CAP:09-E todo vira pelo avesso
–Não. –murmurou ao ver a ruiva caída próxima à cerejeira que havia no jardim,correu até a garota e a viu envolta em uma poça de sangue. –Gina...Virginia acorda. –ele pediu,ajoelhando-se ao lado ela.
Ergueu-se enquanto pegava a chave,virou as costas para a garota e fez a porta aparecer,abriu-a e se viu dentro da enfermaria,deixou-a aberta e voltou rapidamente para onde Gina estava,ajoelhou-se novamente perto da ruiva a ergueu no colo,sentindo o sangue morno que havia ensopado a roupa dela, levou-a até a enfermaria do colégio e a colocou em uma cama,correu até a porta e fechou,fazendo-a desaparecer.
-MADAME POMFREY! -Harry gritou,vendo-a ficar cada vez mais pálida.
-Que gritaria é essa? -a velha bruxa apareceu. –Santo Deus! -ela exclamou levando as mãos até a boca,ao ver as mãos e braços do moreno sujo de sangue. –O que aconteceu com você? -ela aproximou-se.
-Comigo nada...foi com ela. –ele disse,indicando a esposa. –A encontrei assim...não sei o que aconteceu. –completou,andando de um lado para o outro enquanto a enfermeira começava a examinar a garota.
-Vá para casa...ela vai ficar aqui. –a mulher disse,mas ele não se moveu ficou em pé aos pés da cama de sua esposa. –Vá senhor Potter!Sua esposa ficará bem. –a mulher garantiu e ele sentiu algo diferente,não soube dizer realmente o que,quando ouviu a velha bruxa se referir à garota daquela maneira.
-Eu...volto daqui a pouco. –ele disse e retirou a chave do bolso e em pouco tempo estava no jardim de sua casa,em frente à cerejeira.
Retirou a varinha do bolso da calça e limpou a poça de sangue que estava na grama,seguiu o rastro de sangue e foi limpando-o,entrou na biblioteca e repetiu o ato,levou a mão à maçaneta da porta e viu toda a extensão do braço,sujo com o sangue de Gina,um tremor percorreu o corpo dele,juntamente com um frio na espinha,o que será que havia acontecido com ela?Perguntou-se abrindo a porta com um manejo de varinha. Andou rapidamente até o andar superior e praticamente correu até o quarto,retirou toda a roupa que vestia o mais rápido que pode,colocou-se embaixo do chuveiro e ligou o registro.
Esfregou os braços com veemência, o sangue dela parecia apenas ter despertado o medo que ele havia adormecido,o medo de perder mais alguém que lhe era próximo,passou as mãos no rosto e cabelos,fechou o registro,pegou uma toalha e começou a se enxugar,olhou-se no espelho do banheiro e sentiu algo incomodá-lo nas costas,virou-se e olhou por cima do ombro.
-Mas o que é isso? -ele se perguntou ao ver a figura de uma espada com a lâmina para baixo,se formar em alto relevo como se estivesse sendo gravada a ferro e fogo,por toda a extensão das suas costas e em seguida a figura de uma meia-lua,mas ao que parecia a lua deveria estar em segundo plano. –Depois eu vejo isso. –disse para se mesmo e saiu do banheiro.
Pegou uma muda de roupa limpa,tanto para ele quanto para a ruiva,achou esquisito ter que mexer nas coisas dela,abriu a primeira gaveta da parte dela do guarda-roupa e viu uma orquídea branca,fechou a gaveta,sentindo o sangue começar a esquentar em suas veias 'Aposto que foi o Malfoy que deu' pensou raivoso,decidiu se acalmar,aquele não era o momento para alerta-la sobre o sonserino novamente,o que ele achava muito difícil de acontecer,já que ela sempre defendia o loiro com tanto entusiasmo,com tanta força,com tanta...paixão.
Balançou a cabeça e saiu do quarto,desceu a escada de dois em dois degraus,pegou a chave e a olhou,sangue,havia esquecido de limpa-la,pegou a varinha e fez o feitiço de limpeza,nada...o sangue continuava lá,franziu o cenho e tentou novamente,não conseguiu de novo,guardou a varinha,outro assunto para resolver depois,girou a chave e em pouco tempo estava no corredor que dava acesso a até o local onde Virginia estava e entrou tentando não fazer muito barulho,viu a enfermeira ao lado da ruiva, juntamente de McGonnagoll,Lovegood,Rony e Hermione,todos pareciam abalados.
-O que aconteceu? -ele perguntou assim que se aproximou.
-Senhor Potter...eu sinto muito,fiz o possível... –a enfermeira começou e ele avançou até a garota,sentiu o coração começar a doer. –Senhor Potter,ouviu o que eu disse? -a enfermeira perguntou,o moreno segurou uma das mãos da esposa e franziu o cenho,estavam quentes, voltou-se para a enfermeira e a olhou. –O senhor escutou o que eu disse? -voltou a perguntar e ele balançou a cabeça negativamente. –Eu disse,que fiz o possível mas não consegui salvar um dos bebês! -a velha bruxa disse,deixando-o surpreso,virou-se rapidamente para a ruiva,que ainda estava desacordada e desceu o olhar até a barriga dela.
-Um dos...bebês? -perguntou surpreso.
-O senhor não sabia? -a enfermeira perguntou.
-Nem mesmo a senhora Potter sabia,Papoula,andei conversando com ela e ela me disse que se sentia estranha,mas não sabia dizer o que estava acontecendo. –a professora McGonnagoll respondeu pelo garoto.
-Quantos? -foi tudo o que ele perguntou,as imagens da garota aos beijos com o loiro na cabana,a hora em que ela chegou e depois de casada abraçada ao sonserino na 'porta' da casa deles,somente Deus sabia o que havia acontecido entre eles.
-Sem o bebê que ela perdeu?Agora apenas dois...eram trigêmeos. –a enfermeira disse.
-Não chore...você ainda precisará dessas lágrimas. –a mulher disse,enquanto a ruiva caía de joelhos e tudo ficava escuro.
"Olhou em volta e tudo o que viu foi um penhasco,sabia o que veria,mas mesmo assim caminhou até a ponta e olhou para baixo,chamas engoliam uma vila,olhou para o lado e viu novamente um garotinho ser torturado pela cruciatus,mas dessa vez ela não interromperia a visão,continuou olhando e notou que ele carregava as mesmas marcas de Draco...as mesmas serpentes que iam desde em direções opostas,uma cuja cabeça estava no ombro e a ponta da cauda enrolada ao pulso e a outra cuja cauda se enrolava ao bíceps e a cabeça ficava na parte superior da mão,franziu o cenho,não era possível,só Draco tinha as marcas."
Acordou com a luz do sol incomodando os seus olhos,tentou levar a mão esquerda ao rosto, mas alguém a segurava,ergueu um pouco a cabeça e viu Harry dormindo sentado,em uma cadeira,ao seu lado enquanto segurava sua mão,sorriu levemente, puxou a mão vagarosamente e sentou-se na cama e reprimiu uma exclamação de dor ao sentir uma pontada fina no baixo-ventre, suspirou e virou-se de costas,precisava falar com Draco e precisava sair dali antes que Madame Pomfrey a mandasse tomar alguma daquelas poções horrorosas, deslizou pelo colchão até a ponta da cama e assim que tocou a ponta de um dos pés no chão, sentiu dois braços envolverem a sua cintura e a puxar novamente para cima dela.
-Onde pensa que vai? -ela ouviu a voz do moreno soar atrás dela,fazendo-a estremecer,estranhou o tom que ele estava usando,frio e contido,como se ele estivesse se controlando para não gritar.
-Fugir antes que Papoula me dê alguma gororoba. –respondeu tentando descontrair o clima,resolvendo não perguntar o motivo pelo qual ele a estava tratando daquela forma,ele não sabia sobre o bebe e não seria ela que contaria,afinal o que isso mudaria a morte dele?Ainda sentia o coração doer ao lembrar da imagem do espírito de seu bebe nas mãos da mulher.
-Preciso te perguntar uma coisa muito séria Virginia. –Harry disse,enquanto a fazia deitar-se novamente,o tom de voz continuava o mesmo e aquilo já estava a incomodando.
-Se isso tiver alguma coisa com relação...
-Sim,isso tem relação com o Malfoy. –ele a interrompeu e ela respirou fundo,não adiantava lá ia outra discussão besta por conta de Alec,Deusa,porque ela e o loiro não podiam ser amigos?Pensou exasperada.
-Há coisas entre mim e ele que eu não posso te dizer. –a ruiva respondeu,desviando o olhar,avisou imediatamente se preparando para defender o amigo de qualquer que fosse a acusação daquela vez.
-Naquele dia na cabana...quando eu vi vocês aos beijos e depois você chegou de madrugada na torre... –o moreno começou.
-Você quer saber se eu dormi com ele? -Gina perguntou surpresa,olhando-o diretamente nos olhos. –Não...Draco nunca tocou em mim...tudo o que houve entre nós foi aquele beijo.
-Eu o vi saindo da nossa casa...
-Ele me ajudou! -ela retrucou em um tom alterado,não acreditava no que ele estava lhe perguntando,então ele podia ter um caso com Hermione e ela não podia ser amiga de Draco,ele podia brincar com os sentimentos dela,deitando-se com ela em pleno vestiário e depois correr para os braços de Hermione e estava tudo bem,mas Draco a ajudar era um problema?Não mesmo! Pensou revoltada. –Você foi o único com que eu tive algum tipo de relação mais intima...mas porque você quer saber disso? -ela perguntou sentindo-se tonta e enjoada. –Ai. –murmurou levando a mão ao ventre,quando sentiu outra pontada,como a que sentia na biblioteca da sua casa.
-Desculpe. –ele pediu sentando-se na cama e passando a mão pelo cabelo,o tom de voz porém,continuava o mesmo,agora ela lembrava o motivo da raiva dele,ela o interrompeu mesmo não tendo a intenção,ela o atrapalhou. –Se acalme...isso não vai fazer bem pra você e nem para...para os bebes. –ele disse,pegando-a de surpresa.
-Que bebês? -ela perguntou sem entender...ela tinha visto...tinha certeza que viu a dama negra lavar o seu filho,sorriu bobamente e olhou a mão sobre o ventre 'Ela levou apenas um...ainda há...outros?' ainda estava grávida,sentiu os olhos marejarem mas não desfez o sorriso,levantou o rosto e viu Harry sorrindo levemente também. –Eu...eu estou...grávida? -perguntou ainda em choque,viu o garoto balançar a cabeça afirmativamente,mesmo que ela ainda visse a raiva contida nos olhos dele. –Mas...você disse,bebês...então são...
-Gêmeos. –o moreno disse. –Madame Pomfrey tentou salvar todos...mas infelizmente um deles morreu. –completou,segurando a mão dela,que estava sobre o ventre.
-Esse foi o meu castigo...perder um de meus filhos. –murmurou deixando as lágrimas de tristeza e alegria caírem.
-Castigo?Porque você seria castigada? -ele perguntou aproximando-se e a abraçando.
-Eu não...Harry...sei que é difícil você confiar em mim depois de me ver beijando Draco e ele saindo da nossa casa,até porque há coisas sobre mim que você não pode saber... mas eu não estou mentindo quando eu digo que nunca me deitei com ele ou com qualquer outra pessoa a não ser você. –ela disse mudando de assunto rapidamente. –Eu...
-Ah!Finalmente acordou,senhora Potter. –a enfermeira disse aparecendo com uma bandeja e vários cálices, alguns soltavam fumaças vermelhas,cinzas e perolada. –Por que não me chamou? -ela repreendeu o moreno. –Bem...isso não importa. –disse olhando a ruiva. –Seu marido já lhe contou sobre o bebê?
-Já...obrigada por tentar salva-lo e por ter conseguido salvar os outros e a mim,Madame. –Virginia disse,enxugando o rosto e forçando um sorriso.
-Não precisa agradecer,querida...eu..hum...eu só fiz o meu trabalho. –a velha bruxa disse,tentando disfarçar o tom emocionado,com uma leve sombra de sorriso. –Bem...sei que você detesta tomar qualquer tipo de poção e só as toma quando é em ultimo caso,me lembro bem da ultima vez que você fugiu daqui só para não tomar uma...mas agora você vai ter que ser responsável...não é só para você,essas poções vão fortalecer o seu organismo para que não aconteça nada com os seus bebês. –explicou.
-Só vou tomar por causa deles...mas não se acostume! -resmungou pegando o primeiro cálice.
-O senhor deveria estar nas suas aulas,Senhor Potter! -a enfermeira brigou novamente,enquanto ela tomava a ultima poção.
Virginia olhou para Harry e sorriu levemente,ele ainda estava com a mão sobre o seu ventre,pousou a mão levemente sobre a dele e deslizou o polegar sobre ela,de forma carinhosa.
-Pode ir...acho que não vou sair daqui tão cedo. –ela disse.
-Com certeza minha querida,você irá ficar em observação até segunda ordem. –a enfermeira garantiu, pegando a bandeja. –Vá senhor Potter! Vou mandar uma carta para o ,pedindo que um médico venha para lhe examinar melhor,senhora Potter. –ela avisou se dirigindo para uma sala nos fundos da enfermaria,com a bandeja.
-Vai...você não pode perder matéria,esse ano você tem os NIEM's e Madame Pomfrey vai cuidar bem de nós três. –a ruiva falou em um tom suave.
-Está bem...vou pegar o meu material em casa e depois vou pra aula...volto assim que der. –o moreno disse,se levantando. –Tchau! -se despediu e deu um beijo na testa dela.
–Inyë tyë-méla,meleth-nîn. –ela disse e ele a olhou com o cenho franzido,mas ela simplesmente desviou o olhar antes que ele visse duas lágrimas caindo.
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