Regresso ao passado...
Capitulo 17
O dia começou a clarear. Harry despertou sentindo o aroma dos cabelos de Gina , que repousava com a cabeça no seu peito. O sono dela era tranquilo, lhe aguçando as lembranças da primeira vez que os dois tinham amanhecido juntos e daquela forma.
Seus pensamentos voaram até um ano atrás. Desde a trágica tarde, em que Dumbledore lhe anunciara que a vida da jovem estava nas mãos dele. Seguindo-se a angustiante diligência para arranjar coragem e explicar a Gina, até ao momento efervescente, carregado de nervosismo e timidez, quando os dois se entregaram um ao outro.
Tudo parecia demasiado dantesco e assombroso, quando naquele dia saiu do escritório do velho Mago, fustigado pelas árduas revelações. Seguira transtornado pelos campos de Hogwarts, sem rumo, sem noção do tempo, à deriva na inóspita e vil sina. E regressou ao Castelo já era noite. Tomando conhecimento que Artur Weasley e a esposa tinham regressado a casa, depositando a sorte da filha nas mãos dele. Um legado bastante sério, embora desajustado à idade e inexperiência dos dois.
Quando entrou no salão onde a maioria dos alunos jantava, Harry estremeceu tenso, perante o olhar curioso dos amigos.
- Por onde tem andado até agora? – Rony perguntou assim que o viu.
- Fui falar com Dumbledore e acabei esquecendo as horas. – Declarou retesado, enquanto se sentava á mesa de frente para Gina, cujo rosto ostentava uma palidez acentuada e uma debilidade pungente.
- Quase ia esquecendo… – Rony falou mastigando uma batata - …meus pais convidaram você para ir passar o Natal connosco.
- Foi muito simpático da parte deles. – Harry tentou esboçar um sorriso animado.
- A professora Minerva nos contou, que eu e Rony já não vamos ser necessários para o tratamento de Gina. – Mione falou entusiasmada.
- Parece que sim. – Concordou evasivo, esperando que lhe contassem a versão falsa que a professora e a enfermeira tinham inventado para a cura da jovem.
- Porém você ainda vai fazer falta… parece que tem a ver com o facto de você ser meio sangue como o senhor do Mal e de ter resgatado minha irmã da Câmara Secreta. – anunciou o jovem Weasley.
- É verdade. – Respondeu enquanto trocava um olhar com a irmã do amigo.
- Lamento Harry. – Gina murmurou afectada – Mas a enfermeira falou que você é a única pessoa com poderes para aniquilar uma Maldição.
- Deixe para lá…o que importa é que você recupere depressa. – Declarou sincero.
- Obrigado.
- Não tem que agradecer. Quem sabe amanhã por esta hora você esteja liberta disso tudo.
- Seria maravilhoso. – Balbuciou esperançosa.
- Dumbledore me falou que nos quer ás dez horas da noite na enfermaria.- Harry se surpreendeu a si próprio, ao tentar montar um esquema que passasse despercebido a Rony e Mione.
- Está bem. – Gina assentiu com um sorriso doce.
- Mana… Que sortuda…. Tem todos os cuidados e atenções de Harry voltados só para você! – Ironizou brincalhão.
- Cale a boca Rony! – A jovem ralhou enrubescida.
- Pare de atiçar sua irmã. – Mione pediu reprimindo o riso.
A parte do estratagema para despistar os amigos estava montada e se tudo desse certo ninguém iria descobrir. Por isso como combinado, Harry foi buscar Gina á sala Comunal da Grifinória, se despedindo de Rony e Mione, que à semelhança dos outros colegas, se preparavam para ir deitar.
Os corredores estavam vazios e escurecidos pela noite. Contudo a quieta melancolia nocturna só era quebrada pelos passos dos dois jovens adolescentes, cujo o vínculo forte estava marcado fazia tempo.
Por momentos nenhum dos dois disse nada. E só mesmo quando Harry mudou a trajectória do caminho para a enfermaria, é que Gina se apercebeu que havia algo estranho.
- Não vamos para a enfermaria…? – ela constatou confusa enquanto subia as escadas noutra direcção.
- Não. – Harry respondeu sério enquanto lhe apertava a mão.
- Porquê?
- Você já vai entender. – Ele explicou com voz trémula.
- Pelo seu olhar assustado, deduzo que não deve ser boa coisa…- Falou agitada.
- Estamos chegando…- Indicou enquanto divisava a porta da Sala precisa.
Gina olhou surpresa, se deixando levar para o interior daquele lugar mágico. Que naquele momento, ao contrário do que ela se lembrava, ostentava uma decoração em tons de vermelho, carmim e púrpura. Com almofadas fofas em redor dum sofá circular aveludado, que poderia servir de assento ou cama, conforme a utilidade que lhe quisessem dar.
Dispersos pelo cómodo, haviam também candelabros de bronze forjado, com velas a iluminar o ambiente originalmente obscurecido. Completado por uma lareira de forma curvilínea, onde a lenha crepitante era consumida por línguas de fogo incandescentes.
Harry respirou entrecortado perante o olhar ambíguo da jovem.
- Vamos sentar. – Solicitou agitado.
- Está bem. – Ela assentiu se ajeitando no sofá, enquanto ele repetia o mesmo gesto.
Ambos trocaram um olhar silencioso e incómodo.
- Você quer me explicar porque me trouxe até aqui Harry? – Ela perguntou exasperada pela ansiedade.
- Bom…não vai ser fácil…- Ele comentou passando a mão trémula pelos cabelos negros em desalinho.
- Por favor, não me ponha mais nervosa do que já estou.
- Eu a trouxe aqui porque isto faz parte do seu tratamento.
- Como assim?
Harry baixou a cabeça e a escondeu entre as mãos.
- É abominável… o que vou ter que lhe explicar…e não sei por onde começar…
- Diga logo…- ela insistiu angustiada.
- Dumbledore…ele me chamou esta tarde….depois de ter estado a conversar com seus pais…e…
- E?
- Ele me falou que a sua recuperação… a sua Vida…dependem de você e do seu coração…- explicou muito pálido.
- Não entendo…
- É melhor eu explicar a conversa que tive com o professor Dumbledore…
Com muita dificuldade, engasgando algumas vezes, Harry explanou os detalhes minuciosos e delicados a que ela estaria sujeita. Evidenciando os poucos dias que lhe restavam, caso não entregasse a sua inocência á pessoa que amava.
Gina corou violentamente, demonstrando um constrangimento semelhante ao dele.
- É por isso que eu preciso saber, quem é a pessoa que você ama de verdade. Pois só esse garoto poderá salvar você. - Completou abalado.
- Meu Deus! – Ela murmurou arrasada com os olhos cheios de lágrimas.
- Confie em mim… – ele lhe segurou o queixo, para que ela o fitasse.-… Seja quem for, eu jamais ousarei comentar ou criticar.
A jovem soluçou com desalento.
- Por favor Gina, o seu tempo se está esgotando… – insistiu desesperado.
- Você…é você que eu amo! – Confessou abalada – Mas eu…eu não quero… que se sacrifique por mim por causa disso! Não é justo! – Gritou destroçada enquanto se levantava desnorteada.
Harry a alcançou pelos ombros e a voltou para ele, lhe segurando os braços com força.
- Gina tenha calma…eu só precisava de ter a certeza… que era eu… – Esclareceu com lágrimas nos olhos -… porque eu temia profanar seu coração… e destruir suas ilusões…
- Harry… – ela soluçou mais uma vez.
- E você…e as suas ilusões? Eu não tenho o direito de…
- Eu também te amo Gina.- Confessou emocionado.
Ela olhou surpresa, começando a chorar baixinho e Harry a abraçou.
- Harry…eu…eu nunca …fiz… – Ela estremeceu com a cabeça no peito dele.
- Eu sei…eu também não. - Murmurou com o queixo entre os cabelos dela.
- Eu tenho apenas 15 anos e você 16…como vamos enfrentar a professora Minerva, a enfermeira, meus pais e Dumbledore depois disso? Todos eles sabem, eu vou morrer de vergonha!
- Eu te entendo perfeitamente…mas tem uma coisa que Dumbledore me deu. – Ele lembrou ao mesmo tempo que se afastava dela e metia a mão dentro da túnica, retirando o Frasco com a poção do esquecimento.
- O que é isso? – Ela perguntou pegando a cápsula de vidro da mão dele.
- Uma Poção do Esquecimento, chamado Elixir Adormecido. – Explicou com voz embargada – Ele nos faculta duas opções: Uma esquecer para sempre esta parte da nossa vida. Outra surgirá mais tarde, quando estivermos preparados e as nossas mentes desejarem em conjunto relembrar este momento ou nossos corações se conciliarem um com o outro.
- Ou seja… nós só lembraremos… se daqui a alguns anos os nossos sentimentos forem iguais aos de hoje ou se nos continuarmos a amar, é isso?
- Sim.- Concordou com um sorriso nervoso.-… Mas só faz efeito se tomado antes de nós nos… entregarmos… - ele corou um bocado.
- Então que seja como você diz… - Gina abriu a tampa da cápsula de forma decidida, bebeu metade e entregou o restante a Harry.
Os dois se fitaram com o coração acelerado e a inexperiência patente nos seus semblantes. Se aproximaram devagar, temendo cometer alguma incorrecção. Num espírito de entreajuda mútua, os dois se despiram devagar, com um tactear trémulo, cada vez que tocavam ou avançavam mais no terreno secreto um do outro. A respiração oscilou quando seus corpos desnudados ficaram expostos. Harry a enlaçou pela cintura e Gina se aconchegou nele, sentindo as faces afoguearem, assim como o resto do seu corpo. Devagar e mesmo com pouca maturidade, os dois desfrutaram o prazer concupiscente da troca de carícias e entendimento recíproco. O olfacto, o cheiro e o tacto, se transformaram em sensações infinitas de sensualidade. E quando os dois se uniram num só e o marco simbólico da pureza de Gina foi quebrado, a jovem sentiu levemente a dor, que depressa se diluiu na chama ardente e voluptuosa das sensações magnificentes partilhadas com o jovem que amava. Tornando aquele momento não só numa promessa de vida, mas também em algo sublime que nunca tinham experimentado. Depois adormeceram exaustos, nos braços um do outro.
Porém o regresso à normalidade foi difícil. Nenhum dos dois estava preparado para se afastar, depois daquela noite. Mas o elixir dali a poucas horas faria efeito e aqueles momentos íntimos seriam rapidamente afastados das suas memórias.
Agarrada a um desespero sem retorno, Gina soltou a medalha da sua corrente de ouro e a entregou a Harry como um marco, como um recurso ou vestígio para a devolução das lembranças dos momentos partilhados.
Harry ainda se recordava da despedida sofrida, junto à porta da Sala Precisa e do beijo intenso e possessivo que tinham trocado. E que Colin tão bem retractara na sua foto indiscreta.
De volta ao presente…
Harry deu consigo na cabana algures na Floresta Proibida, suspirou com languidez e aconchegou Gina de forma protectora entre os seus braços. Ela se mexeu um pouco e despertou devagar, enquanto sua faces tingiam de vermelho ao lembrar do lugar onde estava.
- Harry…- murmurou com os olhos brilhantes.
- Bom dia dorminhoca! – Ele falou beijando-a suavemente nos lábios. – Precisamos de regressar. Seu irmão e Mione devem estar muito preocupados.
- Meu Deus é verdade! – Constatou envergonhada. - A tempestade já passou?
- Sim…acho que agora já nos podemos orientar até ao Castelo.
Dali a meia hora Harry e Gina, já vestidos com as suas roupas secas, seguiram abraçados por entre as árvores, pisando a neve imaculadamente branca. Trocaram um olhar cúmplice e carinhoso e depois continuaram o trajecto rumo a Hogwarts.
- Vai ser estranho seu irmão e Mione nos verem dessa forma. - Harry falou com um sorriso enquanto pressionava o braço na cintura dela. – Rony vai fazer uma dedução fantástica acerca do nosso relacionamento fulminante.
Gina riu divertida e depois ficou mais séria:
- Acho que nós devemos contar toda a verdade. Tudo o que aconteceu. – Declarou sincera.
- Tem razão. - Harry concordou pensativo, ao mesmo tempo que os dois passavam os limites da Floresta proibida. E Hogwarts levantava-se imponente aos olhos deles.
- Finalmente chegámos - Gina constatou feliz e o abraçou eufórica.
- Olhe quem vem lá! – Harry apontou para os dois jovens que corriam à frente de Dumbledore e sorriam exultantes.
(CONTINUA…) Comentem please !...
NOTA: Espero que não tenham ficado desiludidos com a forma que utilizei para descrever o "tal" momento...mas geralmente tento rodear o assunto sem chocar a quem o lê...beijos...Elsa
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