Um novo começo
Capítulo XXXV – Um novo começo
-Não! – Gina correu em direção a escola, em meio a fumaça e aos escombros para procurar Harry, mas Hermione não deixou que ela prosseguisse. Ela também chorava muito, mas não conseguiriam achar ninguém naquela hora.
- Vamos Gina, você pode acabar ficando presa lá e morrendo também...
- Eu vou com ele Mione, me deixa ir com ele! – o desespero era tanto que acabou desmaiando.
A notícia da invasão a Hogwarts se espalhou com tamanha rapidez que em questão de segundos curandeiros do St. Mungus estavam na escola para resgatar os feridos. Surgiram chaves e mais chaves de portal e assim todos chegaram o hospital.
Lá foram medicados, tiveram suas feridas limpas, mas muitos continuavam inconscientes. Os comensais ainda vivos foram levados diretamente para Askaban. Com o passar dos dias tudo foi retornando à normalidade, exceto para um grupo de adolescentes sofredores das tantas perdas geradas pela guerra.
Rony continuava em estado de choque, Hermione não falava sobre o assunto e Gina chorava noite e dia, pois não tinha notícias de Harry. Um grupo de bruxos do ministério foi a Hogwarts, ou o que restou dela, no dia seguinte à invasão à procura do garoto, mas não encontraram nada, nem ao menos vestígios de que Harry estaria sob os escombros da escola. O que mais alarmava o ministério era que o corpo de Voldemort estava irreconhecível, não tinham plena certeza de se tratar do bruxo, somente Harry poderia confirmar as suspeitas, mas não sabiam se o garoto sequer continuava vivo...
Tudo girava como em um turbilhão infinito, Harry não conseguia saber quando aquilo iria terminar. Tinha as mãos fixas ao peito segurando o medalhão. Estaria vivo ou morto? Não sabia, mas não ousava abrir os olhos para ver. Sentia rajadas muito frias, depois outras quentes, era como se caminhasse pela tênue linha que separava a vida da morte, o céu do inferno. Ora estava fraco, ora forte como nunca, estava completamente confuso. Então tudo parou, mas ainda não conseguia abrir os olhos. Ao sentir o que achava ser o chão adormeceu ali mesmo, naquela exata posição, apertando fortemente o medalhão, como se aquele objeto fosse sua única fortaleza.
Dormia profundamente, tinha sonhos que não poderiam ser considerados assim, pois não sabia se presenciava os acontecimentos ou se apenas os visualizava. Via os amigos hora vivos, horas em camas. Via Sirius ora vivo, hora com seus pais e horas ainda com Lupim. McGonagal, Moody, Dumbledore... Voldemort...
Então tudo mudava e ele se via caminhando em um longo corredor escuro, ao longe havia apenas uma porta negra. Passava pela porta e se via em uma sala com mais tantas outras portas idênticas a anterior, então tudo girava muito rápido, tão rápido que mesmo inconsciente Harry sentia náuseas, então tudo parava e ele atravessava uma das portas. Ao entrar na sala sentiu como se tivesse levado uma injeção de água fervente. Acordou.
Estava no que parecia ser uma sala. Poderia jurar ser a sala dos Dursley se não estivesse tão suja e empoeirada. O sofá estava coberto por um pano branco, muito sujo. Os móveis estavam coalhados de poeira. Estava tudo muito escuro e sombrio. Andou pelo aposento em direção à janela, abriu as cortinas empoeiradas para ver se entrava alguns raios de luz. Não fez muita diferença, pois os vidros estavam tão sujos quanto os móveis.
Examinou a tal sala mais uma vez e avistou, sobre a lareira inutilizada, muitos porta-retratos. Foi naquela direção e pegou um deles. Limpou o vidro com a manga da blusa. Um casal meio de idade, que aparentemente acabara de acordar, agora sorria meigamente para ele. A senhora, Harry não reconheceu, mas no senhor o garoto não pôde deixar de notar algumas semelhanças. Os cabelos espetados, porém grisalhos, os óculos... Seria aquele seu avô?
Pegou outro porta-retrato e ao limpar o vidro viu um grupo de adolescentes reunidos numa sala. Um garoto alto com cara meio pálida, um moreno muito bonito e um gordinho estavam ao fundo, pouco à frente do moreno estava outro garoto com o uniforme de quadribol, óculos redondos e cabelos espetados, ao seu lado uma garota de cabelos muito vermelhos, lisos e cumpridos. Ao lado da garota havia mais um casal eu Harry não conhecia, mas o garoto lembrava muito Neville Longbottom.
Colocou a foto no lugar e olhou um pouco acima onde havia um quadro bem grande. O garoto já sabia onde estava, mas ao ver as pessoas do quadro teve plena certeza. Lá estava a foto ampliada de seus pais, provavelmente uma foto do casamento. Sim, estava na casa de seus pais.
Em meio à poeira das estantes achou um pequeno espelho redondo, estranhamente parecido com o espelho que Sirius lhe dera antes de morrer, mas o garoto sabia que aquele não poderia se o outro espelho, definitivamente não. Examinou-o atenciosamente e assoprou a poeira que o cobria e então examinou seu reflexo. Teve a certeza de ver seu pai, sentiu até um sobressalto, mas ao olhar pela segunda vez viu algo que o deixou ainda mais intrigado? Sua cicatriz havia sumido.
Passou os dedos pela testa algumas vezes, piscou para ver se não estava sonhando, mas não, ela sumira mesmo. ”Bem, agora que tudo acabou... pensou.
Examinou os outros cômodos, mas estavam irreconhecíveis pela poeira e pelos desgastes do tempo. Já não tinha mais o que fazer naquela casa a não ser esperar por alguma notícia, Edwiges com certeza saberia onde acha-lo. Nesse meio tempo resolveu ir arrumando o local que, a partir daquele dia, seria novamente seu lar.
Não era muito bom com feitiços domésticos, então a maior parte do trabalho ele fez do modo trouxa mesmo, já que na casa dos Dursley era ele na maioria das vezes quem limpava a casa.
Ao final de dez dias a casa estava totalmente limpa e Harry totalmente solitário. Pensava em Gina e nos colegas o dia todo, queria saber como estavam, onde estavam... Queria retornar a Hogwarts para ver se Voldemort realmente morrera, mas não podia, não sabia nem onde ele mesmo se encontrava, pois não sabia o endereço da casa dos pais. Assim mais alguns dias se passaram.
Ao final da terceira semana Harry teve uma surpresa. Era um dia chuvoso, desses que você perde a noção das horas por já amanhecer escuro. Estava sentado à cama no quarto dos seus pais observando um antigo álbum, da época em que estudaram em Hogwarts quando escutou passos ao lado de fora.
Pensou estar imaginando coisas quando escutou forçarem a maçaneta no andar de baixo. Pegou então a varinha na mesa de cabeceira e desceu para conferir.
Desceu as escadas silenciosamente e sempre atento a qualquer movimento dentro e fora da casa. Tentou olhar pela janela, mas estava muito escuro lá fora, mesmo sendo pouco mais de duas horas da tarde. Apenas via um vulto negro à porta. Percebeu que a pessoa do lado de fora segurava agora algo que lembrava uma varinha. Escondeu-se a tempo de ver a porta ser arrombada por um “Alorromora”.
- Petrificus totalus! – gritou Harry quando viu um homem entrando pela porta, mas o feitiço não o imobilizou.
O tal homem assustou-se pelo fato de haver alguém na casa e rapidamente levantou-se, tirou a capa de viajem, totalmente molhada e só então Harry o reconheceu.
- Hagrid!
- Quem está aí?
- Hagrid sou eu, Harry!
- Harry...? – então o garoto saiu das sombras e correu em direção ao gigante dando-lhe um grande abraço – Harry!
- Como você sabia que eu estaria aqui?
- Eu não sabia, não avisei ninguém que viria aqui; e mesmo se avisasse não fazia a mínima idéia que te encontraria aqui Harry! – Hagrid já estava chorando muito tamanho era sua emoção em rever o garoto que todos achavam estar morto – preciso contar a todos que te achei!
- Calma Hagrid, não sei se estou pronto para tudo isso...
- Como assim, não está pronto? Harry Rony e Hermione estão desesperados atrás de você, a Gina então, coitada, não come a semanas, ela está definhando... Deixe-me apenas avisar que te encontrei.
- Hagrid...
- Além do que, você precisa reconhecer o corpo de Voldemort.
- Que?
- Sim, aparentemente o corpo dele ficou tão destruído que não se dá para reconhecer. Esperávamos que você pudesse ajudar, mas quando foram fazer uma busca na escola eles não te encontraram e...
- Ok, ok! Eu vou, mas não hoje.
- Tudo bem deixe-me ao menos avisar que te encontrei.
- Tudo bem.
Assim, depois de muita relutância por parte de Harry, Hagrid conseguiu escrever uma mensagem para a família Weasley avisando que o garoto estava bem. Era uma mensagem curta, pois Harry não queria dar muitos detalhes, preferia contar tudo pessoalmente quando retornassem.
Passados dois dias (tempo para a mensagem chegar), Harry decidiu que era hora de voltar e encarar os problemas frente a frente, pois mesmo com o fim da guerra ainda haviam problemas para serem resolvidos, sem contar as explicações que devia a todos pelo seu sumiço. Resolveram utilizar o pó de flú, pois Hagrid não sabia aparatar.
Aquela seria a última olhada que Harry dava naquela casa, ficara ali pouco menos de um mês, nada comparado aos dezesseis anos na casa dos Dursley, mas sem sobra de dúvida sentia muito mais ao deixar aquela casa que ao deixar a casa dos tios.
Hagrid foi até a lareira e pegou um punhado do pó de flú que se encontrava num pote ao lado das fotos e jogou o conteúdo na lareira.
- Vamos Harry, está na hora – disse o homem no exato momento em que as chamas se tornavam verde esmeralda.
O garoto pegou todas as suas cosias e entregou para Hagrid, mas ao olhar para as chamas verdes da lareira sentiu uma enorme fúria tomando conta de seus corpo. Era como se uma fogueira nascesse repentinamente em seu peito e fosse instantaneamente apagada com uma avalanche de gelo. Sentiu-se enojado e com uma forte tontura, apoiou-se no sofá e não se conteve: vomitou. Sua cabeça rodava rapidamente, então desmaiou...
“Estava num local escuro, levemente iluminado com archotes de fogo azulado, tudo no local era escuro, mas mesmo assim sabia muito bem para onde deveria correr. Seguiu reto até uma enorme porta negra, cruzou-a. Viu-se parado naquela mesma sala cheia de portas. Sentia um enorme peso em sua cabeça, como se carregasse o mundo todo sobre ela, tinha sangue em seu paladar e uma incrível relutância em prosseguir com seus passos. Sentia lutar ao máximo contra essa força. Aproximou-se e uma das portas e girou a maçaneta...”
Acordou assustado, suava frio e todos os músculos do seu corpo tremiam.
- Harry! Ah Harry, graças a Deus você acordou! – sentiu então um peso sobre seu corpo e então as imagens começaram a se tornar mais nítidas – achei que estivesse morto... – disse Gina já aos prantos.
- Gi... – mal conseguia formar as palavras, sentia ainda uma forte ânsia e para seu espanto, ao limpar a boca, viu que sua mão sujou-se de sangue. Teve um leve sobressalto.
- Hagrid disse que você bateu a boca no sofá ao desmaiar.
Esquecera por um segundo o seu sonho, mas como num flashback eles retornaram instantaneamente.
- Por quanto tempo eu dormi?
- Você ficou desacordado por um bom tempo, quase um dia pra ser mais exata. Rony e Mione saíram daqui quase agora.
- E como eles estão?
- Bom, Mione está bem, Rony teve alta há dez dias, papai está bem, mas mamãe... – então a garota baixou a cabeça e seus cabelos caíram sobre seu rosto escondendo as lágrimas.
- O que houve Gi? Ela...
- Não! Graças a Deus que não, mas ela não se lembra de ninguém... – disse enxugando o rosto – papai em aqui todos os dias, sempre que consegue uma folga do ministério ele aparece.
- Nossa Gi, queria muito ver sua mãe...
- Assim que você tiver alta creio que possa ir.
- Claro... mas e os outros?
Assim passou o que pareceu ser duas horas, a noite foi dando lugar ao sol quando foram interrompidos por uma curandeira de aspecto maternal.
- Bom dia; vejo que já acordou – disse lançando um olhar à Harry – pois bem, responda-me querida, ele falou novamente no sono?
Harry sentiu um leve arrepio na boca do estômago, ele voltara a falar durante o sono? Gina olhou para o garoto, como que examinando-o e voltou-se para a mulher.
- Não senhora, creio que foi só aquela fora de pesadelo mesmo.
- Pois bem, já trago o café da manhã para vocês – e assim saiu.
- Então Harry, o que aconteceu, com o que você estava sonhando? Você se mexeu muito na cama, ficou resmungando algo como “preciso fazer isso” e “é o único jeito de pará-lo”?
- Eu disse isso? Não me lembro Gi... – será que tudo recomeçaria? Como se Voldemort estava morto, ele tinha certeza disso, amarrara e torturara o bruxo até o fim... – a não ser que...
- O que foi harry?
- Ah? Nada Gina, está tudo certo – não queria nem pensar naquela possibilidade.
A semana passou extremamente rápido, Harry recebeu inúmeras visitas, mas ninguém, para o alívio do garoto, tocou no assunto da guerra. Ele não estaria disposto a reviver tudo aquilo. Mas ao final da semana veio a tal notícia que Hagrid o alertara.
Logo após acordar Harry recebeu a visita do Sr. Weasley.
- Bom dia Harry!
- Bom dia Sr. Weasley – o garoto reparou que o homem estava diferente. Roupas impecavelmente limpas e passadas, sem um remendo e de aparência nova, totalmente diferente do Sr. Weasley de dois meses atrás. O garoto não pôde deixar de reparar que o homem era seguido de mais três homens de aparência oficial.
- Esses são John Shnaider, Erick Kloaslov e Francis leFaire; trabalham comigo no ministério, creio que já sabe o motivo da nossa visita tão cordial – disse lançando um olhar tedioso para o teto – precisamos que você compareça ao Ministério para fazer o reconhecimento do corpo de Voldemort... Você sabe, confirmar mesmo se é ele...
- E por que não seria ele, quero dizer, já passou muito tempo e o corpo deve ter apodrecido e...
- Sim meu garoto – interrompeu Kloaslov – mas achamos mais prudente que você nos ajude o corpo para que nós do ministério e o sr. ministro providenciemos as papeladas – disse apontando para o Sr. Weasley.
- Sim, mas depois de quase dois meses vocês querem que eu... espere um pouco, ministro?! – agora tudo fez sentido, as roupas, a corte que o seguia – o senhor é o novo ministro da magia?
- Bem... – disse o homem extremamente encabulado e com as orelhas pegando fogo, de tão vermelha que estavam – quando o ministério recebeu a notícia da invasão da escola Rufus achou que não seria prudente levarmos a sério e mesmo sabendo que muitos aurores ajudaram na proteção da escola ele não fez nada, então eu e os demais membros da ordem que continuavam no ministério nos juntamos e fomos para a escola...
- Com o perdão da interrupção Sr. ministro – disse um dos homens – creio que posso dizer que o Sr. comandou uma incrível armada rumo a Hogwarts. Acredito que sem a sua liderança nem um terço dos aurores que ainda estavam no ministério teriam saído de lá.
- Bem, ele está exagerando um pouco, mas enfim – disse Sr. Weasley mais envergonhado ainda – vamos Harry?
- Mas agora?
- Claro. Espero você no hall, em meia hora ok? – o garoto confirmou com a cabeça e o Sr. Weasley se retirou sempre seguido pelos três homens.
Passados os trinta minutos Harry estava no hall, de lá seguiram diretamente para o Ministério. Não queria chamar muita atenção por onde passava, mas era inevitável/ o garoto sentia que todos os olhares do átrio estavam direcionados a ele.
Seguiu o Sr. Weasley pelo local, entraram no elevador e desceram. Muitos memorandos entravam e saiam, mas quanto mais desciam, menos aviõezinhos sobravam no mesmo.
- Hum, sr. Weasley...
- Sim Harry.
- Por acaso estamos indo para a Sala de Mistérios – o homem confirmou com a cabeça e Harry começou a sentir uma ligeira excitação, só não sabia o porque.
Quando o elevador parou eles estava em um corredor negro, iluminado apenas por archotes de luz azul, luzes frias... Conforme andavam pelo local Harry tinha vislumbres, lembranças de seus sonhos.
Passaram pela grande porta negra e entraram na sala das doze portas e antes mesmo que elas começassem a girar o Sr. Weasley, com um aceno da varinha, abriu a porta à esquerda, na qual apareceu uma placa intitulada “Sala da Morte”.
Tudo estava como da última vez em que estivera ali, exceto pela maca ao centro. Ali o garoto sabia o que lhe esperava.
- Conservamos os corpos com magia, ok? Assim será mais fácil para você nos ajudar.
Aproximaram-se do centro da sala e lá estava ela. Foi a pior sensação que sentira nos últimos dias. Mas não era só aquilo, quando ergueram o lençol que cobria o corpo Harry sentiu seu coração acelerar. Foi a imagem mais grotesca e horripilante que já vira: o corpo estava queimado, todo retorcido, cheirava à decomposição. A medida que se aproximava da maca sentia seu corpo passando pelas mais diversas sensações.
Parte dele sentia-se feliz, aliviado por tudo ter realmente acabado, mas uma outra parte sentia-se, bem lá no fundo, triste em ver o estado do corpo do bruxo que matou seus pais. Tudo ficava mais e mais misturado, tamanha proximidade/ teve vontade de toca-lo, mas antes de faze-lo foi disperso de seus pensamentos pelo Sr. Weasley.
- Então Harry, o que me diz?
- É ele...
- Certeza?
- Absoluta/ reconheço essas marcas das amarras e a posição em que deixei seus braços...
- Pois bem, rapazes – mais dois homens entraram na sala – vamos joga-lo pelo véu.
Os dois homens pegaram a maca um de cada lado e jogaram o corpo do bruxo pelo véu. Então algo estranho aconteceu? O véu antes estático começou a se mexer freneticamente, uma luz começou a brilhar de dentro dele e a maca começou a voltar.
- O que está havendo? Empurre- no! – dizia o Sr. Weasley.
- Estamos empurrando ministro, mas o véu parece que não o quer!
- Mas como, é só um véu!
Então uma forte rajada de vento saiu de dento do véu empurrando a maca, o corpo de Voldemort e os dois homens para longe.
- Por Merlim! – o ministro estava espantado – pelo jeito teremos que deixa-lo do lado de fora... Mas quanto a vocês, estão bem?
- Sim senhor.
- O que será feito do corpo dele Sr. Weasley? – perguntou Harry, que nunca vira algo tão estranho.
- Por hora ele ficará aqui, trancaremos a sala com magia e ninguém terá permissão para descer, depois arrumaremos um lugar.
Saíram então do recinto e retornaram diretamente à Toca. Rony, Hermione, Gina e os demais já estavam na casa. Harry passaria algum tempo lá também, até que as coisas se estabilizassem e ele pudesse retornar à casa que era de seus pais, pois essa era sua vontade.
Os dias viravam semanas, as semanas viravam meses, então, após seis meses, que mais pareceram uma eternidade, a Sra. Weasley deixou o St. Mungus totalmente recuperada; e para seu próprio bem, não se lembrava de boa parte da guerra. Então aquela noite era de comemoração.
A casa estava toda decorada para a calorosa recepção que prepararam para Molly. A mesa de jantar estava no jardim, cuja grama fora cuidadosamente aparada, o jantar minuciosamente feito pelas garotas e a decoração denominada “especial” foi função de Fred e Jorge.
Então, como combinado, às oito da noite tudo começou. A música, o jantar e ao final, os fogos Dr. Fillisbutero, no caso a surpresa especial dos gêmeos. Mas em meio a tanta felicidade Harry se sentia vazio, só não entendia o por que. Estava com Gina e agora nada podia separá-los, mas tinha horas que sua presença era quase que insuportável para ele.
Acordava assustado e suado na maioria das noites, sonhava que estava num lugar escuro, todo preso e amarrado, sentia-se claustrofóbico, queria se soltar, mas não conseguia, então sempre acordava.
Após o jantar todos foram para os quartos. Harry despediu-se de Gina e foi tomar banho para poder dormir. Entrou no banheiro, despiu-se e entrou de baixo do chuveiro. Sentia a água quente descer por todo seu corpo, sentia-se extremamente cansado, os sonhos estavam-no deixando abatido novamente. Tentou não pensar sobre o assunto. Ficou ali por um tempo até que as badaladas do relógio o acordaram para a realidade.
Ao voltar para o quarto viu que Rony já estava dormindo, resolveu então dormir também, mas tinha medo que voltasse a ter pesadelos novamente, não agora que tudo estava se acertando em sua vida.
“ E mais uma vez se encontrava em meio ao corredor escuro, que agora sabia muito bem pertencer ao Ministério. Sentia-se perdido, então o sonho mudou... Estava no que parecia ser uma caixa; estava amarrado, sentia-se claustrofóbico, queria sair dali o mais rápido possível! Sentia ódio, queria se vingar, queria viver! Então a corda que prendia seus punhos se partiu, tamanha força que fazia sobre elas. Depois soltou a corda dos pés e estava livre. Abriu a caixa e então acordou....
Estava suado, tremia muito e seu coração estava disparado, sentia como se tivesse segurado sua respiração por um tempo indeterminavelmente longo. Respirou fundo e deitou novamente, mas algo em sua cabeça o incomodava. Sentia uma certa coceira, enformigamento, não sabia ao certo, mas resolveu não se importar, afinal de contas eram mais de duas horas da madrugada e no dia seguinte começaria seu treinamento de auror , lá no ministério.
Acordou na manhã seguinte, viu que estava todo enrolado no lençol e que também estava do lado contrário da cama, mas não se lembrava de nada.
Tomavam café da manhã tranquilamente quando um grito vindo de fora os assustaram. Harry e os demais saíram para verificar e viram Hermione chorando sobre o que parecia ser uma almofada.
- Hermione, o que houve? – perguntou Rony todo apreensivo com a namorada.
Ao se aproximar da garota Rony pecebeu que o que segurava não era uma almofada e sim o corpo de Bichento, totalmente cortado.
- Meu Deus! Mas quem seria capaz? – perguntou perplexo.
Todos no jardim estavam chocados com aquilo, exceto por Harry, que ria.
- Harry o que está acontecendo com você? Pára de rir! – dizia Gina ao seu lado.
Não demorou muito para que as atenções se voltassem para ele, que agora tava gargalhadas e mais gargalhadas.
- Chega Harry! Eu sempre soube que você nunca foi com a cara do Bichento, mas agora não respeitar esse momento já é demais! – não importava o quanto Hermione pedisse, o garoto não iria parar de rir – Pare Harry! CALE A BOCA! – levantou-se então pronta para dar um tapa na cara do garoto, mas antes que percebece Harry segurou sua mão.
- Nem pense em encostar essa sua mão imunda em mim Hermione; você deveria ter morrido junto com esse amasso idiota! Você e todos os trouxas e mestiços da podridão!
- Harry você está me machucando! – choramingou a garota que já estava de joelhos, com Harry apertando agora seus dois pulsos.
- Solta ela Harry! – gritou Rony com a varinha já em punho.
- Deixa de ser idiota Weasley! É típico de sua família né – disse virando-se para Rony, mas sem soltar Hermione – trouxas! Mestiços! Sangues-ruim! Escória! Resumindo: sua família! – e voltou a gargalhar.
- Solte ela Harry – repetiu Rony, extremamente vermelho.
- Será que você não percebeu ainda? Tudo o que eu queria era livrar o mundo do lixo; deste lixo aqui – assim dizendo jogou Hermione no chão e andou em direção ao garoto.
- Do que você está falando cara?
- Lorde Voldemort! Você não percebeu que estamos errados? Deveríamos todos expurgar a comunidade bruxa desse mal!
- Não Tom, você não está e nunca estará certo – disse Hermione ainda no chão, mas com a varinha em punho – ESTUPEFAÇA!
anúncio
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!