A Casa da Árvore
Harry foi despertado por um barulho esquisito, vindo não soube dizer de onde. Ele sentou na cama e colocou os óculos, então ouviu de novo o barulho. Parecia um gemido meio abafado. Olhou para o lado e viu que o barulho vinha de Rony. Harry chegou perto e o cutucou.
- Ron! Ron! Acorda, cara!
Harry pôde ouvir ele sussurrar algumas coisas: “Vem”, “muito tempo”, “quero”, “Hermione”, “você”, “agora”
- Ron! – deu-lhe um cutucão mais forte.
Ele acordou assustado, olhando para Harry, de olhos arregalados. Apesar do calor, ele transpirava além do normal.
- Está tudo bem? Você estava sonhando.
- Ai, Harry! Todas as noites, desde que saímos de Hogwarts eu venho sonhando com ela. Com Hermione.
- Eu sei. Você falou o nome dela aí, entre os gemidos.
- Eu estava gemendo é? Que vergonha! A gente estava..., assim...
- Não precisa contar. Está dando bem para perceber. – riu Harry.
- Droga! Vou tomar um banho gelado! – e levantou encabulado.
O sol saiu logo depois, enquanto Rony ainda estava no banho. Harry não pegou mais no sono. Sabia do problema do amigo. Às vezes ele mesmo não conseguia controlar seus hormônios com Gina, mas se ela percebia, não comentava nada. Quando Rony saiu, Harry perguntou:
- Está mais calmo?
- Preciso beijar ela, Harry. Preciso sentir o gosto da sua boca, senão vou enlouquecer. Temos que ter um momento sozinhos, mas sozinhos mesmo, sem ninguém por perto. Acho que se alguém atrapalhar de novo, eu não respondo por mim. Pode ser qualquer um.
- Se eu puder ajudar...
- Eu estive pensando. A gente poderia ir até a casa da árvore.
- Casa da árvore? Que casa é essa?
- Quando Gui e Carlinhos eram crianças, meu pai conjurou uma casa numa árvore para eles brincarem. Essa árvore é mais adiante ao terreno. Não dá para ver daqui. Tem muito tempo que nenhum de nós vai até lá. Eu mesmo só fui lá uma vez, quando era menor. Jorge jura que foi lá que ele perdeu a vir..., ah você sabe.
- E é para essa casa que você quer levar Hermione? Sei.
- Não é isso. Eu só quero ficar sozinho com ela e ver se eu consigo, finalmente, dar um beijo nela. Não estou pensando em nada mais. Quer dizer, a gente sempre pensa, né? Mas eu não forçarei nada. Você pode dar uma ajuda sim. – e explicou a sua idéia a ele.
As meninas estavam se trocando. Lá o assunto não era muito diferente.
- Gina – começou Hermione – até onde você já foi com um garoto? Você sabe o que eu quero dizer.
- Com o Miguel foram uns beijos bobos. Na verdade ele era o primeiro cara que eu beijava e nem sabia direito como fazia. Depois, com o Dino, eu percebi que o Miguel era péssimo de beijo. Eca! – fez cara de nojo e Hermione riu – Nós ficávamos só nos beijando e abraçando. Não era ruim, mas era meio mecânico.
- E com Harry?
- Com Harry também estamos assim, mas eu sinto que com ele é diferente. Digo, os beijos são mais apaixonados, quentes. Eu fico com um calor enorme, e minhas mãos querem pegar nele todo. Ele sente o mesmo, tenho certeza. Às vezes eu sinto que ele fica nervoso, porque sei que quer me tocar em alguma parte, mas tem medo de eu ficar zangada.
- E você ficaria?
- Acho que não. Quero dizer, eu gostaria que ele me tocasse um “pouco mais”, digamos assim, porque eu sei que ele não iria muito longe. Ele me respeita. Eu acho que ainda não me sinto preparada para ir mais adiante. Eu tenho 16 anos. Acho que por mais que eu, às vezes, me descontrole, eu prefiro esperar. – e olhou bem para ela – Mas por que você pergunta?
- Não sei Gina, acho que estou tendo umas idéias muito “estranhas” em relação ao seu irmão.
Gina riu.
- Vocês nem se beijaram ainda e já está se sentindo assim. Imagina quando ele encostar a boca em você. – e riu de novo.
- Ai, o problema é que eu não quero ficar só imaginando. Toda vez que ele sorri para mim eu sinto uma coisa meio inexplicável, um arrepio quente que sobe por todo o corpo.
- Se você sente isso só com o sorriso, então você está mais perdida do que eu. Vou te dar uma notícia: as meninas que namoram meus irmãos sempre dizem que eles são ótimos, no beijo e em tudo o mais. Precisa ouvir Fleur falando do beijo do Gui. Dá até abelha em volta, de tão meloso. Se Rony herdou o mesmo “dom” dos irmãos mais velhos, você está bem, ou mal, dependendo do seu ponto de vista.
Ela deu um pequeno sorriso.
- Escuta, por que você não parte para ação? Deixa de ficar esperando ele tomar a iniciativa e se jogue nos braços dele.
Hermione pensou no que a mãe lhe dissera: “Se não puder ser com palavras, faça com atitudes”.
- Sei não, Gina. Ele vai me achar meio..., meio..., você sabe.
- O que ele acharia eu não sei, mas que ele retribuiria com prazer, isso eu tenho certeza.
- Que droga! Adolescência é um caos! – e se esparramou na cama, jogando o travesseiro por cima do rosto.
Após o café, Rony comentou com os outros da casa da árvore. Gina se lembrou e achou legal irem até lá.
- Mãe, eu e Mione vamos fazer uns sanduíches e suco para gente levar.
- Ok, tenham cuidado hein, não sei mais como está aquele lugar. Tem muito tempo que ninguém vai lá.
As meninas aprontaram tudo numa cesta e Rony se ofereceu para levar. Se despediram da mãe e seguiram caminhando pelos fundos do terreno. Hermione e Rony andavam um pouco a frente, dando privacidade a Harry e Gina, que ficaram um pouco atrás e iam de mãos dadas. O caminho era muito bonito, cheio de vegetação. Algumas plantas que Hermione nunca havia visto, nem em Hogwarts. Rony ía dizendo a ela o nome de algumas e para que serviam.
- Não sei como você pode ser só um aluno médio em Herbologia. Se a Prof. Sprout soub...
- Hermione, por favor, sem papo de escola. Só de pensar na Prof. Sprout e perdi até a vontade de comer aqueles sanduíches.
- Você, sem vontade de comer? Vou acreditar.
- Sem vontade agora. – ele corrigiu - Quando estivermos lá eu já terei esquecido o assunto. – e riu, acompanhado dela.
Caminharam por um tempinho ainda, até que avistaram a frondosa árvore. A copa dela era tão grande que a sombra era enorme. Ótima para um dia de calor daqueles.
- Nossa, eu achei que fosse menor. – Harry disse olhando para cima.
- Papai caprichou quando a conjurou. - Rony falou – Venham, aqui atrás há uma escada.
Os quatro subiram e olharam lá de cima para todo o terreno.
- Uau, isso tudo é de vocês? – Harry perguntou.
- Por que Potter, está querendo dar o golpe do baú em mim? – Gina perguntou, riu e se abraçou a ele.
- Sua boba! - e ele lhe deu um beijo.
- Ih, Mione, vai começar. – Rony disse e todos riram.
A “casa” consistia em um único cômodo, feito de madeira, com uma pequena plataforma a frente, que mais parecia uma varanda sem grades. Lá dentro havia muita poeira e folhas velhas. Um pequeno feitiço de Hermione e tudo ficou limpinho para eles. Ficaram ali jogando conversa fora e jogando snap explosivo que Rony havia levado. Depois comeram os sanduíches e beberam o suco. Harry então comentou:
- Sabe, estou ficando cansado. Vamos voltar, Gina?
- Eu também estou cansada, vamos sim. – concordou Gina, já sabendo do plano do irmão, que Harry havia lhe contado no caminho.
- Então é melhor recolhermos tudo para não deixar bagunçado, Ron – disse Hermione se levantando.
- Você também está cansada Hermione? Porque eu não estou. Por que não ficamos mais um pouco? – perguntou Rony.
- Bem – ela olhou de Harry para Gina e depois de novo para Rony – Acho que vou ficar com ele mais um pouco. – disse aos dois - Vão vocês! – e se despediram.
Rony se levantou e ficou ao lado de Hermione, vendo Harry e Gina se afastarem de volta à Toca. Depois virou-se para ela e ajudou-a a sentar na “varanda” da casa. Ficaram ali sentados, com as pernas caídas para fora, balançando no ar. Permaneceram um tempo em silêncio, até que ela falou:
- Puxa, é uma maravilha poder ficar em um lugar assim, sem preocupação de deveres, notas, horcruxes, comensais, Voldemort...
- Ai, não fale o nome dele, vai estragar o ambiente.
- É verdade! - e deu um sorriso – Você entende né, Ron? Fechar os olhos e só ouvir os pássaros, ou o balançar dos galhos e folhas. – e ela fechou os olhos.
Ele estava muito perto dela e sua mão encostou de leve na dela. Sem olhar para ele, ela escorregou sua mão para debaixo da dele e ele a segurou, fechando sobre ela e depois entrelaçando os dedos. Ficaram assim um pouco até que ele se virou para ela e ela devolveu o olhar. Não precisavam mais de palavras e Hermione agradeceu pelo conselho da mãe. Para que falar algo? Só havia eles ali. Eles e a natureza. Nada haveria de atrapalhá-los agora. Nada!
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