Quase como uma família feliz
Capítulo 6- Quase como uma família feliz
Lola terminou de escrever uma carta para Meíssa dizendo que não daria para visitá-la nessas férias, mas agradecia o convite.
-Coelhinho! –gritou ela, chamando sua coruja marrom- Vamos, leve essa carta para Meíssa, está escrito aí o novo endereço. Agora vá!
Assim que o pássaro bateu as assas e voou, ela foi para a cozinha ajudar a mãe com o almoço.
-Por que Zilk não veio hoje, mamãe?
-Na verdade eu a dispensei por um dia. Queria poder preparar o almoço das minhas filhas –sorriu a ruiva para a filha.
-Isso é um sinônimo de que com a suspensão você não tem nada para fazer e está cansada de ficar à toa?
Hilde, que estava descascando batatas, riu e balançou a cabeça para a irmã. Já Gina fechou a cara e não respondeu nada.
-Você sabe estragar o clima agradável da casa, minha irmã –brincou Hilde.
Sentou-se e ficou olhando a mãe mexer nas panelas e a irmã descascando batatas. Era em hora como essas que costumava se sentir uma estranha na casa. A mãe e a irmã eram ruivas. Hilde era, na verdade, um xerox de Gina. E ela tinha cabelos negros e olhos verdes. Duas ruivas de olhos castanhos e... Uma morena de olhos verdes. Ficar totalmente a sós com sua mãe e irmã costumava ser meio depressivo para Lola.
-Faça o suco, Lola –pediu Gina empurrando uns limões- E coloque açúcar dessa vez. Só você gosta de limonada pura.
A morena levantou-se e começou a atender o pedido da mãe. Na verdade estava achando que tinha alguma coisa diferente na casa. Hilde parecia contente. “Embora ela sempre esteja com um sorriso bobo no rosto” pensou Lola rindo. Não, mas a irmã estava mais alegre que o normal. E sua mãe parecia... Distante.
-Aconteceu alguma coisa?
-SIM! –exclamou Hilde jogando a faca para cima. Lola e Gina ficaram lívidas, mas a menina pegou a faca ainda no ar e continuou falando animadamente- Recebi minha carta, Lola! A carta!
-Isso... Parece ótimo, pirralha –respondeu ela colocando uma mão sobre o peito- Você é louca?! Não devia brincar com essa faca!
-Nunca mais faça isso –disse Gina num fiasco de voz, ainda tomada pelo susto.
Mas Hilde não estava prestando atenção ao susto das duas, tinha começado a falar sobre Hogwarts e sobre tudo o que lera. O teto do Salão Principal era encantado. Havia fantasmas por lá. Ela seria da Grifinória. Estudaria muito e pediria ajuda pra Lola quando tivesse dificuldade.
-Ah, nem vem –riu Lola, dando as costas para a irmã e voltando-se parta o suco- Pode tratar de se virar sozinha.
Gina lhe olhou de cara feia, mas Hilde nem sequer ouvira a irmã.
-E eu já sei todas as matérias que eu vou ter! Transfiguração parece bom, mas Trato das Criaturas Mágicas deve ser muito mais legal –falou alongando o ‘u’ de ‘muito’- Além do que há História da Magia! É verdade que é ensinada por um fantasma? Eu estava pensando, deve ser muito divertido ter aula com um fantasma...
-Eu devo desmentir? –perguntou Lola para a mãe. Gina riu e balançou a cabeça.
-E eu não acho que Poções deve ser tão legal quando você diz, Lola. Vi algumas poções que têm que cozinhar por mais de um mês! Imagina esperar isso tudo só para ter uma Poção?! Herbologia não parece tão legal assim, mas nunca se sabe. Você diz que o professor é lindo e...
Lola olhou para a mãe e corou violentamente, tacou o pano de prato na cara da irmã.
-Hey, hey! Como você sabe disso?!
-Dei uma olhada nos seus livros e nas suas anotações –respondeu ela de forma inocente.
-MÃE! Briga com ela! Hilde não pode fazer isso –olhou para irmã e estendeu a mão- Me dá essa faca! Eu vou te ensinar a brincar com ela...
-Lola! –exclamou Gina, batendo na mão da morena.
-Ela está mexendo nas minhas coisas!
Gina ia responder, mas a campainha tocou. Ela limpou as mãos no avental e o tirou, saindo da cozinha para ir atender a porta. Hilde riu para a irmã, mas Lola fez uma careta e deu as costas a ela.
-Ora, Lola, não fique assim. Prometo não contar a ninguém que você doaria todo o seu estoque de pó de fada hilariante para que Joshua Lew sorrisse para você.
Ela tacou um copo de plástico na cabeça da irmã, mas milímetros antes de atingi-la o copo parou no ar.
-Não deveria atacar sua irmã mais nova, Lola –riu Harry.
Lola olhou para sua Gina, atrás de Harry, que estava com uma cara de espanto tão grande quanto a que ela mesma deveria estar fazendo naquele momento.
-O que você está fazendo aqui? Papai? –acrescentou ela percebendo que devia ter parecido rude, e essa não era sua intenção.
-Vim ver vocês –disse ele dando um beijo no topo da cabeça de Hilde e andando em direção a ela, dando-lhe um beijo logo em seguida- Droga, vocês estão fazendo o almoço. Pensei que pudéssemos sair para almoçar fora.
Gina olhou para as filhas. Hilde largou as batatas na mesma hora e saiu dizendo que ia tomar um banho e trocar de roupa, mas que em dois segundos estaria de volta. Ficaram os três na cozinha, se encarando num silêncio constrangedor.
O aniversário de Lola havia sido uma semana atrás e embora garota tivesse se divertido muito no final da festa, ela e o pai haviam brigado no início e a namorada dele havia sido desmascarada logo após, saindo imunda de bosta de dragão e com morcegos em seu encalço. Harry devia estar chateado.
-Tudo bem? –perguntou ele, olhando de uma para a outra.
-Claro! Por que não? Vamos para a sala? –disse Gina, e com um movimento da varinha todas panelas se desligaram e tudo começou a se guardar.
Lola seguiu os dois. Harry sentou-se confortavelmente no sofá e Gina ficou de frente para ele. Lola preferiu ficar de pé.
-Como vai Amanda? –pergunto Gina, tentando soar casual- Eu queria pedir desculpas pelo que...
-Não, você não quer. Você deve querer matá-la com as próprias mãos e tem razões para isso. Fred e Jorge me contaram o que ela te fez.
-Ah...
-E nós terminamos.
-Isso! –exclamou Lola contente. Os dois a encararam e ela corou, começando a mexer no vaso de plantas na janela.
-Se é por minha causa ou...
-Gina, você me conhece. Sabe que nunca gostei da minha fama, mesmo quando eu estudava em Hogwarts. Não vou continuar com uma pessoa que me usa como instrumento para ganhar uma promoção ou tirar uma rival do caminho.
-Eu não sou rival dela!
-Ela não pensava assim...
Lola riu e novamente seus pais a encaram.
-Eu vou tomar banho também –disse ela indo para o seu quarto.
Assim que a filha saiu, ele se inclinou para Gina e sorriu.
-Apesar de não gostar da minha fama, ela é útil de vez em quando.
-O que quer dizer com isso?
-Pode voltar para o Instituto na segunda. O Conselho admite que errou com você e vão tentar uma nova negociação com os Acadêmicos da Finlândia.
Gina ficou estática.
-Harry... Eu realmente não sei o que dizer!
-Pode agradecer, pra começar.
Ela riu e lhe deu um beijo na bochecha.
-Muito obrigada! Você não tem idéia do que isso significa para mim!
-Sei, sim. Agora vá tomar um banho também. Você está fedendo alho.
Ela riu e o deixou só na sala. Ele olhou as paredes laranjadas... Não eram azuis? O pequeno e aconchegante apartamento estava bem diferente da última vez que o visitara. “E isso faz mais de dois anos, Harry” pensou ele tristemente. Levantou-se e olhou as fotos numa pequena mesa ao lado. Algumas fotos da infância das garotas, quando ainda eram trouxas, e outras fotos mais recentes. Ele reparou que nas recentes Lola sempre estava vestida de preto e não sorria nem olhava para a foto, sempre estava olhando para a direção oposta.
“Papai é um maldito egoísta” ouviu a voz de Lola em sua cabeça. Olhou para uma foto em que ela segurava o mini-Einstein e sorria. Isso foi há tanto tempo... “Na verdade, acho que ele não ama ninguém, a não ser ele mesmo!” ecoou a voz da filha novamente.
-Não é verdade... –disse olhando triste para uma foto em que a morena lhe virava o rosto.
-O que não é verdade?
Ele olhou para trás e a filha mais velha estava parada o encarando. Vestida de preto.
-Nada, estava pensando alto.
Ela olhou a mesa cheia de porta-retratos e deu um muxoxo.
-Mamãe insiste em colocar fotos de quando eu era criança...
-Só assim nós te vemos sorrir –disse ele sem pensar, num tom triste.
Ela corou e desviou seu olhar do pai. Sentou-se no sofá esperando a mãe e a irmã e tentou mudar de assunto.
-Mas o que te trás aqui? Quero dizer... Se há algo especial...
Ele sentou-se ao lado dela.
-Tem várias coisas especiais acontecendo.
-Por exemplo...?
-Hilde recebeu a carta.
Ela revirou os olhos. Seu pai podia pensar que receber a carta de Hogwarts era algo legal, mas seu maior trauma estava ligado ao maldito dia em que recebera essa carta.
-Algo mais especial que isso?
-Bom, você está crescendo. Eu não vou querer perder a sua adolescência, vou? –sorriu ele, piscando um olho para ela.
Ela sorriu meio fraco e não respondeu nada. Hilde voltou num vestido rodado que arrancou risos de Lola.
-Você já tem onze anos, pirralha. Parece que tem sete!
Hilde fez uma careta e Harry brigou com a morena.
-Pare com isso. Hilde está linda.
-Se você acha...
Mas linda mesmo estava a mãe delas. Gina chegou usando um solto vestido florido com os cabelos soltos e umas pulseiras coloridas no braço. Pegou sua bolsa e olhou para Harry, que a olhava meio hipnotizado.
-Vamos?
Ele balançou a cabeça e se levantou. Assim que Hilde abriu a porta virou-se para o pai e perguntou:
-Onde vamos?
Ele corou um pouco e tentou não olhar para Gina ou Lola.
-Eu pensei em ir a um parque de diversões.
-Ótimo! –respondeu a pequena.
Mas Gina e Lola não estavam achando aquilo ótimo. Elas lhe encaravam com uma sobrancelha levantada.
-Um parque de diversões –repetiu Lola com descaso- Trouxa?
-A não ser que você prefira almoçar com todo o restaurante observando a nossa mesa... –rebateu, tentando encarar a filha e a ex sem corar novamente.
Lola passou por ele sem responder nada e Gina ajeitou a bolsa revirando os olhos. Saíram do prédio e entraram no carro de Harry. Ele ligou o som e puxou assunto sobre coisas triviais, e todos foram conversando até o parque. Todos, exceto Lola.
Num dia de verão como esse seu pai havia saído de casa para levar ela e Hilde ao parque de diversões. O parque estava fechado e eles tiveram que voltar. Foi só a primeira coisa a dar errado naquele dia. Bonecas voando e varinhas lançando feitiços eram mais difíceis de esquecer que um dia de parque fechado.
Harry estacionou o carro e todas elas desceram. Ele ofereceu o braço para Gina, mas ela ficou relutante em aceitar.
-Eu acho que não fica bem, Harry...
-Como quiser –deu ele de ombros. Ela ainda hesitou um instante então aceitou o braço dele.
-Nós vamos nos brinquedos primeiro ou almoçar? –perguntou Hilde.
-Nos brinquedos, sonsa –disse Lola, impaciente- Você não deve ir em nada disso depois do almoço... Faz mal.
A morena tinha os braços cruzados e olhava todo o lugar com um ar de desdém. Hilde parecia realmente uma criança trouxa animada com o lugar.
-Eu nunca fui na montanha russa –comentou ela, olhando inquisidoramente para a irmã.
-E nunca irá se estiver esperando a minha companhia...
-Lola, vá com a sua irmã –pediu Harry.
-Vá o senhor se quer tanto agradá-la!
Mas ela olhou para o pai e entendeu que ele queria ficar a sós com Gina. Escondeu o sorriso e revirou os olhos, como se estivesse entediada.
-Vamos logo, Hilde. Mas já vou avisando, se você gritar no meu ouvido eu te belisco! E nem pense em vomitar...
As duas saíram e Harry apontou para um pequeno restaurante logo em frente.
-Vamos esperá-las lá. A gente pede uma cerveja enquanto isso.
-Há muito tempo eu não tomo uma cerveja trouxa –comentou Gina, rindo.
-Bom, então vamos quebrar esse seu jejum!
Ela riu e o observou bem. Havia muito tempo que ele não parecia de tão bom humor, tão espontâneo ou divertido. O tinha dado nele?
-Harry... Por que está fazendo isso? Digo, não que não esteja sendo legal da sua parte ou coisa assim, mas... Por quê?
Ele tomou um gole da cerveja gelada e olhou na direção em que Lola e Hilde haviam partido.
-Lola disse coisas muito duras sobre mim, na semana passada –disse ele como se só estivesse pensando em voz alta. Gina ficou calada, sem saber se devia dizer alguma coisa, mas ele voltou a falar, ainda distante- As palavras dela me atormentaram durante toda a semana e tive as piores noite da minha vida. E sabe por que tudo o que ela disse me incomodou tanto, Gina?
Gina parou de brincar com o copo e o encarou, Harry olhava em seus olhos também. Ele estava sério e carregava uma sombra de tristeza.
-Não, Harry. Não sei.
-Porque tudo o que ela disse era verdade.
Ela não encontrou nada para responder. Ficaram se encarando por alguns segundos e ele tomou outro gole e sorriu fracamente.
-Nada do que Lola gritou a plenos pulmões teria me machucado tanto se, no fundo, eu não soubesse que era verdade. Do mesmo jeito, as suas cobranças me incomodavam porque eu sabia que estava sendo um pai ausente –respirou fundo e tentou dar um sorriso maior- Mas agora as coisas vão mudar. Como a própria Lola disse, minhas atitudes fizeram eu perder muito mais coisas nos últimos anos e eu resolvi dar um basta nisso.
-Será muito bem-vinda a sua mudança de atitude –disse ela, sorrindo, tentando não parecer que estava fazendo mais uma cobrança- Só peço uma coisa, Harry: não desista no meio do caminho. Acho que se você continuasse alheio seria ruim para as duas, mas digamos que ambas já se acostumaram a não ter um pai. Então se você agora decidiu mudar... Não as decepcione novamente.
-Pode deixar que não farei isso. Além da minha consciência que resolveu funcionar pela primeira vez em cinco anos, eu tenho um outro estímulo para não desistir.
-Posso saber qual é?
-Eu descobri que você ainda me ama.
Ela ficou parada encarando-o sem acreditar no que ouvira. Levantou uma sobrancelha e ia falar algo quando Hilde e Lola chegaram ofegantes e sentaram-se com eles. “Terei que conversar com ele depois sobre isso” pensou ela, tentando não demonstrar para as filhas seu desconforto. Hilde estava eufórica, talvez a presença inesperada do pai ou quem sabe a carta de Hogwarts estavam a deixando elétrica. “Provavelmente as duas coisas” riu Gina. E mesmo Lola parecia alegre, com uma expressão mais suave que a normal, apesar de toda aquela maquiagem pesada. A filha mais velha estava menos irônica e até mesmo ria das coisas que Hilde falava pelos cotovelos.
Harry deixou que Hilde falasse o quanto quisesse, e isso durou bastante tempo. Conversaram, pediram o almoço, almoçaram e a garota continuava falando animadamente. Não lembrava que sua filha mais nova era tão tagarela. Ele aproveitou um momento em que ela se calou e voltou-se para Lola.
-Mas e você, Lola? Falou pouco.
-O quer que eu fale?
-Sobre o que você quer falar? –perguntou ele, inquisidoramente.
Normalmente responderia algo rude e que o deixasse constrangido, mas dessa vez havia algo diferente. Parecia que ele queria que ela falasse sobre aquele assunto. Parecia estar incentivando-a a falar sobre o curso extra de Poções.
-Sobre o que eu quero falar, você não iria querer ouvir, papai –disse ela tentando soar o mais suave possível.
-Por que não?
-Porque você já deu esse assunto por encerrado.
-Eu creio que nós podemos tentar conversar sobre isso novamente.
Os olhos dela se iluminaram e mesmo Gina pareceu espantada. Ele não ia fazer aquilo, ia?
-Você vai conversar com o Sr. Snape, papai?
-Esse não é o ponto principal –disse ele tomando calmamente um gole de cerveja- A questão é: você diz que é a melhor pocionista de Hogwarts. Até que ponto essa frase é verdadeira?
-Do inicio ao fim. Sem dúvida.
-Não há nenhum setimanista que seja melhor que você? Que tenha mais conhecimento?
-Não mesmo! Eu leio tudo sobre poções nas minhas horas vagas! Todas as técnicas, novas descobertas, as discussões mais polêmicas... Além disso, faço alguns experimentos por conta própria, e quase todos eles têm um resultado muito satisfatório!
Não só ele, mas como também Gina e Hilde ficaram espantados com a garota. Ela falava daquilo com um brilho no olhar que eles nunca tinham visto. Ao que parecia, o amor dela por Poções era muito maior do que qualquer um podia imaginar.
-Você vai conversar com o Sr. Snape, papai? –repetiu ela, ansiosa.
-Não. Snape foi meu professor em Hogwarts e ele me odiou e me humilhou da primeira até a última aula. E o ódio era recíproco.
Ela murchou automaticamente e ficou com uma cara de surpresa e decepção. Se ele não ia fazer nada, por que a iludiu com uma nova esperança?
-Calma aí, mocinha. Nada de revirar os olhos. Se eu entrei nesse assunto é porque pensei em outra solução.
Ela tentou fazer com que seu coração parasse de se debater tão violentamente e tentar prestar atenção sincera ao que o pai dizia.
-Snape odiava o meu pai e esse ódio se estendeu a mim, então é óbvio que isso também se estenderia a você. Seu eu fosse pedir um favor para você, ele não só não a aceitaria, como cuidaria pessoalmente para que sua carreira futura como Pocionista não desse certo.
Ele a olhou profundamente e ela não respondeu nada. “Levando em conta que estamos falando de Lola, o silêncio dela é um bom sinal” pensou ele aliviado.
-Snape não deve lhe conhecer pelo seu sobrenome, mas sim pelo seu talento. Vamos forçá-lo a pedir para que você entre nas aulas dele.
Ela sorriu sarcástica e abriu a boca para falar algo, seu pai só podia ter enlouquecido! Severo Snape, um dos maiores pocionistas vivos do mundo, ia pedir para que ela, uma simples estudante de Hogwarts, entrasse em uma de suas turmas?
-Eu não estou brincando, Lola. Mas se você não quiser levar isso a sério nós podemos encerrar o assunto e ir para casa.
-Me desculpe, papai. Mas... Como ele poderia me conhecer sem saber que eu sou sua filha?
-Pelo seu talento, já disse. Pensei em uma coisa, mas já adianto que se der certo e tudo correr do jeito que planejei, você nunca, nunca mesmo, irá revelar que tudo foi feito só para que você conseguisse essa vaga. Prometa isso, Lola.
Ela olhou para a mãe e a irmã. Gina estava ligeiramente espantada e admirada, e Hilde tinha um olhar pensativo na direção do pai. O que ele estava pensando? Por que todo esse mistério? Suspirou fundo e aceitou as condições que Harry lhe oferecia.
-Eu prometo que nunca vou contar a ninguém o que quer que aconteça.
Ele sorriu satisfeito e fez um gesto para o garçom, pedindo outra cerveja. Então olhou novamente para ela.
-Como você mesma frisou da última vez que tocamos nesse assunto: poder e influência podem fazer um papel mais eficiente que o dinheiro. E a minha influência pode ir a vários cantos da Magia, exceto Poções. O caminho mais curto seria pedir a Snape uma vaga para você, mas já que não podemos fazer isso, teremos que dar uma longa volta até essa vaga. Eu conversei com Tonks e falei sobre ela promover um pequeno e rápido concurso para descobrir jovens talentos em cada uma das matérias de Hogwarts, os melhores seriam premiados. Neville é meu amigo e certamente abriria as estufas do Ministério para um aluno que se destacasse em Herbologia, caso eu pedisse. Quim Shacklebolt ficaria satisfeito de receber um aluno que tivesse aptidão para ser Auror, como destaque em Defesa Contra Artes das Trevas. E por aí vai... Em todas as matérias eu posso conseguir alguém famoso para receber um aluno brilhante. Só não posso ajudar você, Lola.
-E é aí que Tonks entra... –continuou Lola, percebendo o plano do pai- Ela, como diretora de Hogwarts, finge ter pensado em tudo isso e convida Snape a aceitar o melhor aluno de Poções!
-Exatamente! –exclamou ele contente.
Ela ficou olhando encantada para o pai. Como ele poderia ter pensado em tudo isso só para realizar um desejo dela? Seus olhos brilhavam e ela por um momento esqueceu que durante cinco anos sofreu pela ausência dele. Naquela hora era como se ele simplesmente tivesse estado ao seu lado durante todo aquele tempo. Amava seu pai.
-É perfeito... Brilhante, papai –disse ela com uma voz fraca pela emoção.
Gina e Hilde também estavam atônitas. Gina estava totalmente perplexa, há muito tempo que não via esse Harry que estava na sua frente agora, muito menos essa Lola. Pai e filha pareciam estar voltando no tempo para uma época em que eram cúmplices. Estava dividida entre a alegria de ver uma cena dessas e o ciúme que estava sentindo pela filha.
-Você tem certeza que pode ganhar esse Concurso, Lola? –perguntou ele novamente, tentando conter sua euforia.
-Estudarei durante todas as férias. Vou revisar todas as receitas. Vou ler todos os artigos. Vou cuidar do meu estoque. Limpar meu caldeirão...
Ele sorriu e levantou a mão, indicando que ela não precisava falar mais nada. Ela corou, mas sorriu também.
-Só uma pergunta: eu pareci com Hilde quando me empolguei e comecei a falar sobre Poções?
Gina e Harry se entreolharam, então olharam para ela e riram, balançando a cabeça afirmativamente. Ela sorriu corando novamente e olhou para a irmã, que lhe fazia uma careta.
-A que nível eu desci... –brincou ela, olhando para a irmã caçula.
Harry ficou observando as duas filhas começarem uma nova discussão e percebeu que essa única tarde tinha lhe trazido mais paz que qualquer outra coisa que fizera nos últimos cinco anos. Já estava reconquistando Lola, Hilde sempre estava predisposta a ser conquistada. Olhou para o lado e viu a ex tentando separar as duas filhas. Difícil seria reconquistar Gina.
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N/A: Hello pessoal! Depois de um mês estou de volta! Desculpem a demora, mas depois do Carnaval estive em Viçosa para fazer minha matrícula e depois tive que me dedicar à minha outra fic: Sociedade dos Heróis Mortos. E aqui na Floreios e Borrões eu não percebi que não havia publicado o capítulo 5... Mil perdões! Bom, mas finalmente ta aí mais DOIS capítulos!rsrs,Esse sexto foi um tanto quanto fofo, mas não garanto que o próximo será assim... Bom, como sempre, se você chegou até aqui, seja um leitor consciente e bonzinho e entre na campanha “Eu faço uma autora feliz” e deixe uma resenha para iluminar o dia de uma menina carente! rsrs Bjussss, Asuka
Helena: Que bom que está gostando da fic! Taí mais dois caps! Bjusss
Maria José: Que bom que vc achou criativa, namorei essa idéia durante muito tempo antes de começar a escrever!rsrs E sobre a demora, a explicação está aí em cima... Bjusss
Comentários (1)
adorandoo *-* Harry tem que reconquistar a Gina, eles vão virar a família perfeita dai *-------* Natalie Mayer Black Weasley
2012-01-30