Não é tão simples assim...



Capitulo XVIII


 


_Me prove isso então, Black! – Ela olhava com triunfo para ele. – Beije-a!


 


Foi nesse momento que eu me senti estranha.


 


OK! Encenar para Vogel que estávamos juntos era uma coisa que já tinha passado por minha cabeça... Que mal teria nisso?


 


Quantas vezes eu já fiz esse favor a Tiago... Uma garota que se mostrava difícil tinha a mesma porção de ciúmes. Elas ficavam extremamente irritadas em desconfiar que eu tinha algo com ele. Fato que nunca se concretizava.


 


Era alguma coisa como ser eu mesma. Algo como abraçar e cumprimentar com a mesma inocência de quando éramos apenas crianças... O que devo confessar se tornou um habito...


 


Mas fazer isso com Sirius me deixava encabulada. Mesmo pensando que poderia ser uma boa ajuda para ele, eu não tinha forças para propor tal coisa. Talvez fosse medo de rejeição, talvez fosse por medo de perder nossa amizade, ou talvez fosse a aversão a chifres que ele poderia colocar em mim...( Sim, aversão a chifres! Mesmo que o namoro não passasse de uma completa fraude e que nunca, em meus pensamentos mais insanos, poderiam envolver um beijo.)


 


Ou ainda fosse porque o Ti foi criado comigo, tratá-lo como meu irmão e abraçar é uma coisa normal, já o Sirius... Bem... Eu o conheço a apenas 5 anos, como posso deixar a formalidade Britânica com alguém que conheço apenas a 5 anos?? 5 míseros anos?


 


...


 


E Sirius cochichou algo como estar com saudade de minha boca...Trazendo consigo um arrepio gostoso...


 


Estava tão confusa que tentei lembrar qual foi a ultima vez que tínhamos nos beijado...


 


Quando foi mesmo? Se ele estava com saudade quer dizer que deva ter no mínimo alguns minutos...


 


Talvez foi quando estávamos saindo da Sala Precisa, ou ainda antes de virar o 3 corredor a esquerda.


 


Espera! Eu nunca beijei Sirius Black!


 


Doce engano meu... Quando dei por mim estava a alguns segundos de nosso primeiro beijo... Percebi que ele já estava me encarando com aqueles olhos profundos, na boca um lindo sorriso e  para completar, acariciava meu rosto com as duas mãos, talvez com medo... Talvez com expectativa.


 


Depois disso teve o famoso efeito câmera lenta... Quando você consegue ver tudo devagar, como se o mundo estivesse querendo que você prestasse atenção a cada pequeno detalhe, a cada gesto, a cada olhar, a cada falha na respiração... E como se fosse o final, um gosto de começo.


 


Filosófico isso... Eu tenho que parar de ler aqueles livros estranhos que a mamãe tanto gosta dos trouxas gregos de milênios atrás...


 


Nossas bocas se encontraram sutilmente, mas não demorou muito para que quiséssemos aprofundar o beijo. Parecia que não existia nada alem de nos dois... Ficar em contato com ele me fazia ter a impressão que minhas pernas não iriam ficar fracas de repente.


 


Me lembre de agradecer as galinhagens de Sirius Black... Isso lhe trouxe uma boa experiência com as mulheres. Lhe trouxe um beijo envolvente...


 


Juro que não queria que aquilo passasse. Que minutos virem horas...


 


Que segundos virem dias...


 


E milésimos anos...


 


Só me deixe aqui com ele, que parece tão seguro. Os seus braços são quentes e protetores, a boca impedindo que eu vague sem rumo e a respiração me dita o ritmo.


 


Mas não tem como evitar o obvio. Sirius até tentou suavizar novamente o nosso beijo para que ficássemos mais tempo, porem a falta de ar falou mais alto, e eu, por instinto, mordi seu lábio inferior, trazendo-o para mim... Percebendo que ele se divertia com isso.


 


Isso foi bom. Bom...


 


É... Eu acho que é assim que defino...


 


Quer dizer faltam palavras pra definir... Olhem para mim:


 


A boca inchada, os cachos por onde a mão de Sirius passou estão desmanchados, minha respiração descompassada e esse brilho no olhar só porque ele me olha com tanta ... Hum... Satisfação?


 


Satisfação? Um beijo deixando Sirius Black com cara de bobo... Nunca pensei que eu poderia fazer isso com ele... Esse ‘poder’ eu pensava que só Naomi tinha...


 


...


...


 


 


Vogel! Eu tinha esquecido... Ilusão a minha ao pensar que ele estava assim por mim e não por ter feito ciúmes a ela...


 


_Precisamos conversar...- Minha voz saiu falha, eu tenho plena certeza disso... Só não tenho certeza do que tenho que conversar com ele.


 


Ele sabia que eu diria isso e foi em um sussurro que o vi assentir com a cabeça.


 


Mordi o lábio inferior já me arrependendo de ter falado isso. Andei meio sem saber pra onde até que minha testa descansou na parede do corredor... Não pude evitar um suspiro.


 


_JJ... Você quer ir pro Salão comunal? - a voz dele foi tão carinhosa. Ele realmente estava preocupado comigo. Não pude evitar um sorriso e uma olhada, mesmo que disfarçadamente para ele...


 


Continuava lindo... Andando de um lado para o outro, passando a mão varias vezes sobre os cabelos muito lisos. Sorri.


 


Por que eu disse que tínhamos que conversar mesmo?? Eu poderia muito bem continuar a beijá-lo, depois eu falava que era algum tipo de possessão do meu corpo, ou ainda alguma fã maluca dos Marotos tinha tomado uma poção Polissuco e estava se passando por mim, ou quem sabe eu falava que estava sobre o comando de uma Maldição Imperdoável... Ou eu sou sonâmbula...


 


Já sei!!! Dupla personalidade!! Meu outro eu... Que chama Janis...


 


Não...


 


Jane...


 


Não...


 


Janice!!! Sim... Ela me controla de vez em quando, e faz coisas insanas como beijar um grande amigo.


 


Novo suspiro. E ele voltou a fazer a mesma pergunta, pensando que eu não tinha ouvido.


 


Certo... Concederemos essa hipótese:


 


Andar sozinha pelos corredores escuros até o Salão comunal ao lado de Sirius Black...


 


Isso...


 


Isso... Soa perigosamente tentador... Ter Sirius tão preocupado e carinhoso como se encontra á meu lado... andando pelos corredores... Eu sentindo seu perfume tão marcante e ele passando a mão nos cabelos lisos displicentemente, fazendo com que eu queria beijá-lo novamente...


 


Ah! Minha coragem Grifinória não é tanta! Ou meu senso de correto não deixaria que eu fizesse nada de mais. Oh Merlin! E como eu odeio passar vontade!


 


 Minhas pernas iam suportar chegar perto dele de novo?


 


A Janice deixaria que eu andasse em paz ao lado de um amigo?


 


O que eu estou falando... Não existe Janice, ou existe?!?!


 


Ahh! Sirius Black as vezes você me irrita. E antes dele ter tempo de perguntar o porque dos meus ‘bufos’ raivosos ou de minhas constantes mordidas nos lábios eu disse que queria conversar ali mesmo.


 


Ele não soube o que fazer, me olhava de rabo de olho ainda passando a mão pelos cabelos incessantemente.


 


Tudo bem Jean, sua vez! Prove a si mesma o porquê de estar na Grifinória, basta abrir a boca e dizer:


 


‘O que foi aquilo?’


 


Certo, no 3.


 


1...


 


 2...


 


_Onde está a Naomi? -  Ele fez a pergunta no mesmo tempo em que esfregava as mãos, parecendo nervoso.


 


Eu fiquei ali, com a boca entreaberta, pronta para fazer a pergunta que me afligia, piscando varias vezes e tentando absorver tudo enquanto meus olhos variavam de um lado ao outro.


 


Quem mesmo é Naomi?


 


Do que ele está falando? Estamos sozinhos aqui...


 


_Jean? Você está be... -  O transe momentâneo passou quando eu percebi que o maroto vinha em minha direção. Eu virei o rosto para a parede novamente, impedindo que ele me tocasse.


 


Um calafrio correu minha espinha apenas por pensar que ele estava  perguntando sobre a Naomi.


 


Sim, eu lembrei que tinha uma Naomi, e que ela fora a causa deste beijo repentino.


 


O que eu estava pensando? Sirius Black havia encontrado a garota com a qual faria ciúmes a sua amante.


 


Sinto-me idiota.


 


_Parabéns! Você conseguiu o que queria... – Os olhos da morena estavam negros novamente. Fazendo com que Sirius ficasse confuso.


 


Ele deixou que seus dedos despenteassem seus cabelos novamente. O que ele tinha feito? Será que seu beijo havia sido tão ruim assim?  Nenhuma outra garota tinha reclamado de seus beijos...


 


Tudo bem que Jean Watson não era qualquer garota, mas considerar que Sirius Black, o maroto havia beijado-a mal não parecia uma idéia real.


 


Não! Almofadinhas não beijam mal. Pelo contrario... Um dos pontos fortes do maroto sempre foi seu beijo. Até Andrômeda, sua prima, havia elogiado seu beijo... E fora seu primeiro beijo... Um beijo totalmente esperado por parte do garoto e definitivamente inesperado para ela.


 


Mas ela tinha gostado...


 


E se tinha gostado... Andy confessou a Sirius que nunca tinha se sentido tão bem com apenas alguns minutos de um beijo.


 


Ela tinha espedaçado o coração do garoto logo em seguida, era verdade, dizendo que eram primos e que ela o considerava como um irmão e nada mais... Mas ela tinha gostado de seu beijo.


 


Isso era fato!


 


Andrômeda fizera Almofadinhas jurar que beijaria, com a mesma intensidade e paixão, cada menina especial que ele conhecesse.


 


E Sirius fez isso, mesmo não sabendo dizer o que exatamente a prima quis dizer com ‘menina especial’. Tinha até tomado gosto pela coisa e assim conquistando mais garotas, adquirindo charme e auto-estima.


 


Ficou conhecido em Hogwarts pela parte feminina, e invejado pela parte masculina. Não que ele se considerasse dissimulado ou aproveitador, mas para ele cada pessoa era especial... Talvez não da forma tão marcante que Andrômeda se referia, mas cada pessoa era diferente da outra.


 


Ou seja, todas são especiais.


 


Sirius só entendeu o que sua prima dizia quando se deu conta que estava apaixonado por Jean. Com ela Almofadinhas sonhava com um beijo inesquecível, inigualável até mesmo para seu primeiro beijo.


 


E fora o que ele tinha feito. Um beijo que ele mesmo duvidou que fosse possível, mas ele sentiu que tinha feito seu melhor, que tinha sido único. Parecia que ela tinha gostado tanto, mas logo em seguida ela disse que tinham que conversar.


 


JJ ficou em pleno silencio. Almofadinhas não agüentava aquilo, não depois de ter confirmado o quanto aqueles lábios eram gostosos.


 


“Você conseguiu o que queria!” Ele tinha conseguido o que queria? O que exatamente Sirius queria?


 


O maroto apertou a testa com uma das mãos tentando se lembrar o que queria, mas a única coisa que passava em sua cabeça era poder estar mais  perto da garota ao seu lado, poder admirar seus olhos sem que eles estejam escuros demais, admirar aquele brilho que tanto lhe encanta.


 


Era isso... Finalmente tinha encontrado a garota especial. Aquela com a qual sua prima tanto se referia, mas ela não gostara de seu beijo.


 


Não tinha gostado. O maroto sorriu amarelo pelo canto dos lábios pensando a tamanha da ironia que estava a sua frente.Ele teria qualquer garota, mas a única que lhe interessava, não tinha gostado de seu beijo.


 


Talvez ninguém iria entender o que se passava na cabeça de Sirius, mas ele realmente acreditava que sem um grande começo as coisas não poderiam fluir tão descentemente.


 


Almofadinhas não precisava mais daqueles pergaminhos que estavam escondidos de baixo de sua cama com o ensaio do discurso que faria a Tiago quando contasse que estava namorando a Jean.A sua Jean. Os planos de fuga então seriam utilizados para alguma artimanha dos marotos.


 


Claro. Como ele ia namorar Jean se ela não quisesse beijá-lo. Seriam amigos. Amigos...


 


A palavra que ele engasga toda vez que pensa: Eram amigos. Grandes e apenas amigos. Ele engoliu em seco sentindo que seu estomago estava dando uma volta completa.


 


A chance de serem mais que amigos tinha sido posta a prova, e para decepção do maroto, ele havia perdido. Engoliu em seco novamente.


 


 Não, definitivamente Sirius Black não conseguiu o que queria... Não totalmente, porque aquele beijo era só o começo de seus sonhos.


 


Ele deve ter perdido alguma parte... Deixado escapar algum acontecimento... Algum sinal que ela tenha feito e ele não notou. Quem sabe ele tenha feito algum sinal e não tenha notado.


 


Coçou a cabeça um pouco confuso, repassando mentalmente os acontecimentos recentes.Teve o beijo, depois o silencio, depois ele tentou puxar assunto conversando algo banal como a Vogel...


 


Era só aquilo... Só. Não existiam motivos para que ela o olhasse com aqueles olhos sem vida ou qualquer sinal de sentimentos.


 


_Sirius... Olha eu sei o que você vai dizer... – Ela suspirou profundamente, como se pegasse fôlego novamente – E eu concordo...


 


O maroto calou a morena com um dedo. Tocando seus lábios cuidadosamente. Jean sentiu um novo arrepio. O silencio era necessário no momento. Algo estava acontecendo e Sirius não poderia deixar que aquele momento passasse tão facilmente.


 


_Shiii... – a voz dele era quase nula... Algo mais brando do que um sussurro – Você ouviu isso?


 


O ar falhou quando ela ouviu estas palavras. Era impressão sua ou isso se assemelhava demais a filmes trouxas em que o rapaz estava prestes a se declarar para a protagonista do filme.


 


Não que Jean se considerasse a principal da historia, mas ouvir aquilo dele não era das piores coisas no momento.


 


_O q-que você está dizen-do?- JJ perguntou receosa.


 


Almofadinhas não respondeu de imediato. Tentou confirmar o que se tratava. Ficaram os dois em silencio. JJ esperando uma resposta, enquanto Sirius olhava para um ponto um pouco a cima da cabeça da garota.


 


_Eu... – ela se mexeu um pouco, trazendo a atenção do maroto para si e fazendo com que este percebesse, com espanto, que estava a acariciar o rosto da garota... Seus dedos faziam o contorno de sua boca com perfeição, mesmo que ele não estivesse a olhando.


 


_Desculpe. – Sirius tentou exibir um meio sorriso. Ela aceitou, retribuindo o sorriso.


 


Mas os olhos dele não saiam da boca dela. Ele não tinha percebido o quão perto estavam, nem que aqueles labios pareciam mais apetitosos do que o esperado.


 


O maroto acariciou o rosto de Jean com cuidado, ela fechou os olhos por extinto... Querendo apreciam aquele toque tão sutil, mas tão devastador.


 


_Sirius... – Jean murmurou sem muito sentido.


 


_Deixe-me só... – ele diminuiu a distancia... Ainda vidrado naqueles lábios.


 


Sirius tinha que tentar, tinha que arriscar mais um pouco. Ele não desistiria assim tão facilmente.


 


_Si-rius...- ela respirou em meio caminho de completar o nome dele.


 


_Hã... – ele não tinha prestado atenção. Foi como que tivesse respondido inconscientemente.


 


Ela não tentou chamar a atenção dele. Mesmo sabendo que aquilo era um erro, mas ela tinha sua consciência tranqüila, afinal Jean tinha gritado o nome dele milhões de vezes e explicado que aquilo não era uma boa idéia, Sirius que não tinha lhe ouvido, ele praticamente a agarrou.


 


Bom pelo menos era isso que ela ia acreditar quando fosse se deitar mais tarde.


 


Mas por enquanto ela estava muito mais preocupada com aquelas sensações todas de volta, e ele se aproximando cada vez mais e mais. JJ suspirou quando sentiu o hálito do maroto em seus lábios.


 


_Você não está me entendo VICTOR!


 


Jean teve um leve sobressalto ao ouvir a voz alterada. Sirius xingou alguma coisa baixinho.


 


_E pelo visto você não está me ouvindo!!! – a voz parecia se aproximar do casal grifinório. Jean tinha certeza que conhecia aquela voz, mas não conseguia afirmar exatamente de quem se tratava.


 


Sirius segurou-lhe nas mãos e guiou-a, em silencio, para uma tapeçaria próxima a parede. O maroto desenhou algo com o dedo, e puxou alguns fios da peça antiga ao levantar-la havia um pequeno corredor no local. Era maior que o ultimo que usaram pra se esconder de Filch, mas mesmo assim era pequeno.


 


Ela se perguntou onde ele tinha descoberto tal fato. Abriu a boca cogitando a pergunta...


 


_Não! EU NÃO VOU PARAR DE GRITAR! ELES ESTAVAM JUNTOS! JUNTOS!


 


Realmente aquela voz era conhecida. Como JJ não reconheceu um grito de Naomi? Uma voz esganiçada e um pouco fanha?


 


Ela congelou a meio caminho do esconderijo maroto, se lembrando que tinha muitas coisas para falar a aquele que a conduzia.


 


_Por Merlim! Que grunhido que essa daí tem... – Sirius deixou escapar comentário em um sussurro, no mesmo tempo em que apertava os ouvidos.


 


Jean tentou conter um riso, aparentemente em vão. O moreno sorriu e pediu silencio com os dedos, conduzindo-a mais rapidamente ao esconderijo.


 


Eles ouviram passos rápidos, acompanhados de exclamações de Voguel como: ‘Eles ainda estão se amassando... Por aqui!’


 


Por sorte, Sirius já os tinha acomodado no esconderijo. A tapeçaria de onde eles se encontravam, parecia invisível. Dando-lhes possibilidade de entender o que acontecia.


 


Foi então que ela teve uma visão, no mínimo, gratificante na noite. A monitora andava em passos firmes e rígidos. O rosto muito vermelho e, completando seu estado, Jean percebeu um tique nervoso, com a qual a garota piscava os olhos repetitiva vezes.


 


JJ buscou o rosto de Sirius, tentando expressar alguma coisa, encontrou o maroto com uma careta estranha e a cabeça um pouco inclinada a esquerda e a testa enrugada. Nitidamente ele não conhecia este lado da monitora. Desta vez, ela conseguira segurar o riso.


 


Ele demorou alguns segundos antes de entender o que acontecia. Naomi ficava, no mínimo,  diferentedo que era normalmente. A atenção do maroto foi desviada para a garota que se encontrava a seu lado.


 


Sirius não tinha como pensar em mais alguém a não ser Jean. Ele analisou seus cachos perfeitos caindo de maneira casual sobre seus ombros, a garota mesmo era totalmente casual, espontânea, a pele macia, um olhar firme e uma boca que o maroto não conseguia deixar de encarar.


 


Nem se deu ao luxo de perceber uma voz mais grossa ao redor da de Naomi, para o moreno não era importante, nada era importante. Alguém será que poderia entender? Prestar atenção em vozes conversando coisas desconexas tendo alguém tão maravilhoso em sua frente? Com um beijo tão devastador que Sirius não conseguia tira-lo da cabeça, que lhe dava vontade de encurtar o caminho dos dois com urgência e beijá-la com necessidade.


 


Ele passou a mão em seus cabelos de uma maneira inquieta, varias perguntas pairavam sua cabeça, varias ações lhe pareciam urgentes agora, mas o medo de ver um olhar negro nos olhos dela o impediam de dar qualquer passo.


 


Foi em uma das passadas dos olhos do maroto na garota que Sirius percebeu, com total desagrado, o tom rubro no rosto de JJ, os olhos escuros novamente, os lábios crispados e uma ruga inquietante no meio de sua testa. O maroto recuou dois passos para garantir sua integridade física e buscou com seus olhos o que ela encarava.


 


E para sua surpresa, a voz que mais cedo ele considerara tão insignificante era nada menos que Daniel Victim, parecia que ele tinha acertado ao pensar que não se tratava de algo que tomasse toda sua atenção, mas algo lhe dizia que deveria existir uma razão importante para Jean olhar com tanta atenção a uma conversa de duas pessoas que ela definitivamente não gostava.


 


_Vamos Victor! – Vogel continuava com o rosto vermelho e os olhos expressando  toda sua raiva – Me fale uma explicação para o que eu vi agora mesmo!!!


 


_É Victim, Naomi... – o garoto de cabelos loiros falava com certo tédio na voz – Pela Milésima vez... É Victim.


 


A garota semicerrou os olhos, dando passos firmes na direção do corvinal. Os punhos fechados, as mãos brancas, tamanha era a força que ela aplicava no local.


 


_Você acha que me importa qual é o seu nome? – ela cuspia as palavras, chegando bem perto do rosto de Daniel, como se certificasse que ele ouvisse cada palavra que ela dizia – Pelo contrario, garoto! Quando eu chamo-lhe por, Victor, Dalton, Valter, Dursley é pra você atender! Não me importa o quão diferente isso soe, ou absurdo seu precioso nome ser confundido... Porque a única coisa que eu realmente quero de você, você sabe o que é! Ou pelo menos deveria saber!!... Sabe o que?


 


Naomi umedeceu os lábios de uma maneira febril e urgente. Analisou atentamente a expressão do garoto em sua frente, esperando qualquer reação, mas foi com raiva que ela percebeu que ele esperava reação dela, assim como ela. A loira revirou os olhos impaciente.


 


_  EU QUERO QUE VOCÊ SEPARE AQUELA MENINA INTROMETIDA DO MEU SIRIUS!


 


Daniel fechou os olhos quando a garota gritou a frase, ele esperou que ela terminasse, levou as mãos aos ouvidos e verificou se estes ainda funcionavam, fora depois de um tempo que ele começou a dar sinais de que iria falar.


 


_Eu não sou surdo, Nermion.... – ele parou alguns instantes fingindo pensar – Ou seu nome seria Nertali... Ou Vaquel... ou... – um sorriso intensificou seus lábios quando ele percebeu que a Naomi começava a adquirir tons de pele que ele jamais vira – Bom, mas isso não importa, não é mesmo? Mas diria que importa se o Filch pegasse-nos fora das nossas camas, então cala a boca, pelo menos alguns segundos!


 


Digamos que era visível o respeito mutuo que os dois loiros tinham um pelo outro, ficara claro para os espectadores, ou pelo menos parecia, pois Sirius tentou ‘falar’ algo com Jean através de um olhar, mas ela ainda se postava em choque pela ‘amizade’ das pessoas a sua frente.


 


_Filch não vai nos pegar, eu cuidei disso mais cedo, quando fiquei sabendo que o Black estava fora da cama... – Vogel parecia um pouco mais controlada, mas sua voz voltou com um tom de ironia ao termino da frase – Ou você acha que eu ia escolher uma ronda noturna só para pegar aluninhos desavisados que estão fora da cama? Humpt ! Teria sido uma ótima oportunidade para mim e Sirius se você não tivesse estragado tudo!


 


Victim se assustou com toda a responsabilidade jogada sobre si, lançou um olhar nada amigável para a grifinória, mantendo ainda uma sobrancelha levantada.


 


_Muito fácil culpar os outros Nermam...- ele a encarou com deboche – Mas pelo que você me contou, foi você mesma que desafiou seu precioso maroto a beijar minha Jê!


 


Vogel encarou-o primeiro com um olhar cínico, acompanhado de um sorrisinho a meia boca, mas ao perceber que ele estava  realmente falando sério, seu meio sorriso se tornou um sorriso completo, seguido de um riso e várias gargalhadas.


 


_Desculpe! – ela limpou o canto dos olhos depois de um bom tempo tentando se recuperar de suas risadas – Mas agora você foi realmente longe demais... ’ Minha Jê’  - a loira teve mais uma pausa para dar mais gargalhadas – Pelo visto você ao invés de conseguir que ela se apaixonasse por você, conseguiu que você se apaixonasse por ela.


 


O garoto tomou as mesmas cores que outrora a loira tivera no rosto, fazendo com a menina risse mais ainda.


 


_ Mesmo estando apaixonado por ela - Naomi falou com desprezo a ultima palavra, e sua voz tinha um tom de total seriedade –  Isso não te abandona do trato que fizemos...


 


Daniel revirou os olhos, como se dissesse mudamente que estava ciente de seus atos e o que deveria fazer.


 


_Eu sei! – respondeu com rispidez – Mas ela não quer nem ao menos olhar na minha cara, não sei o que posso fazer... Talvez... Seja a hora.... De... desistir?


 


Era visível o medo na voz do corvinal ao dizer tais palavras, e era totalmente justificável, pois uma Naomi furiosa andou a passos largos segurando imediatamente no colarinho do loiro de uma maneira nada gentil.


 


_Não me venha bancar o medroso, seu... seu... – Vogel voltou a umedecer os lábios de uma maneira febril, aparentemente desistindo do adjetivo que o corvinal deveria receber no momento ela continuou sua narrativa – Não depois de tudo que eu fiz para te ajudar com aquela Janet!


 


Victim ficou um pouco desconcertado com os dizeres da garota, lançando-lhe um olhar de suplica.


 


_O quê? Não me venha com esse olhar menino! – ela soltou as vestes do companheiro e se postou a ajeitar as suas, mantendo uma pose digna de alguns marotos – Você tem receio... Ou eu deveria dizer medo? Se seus amigos corvinais descobrissem que você fez com que eles perdessem o primeiro jogo de quadribol, porque nós prendemos o precioso apanhador de vocês no armário do vestiário?


 


O loiro adquiriu expressões desesperadas, ele pediu silencio com uma das mãos quando ia a cada milímetro do corredor que se encontravam para verificar se realmente estava totalmente vazio, ele chegou a matar algumas aranhas que estavam por engano na bifurcação de duas paredes.


 


Vogel apenas limpava suas vestes, mantendo o olhar baixo e um sorriso brincava sobre seus lábios.


 


Jean intensificou a ruga em sua testa. Ela fechou os olhos alguns minutos lembrando-se daquele fatídico dia em que aceitara um acordo com Naomi. Talvez seria melhor falar em uma aposta.Que se baseava em que  JJ não acertaria nenhum gol sequer no aro esquerdo, se isso ocorresse ela teria que deixar o Sirius livre para a loira.


 


Ela engoliu em seco pensando que estavam em comum acordo que o time em si não seria prejudicado por essa pequena ‘rixa’ na qual as duas estavam entrando, mas foi com sinceridade que Jean acreditou que Vogel não seria capaz de ir tão baixo, como prender um garoto no armário do vestiário de seu próprio time.


 


A morena xingou-se baixinho, recebendo olhares confusos do maroto que estava ao seu lado, mas ele não teve tempo de qualquer reação, pois Victim voltara a falar.


 


_Pensei que tínhamos combinado que não tocaríamos mais nesse assunto – Ele dizia cada palavra como um sussurro – E a idéia não foi minha de trancar aquele menino lá. Você é a mente pensante nisso tudo Naomi!


 


O sorriso no rosto da garota loira se intensificou. Ela levantou o olhar lentamente, como se analisasse exatamente quais palavras ela ia dizer.


 


_Parabéns querido! – ela apertou as bochechas dele de uma maneira infantil – Você finalmente admitiu que eu sou a única que pensa por aqui! Mas eu não tenho culpa se você se sujeitou a me ajudar, ou melhor, fora uma troca de favores muito justa o que ocorreu por aqui. Você querendo provar para seus amigos que conseguia namorar a ‘Garota mais difícil, e deve acrescentar entediante, de Hogwarts’ e eu querendo Sirius Black somente para mim!


 


Jean não quis mais prestar atenção. Sentia-se suja por ter participado de tal feito, sentia-se frágil por ter caído em uma armadilha tão infame. Suas respiração tornou-se descompassada e ela teve se apoiar na parede do esconderijo. Agradeceu por este ser maior que o ultimo, permitindo com que ela escorregasse com as costas apoiadas nas costas e descansasse no chão.


 


Não prestou atenção se eles ainda se encontravam por ali. Não reparou Sirius lhe olhando de uma maneira inquieta. Apenas seus olhos variavam de um lado para o outro, lembrando muito sua amiga Lily quando esta ficava desnorteada pelas ações de Tiago.


 


As mãos de JJ massagearam sua testa de uma maneira cansada. Ela queria chorar, ela se sentia no direito de fazer isso. Não bastavam todos os problemas que ela já tinha... Aulas, quadribol, transfigurações, sonserinos, amigos, ela tinha que descobrir que seu primeiro namorado, aquele com o qual Jean demorou muito antes de querer alguma coisa, aquele mesmo que ela esperava que fosse especial era fruto de uma aposta que gerou prejuízo a outras pessoas, como o pobre apanhador de 12 anos preso em um vestiário de 60 centímetros de largura, trancado...


 


A imagem de um menino esmurrando a porta e gritando passou por sua cabeça. Ela se sentiu tonta. O garoto devia ter ficado rouco de tanto berrar, mas a arquibancada estava ocupada demais aplaudindo suas quedas ensaiadas com Tiago.


 


A cabeça da morena rodou mais uma vez pensando que de uma maneira ou outra ela tinha colaborado de perto com essa ‘tortura’. Sendo aceitando a aposta de Vogel ou ocupando o publico para que ninguém ouvisse os berros do garoto.


 


Mas talvez Naomi e Victim tivessem o cuidado de adormecer o garoto antes que ele fosse trancafiado no lugar. Sua cabeça deu outra volta pensando em uma posição agradável para se dormir naquele lugar. Não... Não tinha uma posição boa para se dormir nesse lugar.


 


JJ se pôs no lugar do garoto... As paredes do esconderijo pareciam encolher e ficar ao tamanho de um armário. Ela respirou fundo buscando o ar com dificuldade. O ar pareceu mais ralo, limitado. A respiração falhou em alguns momentos e a garota viu que estava suando.


 


Ela não parecia suportar muito tempo ali. Viu um borrão em sua frente que ela jurou que fosse Sirius tentando lhe ajudar. Mas estava mais apertado do que antes, ela tinha que sair. Respirar. Se acalmar.


 


Em um vislumbre rápido, encarou a tapeçaria transparente e sem pensar duas vezes a atravessou.


 


O ar fresco banhou seu rosto com gosto e satisfação. JJ passou a mão pelos cabelos molhados de suor e respirou com facilidade. Seus pensamentos mais calmos e seu coração desacelerando.


 


Ela ouviu um bufo de insatisfação e gelou instantaneamente.


 


_Jê?! – Victim disse em uma voz um tanto quanto nervosa.


 


Jean paralisou. Tensa, seus olhos buscando algo em sua mente, repassando os acontecimentos recentes em flashs espaçados. Como ela saíra de seu esconderijo tão protegido, tão seguro?


 


Ela tentou sorrir. Mas não parecia um sorriso seguro de si. Jean tinha que pensar em algo, antes que aqueles dois descobrissem o que estava acontecendo. Sua respiração voltou a se tornar difícil e trabalhosa.Suas mãos encontraram as paredes de pedra e ela se segurou ali. Sentiu as pernas fracas querendo ceder, mas sua mente impedia que algo pior acontecesse, Jean devia ficar firme, sua mente devia elaborar alguma coisa convincente. Não era permitido deslizes, mas a idéia de encarar aqueles dois fez seu corpo cambalear novamente.


 


_Jê...Eu te aju...


 


_Não se incomode Victim.


 


A primeira voz tinha trago um enjôo repentino em meu estomago. Mas aquela segunda voz. A voz tão linda, meio rouca e aveludada me acalmou. Eu consegui erguer minha cabeça em direção a ela. E ali estava ele. Lindo como sempre. E com uma ruga de preocupação em sua testa perfeita que me fez suspirar.


 


_Eu cuido dela bem melhor do que você... - Ele lançou um olhar de censura para Victim que me deixou satisfeita. Eu o vi caminhar em minha direção com os braços abertos. Os braços eram convidativos demais para que eu rejeitasse. Tentei dar um sorriso, mas tenho certeza que saiu apenas uma careta, quando me joguei em seus braços.


 


Senti que ele me abraçou feliz, uma das mãos acariciou minhas costas gentilmente. Suspirei de novo e o abracei mais forte, tremendo involuntariamente.


 


Ele era meu salvador. Meu herói. Sempre me tirava das piores enrascadas, tudo bem que eu me metia nelas justamente por ele, mas todas as vezes ele estava lá. E seu abraço foi tão reconfortante que eu tinha certeza que minhas pernas não iam ceder novamente.


 


 


_Está tudo bem JJ... Eu estou aqui. -  A voz dele em meu ouvido como um sussurro me fez pular de leve. Não de susto, mas de surpresa. A voz dele parecia mais linda daquela forma. Me senti corar de leve e escondi meu rosto entre o corpo dele e meus cabelos encaracolados.


 


Ali era seguro. Os braços firmes em minha volta, o perfume que me acalmava, a voz rouca maravilhosa. Uma mistura tão bem feita que me fez relaxar.


 


Mas de repente me senti na vontade de mostrar pra ele que estava grata pela sua presença ali. Que ele me fazia bem. Que ele me reconfortava.


 


A primeira ideia que me passou pela cabeça, foi simplesmente dizer aquilo.Abria a boca, mas nenhuma palavra queria sair. Minha garganta estava travada. Seca. Achei melhor não dizer nada, pelo menos por enquanto.


 


Abracei-o mais forte, minha cabeça moveu automaticamente para cima. Não tenho certeza, mas acho que buscava seu rosto, para depositar um beijo terno ali.


 


Meus lábios entreabertos rasparam em seu pescoço descoberto e senti que ele tremeu de leve. Eu me senti tremer também e voltei a esconder meu rosto com os meus cabelos no peito dele, voltando a respirar um tanto quanto irregularmente.


 


Ele beijou minha testa. Senti o calor de seu hálito e sorri, ainda escondida, mas confortável.


 


Ouvi um pigarro alto, mas não liguei.


 


O que eu tinha que me preocupar agora?


 


Eu estava segura novamente. Mas Sirius suspirou.


 


_ O que quer Voguel? - A voz era ríspida, eu tinha certeza. Me arrisquei a olhar para Sirius e eu vi um rosto raivoso. Sorri. Ele ficava lindo mesmo daquela maneira.


 


Segui seu olhar. E vi Naomi com uma cara fechada e emburrada. Victim parecia incrédulo e andava de um lado para o outro, com a mão sobre a testa.


 


Ela não disse nada. Apenas olhava para mim e para Sirius, em uma pergunta muda. Uma pergunta incerta.


 


Se eu tivesse coragem de olhar, tinha certeza que ele estaria sorrindo, um sorriso sem dentes. Mas mesmo assim um lindo sorriso.


 


_Vocês...Vocês... estão... ? -  Agora sim ele riu. Um riso descontraído. Ele afagou minhas costas, e uma das mãos brincava em alguns dos meus cachos.


 


Senti minhas bochechas quentes. Ele abaixou e cheirou meu cabelo com carinho e depositou um beijo nas bochechas ainda sorrindo.


 


Eu não tive coragem de me mexer. Recebi um olhar horrorizado de Naomi e um olhar triste de Daniel.


 


_Pensei que tinha ficado claro, depois daquele beijo que você vivenciou... - O tom em sua voz era casual. Mas eu vi uma certa satisfação em afirmar nosso beijo. E isso me trouxe um arrepio gostoso que eu não pude dizer do que se tratava.


 


_Eu estava perguntando o que vocês estão fazendo fora dos dormitórios depois do horário de recolher... - Eu percebi com satisfação que ela falou tudo em um fôlego só. Em uma improvisação primária.


 


Sirius disse algo como “ Ah isso?!” , mas eu realmente não prestei atenção. Porque logo em seguida ele me virou delicadamente, colocando meu rosto de frente ao dele.


 


Encarei aqueles olhos azuis tão profundos e calmos, vi que ele sorria. Eu também sorri, tomada de uma onda de vontade de unir nossos lábios como a vez passada. Sirius também pareceu entender isso.


 


Suas duas mãos estavam em meu rosto. Trazendo-o para perto de uma maneira gentil. E nossos lábios se encontram carinhosamente.


 


Eu pressionei os meus lábios nos dele, percebendo que ele sorria, enquanto uma das mãos abraçou-me pela cintura. Não por mal. Mas que queria ficar ali mais tempo do que ele tinha planejado, porque senti sua mão me puxar, de leve, para longe.


 


Mas, eu, Jean Janet Watson, quintanista da grifinória, definitivamente não queria me separar dele. Não mesmo!


 


Se o abraço daquele maroto moreno era seguro e reconfortante, seus beijos eram quase como minha fortaleza particular.


 


Minha mão direita se embaraçou em seu cabelo liso, puxando-o para o meu beijo. Enquanto a mão esquerda acariciou o braço que estava em minha cintura.


 


A pele do braço arrepiou ao meu contato.  O que me deixou surpresa e feliz, permiti meus lábios formarem um sorriso, mas Sirius foi mais rápido, interrompendo-o com a sua língua delicada entreabrindo minha boca seguindo para um beijo urgente.


 


A mão que antes segurava meu rosto agora estava na minha nuca, me puxando para perto e fazendo pequenos círculos ali, o que me trazia arrepios gostosos.


 


O braço que envolvia minha cintura, me puxava pra perto com precisão acariciando minhas costas. E sua boca...


 


Hum... a boca...


 


Parecia conhecer cada centímetro da minha, mas mesmo assim ela estava explorando, buscando alguma coisa e apreciando ao mesmo tempo. Ele era gentil e urgente ao mesmo tempo.


 


É tão bom estar ali. Prazeroso. Seguro. Quente. Calmo. Agitado. Tudo de uma vez só. Mas eu sabia que tínhamos que nos separar alguma hora, infelizmente tínhamos.


 


Senti que ele suavizou os movimentos, mas manteve minha cabeça segura em sua mão. Nos separamos para respirar e eu senti seu hálito ainda perto do meu. Abri os olhos devagar, ruborizada afinal éramos amigos. Ou devíamos ser. Amigos não saem beijando uns aos outros sem motivos aparentes.


 


Bom pelo menos eu não fazia isso.


 


Mas os olhos que eu encarei não estavam com raiva, ou estranhos, ou surpresos. Eles pareciam agradecidos, com um brilho inquestionavelmente lindo.


 


E assim, Sirius sorriu, um sorriso meio bobo. Quando ele sussurrou para mim...


 


_Terminamos isso depois, meu amor...


 


Eu apenas balancei a cabeça. Incapaz de formar palavras. Minha cabeça só girava com apenas duas palavras do final daquela frase.


 


Duas pequenas palavras.


 


_Estávamos ocupados como você pode ver, Naomi. – O maroto abraçou Jean com ternura. Ela não ofereceu resistência. Apenas apoiou seu rosto no peito do moreno e suspirou.


 


O rosto da monitora ficou de um vermelho fogo, quando ela ouviu tais palavras. Seus olhos se estreitaram e ela sorriu depois de um tempo.


 


_Então, eu acho que vou ter que aplicar uma advertência aos dois. – Voguel tinha uma voz de completa maldade.


 


Sirius revirou os olhos. Se aquilo era tudo o que iam fazer, estava ótimo. Afinal o pequeno deslize de Jean ao sair do esconderijo parecia que foi bem justificado quando JJ o agarrou.


 


O maroto sorriu com aquela lembrança. Por que se ela tivesse o beijado com tanta necessidade, ela tinha gostado de seus beijos, ou pelo menos lhe dado uma chance de mais um beijo. E daquela vez os olhos dela não estavam escuros de mais. Estavam de um verde inebriante. Ele acariciou o braço da morena lembrando-se daquele fato.


 


Naomi ficou mais irritada ainda com aquela reação. O que fez Sirius intensificar o sorriso.


 


_Então, o corvinal vai receber detenções também? – Foi em uma voz casual que ele perguntou.


 


_Vai! – Voguel respondeu entre dentes, de uma maneira nada educada.


 


_Mas Naomi! – a voz do loiro era indignada, mas ele ainda não encarava o casal em sua frente. – Você que me tirou da cama as...


 


O olhar que a loira lançou fez com que ele não terminasse a frase. Sirius riu satisfeito. Nada melhor do que excitar o caos para evitar uma detenção, ou melhor ainda fazer com que algum ‘nojento corvinal’ que fez sua JJ chorar pagar com uma detenção.


 


_Se isso for tudo, nós gostaríamos de ir para o salão comunal. – acrescentou Almofadinhas de uma maneira casual.


 


Naomi cuspiu algo como acompanhar o corvinal até próximo ao seu próprio salão comunal. E saiu, lançando olhares raivosos para ele.


 


 


 


 


 


 


 


O salão comunal da Grifinória estava vazio. A lareira queimava os restos da madeira, iluminando precariamente o local sem o esquentar.


 


Nenhum dos dois se pronunciou de imediato. Sirius colocou Jean em um sofá de dois lugares se distanciando dela para um ponto que ela não quis ver, seu rosto encarava o chão com interesse. Ele não demorou em voltar, com uma manta nas mãos com a qual envolveu Jean com carinho.


 


Ela levantou o rosto com um sorriso de gratidão. Ele não disse nada, apenas acariciou seu rosto e sentou ao seu lado, puxando-a para se encostar no seu colo.


 


JJ suspirou, aqueles sentimentos que ela que sentira quando descobriu que tinha sido enganada voltaram. Seu primeiro namorado, o jogo contra a corvinal, o afastamento do amigo que tanto gostava, a sensação de estar presa em um minúsculo armário de vestiário. Foi quando ela percebeu que estava chorando, molhando a camisa branca de Sirius, Jean tentou afastar, mas os braços do maroto eram mais fortes que isso e a prenderam ali.


 


_Está tudo bem... Eu estou aqui. – a voz dele era rouca e suave. O que fez Jean se acalmar. – Se você quiser falar, sou todo seu.


 


Eu sorri maliciosamente. Eu era totalemente, interamente dela. Era só ela querer.


 


Jean se afastou um pouco relutante. Mas dessa vez eu permiti. Senti seus olhos profundos me analizarem.


 


Percebi que ela mordia o labio inferior, medindo as palavras que eu havia dito. Talvez considerando todos os amplos sentidos que eu tinha exposto. Talvez apenas editando mentalmente o que iria me contar.


 


E esperei. Se JJ quisesse ou não me contar o que estava acontecendo, eu precisava de uma dica. Inconcientemente levei uma mexa de seus cabelos para atras de sua orelha, tocando de leve as maças de seu rosto.


 


Ela tentou sorrir um sorriso amarelo. Me pareceu dolorido para ela ter que pensar sobre o assunto. Minha boca já estava se abrindo para dizer que entendia seu silencio, quando ela começou a falar.


 


Ela vomitou as palavras. Tentando dizer tudo em apenas um folego, ou pelo menos no minimo de folego possivel.


 


Ouvi silenciosamente. Balançando a cabeça quando necessário, fazendo exclamações nas pausas, suspirando quando possivel, ajeitando meu cabelo de maneira casual.


 


Tudo para que Jean ficasse suficientemente avontade em confiar em mim, se abrir comigo.


 


Mas isso tudo não fez com que eu deixasse de me espantar quando ouvi o acordo que ela fez  com Naomi. Como JJ poderia aceitar ficar longe de mim? Eu não aceitaria... Talvez não conseguisse...Isso devia me dizer que ela não tinha os mesmos sentimentos que eu tinha por ela. Mas por outro lado, ela continuou me vendo. Ela tinha encontrado uma maneira de burlar o acordo estúpido.


 


Sai de meus devaneios quando percebi seu rosto molhado novamente. Bem na parte em que Jean se culpava da dor do pobre corvinal trancafiado em um armário. Como ela era boa. JJ estava se culpando por ter feito malabarismos com Tiago no horario do jogo, impedindo que todos ouvissem os gritos do pobre moleque. Ou ainda se martirisando por ter aceitado aquela aposta.


 


Eu tentei sorrir meu melhor sorriso. Tentei me lembrar qual o sorriso que ela talvez mais gostasse, mas nenhuma imagem me veio a cabeça. Apenas consegui limpar suas lágrimas.<


 


_Está tudo bem... -  Afaguei seus cabelos, sentindo aquele cheiro tão gostoso dela, em um egoismo pessoal de carinhar aquela linda morena. - Agora está tudo bem.


 


_ É... -  Vi que ela me encarou com gratidão. - Por você! Agora está tudo bem por sua causa. Obrigada.


 


Aquele olhos doces me encarando... Eram meu melhor presente. Sorri mais triunfante dessa vez, e vi que JJ sorriu de volta. Talvez esse fosse o seu sorriso favorito. O sorriso que a faria sorrir tambem, lhe tirar da tristeza que antes a aflingia.


 


Lembrei-me do seu olhar escuro. Seus labios sem cor e as lágrimas pelo rosto. Senti-me fraco por não poder impedir que aquilo lhe ocorra novamente.


 


Levantei em um empulso só e caminhei até a lareira. Esmurrei algumas vezes os tijolos da peça. Baguncei e arrumei meus cabelos varias vezes, ainda incapaz de olha-la.


 


Me consumia pensar que ela poderia sofrer tanto. Eu queria estar sempre ao seu lado, vigiando-a. Alegrando-a. Carinhando-a.


 


Uma parte racional e fraca me dizia que era normal esse sentimento. Era uma maneira de proteger quem eu realmente gosto.


 


Mas uma parte emocional, gritava a plenos pulmões que eu estava sendo egoísta! Que nada se passava de uma desculpa para passar mais tempo com ela.


 


Isso realmente não me importava. Eu tinha que ao menos tentar.


 


_ Jean... – a voz do maroto era rouca e cautelosa. JJ se sobressaltou.


 


_Sim?! – a voz da garota era um sussurro. Ela se assuntou com a intensidade na voz do maroto, ela percebeu que ele parecia sofrer com algo.


 


_Por favor... – Sirius ergueu os olhos, mostrando o quanto eles estavam tristes e angustiado. – Namora comigo?


 


_ Oh...


 


Foi apenas aquelas palavras que JJ pode pronunciar. Bem, ela nao esperava aquela pergunta. Esperava algo como gritos e xingamentos por ter arriscado uma partida de quadribol. Ou ainda por ter namorado Victim por consequencia de uma aposta, ou ainda por que ele estava bravo em pensar que um dia ela quis se distanciar dele.


 


Mas em vez disso, Sirius a pedia em namoro? Como? Por que? O que?


 


_Isso foi... Er... repentino – Foi o melhor que ela pode dizer. Ainda estava confusa com o rumo da conversa.


 


_É! Mas Jean... – Ele andou alguns passos e sentou ao lado da morena, segurando suas mãos em suas mãos. – Pense comigo... Seria perfeito! Eu gosto tanto de estar ao seu lado. Posso te proteger de idiotas como o ‘Corvinal’, ou mesmo da Voguel. Eu te faço sorrir.


 


Ela sorriu. Parecia tudo uma grande verdade. E nessa historia toda, Sirius ainda ganharia. Podendo fazer ciumes em Naomi 24 horas por dia. Ver a cara da monitora com vários tiques nervosos, ver Jean rir novamente.


 


No momento que Sirius começou a explicar o porque do namoro, JJ já tinha entendido. Ele tinha achado a pessoa perfeita para conseguir aquela que ela jurava ser a única a tê-lo tirado do sério.


 


_Bom... – JJ mordeu o labio inferior um pouco nervosa. A ideia de passar o dia com Sirius não era nada má. Talvez permitir alguns beijinhos... Só a lembrança dos beijos do maroto fez com que seu rosto se ruborisasse.


 


_Eu vou me corportar, eu juro – a voz rouca novamente – Estou disposto a concordar com algumas condições que você tiver...


 


Ela deu um meio sorriso, um tanto incerto. Jean estava ganhando o melhor namorado do mundo. Ou na visão dele, o melhor namorado falso do mundo. Mas já era alguma coisa. Algo para ficar mais perto de sua fortaleza pessoal. Daquele perfume tão bom. E aqueles beijos quentes.


 


_Tá... Mas com algumas condições... – JJ viu com satisfação o sorriso do maroto se iluminar de uma maneira que ela nunca tinha visto antes. – Você não pode, em hipótese alguma, me trair. Nem com qualquer super star que passar na sua frente. Isso não tem desculpa Almofadinhas!


 


Ele sorriu seu melhor sorriso de 32 dentes e assentiu balançando uma vez a cabeça. Era evidente que ela ia pedir tal coisa, e Sirius nunca pensou em trair aquele ser tão especial. Sabia que tinha mais coisas por vir.


 


_Você que vai contar ao Tiago... – ela abafou o riso quando o rosto iluminado se contorceu em uma expressao de pura dor.


 


Seus olhos variavam de um lado pro outro em um desespero claro, palpável. Seu rosto começou a atingir tons pastéis estranhos.


 


_A não Jean... – mas ele não continuou, o olhar dela o censurou. Sirius como um bom cavalheiro, balançou a cabeça assentindo novamente, agora com uma careta no rosto.


 


_E você só está liberado para me... Hm... – Ela corou de leve – Agarrar... Quando a Naomi estiver por perto. Afinal... Fazer ciumes é a nossa intensão...


 


Dessa vez ela não encarou o rosto dele. Perdeu a expressão de choque e horror passando por ali. Expressões piores que as de a pouco.


 


Então ela pensava que Sirius Almofadinhas Black estava querendo fazer ciumes em Voguel. Ele bateu a mão na testa pesadamente se lembrando que fora no mesmo jogo em que o garoto estava preso no vestiario que ele viu o beijo de Victim com JJ. Foi nessa hora que ele preferiu dizer a Tiago que estava gostando de Naomi e não de Jean.


 


Almofadinhas fez uma nota mental de esmurrar Victim a proxima vez que o visse. Ele pelo menos ganhou a melhor namorada do mundo. Se bem que para ela era a melhor namorada falsa do mundo. Tudo parecia válido para ficar perto de quem ele gosta. Seus encantos. E com um pesar, Sirius assentiu uma última vez.


 


JJ sorriu e se acomodou no colo do garoto com graça. O que vez com que o coração de ambos disparasse, mas nenhum dos dois se afastou, apenas se ageitaram melhor.


 


Não demorou muito para que a passagem do quadro girasse e uma monitora furiosa passasse por lá. Ela encarou o casal com olhos furiosos. Mas ela não disse nada, apenas subiu as escadas aplicando uma força desnecessaria aos pés.


 


Jean suspirou depois de um tempo, se afastando do maroto. Ele pareceu triste com a ação.


 


_Boa noite, meu namorado... – ela disse se pondo de pé.


 


Mas Sirius segurou seu pulso, impedindo que ela continuasse. Ele a puxou para perto e beijou o canto de seus lábios, em uma tentativa frustada de acertar suas bochechas.


 


_Boa noite, meu amor... – Ele disse com a voz rouca, subindo para o seu próprio dormitório.


 


 


 


 


 


Ali estava eu. Deitada de barriga para cima em minha cama confortável. Mas apesar disso eu não estava conseguindo dormir.


 


Tudo bem que tem dias seguidos que eu não consigo dormir. Suspirei pesadamente. Eu odeio quando isso acontece. Amanha é um dia normal de aulas. Vou estar cansada e duvido que consiga fazer as tarefas corretamente.


 


Provavelmente minhas rondas de monitora estariam comprometidas. Suspirei novamente. O dormitório estava parcialmente vazio. Foi possível ouvir Tayla dormindo pesadamente com sua respiração curta, do seu lado a cama de Mary era a mais agitada. Gritos, resmungos e travesseiros voando eram normais naquela área.


 


Apenas Jean não se encontrava. Ela deveria estar nas aulas particulares de Sirius uma hora destas. Espero que eles não se demorem, não gosto de aplicar detenções a meus amigos. E com certeza quase absoluta, eles pegariam uma. Naomi não parecia facilitar a vigilância quando se trata de Sirius e mulheres.


 


Suspirei novamente e pesadamente. É bom pensar nos problemas dos outros. Isso me leva para longe do que seria meu proprio problema. Por que SIM, existe um problema... Se ele não existisse eu estaria agora mesmo dormindo feliz.


 


Ao invez disso, estou acordada e infeliz, ou quase, ou melhor em parte.


 


Ahhhhhh!


 


Como aquele Tiago pode ser capaz de fazer isso comigo?


 


Me beijar e sair andando. Ou melhor me beijar daquela maneira e sair andando...


 


A lembrança do beijo me fez perder ainda mais o sono. Droga! Maldito maroto. Como ele se atreve a fazer com que eu perca o sono? Como ele se atreve a me deixar acordada noites a fio? Como ele consegui permanecer na minha mente mesmo quando eu não o quero ali? Como ele tem a coragem de provocar essas sensações em mim?


 


Suspirei. Já tinha passado alguns dias do ocorrido. E cada noite eu me preparo para uma onda de perguntas das garotas, ou mesmo dos garotos. Ou mesmo um olhar do Potter para mim. Ou ondas de ameaças. Ou maldições. Ou algum berrador.


 


Mas toda manhã nada acontece. Apenas fico lançando olhares escondidos para ele, enquanto ele fica encarando seu mingau favorito de milho.


 


Estou começando a acreditar que ele não contou para ninguem seu grande feito na viagem a Hogsmead. Talvez não tenha sido um grande feito. Talvez ele nem ao menos se lembre. Ou talvez tenha nojo do ocorrido. Talvez ele não quisesse uma garota que pedisse para ser beijada.


 


É... Provavelmente foi isso que aconteceu. Ele me beijou e percebeu que eu não beijo tão bem quanto ele pensava. Que não valia a pena. Tiago nem ao menos contou para Jean o que tinha acontecido.


 


Sua grande melhor e tambem minha melhor amiga. Ele estava evitando qualquer contato prolongado com ela. JJ mesmo me reclamou como ele estava distante, ela imaginava que era pelo ocorrido com o corvinal... Talvez fosse mesmo e eu que estou querendo ver as coisas de uma maneira que não existe.


 


Suspirei.


 


Aqui, deitada em minha cama, consigo ouvir todos os movimentos do salão comunal. Alguem provavelmente acaba de adentrar por ele. Ouvi socos em moveis e depois de um tempo passos pesados pela escada e corredor.


 


Eram provavelmente casais se agarrando. Algo que uma monitora responsável não deveria deixar passar. Mas sinceramente eu não estava com animo de descobrir de quem se tratava. Estava muito bem... Ou quase isso ali na minha cama. Me afundei mais um pouco nos travesseiros.


 


Uma angustia apertava meu peito. Talvez escolher não contar para ninguem o que tinha se passado naquele final de semana fosse a pior coisa a fazer. Eu queria poder dividir minhas dores com Jean... Receber seus conselhos, provavelmente ignorá-los. Mas alguém saberia do que se passa comigo agora. Teria ao menos um ombro amigo para descansar.


 


Limpei uma lágrima que correu silenciosa sobre meu rosto. Em certas horas é tão dificil ser orgulhosa.


 


Passei esse tempo todo me escondendo, pensando que Tiago ia anunciar aos 7 ventos que tinha me beijado. Fiquei tentando compor minha armadura pessoal de ataque/defesa que não me preparei para o que eu ia sentir.


 


“Droga, Lily!” eu sussurrei para mim mesmo. Como eu sabia, não teve nenhuma resposta. As outras duas estavam dormindo tranquilamente, alheias ao meu sofrimento. Mais algumas lagrimas escorreram do meu rosto silenciosamente.


 


“Você podia chegar agora, né Jean?”


 


E foi em um sobressalto que eu ouvi a porta do dormitório se abrir com um rangido. Agradeci que as cortinas de minha cama estavam me cobrindo, assim eu poderia fingir dormir. Ou pelo menos tentar.


 


Como eu tinha dito antes, as vezes é tão ruim ser orgulhosa. Acho que só admitiria meus sentimentos quando confrontada. E pelos dias que eu estava sofrendo sozinha, esse dia, provavelmente, estava longe de chegar.


 


_Quem está ai? -  Nessa hora eu gelei. Como a Jean descobre o que está acontecendo comigo é sempre uma surpresa. Pensei em algo a dizer mas não foi preciso, pois ela mesma continuou. - Quem mais poderia ser não é? Acordada essa hora da noite...


 


 Ouvi ela bufar algumas vezes. Parecia nervosa. Os passos estavam incentos e eu a ouvi tropessar algumas vezes. Ela continuou falando em um monologo, mas eu sabia que ela estava tentando conversar comigo.


 


_Ótimo, fique calada. Não acontece grande fatos todos os dias para que tenhamos que conversar mesmo. - Ela realmente estava irritada. E com uma pontada de desespero conclui que ela sabia do que tinha acontecido comigo e com o Tiago. Ou me parecia que esse era um bom motivo para sua irritação. - Eu devia ter desconfiado, não? Afinal ele é meu amigo... Ou pelo menos deveria ser. Ahh!


 


 Ela continuou a andar, remexer no seu malão de roupas, provavelmente buscando um pijama, que ela estaria a colocar. Suspirei, me preparando para o sermão que estaria por vir. Aparentemente ela realmente sabia. Eu já imaginava que JJ ia se martirizar por não ter desconfiado antes do ocorrido. Machucava-me vê-la assim.


 


_ Não é todo dia que um maroto te beija. Ou você beija um maroto! Ou os dois se beijam... Meu Merlim, isso tá me matando. Seria tão mais facil se...


 


 Foi ai, nessa exata frase que eu não podia ficar calada. Minha amiga estava sofrendo e eu quieta. Tinha que confortá-la dizer que ele tambem não me procurou, então não foi culpa totalmente minha que estavamos daquele jeito. Ela ia entender. Eu ia fazer com que ela entendesse.


 


Abri a cortina em um só solavanco murmurando desculpas. Aparentemente, JJ não esperava minha reação. Ela caiu da cama ao ouvir minha voz e caiu sonoramente no chão.


 


Eu a encarei confusa. Talvez com o rosto um pouco avermelhado. Ouvi Marry resmungar mais alto e Tayla se revirar irritada. Nada de mais. Ainda eramos nois duas. Apenas duas ouvintes. Então por quê?


 


_Você ta acordada? – JJ levantou a cabeça, uma das mãos estava apoiada no peito, tentando controlar a respiração. Não demorou muito para que suas bochechas se tornassem avermelhadas. – A quanto tempo você está acordada?


 


Lily olhou de um lado para o outro, um pouco confusa.


 


_ Desdo momento que você começou a conversar comigo.


 


_Oh... – Jean pareceu considerar aquelas palavras, tentando se lembrar do momento em que tinha dirigido a palavra para ela.


 


Foi quando JJ arregalou os olhos, soltou um gritinho meio histérico e uma das suas mãos cobriu a boca. Ela deu passos firmes em direção a ruiva com as bochechas totalmente vermelhas.


 


_Você... vo-cê... Você!! – Jean apontou o dedo trêmulo. – O Tiago... Você! Meu Deus.


 


Ela se sentou abruptamente na cama. O rosto branco, os lábios brancos e os olhos variando de um lado para o outro. Sua respiração estava curta e irregular.


 


_O Meu Deus... Como eu sou burra! – Jean ainda nao encarava a amiga, sua voz era trêmula.  – Quanto tempo? Oh! Hogsmead! Ele não conversa comigo desde então...


 


_Jean... – Lilian acariciou o ombro da amiga tentando conforta-la.


 


_Lily... – Ela encarou a amiga, os olhos da morena estavam meio turvos, mas eles se derreteram quando encararam os olhos marejados da amiga. – Oh... Lily...


 


A ruiva não aguentou, foi em um suspiro que ela enterrou a cabeça no colo do amiga e começou a chorar copiosamente, soluçando e resmungando de vez enquando.


 


JJ apenas afagava seus cabelos e murmurava consolos para a amiga, enquanto ela mesma tentava entender o que havia acontecido.


 


Elas ficaram algum tempo ali. Jean esperava pacientemente que a amiga se recompor para começar as explicações. E depois de alguns soluços, Lilian levantou a cabeça, encarando os olhos compreensivos da amiga. A ruiva abriu a boca e contou todo o ocorrido. O mal entendido no Tres Vassouras, sua fuga por hogsmead, o maroto em seu encalço, e seu pedido.


 


Jean estremeceu quando soube que Lilian que pedira a Tiago para que beija-se-a. Imaginou a situação do amigo, tentando cumprir uma promessa tão dolorosa, gostar de uma garota que sempre o rejeita e ouvir de seus lábios que ela queria que o beijasse, mas que esse beijo fosse apenas uma artimanha para despistar Comensais da Morte.


 


As palavras que ele estava esperando tinham sido ditas, mas não da maneira com que ele sonhava.Jean apertou Lily tentando confortar seu amigo a distância.


 


_Foguinho... Por que você não me disse isso antes? – JJ penteou os cabelos da amiga, ela apenas balançou a cabeça ainda no colo da morena – Sofrer sozinha assim... Não faz bem...


 


Lily balançou a cabeça em concordancia. Soluçando, Jean continou a carinha-la.


 


_Você pensou que Tiago falaria? – novamente Lilian balançou a cabeça em confirmação – Entendo... Você acha que não significou nada para ele? Ou ainda não era nada do que esperava... Mas desculpe Foguinho, você tah errada.


 


Lilian levantou o rosto com uma expressão indignada, como Jean estava sendo capaz de defender seu amigo em uma hora destas? Ela esperou encontrar uma espressão dura no rosto da amiga, mas ao em vez disso viu tristeza e dor. Lily piscou os olhos frustada, e abriu a boca algumas vezes.


 


JJ suspirou e carinhou seu rosto.


 


_Você não retirou a promessa dele... – as palavras sairam com tristeza, mas Lily continuou dura – Você o beijou não por amor ou por que quis, mas sim para se livrar dos Comensais. Não é um beijo ‘válido’. Não é o beijo que ele queria. Não era o momento que ele queria ouvir aquelas palavras.


 


Lilian abriu a boca visivelmente irritada, machucada, pronta para contra-atacar.Mas Jean foi mais rápida.


 


_ Eu o conheço como a mim mesma Lily... – Ela respondeu a pergunta muda da amiga – Em varios apectos, somos iguais. Pensamos parecido, não é por mal que ambos a amamos...


 


A ruiva não pode evitar de sorrir. Duvidas em relação ao amor de Tiago, ela tinha todas as possiveis, mas o amor de sua amiga era totalmente reciproco. A dor da indiferença do maroto encheu seu coração novamente.


 


_Mas Jean... – novas lágrimas rolaram seu rosto, a amiga sorriu.


 


_ Ele está sofrendo... Agora eu entendo isso... – respondeu ela pensativa – Estava pensando que ele estava me evitando por causa do corvinal, mas agora entendo que a dor era mais profunda que isso. – Jean suspirou triste – Sirius tinha me avisado que Tiago não estava chateado comigo especificamente... Ele me confidenciou – ela corou de leve ao falar dele – que Pontas está distante de todos...


 


Lilian mordeu o lábio pensando na possibilidade de Tiago, realmente, pelo menos um pouco, bem pequeno, ter afeto por ela.


 


Jean soltou seu corpo na cama, caindo e suspirando ao mesmo tempo.


 


_Eu lhe aconselho a falar com ele... Mas – ela teve outra pausa para respirar – como eu te conheço, você é orgulhosa demais para adimitir que , no minimo gostou do beijo.


 


Lilian ficou vermelha e encarou o chão. Ela não estava em condições de negar que tinha gostado daquele beijo talvez ainda gostado de Tiago. Mas era cedo de mais para isso.


 


_Não vou contar para ele, se é esse seu medo... – Jean tinha a voz fraca – Mas não me impessa de conversar com ele. É dolorodo ve-lo assim...


 


Ela não respondeu. Encarar o chão ainda era o mais seguro. Sua voz iria lhe trair, ela tinha certeza disso. Ficaram ali algum tempo. Jean olhando o teto, ainda deitada na cama de Lily, e Lily encarando o chão.


 


Ambas precisavam daquilo. Um silêncio merecido para suas cabeças cheias de duvidas e preocupações.


 


_ Eu não entendo... – Declarou Lily encarando finalmente Jean.


 


_Isso é algo realmente histórico. – a morena sorriu antes de encarar a amiga – Nunca pensei que você não entendesse alguma coisa.


 


Lily corou com a brincadeira, fazendo JJ gargalhar.


 


_De quem você estava falando quando entrou aqui?! – Lily continuou, ignorando o silencio que se instalou derrepente. – Por que você se assustou quando me ouviu falar...


 


Jean se levantou inquieta. Andou sem rumo pelo quarto coçando a cabeça, reprimindo uma careta, pois ela sabia exatamente onde aquele pensamento ia leva-la. Lilian ficou muda por um instante.


 


_VOCÊ BEIJOU UM MAROTO!


 


_Shiii... Fale baixo! – Jean sussurou se jogando na cama que a amiga estava deitada visivelmente nervosa.


 


_VOCÊ BEIJOU UM MAROTO!- Lily repetiu, um pouco mais alto, talvez ela estivesse na duvida que JJ tivesse ouvido.


 


A morena revirou os olhos. Uma mão tampou a boca da amiga, enquanto a outra fechava as cortinas com pressa. Lilian arregalou os olhos e tentou gritar novamente, mas a mão da amiga abafou, saindo dali apenas murmurios incoerentes. Jean revirou os olhos novamente e tampou sua propria boca, um ato tolo e de nervosismo.


 


Elas encararam a fresta da cortina. A cabeça de Tayla atravessou seu cortinado examinado sonolentamente o quarto. Seus olhos se demoraram na cama de Mary, ela resmungou alguma coisa com procurar um médico e voltou a se fechar na cama.


 


Lilian respirou aliviada. Jean corou ao perceber que tapava sua propria boca e liberou a sua e a da amiga em um simples gesto.


 


A ruiva fez menção de falar, mas a morena a interrompeu com um aceno. Só depois de uma respiraçã funda que ela permitiu sair do cortinado.


 


Lily mordeu o labio e voltou a abrir a boca.


 


_Antes disso... – Jean sussurrava muito baixo – Priveas do som...


 


A outra garota assentiu, pegando sua varinha debeixo do travesseiro e proferindo algumas palavras , uma bolha envolveu a cama de Lilian e de Jean, instantaneamente os lamurios de Mary e a respiração de Tayla foram cessados.


 


_ Como você pode?! – a voz de Lilian era um pouco desesperada, Jean sorriu amarelo – Beijar um maroto? Justo esse maroto?


 


JJ piscou, talvez a indignação na voz da amiga fora de pensar que ela havia beijado Tiago...


 


_ Eu sei... – ela soltou um suspiro doloroso – Tiago não vai ficar contente quando souber disso...


 


E como esperado, aquelas palavras pareceram suavisar a expressao da amiga, deixando um pouco confusa.


 


_Não só ele... TODOS nós! – Lily pareceu alarmada. Jean voltou a suspirar.


 


_Pensei que talvez não... – Ela ageitou os cabelos com os dedos – Remo estava realmente desconfiado.


 


_Talvez...  – A ruiva pensou um momento mordendo o labio – Mas não é ele que me preocupa. O  outro  maroto que ficará decepcionado...


 


_Oh... – Jean estava visivelmente surpreendida pelas palavras da amiga, em sua cabeça, Pedro era o unico a ficar indiferente com o acontecimento. – Mesmo? Ele era o ultimo em minha lista...


 


_Você deve estar brincando! – a voz da garota era alterada, quase em um grito – Ele lhe come com os olhos! Nunca vi ter maior interesse!


 


JJ levantou uma sobrancelha, incredula. Pedro? Ele ao menos trocavam ‘ois’ quanto mais olhares. Ela coçou a cabeça, nada daquela conversa parecia ter sentido.


 


_Estamos falando da mesma pessoa?


 


_ Sim! – respondeu Lily categoricamente.


 


_ Você está dizendo que talvez ele tenha uma queda por mim? – sondou a morena com desconfiança.


 


_ Talvez um grande tombo...


 


_ Humm... – Jean voltou a coçar a cabeça – Acho que ele não tem chance... Nem boni...


 


_ Não tem chance?! – interrompeu Lily aos gritos – Não é bonito?! Jean Janet Watson o que você está dizendo?


 


_Desculpe... – disse a morena atônica – Não sabia que se importava tanto com ele. Mas o Pedro não tem chance nehuma comigo...


 


Foi a vez de Lilian piscar algumas vezes confusa. Quem estava falando de Pedro? Bom tudo bem que o assunto tinha começado porque Jean tinha beijado ele, mas o que ela estava tentando dizer era que Sirius tinha uma queda por ela.


 


_Que que tem o Pedro? – Lily reprimiu uma careta – Estou dizendo que Sirius tem uma queda por você...


 


JJ sentiu o rosto corar e um sorriso brincar em seus lábios. Então ele tinha um ‘tombo’ por ela. Aquilo era bom de se ouvir, talvez com o tempo e o  falso namoro ele quisesse namora-la de verdade.Suspirou sonhadora.


 


_ Ei?! – Lily estalou um dedo na frente da amiga – Acorda JJ!


 


Jean não pode evitar as gargalhadas que estavam presas em sua garganta quando constatou que sua amiga ruiva pensara que estava aos amassos com Pedro. Até mesmo Lily riu quando JJ a explicou qual maroto a havia beijado. As duas passaram horas conversando, na maioria do tempo sobre Sirius e o namoro falso.


 


Jean achou melhor contar ao menos a Lily a verdade por tras do beijos que iriam acontecer. Permitiu contar apenas para ela, afinal segredos são melhores guardados quando apenas algumas pessoas sabem sobre ele.


 


 


Eu sorri uma maneira que a maioria das mulheres se derretiam e passei a mão sobre meus cabelos. Voltei a encarar o topo da escada do dormitório feminino.


 


Nada. Nem ao menos um sinal.


 


Algumas garotas passaram ao meu lado soltando risinhos, sorri para elas. E como sempre elas se desmancharam.


 


Futeis. Sempre futeis.


 


A unica não futil e linda que fazia eu perder meus sonhos estava por algum motivo enrolando para descer do seu dormitório.


 


Eu tinha certeza que ela não tinha saido ainda, pois tomei a precaução de acordar primeiro que todos da minha Casa. Afinal além de querer vê-la, eu não queria ver o seu ‘irmão’ e meu ‘irmão’ por assim dizer...


 


Cruzei os braços e encostei da parede ainda encarando o alto das escadas.


 


E como é facil constatar o efeito que eu causo as garotas. Todas que chegavam ao alto da escada esboçavam uma reação. Toda reação era padrão.


 


Algumas sorriam maliciosas e acenavam para mim. Estas garotas eu não preciso gastar tempo, se eu piscar elas me seguem para qualquer lugar que eu quiser.


 


Algumas ficavam vermelhas, soltavam risinhos e cochichavam com as amigas. Estas, eu poderia esperar declarações de amor e bombons com poções do amor.


Algumas batiam o pé e faziam careta. Essas eu provavelmente já beijei e não terminei corretamente com elas.


 


Algumas mexiam os labios mandando ‘Ois’ a Tiago ou Remo. Essas eu teria que trabalhar melhor para te-las.


 


E para todas elas eu apenas sorria. Talvez elas acreditassem que era um sorriso de insentivo ou de presunção. Mas era um sorriso para mim mesmo. Um sorriso que juntamente com algumas palavras ficava rodiando minha mente.


 


Minha Jean...


 


Sorriso


 


Minha Jean...


 


Sorriso


 


Minha Jean...


 


Sorriso


 


Minha Jean...


 


Sorriso


 


Minha Jean...


 


Sorriso


 


E foi em um sorriso que eu vi ela, linda, descendo as escadas. Ela não me viu, por isso ela nao se encaixa em nenhuma das descrições. Ela é linda. Mesmo daquela maneira casual, com o rabo de cavalo alto, conversando animadamente com Lily. Ela era linda.


 


Caminhei até ela, me certificando que ela não me visse, então puxei sua cintura para mim abraçando-a por traz. Suspírei em seu ouvido e puxei o ar, totalmente vicado em seu perfume.


 


_Você cheira maravilhosamente bem. -  Sussurrei em seu ouvido. Percebi que sua respiração estava descompassada. Isso era bom. Ouvi Lilian rir e se despedir de nós dois.


 


JJ disse algumas palavras soltas, eu ri contra seu pescoço exposto devido ao rabo de cavalo, percebendo ela engolir em seco. Ela retribuiu meu abraço acariciando os braços que a envolviam.


 


Aquilo era bom. Mesmo sendo apenas um carinho singelo, era muito bom.


 


_Costuma-se cumprimentar as pessoas com um ‘Bom Dia’... -  Ela disse de uma maneira doce. Eu leve meus labios até sua orelha e pronunciei um ‘Bom dia’ ali. Vi ela estremecendo pela surpresa. Meu nariz roçou em seu pescoço, descendo e subindo sobre sua pele exposta.


 


Eu devia estar abusando. Alguma parte no meu cerebro falava que eu estava abusando... Mas era a maioria esmagadora que me fazia subir e descer o nariz.


 


JJ afroxou o abraço, eu permiti que ela tivesse alguma movimento. Seu corpo dizia que estava gostando, ela não iria fugir.


 


Sorri meu melhor sorriso quando a vi se virar para mim, passando os braços sobre meu pescoço. Ouvi murmurios e xingamentos ao redor, mas não me importava. Ela me importava.


 


_Bom dia! - Ela sorria de maneira meiga, eu abri ainda mais meu sorriso. Fazendo-a suspirar. Ri de leve, mexendo em meus cabelos. Jean revirou os olhos, mas ainda parecia divertida. Eu ainda sorria, abobalhado.


 


Mas seus olhos ficaram escuros novamente. Vi meu sorriso se desmanchar e ela olhar furiosamente para umas garotas proximas de nós. Algumas daquelas garotas eu reconhecia como o primeiro grupo que descrivi que desciam as escadas.


 


Elas era más. E futeis. Eu devia ter previsto isso, mulheres são uma raça estranhamente vingativa. Mesmo que eu apenas estava sorrindo para elas mais cedo. Elas estavam chamando Jean, a minha JJ de alguns nomes que eu mesmo nunca tinha dito até as minhas primas.


 


Senti Jean estremecer. Raiva, Dor, despreso. Estes deviam ser os sentimentos que ela sentia. Encarei-a e percebi que ela tentava ignorar meus olhos. Os braços dela vacilaram em meu pescoço. Percebi risinhos do grupo próximo.


 


Estavam afirmando que Jean não era boa o suficiente para mim. Ela engoliu em seco, eu lancei um olhar furioso aquelas garotas, elas entenderam como um olhar de cobiça. Pois riram e disseram que eu as queria.


 


Futeis.


 


Levantei o rosto de JJ com um dedo. Ela ainda evitava me olhar, mas quando o fez eu percebi o meu mais vulnerável ponto fraco. Seus olhos tristes, me doiam como pareciam que lhe doiam. Estavam molhados, poderia prever uma lágrima a ser rolada, se eu não fizesse nada.


 


_Sabe de uma coisa?-  Ela sorriu meigamente. Eu sorri confiante.  - Eu não dei um beijo na minha namorada!


 


 Jean sorriu, parecendo satisfeita por eu te-la defendido. E talvez contente. Eu não quis realmente reparar nisso, pois beijei-a.


 


Seu beijo me fazia falta. Não era uma coisa certa ficar longe dela muito tempo. Comecei o beijo lentamente e depois fui aprofundando. Seus dedos passavam de leve na minha nuca, me fazendo arfar. JJ riu satisfeita, mas eu pressionei mais forte os lábios.


 


Talvez eu devesse reparar em alguns gritinhos histéricos ao nosso redor. Talvez algum choro. Lamentações. Algumas palavras como ‘maroto’, ‘mais um’, ‘namorando’ estavam soltas. Mas eu não prestei atenção. Apenas beijava-a.


 


E rapido demais. Tivemos que no separar.


 


Ela sorria um sorriso lindo para mim. Simplesmente lindo. Era como eu poderia descreve-lo melhor. Mas em um segundo instante ela mordeu o lábio. Preocupada.


 


_O que foi isso? – Jean estava um pouco ofegante.


 


_Um beijo... – Sirius sorriu maliciosamente e beijou de leve os labios da morena.Ela precisou de um tempo, umidecendo os mesmos, tentando organizar as ideias. – Foi ruim?


 


_Oh... Não! – Disse JJ rapido de mais, fazendo Sirius rir de leve. – Eu só... Esqueça...- ele sorriu e acariciou seu rosto – Sirius...


 


_Hum?


 


Não tinha outra maneira de responder aquele chamado. Era doce e carinhoso demias. Jean corou, percebendo que sua voz soou um tanto quando diferente, fazendo o maroto a encarar interessado.


 


_Você... Você já... hum... quer dizer... – ela pigarreou alto, visivelmente desconfortável. Sirius abriu a boca. Ele não esperava que ela perguntasse aquilo. Ela corou, percendo o que ele devia estar pensando. – Não é nada disso. É só que... Eu queria conversar com Tiago sobre algumas coisa... Então acho melhor falar com ele sobre nós dois.


 


O moreno arqueou uma sobrancelha, em uma mistura de surpresa, alegria e alívio.


 


Surpresa por que seus pensamentos definitivamente não estavam sobre Tiago. Alegria porque ele realmente não queria ter tal conversa com o amigo. (Era esse o motivo por ter acordado tão cedo.) E alívio, porque ele sabia que sua JJ não era como as outras garotas e ela não tinha uma mente tão poluida como a do maroto.


 


Ele assentiu, beijou o topo da cabeça da garota inspirando longamente, tentando absorver seu cheiro. Suspirou pesaroso e foi ao encontro do ouvido da garota.


 


_Faça bom proveito... Ele deve aparecer no alto das escadas assim que eu cruzar o retrato... -  Sirius sussurrou no ouvido de Jean causando arrepios que ela julgou que não existiam. Despediu-se dela com um selinho rápido e rumou para o retrato, com a cabeixa baixa, as mãos ajeitando os cabelos e olhando de rabo de olhos para ela que respirava com dificuldade.


 


 


Perdãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao


 


Desculpem mesmo... mas aconteceu tantas coisas... Mas eu nao abandonei vcs! Estou aki... e postando... Vou tentar fazer capitulos curtos... mas mais vezes


Amo vcs


Nao me abandonem


beijosss


 

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