A vida sem Harry
Capítulo 4- A vida sem Harry
Jogou-se em cima da sua cama exausta.
-Inventei toda a Guerra dos Elfos Dourados! –riu a morena.
Meíssa Toller acompanhou a risada da amiga.
-Bom, eu deixei em branco boa parte da minha prova de Poções.
-Meíssa, você é um desastre ambulante!
-Eu agradeço o elogio.
Lola ficou observando a amiga começar a arrumar sua mala.
-Você não vai descansar? Acabaram os nossos NOM’s! Você entende o que é isso? –exclamou Lola levantando-se e começando a andar de um lado para o outro- Esse foi o ano mais estressante da minha vida! Tudo era motivo para estudar, os NOM’s pareciam um grande monstro gigantesco prestes a devorar a minha cabeça caso eu não me matasse de estudar... E agora, acabou –pronunciou ela baixinho, curtindo a satisfação de dizê-lo.
Meíssa abriu seu malão e tirou toda a bagunça que estava lá dentro.
-Lindo, lindo. Brilhante, amiga. É comovente a sua satisfação, mas acontece que amanhã nós iremos embora, e eu sempre esqueço alguma coisa se eu deixar pra arrumar minhas coisas de ultima hora. Por quatro anos seguidos eu sempre deixei algo pra trás, e esse ano eu quero mudar isso. Vou fechar esse ano direitinho e começar o próximo com o pé direito!
Lola se permitiu um muxoxo
-No próximo ano minha vida vai virar uma droga.
-Por quê?
-Hilde. A pirralha fez onze anos mês passado. Próximo ano ela estará aqui.
Meíssa não deu grande atenção à amiga, fez uma cara de descaso e continuou ajeitando sua mala.
-Ora, Lola. Dá um tempo. Sua irmã é tranqüila. Não se intromete na sua vida, faz tudo o que você quer, não perturba nenhum dos seus amigos quando nós vamos na sua casa... Hilde é uma boa irmã.
Lola olhou-se triste no espelho.
-É... Eu sei que ela é. Eu é que não sou.
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O alarme apitou. Ela tirou a mão fora da coberta e o desligou.
-Só mais cinco minutinhos...
Fechou os olhos e se aconchegou na cama. Estava sonhando com flores e bombons, um jantar a luz de velas e violinos no fundo. Isso pareia muito bom. Afundou ainda mais no colchão.
-Bom dia, mamãe.
Ela sussurrou um bom dia e virou para o outro lado.
Hilde abriu as cortinas e ela apertou os olhos.
-Feche isso!
A ruivinha subiu na cama da mãe e começou a cutucá-la.
-Já está na hora de levantar.
À contra-gosto Gina abriu os olhos. Hilde estava descabelada de camisola segurando uma bandeja nas mãos.
-Bom dia, mamãe.
-Hum... Bom dia, meu anjinho! –exclamou ela puxando a filha para um abraço e mil beijos- Que lindo, acordou cedo para preparar o café da mamãe!
Hilde riu e balançou a cabeça.
-Não acordei cedo. Você que acordou tarde.
Gina arregalou os olhos e olhou para o relógio. 11:14!
-AH MEU MERLIM!!!
Pulou da cama e saiu catando algumas peças de roupas pelo chão. Hilde ficou olhando-a confusa.
-Você não vai tomar o café da manhã?
-Não mesmo. Estou atrasada!
Gina abaixou para pegar um par de sapatos e viu a filha através do espelho. Hilde olhava para a bandeja feita para duas pessoas e com uma flor no meio. Gina sentiu um aperto no peito.
-Bom, eu já estou atrasada mesmo. Meia hora a mais não fará diferença...
A garota iluminou-se num sorriso e começou a servir o café para a mãe. Gina tomou o café com calma e tentou não pensar que seu chefe iria querer matá-la. Ou despedi-la.
Hilde tomou um gole do leite e olhou para o calendário.
-Lola chega hoje, não é?
-Aham. Vou buscá-la às 4 da tarde.
“Espero que Harry também vá”.
-E o papai irá também?
Como Hilde fazia isso? Gina já se surpreendera varias vezes com a garota falando exatamente o que ela pensava, e pelo que observara, Lola também se surpreendia com a irmã.
-Não sei, Hilde. Harry tem andando muito ocupado.
-Incrível como papai está ocupado todos os dias do ano. Inclusive nos feriados e domingos. Ele realmente deve trabalhar muito...
Gina somente observou o muxoxo da filha. Já estava acostumada com o jeito sarcástico e de desprezo de Lola, mas partia seu coração ver Hilde sendo irônica. Odiava a situação que fazia sua filha mais nova ser irônica.
-Quem sabe nós não o vemos em breve?
-Claro que veremos. No aniversário de Lola. Aparentemente ele só não trabalha no dia do nosso aniversário. Deve ser um tipo de feriado personalizado. Afinal, ele é Harry Potter, qualquer chefe faria isso por ele.
Gina se levantou e pegou sua bolsa.
-Ok, mocinha. Já entendi o recado. Conversarei com o seu pai depois. Obrigado pela bandeja –disse ela dando um beijo barulhento na bochecha da filha- Agora lave essas louças e mande Zilk limpar a casa. Beijoca.
Aparatou no saguão do Instituto Dumbledore e andou bem depressa.
-Bom dia, Sra. Weasley –disse a recepcionista- O Sr. Hopinks deseja vê-la.
-Imaginei que ele quisesse...
Ela entrou na sala e Augusto Hopkins a encarava terrivelmente irritado.
-Augusto, mil perdões! Eu me atrasei e Hilde chegou com uma bandeja de café da manhã, não deu para recusar, ela ia ficar chateada. Me perdoe, eu nunca me atraso.
-Não, Gina, você nunca se atrasa. Só no MALDITO DIA DE REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA!
Ela apontou o dedo no rosto dele.
-Você não vai gritar comigo –disse ela mortalmente séria- Eu estou errada, mas somente hoje. E não vai ser por causa de um erro que eu vou permitir que você levante o tom de voz para mim.
Ele pareceu controlar-se e sentou-se olhando desolado para ela.
-Habilitação em Reconhecimento de Magia Antiga na Finlândia. Foi isso que nos ofereceram. Você tem idéia do quanto isso era importante, Gina?
Ela sentou-se com os olhos arregalados.
-E Horcruxes estava incluído no conteúdo do curso. Além de outros tópicos de Magia Negra nos quais nós ainda somos leigos. E você não estava aqui.
Ela fechou os olhos fazendo uma expressão de dor.
-Quem irá no meu lugar?
-Ninguém. Eu já lhes havia falado de você e eles queriam conhecê-la, a vaga era sua. Eles consideraram a sua falta à reunião sem nenhuma coruja de explicação como um insulto e uma recusa. Perdemos a vaga.
Ela parecia ter levado um balaço no estômago. Não só estragara a chance da sua vida como ainda manchara o nome do Instituo. Há doze anos trabalhando independente do Ministério na área de identificação e eliminação de Artes das Trevas, o Instituto Dumbledore, construído com a imagem do maior bruxo dos últimos tempos, tinha a reputação manchada por sua causa.
-Eu... Eu perdi a hora. Quando Hilde me acordou tinha nas mãos uma bandeja de café da manhã. Já tenho uma filha traumatizada pela ausência do pai, não queria outra traumatizada pela ausência da mãe.
-Não tente colocar a culpa na sua filha.
-Não estou fazendo isso!
-Então não tire a culpa de você. Hilde nada tem a ver com isso.
-Augusto, você me conhece, é amigo da família e freqüenta minha casa. Sabe o quanto eu tenho dificuldades com Lola e o quanto eu me esforço para que isso não atinja nem influencie Hilde.
-Sinto muito, Gina. Sou seu amigo da porta para fora. Não posso lhe dar privilégios aqui dentro.
-O que você quer dizer com isso?
-Você está suspensa. O Conselho recomendou um mês de afastamento para que você reveja sua situação e descubra se irá levar o Instituto a serio.
-Levar o Instituto a sério?! O que eu faço a três anos?! Deixei de passar o ultimo Natal com a minha família para embarcar numa missão que quase foi suicida!
-E agora conseguiu em um dia manchar a reputação de doze anos.
Ela abaixou a cabeça derrotada. Não acreditava que aquilo estava acontecendo. Augusto levantou-se e abriu a porta do escritório. Ela já estava saindo quando ele acrescentou:
-Você já estaria suspensa mesmo se não tivesse tomado café da manhã, a reunião acabou há mais de uma hora. Não brigue com Hilde.
Ela passou direto e entrou na sua sala. Sentou-se em sua mesa com uma imensa vontade de chorar. Mas segurou as lágrimas quando alguém bateu na porta.
-Entre.
Beth entrou trazendo um copo duplo de café puro.
-Tome. Afogue as suas mágoas.
Ela deu um sorriso amarelo e pegou o copo.
-Achei muito duro o que ela fez a você.
-Tive minha culpa. Não devia ter me atrasado.
-Ora, por favor! Ela está toda cheia de pose desde que entrou aqui, se sentindo a maior...
-Do que você está falando?
Beth sentou-se em cima da mesa de Gina e lhe fez um muxoxo. A gorda inflou como se fosse explodir.
-Amanda Stuart! Ela que fez o Conselho se voltar contra você! Você sabe, ela sugeriu, e o Conselho acatou, afinal, com ela aqui talvez o querido namorado dela aceite a proposta de se juntar a nós... Suja! Hipócrita!
Gina ficou sem entender sobre o que Beth falava, mas sentiu um ódio mortal daquela loira de 23 anos.
-Amanda Stuart sugeriu a minha suspensão?!
-Isso mesmo. Aquela maldita loirinha fedelha que mal saiu das fraldas! Está se achando a entendida em Arte das Trevas... E olha que a reunião só terminou há menos de dez minutos, ela os convenceu só com uma insuportável sugestão. A Congregação só tinha acabado de sair quando ela...
-Hey, hey! Beth, pára! Você disse que a reunião só acabou há dez minutos?
-Foi sim. Se você chegasse dez minutos antes dava pra ajeitar tudo e aí nós iríamos mostrar a Amanda Stuart que...
Mas Gina não prestou mais atenção em Beth, pensou em Augusto e sorriu.
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O trem parou e ela esperou a multidão sair antes dela. Não gostava de descer do trem junto com os outros. Não gostava que as pessoas a encarassem e a apontassem como a estranha filha de Harry Potter.
Ao sair a primeira coisa que ela procurou foi o cabelo ruivo da mãe, e a achou com relativa facilidade. Gina a olhava e acenava de longe. Sozinha.
“Ele não veio de novo” pensou resignada.
-Você vai passar o próximo fim de semana lá em casa? –perguntou Meíssa.
-Tenho que pedir permissão pra minha mãe. Se eu for sem ela deixar o sangue Weasley sobe e eu estou encrencada para o resto das férias...
Meíssa deu de ombros e lhe passou um endereço.
-Papai disse que mudamos de endereço. É esse aí agora, me escreva.
Ela guardou o endereço e se despediu da amiga, caminhou até a mãe e lhe deu um beijo no rosto.
-Hey, mãe.
Gina a abraçou forte.
-Como vai o meu anjo?
Lola riu num muxoxo, definitivamente ela não se parecia com um anjo. Hilde talvez, mas ela não.
-Vou bem. Como vai o meu pai?
“Sempre o pai. Ela sempre pergunta pelo pai primeiro”.
-Não sei, não tenho o visto. Escreva para ele.
-Não vou perder meu tempo escrevendo uma carta que ele vai responder em duas linhas.
-Bom, então não perca seu tempo falando nele. Vamos tomar um sorvete.
-Você não tem que voltar para o Instituto ou coisa assim?
Gina tentou parecer natural.
-Fui suspensa. Mas é só por um mês, não tem problema.
Lola parou e encarou a mãe.
-Por que não me contou?
-Porque foi essa manhã. Ora, vamos, não faça essa cara. Estou bem.
-Por que foi suspensa?
-Digamos que eu dei uma brecha e houve intriga interna. Algo como uma troca de favores.
Lola olhou a mãe tentando não sentir piedade dela. Esse era o sentimento que mais odiava: piedade. Descobrira muito cedo que ninguém precisava que os outros se compadecessem dela. Mas era estranho. Desde seus onze anos a impressão que tinha da mãe é que ela era... Invencível. E agora Lola estava vendo sua mãe triste e chateada, mesmo que ela não quisesse demonstrar isso. Essa aparência deprimida não combinava com sua mãe. Podiam falar o que fossem do grande e heróico Harry Potter, mas era a simples Gina Weasley que ela respeitava.
-Um sorvete seria maravilhoso, mamãe.
Andaram de mãos dadas conversando sobre as trivialidades até que foram parar no Florean Fortescue. Estavam sentadas quando sua mãe olhou para as vitrines e sorriu.
-Já pensou no que quer ganhar de aniversário?
-Esquecer que essa data existe seria um bom presente.
Gina revirou os olhos.
-Ora, Lola. Você deve querer alguma coisa.
A morena deu de ombros. “Será que eu posso pedir um pai?” pensou ironicamente.
-Talvez... Tenha algo que eu queira.
-O quê?
Ela fechou os olhos, sabia que a recusa seria imediata.
-Um curso extra de Poções. Estudantes não podem fazer, mas se vocês dessem um jeitinho... Sabe, algo como uma autorização para eu sair de Hogwarts todas as noite às 7 horas da noite.
Gina ficou encarando-a como se Lola tivesse perdido um parafuso.
-Não é um curso qualquer! –protestou ela- Vai ser ministrado pelos dois maiores pocionistas vivos da Inglaterra. E é um curso realmente avançado em Poções, algo equiparado a um mestrado trouxa! É uma oportunidade única! Por favor, mãe...
-Primeiramente: a diretora nunca permitiria a saída de uma aluna todas as noites...
-Ora, Tonks é amiga da família!
-... e eu duvido que esses pocionistas sejam lá quem forem aceitariam uma garota de 15 anos...
-Terei 16 em uma semana e meia!
-...além disso eu duvido que esses grande pocionistas queiram dar um jeitinho para qu...
-Um deles é conhecido do papai! E de você também!
Gina fechou os olhos e respirou fundo. Sabia que aquele assunto traria discussão por todas as férias.
-Quem é? –perguntou ela tomando um gole de Delicias Gasosas.
-Severo Snape.
Gina cuspiu a bebida longe e engasgou com o que ficara em sua boca.
-Snape?! Você está querendo que eu, ou pior: que Harry converse com Severo Snape?!
Lola encolheu os ombros acuada.
-Vocês todos trabalharam juntos na Ordem, não foi...?
A voz da garota foi morrendo quanto mais sua mãe parecia espantada.
-Vocês não se davam bem?
-Não.
-Papai nunca falará com o Sr. Snape?
-Não.
-Eu não vou fazer o curso?
-Não.
Lola suspirou derrotada e pensou em jogar o cordão que tinha preso no pescoço fora. Quanto mais descobria que precisava do pai, mais ele lhe faltava.
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N/A: Fim de mais um cap e uma autora carente faz um pedido muito pequenininho... resenhas, por favor! Entre parte da campanha “Faça uma autora feliz!” e comentem o que você acharam! Bjusss, Asuka
ps: só devo atualizar novamente no dia 10/03, porque sexta-feira eu vou viajar pro carnaval e depois tenho que ir pra Viçosa fazer minha matrícula.
Comentários (1)
não precisava da Gina ficar com tanta raiva do Harry, ele tava traumatizado, fez o que achou melhor.. e pensando bem, essa raiva que a Lola tem dele, é porque ele é ausente, e acho que grande parte disso é culpa da Gina.. enfim, adorando, continue escrevendo bem assim *-* Natalie Mayer Black (futuramente)Weasley
2012-01-30