Aceito ~



Dica: Leia essa fic ouvindo a sua música romântica preferida. Não a deixe parar de tocar, sempre que ela acabar coloque de novo e escolha a que mais mexe com você, a sua preferida.

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O casamento de Fleur e Bill se aproximava e Ron sentia um estranho receio sobre o evento. Após a morte de Dumbledore, todos pareciam estar, de alguma maneira, mais quietos e pensativos. A idéia de perder alguém que sempre esteve lá para protegê-los ainda ardia em seu peito quando pensava no assunto. Ron sabia, no entanto, que Harry devia estar sofrendo muito mais do que ele.


A Toca estava em polvorosa. Hogwarts havia sido fechada e todas as aulas canceladas, mas a atmosfera era de como se nada houvesse acontecido - Molly estava, anciosa, cuidando de quase todos os detalhes do casamento como se a noiva fosse ela mesma. Porém, quando os pensamentos se desviavam do casamento era inevitável reparar que o mundo da magia não era mais o mesmo - o céu estava mais acinzentado e os dias pareciam mais escuros, como um apressado entardecer. O clima de morbidez que pairava sobre o mundo deixava Ron deprimido.


Ele passava noites em claro na sua cama, tentando imaginar alguma razão para tudo aquilo ter acontecido em tão pouco tempo - haviam presenciado a morte de Sirius Black no ano anterior e, há poucos dias, a morte de Dumbledore, o bruxo mais estimado por Ron. Saber que Dumbledore não estaria ali, de alguma maneira, o afetava. Mas as preocupações pareciam estar sendo camufladas por outra situação. A mesma estava lá no coração de Ron por muito tempo, mais do que a morte de Dumbledore. Essa sensação que cobria tudo já durava seis anos e tinha como nome Hermione. Palavras machucavam Ron, mas aquele nome em especial o queimava mais do que qualquer incêndio - estava claro, a muito tempo, que ele a amava. Mas um amor pode ser restringido a paixão ou algo que vem fortemente e se apaga. Mas era diferente: já durava muito tempo, desde a primeira vez que ele a viu no Expresso de Hogwarts, e a sua necessidade crescia proporcionalmente ao quanto um deserto necessita de chuva: momentos com Hermione eram sagrados e ele tentava apreciar o máximo que podia cada um deles. Até mesmo as brigas o satisfaziam. No fundo, ele sabia que ela, mesmo brava, estava pensando nele. E a quente sensação de que a pessoa que você mais ama está certamente pensando em você era uma das favoritas de Ron.


A questão, no momento, era que ele não aguentava mais a sensação. Ele queria sentir, na pele, o que seria completar o quebra-cabeça, o que seria realizar seu sonho. Não havia melhor momento para realizá-lo do que o casamento de Fleur e Bill.


Hermione se sentia desgastada. Iria para a Toca no dia seguinte, e, em parte triste por não poder regressar à Hogwarts para completar sua série de estudos, finalizando o sétimo e último ano, ela guardava suas esperanças para o casamento, aonde reencontraria Harry e Ron. Havia sido decidido que todos partiriam em busca dos Horcruxes restantes de Voldemort, mas só depois do casamento. Enquanto isso, cada um voltou para seus respectivos lares para poderem provar, talvez pela última vez, do confortável gosto do cotidiano fora de Hogwarts, como se ainda fossem regressar à escola, como se nada houvesse acontecido. Estavam de volta às suas casas, como sempre, pela sexta vez.
O pensamento que rondava Hermione era em parte diferente do de Ron - ela se preocupava com os estudos, e não com o que seria do mundo da magia dali em diante, mas a camada que cobria tudo era a mesma. De um jeito ou de outro, toda hora e em todo lugar, quem surgia, em primeiro lugar nos seus pensamentos, era Ron. A camada que cobria suas preocupações era igual - pensavam em uns aos outros. A decisão não se diferenciava: Hermione queria realizar seus sonhos. Podia ser o último ano de sua vida, e ela não poderia morrer sem fazer o que desejava a tantos anos. Beijar, singela e apaixonadamente, Ron. Tinham a mesma ocasião em mente: o casamento.


Amanhecia e Hermione havia chegado demasiadamente cedo na Toca. De dentro da casa, Ron não havia conseguido dormir a noite toda e estava na cozinha, sentado, olhando para uma xícara de café como se fosse explodi-la com o olhar. Sua concentração era tanta que o barulho das malas de Hermione batendo no chão de fora da casa o fizeram pular da cadeira e levar o café a derramar sobre a mesa.


- Quem é? - perguntou Ron.
- Ron? Você...já tá acordado? Nossa! Sou eu, Hermione. - A voz, que ele não ouvia a dias havia penetrado seus ouvidos como grito de mandrágoras, mas de um jeito agradável.
- Mi...Mione...vou abrir a porta, pera aí.
Com as olheiras cobrindo metade de seus olhos e completamente sem jeito por não ter conseguido pegar no sono durante a noite toda, Ron abriu a porta como se lutasse contra seus próprios neurônios para ver uma Hermione com um visual já arrumado para o casamento - seu cabelo estava menos volumoso e mais encaracolado, sua pele mais macia que pêssego e havia algo diferente em seu sorriso. A visão foi suficiente para Ron corar.
- Ron! Oi! - Mione cumprimentou o amigo com um abraço, que Ron não conseguiu retribuir devido ao estado de choque que estava.
- Você...é...você! - disse Ron, engasgando nas palavras.
- Eu? Que que tem eu? - perguntou Mione, começando a estranhar a indagação.
- Você! É...você...você tá...muito bonita, Mione!
- Ron...- as mandrágoras haviam se mudado dos ouvidos de Ron para os de Hermione, e Ron percebeu quando ela citou seu nome, envergonhada, o aumento do brilho e contentamento visível em seus olhos. - Obrigada...eu...fiquei com muita saudade...
- Ah...eu...eu também, por favor, entre! - Ron pegou as malas e serviu café para Hermione, já sentada na cozinha, para depois se sentar em frente a ela e começarem a conversar.
- Porquê você estava acordado? Ainda é...muito cedo.
- Eu...é, não consegui dormir, sabe como é.
- Tecnicamente, Ron, eu não sei...porquê você nunca teve problemas com sono. Pelo contrário, dormia demais, né?
- Eu fiquei pensando numa pessoa, só isso.
- Uma pessoa? Quem?
- Vo...vo...- Ron iria dizer a palavra "você", quando seus sensos despertaram e outra coisa saiu da sua boca, que ele nunca imaginara dizer - Voldemort.
- Ah...ele. Estou muito preocupada, Ron. Hogwarts foi fechada...não terminaremos os estudos.
- Eu sei...papai estava tendo problemas com isso no Ministério. Pelo visto, estão pensando em reabrir a escola, mas só para o sétimo ano finalizar os estudos, então ficaria somente o pessoal da nossa idade lá.
- Isso seria...meio monótono.
- É...- e o silêncio caiu, pela primeira vez, na conversa entre os dois.
- Mas...e então, anciosa pro casamento, Hermione?
- Muito! Como pode ver...até mudei o cabelo...sério que você gostou?
- Sim...é...ficou fantástico!
- Ron...- disse Mione, parando por um tempo como se estivesse planejando as palavras a serem ditas - posso te dizer uma coisa?
- Pode, ué...o quê?
- Você...tá tão legal hoje. Você podia ter sido assim nos anos em Hogwarts, teria me apaixonado por você. - e por alguns instantes, as palavras pareceram boas para Ron, sendo que Mione o estava elogiando. Mas, quando ele se tocou, isso significava que ela não gostava dele no momento.
- Você nunca se apaixonou por mim?
- Já sim, Ron.... - e os olhos de Ron, que estavam olhando para a xícara já limpa em cima da mesa encontraram com os de Hermione pela terceira ou quarta vez no dia, mas dessa vez com uma reciprocidade entre os dois.
- Eu...eu também, sabe. Mas já passou, hein, Hermione?
- Já? - o desapontamento era visível no seu timbre de voz, que havia abaixado bruscamente - é, o meu também já passou, faz tempo. Aliás, faz tanto tempo que eu já me apaixonei por outra pessoa! E...ah, Ron...eu preciso desarrumar as malas, tchau!


Hermione saiu rapidamente da cozinha, estranhamente brava e carregando as malas com esforço. Ron podia comparar sua mente com uma sopa de letrinhas no momento: ele precisava juntar os fatos. Hermione já havia gostado dele, mas não gostava mais. E ele havia estragado tudo, dizendo que não gostava mais dela. Mas ele a amava, mais que nunca, incontrolavelmente, desesperadamente! Tudo, naquele momento, havia sido estragado.
O dia passou se arrastando. Quando todos desceram para o café da manhã, Ron ainda estava sentado no mesmo lugar, imóvel, desde sua tremenda falha com Hermione. A Sra. Weasley lhe fez mil perguntas sobre a sua falta de sono, e, quando ele estava prestes a explodir, Hermione desceu à cozinha.


- Ron...posso falar com você? Sem ninguém. - Hermione parecia estar suando frio, preocupada. A gélida sensação que percorria o seu corpo se transformara em urros de alegria: na cabeça de Ron ele imaginava todas as suas células festejando e gritando "Ela deu mais uma chance, não desperdice!"
- Claro, claro! - disse Ron, levantando bruscamente da cadeira e atingindo Ginny em cheio.
- Ai, Ron! - berrou Ginny, que já havia acordado com o pé esquerdo.
Ron fingiu não se importar depois de pedir desculpas e seguiu apenas aos olhos de Hermione que ainda o olhavam por cima da escada, esperando que ele chegasse perto dela, como se os seus olhos fossem o mais lindo oceano e que ele jamais desejaria piscar e acabar com aquela sensação. Estava afundando, seguindo os olhos dela, em transe. Ela havia lhe dado mais uma chance e ele não podia desperdiçá-la dessa vez. Chegando no quarto, Hermione fechou a porta e começou a falar:
- Me abraça, Ron. Por favor, me abraça.
Perplexo, seus olhos extremamente arregalados pela repentina situação, Ron olhou para o rosto de Mione e viu que ela estava desmaiando.
- Hermione! - ele a abraçou, segurando o mais forte que podia.- Hermione! - mas ela já havia desmaiado.


Hermione acordou horas depois, quando já estava anoitecendo, e se viu na cama do mesmo quarto, com vários remédios e bolsas de água quente ao seu lado, coberta por uma linda colcha verde que a havia deixado aquecida enquanto havia desmaiado. Do lado da cama, na escrivaninha, um copo com água para ela beber, e, não muito adiante da escrivaninha, sentado numa cadeira, estava Ron, dormindo, com a cabeça pendendo para o lado esquerdo de seu ombro. Ele havia visto ela desmaiar, havia arrumado todas aquelas coisas para ela e tinha ficado olhando ela todo aquele tempo, mesmo sem ter dormido à noite - agora, ele tinha se rendido ao sono depois de ter cuidado tanto dela. Lágrimas subiram aos olhos de Hermione, comovida pelo que Ron tinha feito para ela, e, sentindo-se ainda um pouco tonta, tentou levantar da cama para ir agradecê-lo mas em seguida deitou novamente por não conseguir se equilibrar. Com o barulho do rangido da cama, Ron acordou de súbito.


- Hermione! Você está bem! Continue deitada, toma, beba água...esse remédio fará a sua pressão normalizar...você está com frio? Pedi para a mamãe fazer um feitiço que a fizesse acordar sem estar passando mal mas ela falou que não existia nenhum...o que houve, porquê você desmaiou?
- Ron...calma, Ron....eu estou bem...muito...muito obrigada...muito obrigada mesmo por tudo o que você fez. Você não tem noção de como eu estou feliz, comovida. Ninguém nunca se preocupou tanto comigo. Eu estou com a pressão baixa a tempos e te chamei no quarto para avisar isso, para pedir que você tomasse conta de mim...mas nunca pensei que eu fosse desmaiar assim, do nada...me desculpa...- Hermione dizia as palavras tão sinceramente que as lágrimas começavam a sair dos olhos e percorrer seu rosto.
- Hermione...- Ron a abraçou, e, depois, a perguntou: Porquê você ia pedir ajuda pra mim?
- Porquê...Ron...eu sabia que você iria cuidar de mim mais que ninguém...
- Como...como assim, Hermione?
- Eu não vivo sem você, Ron.
Os dois se olharam por alguns segundos, se completando sentimentalmente e prestes a se beijar, tocados emocionalmente pelo carinho que sentiam um pelo outro, quando a porta abriu e o clima todo se quebrou.


- Hermione, você está bem? - eram Harry e Ginny, entrando preocupados pela porta.
- Estou...foi...só um desmaio.
- Ron...Fred e George querem te ver. - disse Harry.
- Nós deixaremos você dormir mais um pouco, Mione... - disse Ginny, preocupada.
Todos saíram do quarto, deixando Hermione deitada na cama, descansando. Quando o silêncio já havia batido por completo no quarto e Hermione podia ver o reflexo da lua minguante pela janela, ela notou que na escrivaninha havia um porta-retrato com uma foto de Ron na Romênia. Com cuidado, pegou o porta-retrato, olhou a foto por um tempo, encostou seus lábios suavemente no vidro que cobria a foto, beijando-a, e adormeceu.


Fleur havia acordado no dia seguinte com um péssimo senso de chefe da casa. Com o casamento sendo no dia após aquele, ela se irritava com qualquer menção de que nem tudo estava pronto. Foi então que o Sr. Weasley se irritou e chamou todos ao gramado, logo de manhã. Hermione, já recuperada, foi a primeira a chegar – Harry, Ron e os outros chegaram alguns minutos depois, seguidos da Sra. Weasley, ainda descabelada e evidentemente nervosa com a situação.


- Eu chamei vocês aqui – começou o Sr. Weasley, tomando posição de comandante de uma expedição – para...bem, Molly, querida, cancele todos os planos do casamento.
- O quê? O quê querer dizer com cancelar a casamento assim? – disse Fleur, notavelmente perdendo a paciência e chegando à frente do Sr. Weasley, confrontando-o – você não poder cancelar minha casamenta!
- Acalme-se, Fleur. Eu não terminei de explicar.
- Você quer cancelar a minha casamenta!
- Não, não é isso.
- O que ser então? Cancelar todas as preparativos, só poder ser cancelar a casamento! Eu casarei com Bill de um jeita ou de outro!
- Não é isso! Me dê um minuto para explicar. – e o Sr. Weasley apontou sua varinha para o grande campo de grama que ficava em frente à toca e berrou rapidamente – Casamente!
Em poucos segundos, torres e colunas começaram a surgir da terra, presos por uma grande placa de concreto que lembrava um grande palco, quase do tamanho do estádio de Quadribol de Hogwarts. Em seguida, lenços brancos e flores começavam a enlaçar as colunas, formando uma linda decoração. Por fim, vários bancos, mesas decoradas com lindos enfeites e luzes surgiram e finalizaram o feitiço: o Sr. Weasley havia criado o casamento todo por magia.


- Caraca, pai! Isso é incrível! – disse Ron, impressionado.
- Satisfeita agora, Fleur? – perguntou o Sr. Weasley após dar um breve sorriso a Ron como agradecimento.
- Muito...estar lindo! Obrigada, perdoar minha ignorância, Sr. Weasley! – respondeu Fleur, emocionada e ansiosa, abraçando-o.
Ron havia perdido todas as oportunidades de tentar conversar com Hermione durante o dia – ela passou o dia com Gina, que a levava para vários lugares como se apresentasse a casa e se esquecendo que Hermione já estivera lá outras vezes – e guardou suas esperanças para o jantar, então. A frase que ela não conseguia viver sem ele ecoava durante todo o dia em seu coração, enquanto a esperança aumentava ainda mais. Mas parecia, também, cada vez mais difícil estabelecer uma conversa com Hermione agora – ele sabia que ficaria muito nervoso e envergonhado, agora mais do que nunca.


O jantar ocorreu de um jeito mais agradável do que Ron poderia imaginar – a Sra. Weasley posicionou a mesa na parte de trás da casa, aonde não podiam ver a recém-formada construção do casamento que o Sr. Weasley havia feito. A lareira da toca estava acesa por dentro e o jantar foi embalado por um adorável cheiro da lenha queimando e das plantas de eucalipto que ficavam de fora da casa – a noite era aberta e as estrelas brilhavam mais do que nunca. Era uma das noites mais belas que Ron já havia visto. Tinha que ser naquela noite. Ele precisava contar a Hermione seus sentimentos. Durante o jantar, ela olhou para ele inúmeras vezes, mas Ron preferiu esperar. Quando todos já estavam dentro de casa e Hermione já entraria, brava com Ron por ele não ter puxado assunto, como se esperasse que ele a chamasse para conversar em particular, ele a chamou.


- Hermione.
Ela apenas virou, esperando ele continuar a dizer alguma coisa, como se ela dissesse um “Sim?” mudo.
- Posso conversar com você em particular, Mione?
- Ah...claro, Ron.
Ele a chamou para andar pelo gramado e poderem ver a lua. A grama estava seca o suficiente para eles poderem sentar e observar o luar. A brisa fria que batia não era de nenhuma maneira ruim – era extremamente agradável e calma.

- É...longo dia, né? Foi um dos melhores jantares aqui em casa, hoje.
- Também acho, Ron...sabe, eu estava esperando que você me chamasse pra conversar. – disse Hermione, deitando na grama quando haviam atingido a exata metade da distância entre a Toca e a floresta que a separava do gramado.
- Verdade? Como você sabia que eu iria te chamar? – perguntou Ron, deitando ao lado de Hermione.
- Eu apenas sabia, você sempre foi previsível. Mas não de um jeito ruim...é até gostoso saber quando você vai fazer as coisas.
- Eu queria te surpreender alguma vez. Será que algum dia eu consigo?
- Isso depende de você...olha...dá pra ver todas as estrelas...
- É verdade...eu podia ficar aqui a noite toda com você, Hermione.
- Verdade? Sério mesmo? – ela começava a corar, mesmo sabendo que ele provavelmente gostava dela.
- Sim...- e Ron pôde sentir, muito delicadamente, a mão de Hermione tocando a sua, os dedos percorrendo a sua mão até as duas se fecharem como uma concha.
- Hermione...
*BOOM*
Eles levantaram bruscamente depois do imenso susto que haviam levado, e viram uma cena que parecia que a Toca estava destruída, pegando fogo. Mas, prestando atenção, viram que a casa continuava intacta, e a explosão era depois da casa. Correndo e atravessando a casa, eles puderam ver todos que estavam dentro da Toca saindo de casa, e quando eles chegaram ao lugar, viram que o local que o Sr. Weasley havia produzido tinha pegado fogo, e que tudo estava sendo destruído. Mas, depois de um certo tempo e de vários berros da Sra. Weasley e de Fleur, o fogo que envolvia tudo começou a ficar azul, e, por fim, começou a sumir, deixando um lugar mais bonito e maior ainda em frente a eles. O local agora estava todo prateado, com uma linda energia pairando sobre ele, e em volta de tudo, um lindo rio com água cristalina, onde puderam perceber que o incêndio havia deixado, na verdade, tudo mais bonito e que agora a plataforma boiava em cima da água, que era a mais brilhante que haviam visto: o casamento seria lindo.


- Quem...quem fazer isso? Ser maravilhoso!
- Nós...- assumiram Fred e George, saindo do bolo dos habitantes da Toca e indo para a frente. – queríamos melhorar ainda mais o casamento. Funcionou, né? – perguntaram os irmãos, e depois se entreolharam e bateram as mãos, comemorando a vitória.
- Meninos...eu ainda mato vocês! – disse a Sra. Weasley, correndo para abraçar os dois.
Ron olhou para Hermione, que, como se algum botão tivesse sido apertado, notou que ela estava olhando para ele e retribuiu o olhar, sorrindo. Todos entraram na casa e foram dormir.


Convidados começaram a chegar para o casamento logo cedo na manhã do dia seguinte. Ron passou todo o dia escolhendo a sua roupa e andando pela casa e pelo jardim. Era hoje o dia que ele ia declarar tudo para Hermione, aquela sensação que ele sentia a muito tempo, o amor que tinha por ela.
Quando a noite chegou e a festa começou, os comentários se dirigiam principalmente para a decoração, que proporcionava a sensação de estar no meio de um lindo mar cristalino na plataforma que boiava em cima dele. Quando Ron viu Hermione, não conseguiu manter a calma: ela usava um lindo vestido azul Royal, com pequenos diamantes nas bordas do braço e do pescoço, deixando-a mais linda do que sempre havia sido. No meio do casamento, no entanto, a perfeição dos dias que estavam se passando foi quebrada por uma inesperada e forte chuva, que molhou tudo durante alguns segundos até Lupin se levantar e criar uma barreira em cima da plataforma, impedindo todos de se molharem e permitindo que o casamento continuasse. Ron decidiu, então, agir. Segurando um copo de suco de abóbora, ele foi falar com Hermione.


- Hermione...vem cá, eu ... – mas antes que pudesse completar a frase, a Sra. Weasley havia tropeçado em seu vestido sem querer e empurrou Ron, fazendo com que o suco encharcasse Hermione e seu vestido por completo.
- Ron! Você...você acabou com o meu vestido!
- Des...desculpa, por favor, foi sem querer!
Hermione olhou por alguns segundos para Ron, já que não se importava tanto com sua vaidade, mas, sem esconder a raiva por ele não ter agido até o presente momento no que se tratava de seus corações e o amor que sentiam um pelo outro, saiu correndo, saindo da plataforma e indo para a Toca, sem se preocupar com o fim da barreira e que estava começando a se encharcar. Ron correu atrás dela, se molhando também.


- Hermione, Hermione! Me desculpa, por favor!
- Ron! – berrou ela, se virando rapidamente e encarando seus olhos enquanto a chuva não parava de ficar mais forte – eu não estou brava por causa desse vestido. Não me importo com ele! Você sabe que eu não sou assim!
- Porquê você está brava, então? – perguntou Ron, apavorado pela situação e tirando o cabelo molhado que caia em seu rosto e colocando-o para trás.
- Porquê eu te amo, Ron! Eu te amo mais do que tudo que existe e você não percebe, você não faz nada!
- Eu...eu...eu também te amo muito, Hermione, sempre amei! Não...não é paixão – Ron pensava consigo mesmo: é agora Ron, ela te ama! Seu coração batia mais rápido do que jamais havia batido – não é paixão, é amor! Eu te amo, sempre amei, desde...desde que eu te vi no trem!
- E porquê você nunca agia? Eu sempre queria sua atenção, Ron, fazia de tudo para consegui-la, e você nunca me notava, você só brigava comigo!
- Eu brigava com você porquê eu também queria sua atenção! Se brigasse comigo, você estaria pensando em mim enquanto estivesse brava, eu não queria sair da sua cabeça nunca! Eu também não conseguia te contar o que eu sentia...eu tentava...e aí você começou a namorar o Krum!
- Eu nunca namorei o Krum! Eu esperei durante semanas para você me chamar pro baile de inverno, enquanto isso ele já havia me chamado mas eu havia dito que iria pensar e pra ele me dar tempo, enquanto isso eu esperei, Ron, eu esperei você me chamar! Mas você nunca me chamou, você me esqueceu completamente, e aí eu aceitei o pedido dele! E fui com ele para o baile!
- Eu...eu nunca tive coragem para te chamar...porquê eu pensei que você diria não...
- E o namoro com a Lilá, Ron? Você beijava ela na minha frente, me ignorava completamente, não se importava comigo! Você tem noção de como isso me machucou? Você tem noção de quantos dias eu passei encharcando meu travesseiro chorando no dormitório?
- Eu...eu beijava ela! Beijava mesmo. Mas eu...
- Mas você o quê, Ron? Você vai dizer que não queria beijá-la? Claro que queria!
- Não, eu não queria! Eu beijava a Lilá, Hermione, PENSANDO EM VOCÊ! FINGINDO QUE ERA VOCÊ LÁ, TOCANDO MEUS LÁBIOS E ME AMANDO, TUDO QUE EU SEMPRE QUIS NA MINHA VIDA!
E esse momento foi como se uma flecha tivesse atingido o coração de Hermione. Ela começou a chorar.
- Ron! – chorando, Hermione o abraçou, e Ron, dessa vez, retribuiu o abraço – dessa vez você me surpreendeu, Ron. Você conseguiu...eu te amo, eu te amo! – seu choro não parava de aumentar, e a chuva também. Chovia forte, Hermione o abraçava com cada vez mais força.
- Hermione...não vamos nos separar, jamais. – Ron pegou seu rosto com as mãos molhadas, eles fixaram seus olhares, e, abraçados, chorando, molhados debaixo da chuva, chegaram os rostos perto um do outro e se beijaram. A sensação de poder beijar Hermione era diferente de Lilá. Era a peça final do quebra-cabeça. Eles se completavam. Eles podiam ficar lá para sempre, debaixo da chuva, se beijando, para sempre.
- Ron...- disse Hermione, interrompendo o beijo – eu te amo...eu te amo...
- Eu também...muito...mais do que você imagina...- eles continuaram a se beijar, satisfazendo o desejo que sentiam a seis anos. As gotas da chuva deixavam o beijo ainda mais romântico, ainda mais completo, ainda mais perfeito – eles haviam nascido um para o outro, e agora não iriam mais se separar, jamais.
- Hermione...você aceita se casar comigo? – perguntou Ron, quando a chuva começava a enfraquecer.
- Aceito, Ron. Aceito.

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