A Chegada dos Amigos
Hermione acordou com um humor impressionante. Há muito tempo que não ficava tão bem disposta. Não era para menos, em pouco tempo estaria vendo Rony de novo. Aquilo estava virando vício para ela: pensar nele. Ficou relembrando a tarde do dia anterior e deu um sorriso. Pensava no que aconteceu na sorveteria. Havia tido a nítida impressão que Rony a beijaria, caso Fred não tivesse chegado. Aliás, que hora horrível para um dos gêmeos aparecer. Será que estava ficando louca? Rony querendo beijá-la? Para conseguir um abraço dele era um custo! Se bem que depois do funeral do Professor, ele havia ficado mais carinhoso, mais acessível neste aspecto. Automaticamente levou os dedos ao local em que Rony a havia beijado e depois arrastou os dedos até seus lábios, como se quisesse “levar” o beijo até lá. “Eu hein Hermione, tá ficando maluca mesmo”. Disse a si mesma e levantou. Ao olhar o relógio se desanimou, ainda eram 6:30h. “Droga!” E se jogou na cama novamente.
Harry acordou com o lenço de Gina ao lado do travesseiro. Queria dormir sentindo aquele perfume. Foi a noite de sono mais tranqüila que tivera desde que retornara de Hogwarts. “Tenho que me lembrar de agradecer a Gina por isso. Propriamente, claro!” Pensou e levou o lenço ao rosto, aspirando fundo aquele perfume.
Se levantou e olhou suas coisas. Já estava tudo pronto para partir. Na verdade aquela seria quase a sua partida definitiva. Dali a 3 semanas faria 17 anos e o encanto de proteção se quebraria. Não faria mais sentido ficar ali e ele estava louco para dar o fora, definitivamente. Porém não seria agora ainda. A vontade de ver Gina superou a sua vontade de ir embora de vez. Estava levando apenas o necessário para passar o restante das férias na Toca, depois voltaria e pegaria o que mais precisasse para, finalmente, sumir de vez dali.
Pegou o pequeno embrulho com o presente da menina e colocou, com cuidado, sobre a mala, para não quebrar. Deu uma olhada na gaiola de Edwiges para ver se estava tudo ok. Naquela noite ela dividira com Pitchi. Resolveu não mandar a coruja de volta na noite anterior. Iria levá-la pessoalmente e fazer uma surpresinha para Gina. Desceu então para tomar um café, esperando que os tios ainda estivessem dormindo, para não ter que aturar a cara deles. Olhou para os cômodos e realmente eles ainda dormiam. Harry aproveitou a chance e foi até o telefone. “Será que ela já acordou?”
Hermione não conseguiu mais dormir, estava ansiosa demais. De repente, ouviu o telefone tocar. Desceu correndo, curiosa. “Quem será a essa hora?”
- Alô!
- Hermione?
- Harry? – perguntou mirando o relógio – É você mesmo?
- Sou eu. – ele falava baixo.
- Nossa! Você nunca me ligou antes! Sempre me mandou corujas! Por que está falando tão baixo?
- Nunca liguei, porque meus tios nunca me deixaram usar esta maldito telefone e eu estou falando baixo – abaixou a voz mais ainda – porque não quero que eles acordem.
- Ah... e como você está? Fiquei preocupada com você, depois daquela carta.
- Não se preocupe, a sua resposta mudou meu humor. Aliás, ontem meu dia foi perfeito!
- Com certeza não foi por causa da minha carta.
- Depois eu lhe conto, mas eu estou ligando por outra coisa: quando você vai para Toca?
- Hoje, ainda pela manhã.
- Mesmo? Hermione, será que seus pais me dariam uma carona?
- Você também vai para lá hoje?
- Bem, vou se você me levar. Não agüento mais isso aqui e não agüento mais de saudades de uma menina ruiva, amiga sua.
Hermione riu e disse:
- Claro que a gente dá uma carona a você! Fique pronto que a gente passa por aí.
- Eu já estou pronto desde ontem!
- Sério? Vou contar um segredo: eu também! – e ambos riram.
- Você percebe o que aqueles ruivos estão fazendo conosco?
- O que você quer dizer com isso? – tentou disfarçar.
- Mione, deixa de ser boba! Está estampado no seu rosto: Eu amo Rony Wesley! Eu amo Rony Wesley! Eu amo...
- Ah, pára! – disse envergonhada.
- Pensei que eu ficaria de vela neste ano que passou, mas vocês dois são as pessoas mais cabeças-duras que eu já conheci. E olha que eu moro com os Dursleys hein.
- Eu não sou cabeça-dura! O Rony é que é idiota e tapado! – disse, mas depois resmungou meio melosa – Não, ele não é não...
- Sabia! Sabia! Por isso se aprontou desde ontem, hein?
- Bem, eu não tinha nada o que fazer ontem à noite, então aproveitei...
- Sei, sei. – Harry disse rindo. – Escuta, é melhor eu não abusar aqui, senão eles me trucidam e eu ainda não fiz 17 anos para poder usar magia aqui fora. Me salva logo daqui, amiga!
- Pode deixar! – E se despediram.
O despertar na Toca aconteceu como sempre: muita gente, um falatório louco e Molly Wesley nervosa!
- Meninos desçam logo que eu quero tirar essa mesa! – Gritava lá de baixo – Vamos receber visitas hoje!
- Quem vem, mãe? – Jorge perguntou enquanto descia as escadas com Fred e Rony.
- Hermione.
- Ah, Hermione Granger! – e olhou para o irmão mais novo.
- Nem começa, porque eu estou com minha varinha aqui. – disse Rony emburrado.
- Meninos, por favor! Cadê a irmã de vocês? – Perguntou a mãe.
- Sei lá! Deve estar na cama ainda.
- Ginevra! – A mãe a chamou lá de baixo.
- Já tomei café! Quando a Mione chegar a senhora me chama! – ela gritou do quarto lá para baixo.
A sra. Wesley estranhou, mas deixou para lá e continuou os afazeres.
Harry andava de uma lado ao outro do quarto, impaciente. “Cadê você, Mione?” Olhou no relógio, 10:30h. De repente ouviu um barulho do lado de fora do quarto. Abriu e se deparou com Tonks que tinha acabado de aparatar ali. Aquela era a Tonks de sempre, estava com os cabelos verde-limão e usava um vestido roxo berrante com uma capa rosa, esvoaçante. Harry pôde reparar que ainda usava o colar que ele lhe dera. Devolveu-lhe o sorriso.
- O que faz aqui Tonks?
- Soube que você vai para a Toca hoje.
- Como você soube?
- Ah, querido, você acha que nós não podemos rastrear métodos de comunicação trouxa também? Com uma ajudinha do Departamento de Arthur Wesley no Ministério, claro!
- A Interpol perde de longe de vocês, hein?
- O que é Interpol?
- Esquece, é coisa de trouxas. Realmente eu vou para Toca. Por que? Aconteceu alguma coisa?
- Não, não, é que eu queria confirmar, pois já que você vai para lá, então meu trabalho aqui acabou. Estou com saudades de um certo cara, meio homem, meio lobo. Acho que você conhece. – e piscou para ele.
Harry riu e ela continuou:
- Só vou aguardar Hermione vir buscar você e ter certeza que chegaram bem por lá. Não se preocupe, não vamos chamar atenção.
Se despediu dele e desaparatou. Harry então ouviu a campainha. Olhou pela janela e viu o carro dos pais de Hermione. Pegou a gaiola com as corujas, a mala, o presente de Gina e desceu as escadas. Encontrou Tio Válter olhando de cara feia para os Granger, parados à porta.
- Harry! – exclamou Hermione e correu para dar-lhe um abraço. - Sr. Dursley! – disse ela, virando-se para seu tio – Muito prazer, sou Hermione Granger e estes são os meus pais! – e levantou a mão para cumprimentá-lo, como também fizeram o Sr. e a Sra. Granger.
“Não faça isso, Hermione! Não faça isso!” Harry dizia mentalmente. O tio não cumprimentou nenhum deles, como era de se esperar.
- Moleque, você não disse que a gente iria receber “visitas” de gente... de gente... – ele bufava e acabou soltando – de gente da sua laia!
- Laia? Como assim? – perguntou o Sr. Granger.
- Sr. e Sra. Granger! Como estão? – Harry se adiantou, cumprimentando-os, tentando desfazer o clima tenso. Lógico que a sua amiga, Hermione, não deixaria as coisas assim.
- Desculpe-me Sr. Dursley, mas o Harry e eu não temos culpa se nascemos bruxos, apenas aconteceu. Meus pais são dentistas e não são bruxos. Pode ter certeza que a “laia” deles é infinitamente superior a de vocês, como é a minha também. Nunca vi tanta falta de educação! Harry, vamos embora antes que eu, que já tenho 17 anos – Hermione enfatizou sua idade, olhando para tio Válter – perca a paciência e seja obrigada a usar todo o meu aprendizado de 6 anos de Hogwarts com isso aqui. – e levantou a varinha.
Tio Válter, lembrando vagamente que Harry uma vez dissera ter uma amiga em Hogwarts, com uma inteligência acima da média, deu um passo para trás aterrorizado. De canto de olho, Harry viu a tia e o primo escancararem as bocas. Harry não duvidou, nem um segundo sequer, que Hermione pudesse lançar uma azaração no tio. Pegou rapidamente suas coisas e saiu porta afora com os Granger, dando um aceno tímido aos tios.
- O Rony sempre me disse que você era meio maluca e agora começo a achar que ele tinha razão. – Harry disse ao arrancarem com o carro.
- Eles deram sorte em ter um sobrinho bonzinho como você, que resolveu sair rapidamente. Naquele exato momento, eu estava me decidindo se imobilizava o corpo todo ou só as pernas dele. Pensei também em um nariz grande e curvado, mas achei que pareceria com um Snape gordo e você não mereceria mais do que você já atura lá.
Harry deu uma risada e Hermione acompanhou. Eles acabaram explicando para os pais dela, que estavam confusos com toda a coisa, o gênio do tio e tudo o que Harry passava por lá. Depois mudaram de assunto e seguiram em direção à Toca.
- Mãe, que horas são?
- Ronald Wesley, se você me perguntar mais uma vez as horas, eu vou jogar um feitiço em você!
- Credo, mãe! Feitiço no próprio filho?
- Já é a 6ª vez que você me pergunta as horas! Hermione já vai chegar! Deixa eu sossegada aqui.
- Ok, ok, não precisa gritar! – disse metendo a cara para fora da porta da cozinha. Então ele abriu um sorriso enorme, pois avistou o carro do Sr. Granger que se aproximava. Ele pôde perceber que Hermione não estava sozinha no banco de trás. Com ela, estava um garoto meio despenteado, que usava óculos redondos. – Gina, Hermione chegou! – gritou para irmã – E não veio sozinha!
Gina ouviu seu nome lá de cima e pareceu ter ouvido também o de Hermione. Ao descer para cozinha, ela tomou um susto. Hermione vinha entrando com Rony carregando a mala dela e, mais atrás, aqueles olhos verdes que tanto mexiam com ela. Harry também estava lá.
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