espírito do Ódio, e não o da Inveja.. é isso.
Enquanto os colegas simplesmente sorriam para Harry, manifestando apoio, Lebatofsky parecia encantado.
– Simples, mas genial... isso é o mais importante na Defesa Pessoal, futuros aurores... reconhecer o perigo, e tentar solucioná-lo da maneira mais simples possível.... bem, como é a primeira aula, ainda, eu vou dar um tempo de lambujem pra vocês.... mas não fiquem acostumados! – Ele sorriu – Estão dispensados.
Harry sorriu para o professor quando passou; se todas as aulas fossem assim, seria praticamente fácil se tornar um Auror. Logicamente, sabia que nem todas as aulas eram assim.
Harry aproveitou o tempo livre entre as duas aulas para escrever uma carta para Rony e Hermione; sabia que nos fins de semana provavelmente se veriam, e tudo mais, mas queria notificar o que estava acontecendo ali. Ou, pelo menos, queria uma resposta dos amigos. Demorou mais tempo do que planejara, na carta... a sua cama ficou atulhada de papéis amassados e jogados fora: todos os começos pareciam piegas demais... então, depois de quase uma hora, a carta saiu.
Rony e Mione,
Tá. Vou começar do começo. Não queria admitir, mas vocês não tem uma idéia da falta que vocês me fazem. Tudo bem, eu sei, isso não aconteceu nas férias, mas eu já estava acostumado com elas.. mas agora, que o período “de aulas” já começou, não me imaginava ficar longe de vocês. É realmente estranho não chegar no Salão Comunal da Grifinória, depois de um belo jantar de comemoração, e não escolher mais as melhores poltronas, sempre perto da lareira... é bem estranho, pra falar a verdade, não estudar no mesmo lugar que vocês... meio chocante.
O campo de treinamento de Aurores está tranquilo, até agora. Tudo bem, eu só cheguei há um dia, e já estou escrevendo e dizendo novidades. Na verdade, não há muito o que falar. Só tive uma aula até agora, e foi bem boa. E antes que me perguntem, acho que o Neville vai se sair muito bem, mas não acho que ele esteja saindo com a Luna Lovegood.... e tenho os meus motivos para não achar, hehehe... mas tudo bem, vamos falar disso depois...
Estou esperando cartas novas, com assuntos novos, porque esta aqui foi decadente!
Harry
Não estava boa, mas pelo menos estava sincera, pensou Harry consigo mesmo. Só não sabia como enviar a carta, já que Edwiges ainda não chegara. Resolveu deixá-la ali, no seu dormitório, um lugar provavelmente seguro para guardá-la, e correu novamente, pois o sinal de aviso já tocara de novo.
Era aula de Encantamentos. Foi divertida, a Aurora-Mestre de Encantamentos (assim que deveriam ser chamados, afinal, os professores-Aurores; Harry só descobriu isso quando a mesma professora rugiu com um aluno quando ele a chamou de ‘psora’. “Psora, e adjacências, nunca. Não sou professora, sou Aurora-Mestre de vocês. Ser professor é um cargo; ser Auror-Mestre é uma função temporária”), Antonietta Morris, era severa, mas emanava uma ironia inteligente de cada palavra que saía de sua boca, o que deixava Harry ao mesmo tempo aparvalhado e divertido. Ela parecia uma pessoa superior, muito superior, a todos os presentes. E Harry nunca viu alguém que soubesse tantos feitiços. Nem Flitwick nem Hermione ganhariam dela. Era simplesmente uma pessoa imponente e respeitável, e lembrava muito a ele a profª McGonagall.
Em seguida, foi aula de Vigilância. Harry não sabia como sobrevivera. A aula era um tédio constante, pavoroso. O garoto logo imaginou que provavelmente era a matéria favorita de Alastor Moody (o tal “vigilância constante!!” do quarto ano, mesmo que falso, ainda soava em seus ouvidos), porque o professor, um tal de sr. Holduam (Harry nem sabia o primeiro nome), não parava de dizer que sempre deveriam ser alertas, sempre deveriam estar atentos à qualquer ruído.... Harry estava babando quando o professor finalmente liberou a turma.
– Credo, que aula mais chata! – Foi a primeira coisa que disse, quando saiu do chalé de Vigilância. Neville e Katty concordaram vigorosamente com a cabeça.
– Simplement decadent – Suspirou Katty. -– Uma notável perrda de tempo. Poderríamos estarr tendo aulas mais úteis, mas....
– É, foi exatamente isso que eu pensei – Disse Neville olhando para Katty, e a garota sorriu, os dentes lampejando, juntamente com os aparelhos. Neville sorriu abobalhado.
A outra aula (para a estranha felicidade de Harry) foi Envenenamentos e Poções. Marienne já estava esperando a turma, em frente ao seu chalé, que continha flores campestres no parapeito das janelas. Marienne sorriu para todos e disse, docemente.
– Por favor, entrem! – O chalé de Marienne também era bastante grande, e Harry ficou assustado com a limpeza do lugar; até lembrava um pouco a casa dos Dursley, tudo arrumado, tudo muito limpo. Mas Harry não se importou. Sabia que os Dursley nunca conheceriam Marienne, e isso o tranquilizou. Muito.
– Muito bem, quero explicar só algumas coisinhas antes de começarmos o preparo de Poções! Primeiro: ninguém nunca vai ser envenenado nas minhas aulas; segundo: muitos dos materiais aqui são bastante raros, então, sem desperdício, por favor, certo? E terceiro: qualquer dúvida, eu estarei circulando entre as mesinhas, se precisarem é só chamar! A primeira poção que faremos será um antídoto forte, chamado Antídoto Anti-Ilusão. Geralmente é dado para aquelas pessoas que foram colocadas em sonos mágicos forçadamente, mas ainda existem paquidermes no mundo que usam essa poção para acordar, revigorados. Isso é uma grande burrice, enorme, monstruosa, porque essa poção consiste em eliminar os sonhos, para assim tornar possível o paciente acordar! Se uma pessoa não sonha durante todas as noites, provavelmente dormirá muito mal, e irá acordar pior ainda! Bem... é isso, por favor, comecem a fazer a poção.
Quando Harry escolheu uma mesinha e sentou-se com Katty e Neville, percebeu que Poções não era nada difícil ou desagradável, quando estava com Marienne e não com Snape como professor. Ela era jovem, tranquila, e tirava todas as dúvidas que os alunos apresentavam. Eram coisas bobas, e Marienne ficou petrificada ao saber que os alunos “tinham medo do professor, por isso não perguntavam”. Marienne se voltou para Harry, deixando as mãos do garoto bastante suadas.
– Você também tinha medo do professor Snape, Harry? – Não era uma voz maternal que lhe perguntava, e Harry ficou grato por isso; era uma voz interrogativa, perspicaz, atenta a cada palavra e expressão que Harry usaria para responder a pergunta. O garoto, enfim, deu um sorriso um tanto constrangido e disse:
– Não era bem medo... na verdade, ele me odiava, e não me dava a menor chance para perguntar qualquer coisa que fosse. – Disse o garoto simplesmente. O sorriso de Marienne se desfez, e suas sobrancelhas desapareceram sob suas franjas.
– Ele te odiava? Como é possível?
Harry sorriu. Ela achava que era impossível dele ser odiado! Seria um bom sinal?
A moça percebeu o duplo sentido de suas palavras, e tratou de corrigí-las automaticamente.
– Quero dizer... não tem a menor ética! – E virou-se, revoltada. Harry se sentiu nas nuvens. Ela estava irritada com Snape, porque ele lhe maltratava! O jovem definitivamente não percebeu o que fazia nas outras aulas, nem o que comeu no jantar, pois sua cabeça martelava esse único pensamento... Marienne odiava Snape por causa dele!
E foi com humor revigorado que foi dormir naquela noite. Só havia uma coisa que poderia atrapalhar aquele seu estado etéreo de espírito: a carta para Rony e Hermione tinha desaparecido da cômoda do lado da cama de Harry.
EII, GENTE!! POR FAVOR, QUEM ESTIVER LENDO, COMENTE!! EU PRECISO SABER O QUE VOCÊS ESTÃO ACHANDO DA FIC! CRÍTICAS, SUGESTÕES, TUDO SERÁ MUITO BEM ACEITO, HEHEH ^__^ ESPERO QUE VOCÊS ESTEJAM GOSTANDO DA FIC! BJSS =**
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