Capítulo Um - Lembranças
Era uma tarde de inverno. A neve caía do lado de fora do Três Vassouras, onde a lareira estava acesa, criando uma sensação confortável para os clientes. E eram muitos, que entraram e pediram algo quente para beber assim que a tempestade começou. Todos pareciam muito felizes por estar ali dentro, escapando do frio terrível. Mas talvez fosse só o bom humor que ainda estava presente em todos desde que Voldemort fora derrotado. Todos, menos um homem de cabelos claros e rosto fino, que contemplava as chamas com olhar de tristeza.
Draco Malfoy olhou para sua caneca de cerveja amanteigada, vazia, agora. Procurou pelo garçom e chamou-o, com um gesto. Preciso de algo mais forte do que cerveja amanteigada...
Momentos depois, o garçom trouxe um whiski, e Draco tomou a metade da taça em um gole só. Andava triste assim fazia meses, talvez anos. Desde que perdera Gina. Perdera todos os seus amigos, seu pai morrera em Akaban, e sua mãe se fora há pouco, vítima de uma gripe terrível. Alguns suspeitavam que ela fora enfeitiçada, mas nada foi confirmado. Mas nada que se compare à perda de Gina. Quando soube da notícia, pensou suicídio. Pensou em matar o culpado, um Comensal qualquer em. Um comensal qualquer. Como um Comensal qualquer conseguira acabar com a vida de uma pessoa tão importante? A vida simplesmente não é justa.
Seus pensamentos foram interrompidos por um barulho perto da porta. Draco olhou e viu de relance cabelos ruivos brilhantes. A mulher virou-se e encarou-o. Não, Draco, você nunca mais vai vê-la. Contente-se com isso.
Por quê? Por quê? Essa era a única pergunta que ecoava em sua cabeça agora. Por quê Gina? Por quê não outra pessoa qualquer? E só a tivera por algumas horas. Ótimas horas...
Gina entrara no corredor deserto, exeto por Draco, ás lágrimas. Não acreditara quando a garota viera em sua direção, esperava que passasse direto ou algo assim. Quando viu ela já estava em seus braços, o cabelo ruivo e perfumado fazendo-lhe cócegas no rosto, as lágrimas molhando seu ombro, os braços em torno de seu pescoço, num abraço apertado de quem busca conforto.
– O quê foi? Gina... – Draco estava sem jeito.
– Harry... Ele foi morto... Por Voldemort... Uma explosão e... – sua voz foi morrendo entre soluços.
Draco se sentia traído, pelo fato de que a mulher de sua vida estava perto dele por causa de outro... Mas o perfume dela logo o fez esquecer de ciúmes, o fez esquecer de tudo...
Aquela noite fora maravilhosa, Gina era sua, somente sua... Ele sentia a respiração acelerada dela junto ao seu ouvido, e sentia o seu corpo se apertando junto ao seu, unindo-se em um só, numa tentativa desesperada de esquecer de tudo e de todos. Os dois ficaram a noite inteira lá, na pequena sala que acharam, até o amanhecer.
Draco acordou com um movimento ao seu lado. Gina se vestia apressada, sem perceber que ele acordara.
– O quê você está fazendo?
–Desculpa, Draco, mas isso foi um erro... Nós... Nós simplesmente não pensamos no que estávamos fazendo, foi isso...
– Mas você gostou, não gostou?
– Draco... – Gina parecia á beira de cair no choro. De repente sua voz se tornou mais firme, mas ainda estava claro que ela estava mentindo pra si mesma. – Você se aproveitou da minha condição, só porque eu estava... abalada com o que aconteceu!
Draco ficou sem fala, diante de tamanho absurdo, e só assistiu á garota lhe deixar ali sozinho.
E nem pudera se despedir...
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